Camila sorriu:— Sessenta milhões, fechado.Jorge era direto:— Vamos a um hotel, assinamos o contrato e faço o pagamento.Camila assentiu:— Certo.Jorge olhou o relógio:— Tenho uma reunião daqui a pouco, um negócio importante. Não se importa de me acompanhar? Assinamos o contrato e você pode ir embora depois.— Não me importo.Embora Jorge parecesse despreocupado, era eficiente ao tratar negócios.— Vou ligar agora para que preparem o contrato e o carimbo. A propósito, aceitaria um cheque? — Disse Jorge.— Sem problemas.Cada um entrou em seu carro e se dirigiram ao hotel indicado por Jorge. Uma vez no quarto privado, Jorge esperava por seu cliente, enquanto Camila e Vanessa aguardavam tranquilamente a chegada do contrato.O garçom trouxe café.Jorge, apoiando o queixo na mão, olhou para Camila:— Garota, de onde você veio? Tão jovem e com um olhar tão apurado?Camila respondeu sem se exaltar:— Meu nome é Camila. Meu avô era José, e desde pequena eu aprendi a restaurar pinturas com
Jorge não parecia nem um pouco incomodado. Enquanto caminhava ao lado de Lucas, comentou:— Acabei de comprar um quadro para o meu pai. Estamos assinando o contrato agora. Não se preocupe, ela já está de saída, não vai atrapalhar nossos negócios.Lucas manteve sua expressão impassível e respondeu com um breve "hum".Jorge continuou, entretido com seus próprios pensamentos:— Aquela garota é impressionante. De longe, conseguiu identificar que o quadro era uma obra original de Vivic. Se eu tivesse esse olho, teria dado um jeito de arrematar a pintura. Teria economizado uma boa grana.Lucas, ao ouvir isso, deu uma leve pausa em sua caminhada. Garota? Pintura? Ele começou a suspeitar de algo. Sem demonstrar muito interesse, perguntou:— E quem é essa garota?Jorge, sempre falante, respondeu animado:— Ela é neta do José e discípula do Afonso, grandes mestres. Além disso, é uma beldade! Tem uma presença quase etérea, e é muito jovem, deve ter pouco mais de vinte anos.Lucas teve a certeza.
— O quê? Ela... ela é sua mulher? — Jorge ficou tão constrangido que quase queria desaparecer no chão.Dar em cima da mulher de Lucas? Ele só podia estar tendo o pior dia de sua vida.Agora estava claro por que Lucas tinha ficado com uma expressão tão carrancuda antes. O fato de não ter levado uma surra já era uma sorte.— Desculpe, Sr. Lucas, eu não sabia, juro que não sabia que ela era sua namorada. — Jorge se apressou em corrigir, mostrando sua habilidade em se adaptar às situações. — Vocês formam um casal perfeito, Sr. Lucas e Srta. Camila. Um é talentoso, o outro é belo, uma combinação espetacular.Lucas respondeu com um breve "hum", sem muito interesse. Sua atenção estava completamente focada em Camila. Era como se seus olhos não pudessem se desviar dela.Camila, percebendo o clima desconfortável, pegou a caneta e assinou o contrato rapidamente. Com o cheque em mãos, levantou-se e disse:— Vocês podem continuar com a reunião. Eu já vou, não quero atrapalhar.Jorge, sempre atento,
— Certo. — Respondeu Camila.Na verdade, Lucas havia designado dois seguranças para seguirem Camila discretamente e protegê-la. Mesmo que estivessem divorciados, o atrito com a família Miranda já estava estabelecido, e ele achava mais seguro ter alguém vigiando-a de perto.Camila puxou sua mão da dele e, sem demonstrar muita emoção, disse:— Até logo.Lucas sentiu uma pontada no peito, mas manteve a expressão calma:— Até logo.Com firmeza, Camila saiu do quarto e chamou Vanessa para irem embora juntas. Já no carro, Camila transferiu cem mil reais para Vanessa pelo PayPal.Vanessa ficou visivelmente desconcertada:— Camila, só de ter a oportunidade de vir àquele leilão e ver as obras de arte, já estou mais do que satisfeita. Não precisava me dar dinheiro.Camila sorriu levemente:— É o mínimo. Você me acompanhou o dia inteiro, é só uma compensação pelo seu tempo.— Eu estava de boa, não tinha nada para fazer. Além disso, somos amigas.Camila não respondeu.Vanessa, dirigindo com uma mã
