Enzo estava quase perdendo a paciência. Seus filhos eram por acaso um depósito de problemas alheios? Mas, por conta dos anos de parceria entre as famílias e dos negócios em comum, ele não podia simplesmente mandar Daulo às favas. Então, respirou fundo e disse:— Vamos, vamos entrar. Qualquer coisa, resolvemos lá dentro.Ao tocar a campainha, a empregada abriu a porta. Eles entraram e, após se acomodarem na sala, foram servidos com café. Daulo tomou um gole e, sem rodeios, insistiu:— Ainda repito: Chloe está passando pelo pior momento da vida dela. Você precisa fazer alguma coisa pra ajudar.Enzo suspirou, exasperado:— Mas o que exatamente você quer que eu faça?— O médico sugeriu que a gente faça uma surpresa gigantesca, algo que a choque, entende? Talvez isso ajude a trazer ela de volta ao normal.Enzo franziu o cenho:— Desde quando terapia de choque é recomendação médica? Isso parece mais uma piada!Daulo ergueu as sobrancelhas, com um ar cínico:— Se não acredita, pergunte ao mé
Enzo ficou tão irritado que os lábios começaram a tremer:— Como é que você tem coragem de dizer uma coisa dessas? Eu considero a Chloe como se fosse minha filha!— Não faça aos outros o que você não quer para si. Se nem você consegue fazer isso, com que direito exige de mim? — Rebateu Lucas.Sem dizer mais nada, Lucas se virou e saiu, passos firmes e decididos. Chloe olhava fixamente para aquele vulto alto e esguio que desaparecia sem hesitação pela porta. Seus olhos vazios começaram a transbordar de lágrimas lentamente.Ao ver sua filha querida chorar, Daulo ficou desolado. Ele rapidamente puxou um lenço de papel e começou a enxugar suas lágrimas, tentando consolá-la:— Não chore, minha querida. Um homem tão insensível assim não merece suas lágrimas.No entanto, Chloe apenas chorava ainda mais. As lágrimas fluíam como uma torneira aberta, sem parar, e Daulo não conseguia dar conta de secá-las.Cheio de tristeza e raiva, Daulo se virou para Enzo e o encarou: — Chloe foi praticamente
Ao ver o número familiar, Camila sentiu uma pontada no peito. Queria atender, mas pensou em Enzo. Se não atendesse, Lucas continuaria ligando.Quando o celular tocou pela quinta vez, ela finalmente atendeu.Uma voz grave e agradável soou do outro lado da linha:— Soube que você está procurando um lugar para morar?Camila ficou surpresa:— Como você sabe disso?Lucas respondeu em tom de brincadeira:— Eu adivinhei seus pensamentos.— Para com essa brincadeira. — Resmungou Camila.Ele mudou para um tom mais sério:— Eu tenho uma casa no Condomínio Hipicus que está desocupada. Já foi decorada do jeito que você gosta, fazia tempo que planejava te dar de presente de aniversário. Mas como você precisa agora, vou te dar antecipadamente.Camila ficou visivelmente surpresa. Ela pensou um pouco antes de responder:— Nós já estamos divorciados. Eu não posso aceitar mais nada seu.Sua voz era firme, mas seu coração estava inquieto.Lucas corrigiu:— A casa é sua, está no seu nome, eu comprei usand
Lucas deu um sorriso meio sem graça:— Entre a gente, falar de dinheiro só estraga a amizade. Camila foi sincera:— Não quero ficar te devendo nada. — Ex-marido e ex-mulher ainda são parentes diretos perante a lei, eu tenho todo o direito de cuidar de você. Camila não conseguiu segurar e soltou uma risadinha:— Ah, para com isso! Eu já pesquisei na internet. Marido e mulher são parentes, mas uma vez que o divórcio é concluído, essa relação também é anulada. A voz de Lucas ficou um pouco mais grave:— Eu só quero cuidar de você. Por algum motivo, Camila sentiu um nó na garganta. Os dois ficaram em silêncio, sem saber o que dizer. A porta estava entreaberta. De repente, passos familiares ecoaram pelo corredor. Camila, num impulso, abriu a porta de vez. Viu uma figura alta e elegante subindo as escadas. Traje escuro sob medida, postura impecável, pele clara como marfim e traços inconfundivelmente familiares. Quem mais poderia ser senão Lucas? Camila ficou surpresa, mistura
