Ao ouvir "Sr. Lucas", Camila quase pensou que estava sonhando. Lucas havia saído de lá naquela manhã, não era possível que ele tivesse voltado à noite. Ela virou a cabeça para olhar para trás. Ao longe, na escuridão, a silhueta de um homem começou a tomar forma. Aos poucos, uma figura alta e imponente se destacou. A luz suave da lua caía sobre ele, envolvendo-o em um brilho solitário e melancólico. O homem tinha um rosto incrivelmente bonito, com a pele pálida e fria, e traços profundos que emanavam um ar gélido. Camila ficou surpresa. Era mesmo Lucas. Ele se aproximava cada vez mais. Naquela manhã, ele havia saído cheio de energia, mas agora parecia exausto, como se carregasse o peso do mundo. Camila mal podia acreditar no que via. Ela o encarou, imóvel. Até que um dos seguranças gritou: — Senhora, é realmente o Sr. Lucas, ele veio te ver! Camila, como se tivesse sido despertada de um sonho, sentiu o coração bater forte e, instintivamente, perguntou: —
O som melancólico do acordeão transformava-se em palavras:A lua estava ofuscada, a noite ainda não terminara, e ao redor reinava uma solidão tranquila. A luz fria e fraca na mesa iluminava minha companhia solitária. Só quando Pedro Costa ficou completamente fora de vista, Lucas diminuiu o passo, respirando um pouco mais pesado, e perguntou: — A perna ainda dói? Camila, com os braços ao redor de seu pescoço, respondeu suavemente: — Não dói mais, pode me colocar no chão agora. — Já estamos quase lá, não vai fazer diferença esperar mais um pouco. Camila, sem conseguir contrariá-lo, simplesmente desistiu da ideia.Ela organizou seus pensamentos e explicou: — Os documentos que a Vanessa pediu ainda não chegaram. Como eu não tinha o que fazer esta noite, dormi cedo. Acordei no meio da noite e não consegui mais dormir. Aí ouvi alguém tocando acordeão, e achei a música bonita. Então, resolvi dar uma olhada. Eu nem sabia que era o Pedro Costa, se soubesse, não teria saído. Lu
Camila ouviu Lucas falar daquele jeito pela primeira vez e achou interessante. Por um breve momento, o jeito meio ressentido dele parecia um pouco... fofo. Era tão diferente da imagem fria e controlada que ele costumava passar. Aquela leve fragilidade fazia com que ela gostasse ainda mais dele.Ela envolveu o pescoço dele com os braços e, ao notar os olhos avermelhados pela falta de sono, tocou suavemente o canto dos seus olhos com a ponta dos dedos e disse:— Olha só, seus olhos estão todos vermelhos de cansaço. Amanhã você não vem, entendeu?Lucas roçou o nariz no dela, sem dizer nada. Na verdade, ele também não queria vir, mas como Pedro Costa ainda estava por ali, vigiando Camila de perto, ele não tinha paz. Ontem, Pedro tinha salvado a vida dela, e hoje já estava tocando acordeão de novo, o que deixava Lucas ainda mais inseguro.Camila esperou um pouco por uma resposta, mas, como ele não falou nada, ela suspirou levemente:— Quando os materiais chegarem, eu vou falar com o Domingo
O mais importante era que Afonso já tinha mais de oitenta anos. Não representava qualquer ameaça para Lucas. Após dizer isso, Lucas deixou sua mão escorregar suavemente pelo braço dela, até envolver sua cintura. Apertou levemente seu quadril macio, em um gesto cheio de insinuação. Próximo ao seu ouvido, sussurrou com um tom provocador: — Você não está ocupada hoje e eu também estou livre. Que tal fazermos algo mais interessante?Camila, com o corpo já mole pelo toque dele, respondeu de forma proposital: — E quem foi que disse ontem à noite que veio de longe e não era para isso?Lucas se virou sobre ela, mordeu carinhosamente a ponta do seu nariz e, enquanto beijava seus lábios, murmurou distraidamente: — Ontem não era, mas hoje é diferente.Camila não disse mais nada. Nesses momentos, discutir não adiantava. Sua mente estava ficando cada vez mais nublada pelos beijos dele, e era como se seu corpo flutuasse, caminhando sobre as nuvens.Lucas continuou a descer seus beijos ao long
