Feixes de luz das lanternas de alta potência iluminavam o chão, como se fosse dia.Lucas caminhava à frente, com o corpo ereto e passos firmes, liderando o grupo rumo ao interior do esconderijo.Antes disso, os presentes estavam hesitantes em avançar. O desaparecimento inexplicável da equipe anterior havia gerado um medo palpável. Mas ao ver Lucas avançar sem hesitar, a confiança deles foi renovada, e logo todos aceleraram o passo para acompanhá-lo.Cristovão, empurrado em sua cadeira de rodas, também desceu ao esconderijo. Ele inspecionava atentamente os rastros deixados no chão, e logo advertiu Lucas:— Sr. Lucas, pare quando os rastros desaparecerem.— Entendido. — Lucas apontava sua lanterna para o chão, iluminando os vestígios.O solo estava coberto de uma fina camada de poeira, o que tornava os rastros fáceis de identificar. Havia pegadas grandes e pequenas. As menores, Lucas sabia, deviam ser de Camila. Em algumas áreas, as pegadas estavam desordenadas, indicando o caos que se i
Ao ouvir as palavras de Lucas, Cristovão soltou um suspiro discreto de alívio. O incidente parecia ter ficado para trás.Vasco, ciente do gesto de Lucas, inclinou levemente a cabeça e murmurou um agradecimento.O grupo continuou a usar o mesmo método, abrindo mais um piso falso. Desta vez, resgataram alguns seguranças que haviam caído.Quando a terceira grande prancha foi finalmente removida, Camila, que estava no fundo de um dos poços, levantou-se de repente. Seus olhos fixaram-se na prancha que começava a se mover. Ela olhou para Pedro, animada:— Sr. Pedro, vieram nos salvar!Pedro sentiu uma pontada de decepção, mas sorriu:— Sim, finalmente vamos sair daqui.O "nós" que ele usou soou de forma especial aos seus próprios ouvidos, como se houvesse um vínculo maior entre ele e Camila. Mesmo que fosse apenas algo unilateral, para ele já bastava.Logo, feixes de luz começaram a invadir a escuridão do poço. Os olhos de Camila, acostumados com a penumbra, piscavam com o incômodo do brilho
Pedro lançou um último olhar para Camila antes de seguir em direção à saída. Sua perna direita estava ligeiramente mancando, e o peso daquele momento parecia refletido em cada passo. Sua silhueta, à medida que se afastava, emanava uma melancolia difícil de descrever.Lucas, que o observava atentamente, notou o leve descompasso em seu andar. Seu rosto, normalmente frio, mudou sutilmente por um instante. Ele virou-se para um de seus seguranças e ordenou:— Vá ajudar o Sr. Pedro.O segurança assentiu de imediato e correu até Pedro para apoiá-lo.Camila, que assistia à cena, ficou surpresa. Seus olhos se voltaram para Lucas, cheios de questionamento. Era raro vê-lo agir com tanta consideração, especialmente com Pedro. Normalmente, até uma simples conversa entre os dois já era suficiente para irritá-lo.E agora? Hoje ela havia passado uma noite inteira presa com Pedro, no mesmo espaço, e Lucas não apenas não parecia incomodado, como ainda demonstrava preocupação com ele. Algo estava estranh
Elisa segurava o sanduíche com as duas mãos enquanto olhava, quase babando, para o banquete diante de Camila. Não conseguia esconder a indignação e, mentalmente, começou a xingar Lucas:“Esse cara só pensa na esposa! Que absurdo!”Elisa havia atravessado meio mundo para ajudar Lucas, corrido para lá e para cá o tempo inteiro. Mesmo sendo apavorada com fantasmas, teve a coragem de passar a noite inteira naquela montanha deserta, vigiando a entrada da caverna. E qual foi seu agradecimento? Um sanduíche! Ok, o sanduíche até era gostoso, mas ainda assim... era só um sanduíche!Nunca na vida da Elisa comia algo tão barato assim!Vendo a situação, Camila rapidamente dividiu metade de sua comida com Elisa e ainda ofereceu uma parte para Vanessa. Quando pensou em oferecer algo a Pedro, hesitou. Ficou só olhando de longe, sem dizer nada.Esse olhar, porém, não passou despercebido por Lucas. Ele viu tudo e sentiu um incômodo que parecia corroer por dentro. Saber que Camila e Pedro passaram uma n