No setor, isso era coisa comum: uma parte entrava com o terreno, a outra com o trabalho. Construíam o empreendimento, vendiam as unidades e dividiam os lucros conforme a participação de cada um.Naquela noite, o que Jorge e Lucas assinaram foi uma carta de intenções para o desenvolvimento de um projeto conjunto.Quando Lucas chegou no horário combinado, Joaquim já estava lá, acompanhado de Jorge e Tânia Salimo.Tânia era a irmã gêmea de Jorge, nascida apenas alguns minutos antes dele. Apesar de serem gêmeos, não se pareciam nem um pouco, tanto na aparência quanto na personalidade.Jorge tinha aquele jeito típico de playboy mimado, sempre com uma piada na ponta da língua. Embora parecesse um pouco arrogante à primeira vista, era um sujeito fácil de lidar, sem frescuras, que fazia amizade com qualquer um.Já Tânia exalava a aura de uma executiva séria, sempre impecável no seu tailleur preto. Ela tinha cabelos curtos, era elegante, bonita e não sorria com facilidade, o que lhe conferia um
Camila conversava com Pedro quando, de repente, sentiu um olhar afiado cravar-se nela. Seguiu o olhar e, para sua surpresa, era Lucas.Camila ficou um pouco surpresa, quase instintivamente começou a se justificar:— A emissora convidou a empresa do Sr. Pedro para um programa de avaliação de antiguidades. Ele quer que eu participe, acho que é uma boa oportunidade...Mas a frase morreu em seus lábios. Afinal, estavam divorciados. Para que dar explicações?Lucas não disse nada, apenas ficou ali parado, com um olhar frio, fitando-a de cima a baixo. Seu rosto não demonstrava emoção alguma, mas Camila sabia que ele estava irritado. Seu nariz franziu levemente, e ela se sentiu desconfortável. Antes, numa situação dessas, ela se aproximaria dele, o abraçaria e o acalmaria. Tudo se resolveria. Mas agora, sendo ex-marido e ex-mulher, a dinâmica era bem mais complicada.De repente, a porta do salão atrás de Lucas se abriu. Uma mulher deslumbrante, de cabelo curto e traje social preto, saiu de lá
Lucas passou a língua pelo lábio inferior, apagou a mensagem e apertou o celular com força. Ficou parado ali por dois minutos antes de se virar e sair. Ao descer as escadas, sentou-se no carro e ficou em silêncio absoluto, acendendo um cigarro atrás do outro. Só relaxou quando viu Camila sair pela porta principal, depois de terminar a reunião com a equipe da emissora, e entrar no próprio carro.Só então Lucas esmagou o cigarro no cinzeiro e ordenou ao motorista que ligasse o carro, seguindo-a de longe até ela chegar em casa em segurança. Só aí seu coração se acalmou.Quando finalmente retornou à Mansão Floresta, já passava da meia-noite. Ele não entrou na casa, preferindo ir direto para o jardim. Num canto, havia uma magnólia alta, que Camila plantara com suas próprias mãos três anos antes. Na primavera, floresciam grandes pétalas brancas, de uma beleza pura. Lucas parou sob a árvore, encarando um pequeno montículo coberto de grama. Aquele era o lugar onde haviam enterrado seu filho. O
Ao ouvir isso, Enzo congelou. Ele queria muito se virar e dar uma bronca em Camila, mas teve medo de irritá-la. E se ela perdesse a paciência e jogasse outra garrafa de nitroglicerina nele? Aquilo não era brincadeira.Pela primeira vez, ele percebeu que essa garota tinha coragem. Ele, que sempre foi respeitado por todos, agora estava sendo ameaçado por uma jovenzinha. Enzo estava prestes a explodir de raiva, mas finalmente conseguiu sair da casa e chegar ao carro.O motorista abriu a porta.Enzo olhou para o frasco de vidro com nitroglicerina na mão e ordenou com urgência:— Liga logo! Arruma alguém pra tirar essa cola da minha mão!O motorista olhou para o frasco transparente, curioso, e perguntou:— O que é isso?— Explosivo.Assustado, o motorista deu vários passos para trás.Enzo berrou: — Mandei ligar, tá surdo? Se continuar enrolando, minha mão vai pelos ares!Dizendo isso, Enzo se abaixou para entrar no carro.O motorista o impediu rapidamente:— Sr. Enzo, de jeito nenhum! Seu