Daulo ficava cada vez mais irritado ao pensar na situação. As duas famílias faziam negócios juntas havia décadas, mas essa era a primeira vez que Lucas o tratava com tamanha falta de respeito. Até Enzo o respeitava, e Lucas, um jovem impertinente, tinha a ousadia de ir até sua casa e falar daquele jeito com ele.A raiva subiu tanto que ele sentiu o peito doer. Pegou o celular e ligou para Ana, questionando:— Bairro Alto, motel, João, você sabe o que aconteceu, né?Ana ficou em pânico por um instante. Demorou alguns segundos para se recompor e, tentando soar calma, respondeu:— Do que você está falando? Não estou entendendo.Impaciente, Daulo retrucou:— Não precisa me enrolar!Ana fingiu desentendimento:— Eu não estou enrolando nada.Daulo foi direto:— A mão da Chloe foi esmagada, o rosto machucado, e agora ela está presa. Todos esses ataques são por causa daquela Camila. Eu sei que você quer proteger a Chloe e se vingar, mas não dá pra fazer isso de forma mais inteligente, sem deix
Ana tinha aqueles olhos sedutores, que, ao mirar alguém, pareciam estar sempre flertando de maneira descarada. Isso a tornava irresistível para certos tipos de homens.Quando a porta se abriu, do lado de fora estava um homem de cerca de quarenta anos, vestido com roupas casuais azul-marinho e usando uma máscara no rosto. Ele entrou e, ao tirar a máscara, revelou um rosto razoavelmente bonito, de formato retangular, com a mandíbula levemente azulada pelos recém-aparados. Era Nelson, amante de Ana e, como ela dizia, o "profissional" que havia contratado.Ana se aproximou, envolvendo a cintura dele com os braços e, com uma voz melosa, disse:— O Lucas já desconfiou que fui eu ou meu marido. Dias atrás, ele foi até a empresa do dele pra tentar tirar a verdade. Amor, você já ajeitou tudo, né?Nelson fechou a porta e deu um rápido beijo nos lábios dela:— Pode confiar em mim, eu cuido de tudo.— E a Chloe, quando é que vai sair? Aquela menina foi mimada a vida toda, nunca sofreu. Essa prisão
Ana levou um susto tremendo e imediatamente pisou com força no freio. O som agudo dos pneus derrapando foi tão alto que pareceu perfurar seus ouvidos. Por pouco ela não colidiu com o veículo à frente. Com o coração disparado e o peito arfando, Ana deitou sobre o volante, sentindo o pavor dominar seu corpo. Estava assustada, com raiva e apavorada ao mesmo tempo. No entanto, o motorista da van à frente não deu sinal de vida. Nem um pedido de desculpas, nenhuma reação.Ana ficou furiosa. Abaixou o vidro e gritou para o veículo:— Tá maluco? Tá com pressa pra morrer? Se quiser, é só falar!Do lado de dentro da van, o silêncio permanecia. Ninguém respondia. Acostumada a ser mimada e sempre levada em consideração, Ana não podia suportar aquele tipo de desrespeito. E pior ainda, vindo de alguém que dirigia uma velha van! Um motorista de uma van caindo aos pedaços ousando ignorá-la? Um absurdo!Sua raiva subiu à cabeça como um relâmpago. Em momentos de fúria, a racionalidade desaparece. Ela ab
Quando Ana foi encontrada, estava semidespida, desabada ao lado de uma lixeira. Parecia um frango congelado exposto no refrigerador de um supermercado. Seu corpo estava pálido como a morte, e seus olhos, opacos e cheios de desespero.Ela foi levada ao hospital, onde os exames revelaram uma costela quebrada, lacerações pelo corpo, múltiplos hematomas e uma leve concussão. O médico sugeriu chamar a polícia, mas Ana recusou veementemente, envergonhada demais para permitir.Daulo recebeu a ligação e foi ao hospital vê-la. Assim que colocou os olhos naquela cena de humilhação, seu rosto ficou sombrio. A pressão arterial subiu como um foguete.— Vamos chamar a polícia! Vou pegar aqueles desgraçados e arrancar a pele deles! — Rugiu Daulo, em fúria, ameaçando explodir.Ana, entre soluços, balançava a cabeça desesperadamente:— Deixa pra lá, por favor. Eu não posso suportar essa vergonha. Se chamarmos a polícia, isso vai virar um escândalo, e como vou encarar as pessoas depois?Antes do ocorrid