Camila logo conteve o sorriso e, com a voz baixa, explicou:— Naquela noite, eu estava muito triste. Passei por um bar e entrei para pedir um “Hiroshima Iced Tea”. Achei que fosse chá, mas não era. Era muito forte e me deixou bêbada com apenas um copo. Se eu tivesse o mínimo de consciência, teria evitado qualquer situação delicada.Lucas apertou levemente os lábios. Depois de esfriar a cabeça, ele sabia que acreditava em Camila, mas ainda assim não confiava em Pedro. Era homem, e homens entendem o que outros homens pensam.Afinal, a mulher que Pedro gosta estava ali, vulnerável, sem muita consciência. Qualquer homem, naquelas circunstâncias, teria dificuldade em resistir a, pelo menos, tocá-la ou beijá-la.Lucas levou a mão à testa, massageando as têmporas com os dedos. Mesmo assim, forçou um meio sorriso e disse:— Vamos encerrar esse assunto. Chega de pensar nisso.— E sobre o seu pai...?— Joguei as fotos na cara dele e fui direto ao ponto. Ele entendeu o recado e vai se controlar d
A mistura química entre o líquido e a parede tradicional feita de uma mistura de arroz glutinoso, cal e areia começou a reagir, emitindo sons extremamente sutis.Camila repetiu o procedimento, aplicando a substância cuidadosamente várias vezes na superfície da parede.Uma hora depois, a parede começou a ser corroída pelo líquido, abrindo um buraco do tamanho de uma tigela.Era impossível para Camila não admirar a sabedoria dos antigos, aquela parede, feita com uma técnica tradicional utilizando arroz glutinoso, era incrivelmente resistente.Cristovão olhou fixamente para o pequeno buraco e disse para todos:— Todos para trás. Agora vamos explodir isso.Ao ouvir isso, o grupo recuou imediatamente, saindo da sala secreta.Ficaram apenas Vasco e um velho com o rosto todo enrugado.Pelo visto, aquele era o especialista em explosivos mencionado por Cristovão.O homem retirou do grande saco preto ao lado dos pés alguns explosivos, posicionando-os no buraco. Em seguida, explicou para Vasco co
Adilson pegou uma pintura antiga e a desenrolou com cuidado.Devido à idade avançada, a obra estava bastante danificada. As marcas de selos de apreciação estavam desbotadas, mas a inscrição especial e o cavalo na pintura ainda eram claramente visíveis.O cavalo de pé na pintura era robusto e belo, com músculos fortes nas pernas. Suas cores contrastantes lembravam um cavalo-de-batalha, era majestoso e imponente, como se estivesse pronto para liderar todos à sua volta.Pelo estilo da obra e pelos selos, parecia ser uma peça de Vicente, chamada ‘Cavalos Majestosos’. Vicente foi um renomado pintor da era antiga, e conhecido por sua habilidade inigualável de retratar cavalos. Suas obras eram tão vivas que parecia que os cavalos poderiam saltar para fora da tela.Camila ficou surpresa que os antepassados da família Baptista tinham um tesouro desses na coleção.Enquanto todos admiravam a obra, notaram que os pelos do cavalo estavam começando a desbotar devido à oxidação causada pelo contato
Camila deu alguns passos rápidos e sorriu para ele:— Como acordou tão cedo?Lucas respondeu de maneira sem emoção:— Estava esperando por você.Embora as palavras fossem dirigidas a ela, seus olhos discretamente se moveram para atrás dela.Só viu os seguranças, não havia mais ninguém, então ele desvia rapidamente o olhar sem deixar transparecer.Camila perguntou:— Quanto tempo ficou esperando?— Não muito.Camila segurou os dedos gelados dele e aqueceu suas mãos:— Ontem à noite recebi uma ligação de Cristovão, disse que só falta a última parede e me pediu para ir. Vi que você estava dormindo profundamente, então não quis te acordar e só agora consegui voltar.Lucas levantou os cantos dos lábios e, com um gesto suave, colocou a mão sobre os ombros dela, enquanto caminhavam em direção ao quarto.Ele disse suavemente:— Pedi para comprarem o café da manhã. Depois que você comer, pode dormir um pouco.— Bom.Lucas deu instruções para os seguranças irem comprar o café da manhã.E Camila