Nelson gritou de dor, seu rosto se contorcendo. Com a boca cheia de sangue e os dentes quebrados, ele balbuciou:— Vocês não podem me bater assim, isso é ilegal!O sangue escorria de sua boca, e a cada palavra, mais sangue jorrava, tornando sua aparência ainda mais miserável.Antes que ele pudesse terminar de falar, Lucas já havia levantado o punho novamente e o golpeou na maçã do rosto. O som foi seco e alto, e Nelson sentiu uma dor tão intensa que seus ouvidos zumbiram e sua visão ficou turva. Sua bochecha inchou instantaneamente, e ele gritou de dor, segurando o rosto com as mãos algemadas, olhando para Lucas com ódio.Edgar, preocupado, interveio:— Sr. Lucas, não bata no rosto dele. Se as marcas ficarem visíveis, será difícil explicar depois.Lucas assentiu levemente e, sem hesitar, chutou com força a coxa de Nelson, que caiu de joelhos no chão.Lucas então pegou uma cadeira e a jogou nas costas de Nelson, com toda a força. Tudo por causa do acidente que ele havia planejado.Raque
Lucas se abaixou, agarrou Nelson pela gola e o levantou do chão, puxando sua cabeça com força em direção à parede. Nelson sentiu uma dor insuportável, sua cabeça tremendo como um chocalho.Edgar, vendo que Nelson já estava bastante espancado, disse a Lucas:— Sr. Lucas, acho que já chega. Se continuar assim, ele vai acabar morrendo.Mas Lucas estava cego de ódio. Não ouvia nada. Com uma mão segurava Nelson pela camisa, e com a outra, desferia socos incessantes, como uma chuva de golpes. Nelson gemia, mas já não conseguia emitir nenhum som.Desesperado, Edgar olhou para André, e fez um sinal para ele tentar intervir. André, depois de pensar um pouco nas palavras certas, finalmente disse:— Sr. Lucas, por favor, não bata mais. Vai acabar machucando sua mão.No entanto, Lucas estava tão tomado pelo desejo de vingança que nem sequer registrou o que André dizia. Continuou segurando Nelson pela gola e o jogava contra a parede, uma vez após a outra, sem a menor intenção de parar. Sua mente es
Camila segurou a mão de Lucas com cuidado, evitando tocar nas feridas enquanto eles saíam da delegacia.Edgar, que havia testemunhado a mudança, ficou impressionado. O homem que há poucos minutos parecia um demônio, tomado por uma sede de sangue, havia se transformado completamente na presença de Camila. Toda a tensão e o ódio se dissiparam em um instante.André, por sua vez, olhou para Nelson, que ainda estava estirado no chão, mal respirando, e se desculpou com Edgar:— Desculpe pelo transtorno, delegado Edgar.Edgar deu um sorriso compreensivo:— Não se preocupe. Gente como Nelson merece cada soco que levou.— Então, vou indo. Nos falamos depois. — Disse André.— Combinado.Quando André se preparava para sair, Edgar não pôde deixar de comentar:— A Sra. Camila é incrível. Nós dois tentamos fazer o Sr. Lucas parar, mas ele não nos ouviu.André deu um sorriso sem graça:— Talvez seja o famoso "jeitinho" feminino.Edgar concordou:— Às vezes, só as mulheres conseguem resolver o que os
Sim, era muita saudade.Camila sorriu e acariciou o queixo dele com ternura, dizendo em um tom carinhoso:— Não vou voltar atrás.Lucas segurou a mão dela, levando-a até os lábios para um beijo suave, e sorriu de um jeito encantador. Seu sorriso era como uma brisa de primavera, suave e renovador. Seu rosto bonito parecia derreter o gelo, revelando uma expressão calorosa e acolhedora.Camila ficou hipnotizada. Dizem que o amor faz a gente ver a pessoa amada de forma mais bela, e ela achava Lucas cada vez mais irresistível, uma beleza que chegava a doer.Quando chegaram à Mansão Floresta, Lucas desceu do carro ainda segurando firmemente a mão de Camila, como se temesse que ela pudesse mudar de ideia e ir embora.Camila achou graça. Estava acostumada a vê-lo sempre tão seguro e confiante, e agora o via agindo como se lhe faltasse segurança.Os dois entraram em casa. Ao trocarem os sapatos, Lucas se abaixou para abrir o armário e pegar os chinelos para Camila, mas ela o impediu:— Sua mão