Uma semana depois, Camila terminou a restauração da pintura. Em seguida, ligou para Vanessa e pediu que enviasse alguém para buscar o quadro e levá-lo ao museu onde seria exposto. Só de pensar que em breve veria a obra que restaurou no museu, com seu nome registrado na seção de restauração, sentiu uma grande satisfação. Aquela pintura seria passada de geração em geração, e ela teria sua contribuição eternizada.Imaginou o futuro, quando pudesse levar seus filhos ao museu e dizer: “Foi a mamãe quem restaurou essa obra”. Só de pensar nisso, um sorriso de orgulho apareceu em seu rosto. Ao lembrar-se de filhos, Camila instintivamente passou a mão sobre o ventre liso. Já fazia algum tempo que estava tentando engravidar, mas até agora nada. Contudo, sabia que isso não era algo que se podia apressar.Agora, ela se preparava para aprender a restaurar cerâmica com Afonso. Sabia que seria um processo longo e difícil, algo que não poderia dominar em pouco tempo.Camila marcou um encontro com Dan
— Você não me deixa ver esse, não me deixa ver aquele, nem viajar a trabalho. Você tem uma necessidade de controle muito forte. Assim fica difícil respirar. Eu sou uma pessoa independente, preciso trabalhar, ter uma vida social normal. Não dá mais para viver como antes, sempre ao seu redor.Lucas ficou em silêncio por um momento, com um sorriso leve no rosto:— Eu sou muito aberto. Você quis ter aulas com o Afonso, eu não te impedi.Claro que não, Afonso já tinha mais de oitenta anos.Camila não conseguiu segurar o riso:— Tá bom, você é bonito, então tudo que você diz está certo.— Cancelei meu compromisso de hoje à noite. Daqui a pouco, te pego lá em baixo. Come logo.Camila deu um murmúrio de resposta e desligou o telefone. Foi até a recepção, pagou a conta e voltou ao quarto para continuar jantando com Daniel.Mal tinha comido mais alguns pedaços quando chegou outra mensagem de Lucas no WhatsApp. Sem dizer nada, ele enviou apenas um emoji sorrindo.Antigamente, ele nunca mandava em
Nesse dia, Camila acordou bem cedo.O motorista a levou até o Pavilhão Antiga, uma loja de antiguidades localizada na cidade velha, que era administrada por Afonso. O lugar se especializava em porcelanas chinesas, pedras preciosas, jade, pinturas e outras obras de arte.Naquele dia, Afonso havia escolhido uma data especial, ideal para o ritual de aceitação de um discípulo, um ato que para ele, como parte da velha guarda, era algo de extrema importância.Para isso, ele até chamou um testemunha, Damio, para presenciar o evento.Quando a hora auspiciosa chegou, Afonso estava sentado com postura firme em sua cadeira no escritório.Damio anunciou em voz alta:— Vamos dar início ao ritual de aceitação do mestre.Camila, segurando o papel de juramento de discípula em mãos, começou a ler em voz alta. Terminada a leitura, fez uma reverência respeitosa para Afonso.Após beber o café que ela lhe ofereceu, Afonso colocou a xícara na mesa ao lado e, em seguida, tirou de seu bolso um cartão e o entr
Ao ver Camila, os olhos de Pedro brilharam com uma leve surpresa, mas ele manteve a expressão indiferente. Com um sorriso suave, perguntou:— O que você está fazendo na loja do Sr. Afonso? Eu lembro que você trabalhava no Antiquário do Tesouro.Camila curvou os lábios em um sorriso e respondeu:— Hoje mesmo me tornei discípula do Sr. Afonso.Pedro ficou ainda mais surpreso:— Pouco tempo atrás, eu pedi para ser discípulo dele, mas ele não quis me aceitar. E agora ele te aceitou... Parece que você tem mais prestígio que eu.Afonso, acariciando a barba, respondeu devagar:— Essas coisas de aceitar discípulos dependem muito da conexão que sentimos. Desde o primeiro instante que vi a Camila, soube que ela seria minha discípula.Pedro sorriu de canto:— Quando o senhor fala, não tem como discutir. Camila, venha dar uma olhada nesse vaso.— Certo.Camila colocou as luvas brancas da loja e, com cuidado, pegou o vaso de dragão das mãos de Pedro, colocando-o sobre o veludo do balcão.Ela pegou
Os documentos caíram no chão com um barulho estrondoso. A secretária, que estava entrando com uma bandeja de café, deu um leve pulo de susto ao ver a cena. Rapidamente, colocou o café sobre a mesa e se abaixou para recolher os papéis.Enquanto os colocava de volta na mesa, ela observou cautelosamente a expressão de Lucas. Embora seu rosto estivesse impassível, sem demonstrar emoções, havia uma frieza sombria em seu olhar, como se sob a superfície calma, uma tempestade estivesse prestes a se formar.A secretária não ousou dizer nada. Com um tom humilde, disse apenas:— Sr. Lucas, seu café.Lucas levantou as pálpebras, lançando um olhar gélido para a xícara de café, mas não respondeu.A secretária prendeu a respiração e, em passos leves, começou a sair da sala, com medo de que qualquer som mais alto pudesse irritá-lo ainda mais.No caminho para a porta, ouviu Lucas pegar o celular e discar um número. Sua voz ao falar ao telefone foi um contraste inesperado, suave e calorosa, como uma bri
Meia hora depois, Camila chegou à casa da mãe. Ainda nem tinha alcançado a porta quando ouviu barulhos altos lá de dentro, objetos sendo arremessados e quebrados. Vozes exaltadas, um homem gritando e sua mãe respondendo aos berros. O medo de que sua mãe estivesse em perigo fez seu coração acelerar.Com as mãos trêmulas, Camila pegou a chave e abriu a porta. Ao entrar, a cena no interior da casa era de caos total. A sala estava virada de ponta cabeça. Havia cacos de vidro por todo lado, almofadas e o controle remoto jogados no chão, frutas espalhadas. As cadeiras estavam tombadas, o sofá e a mesa de centro deslocados de seus lugares.Maria, com os cabelos desgrenhados e as roupas desalinhadas, estava de pé, enfrentando um homem desconhecido, que, com as mãos na cintura, ameaçava:— Me dá meio milhão, ou não me responsabilizo pelas consequências!Maria, com os olhos vermelhos de raiva, gritou:— Pode esquecer! Não vou te dar um centavo!Eles estavam tão envolvidos na briga que nem perceb
O olhar de Lucas era afiado como uma lâmina, perfurando Augusto com uma intensidade que fazia qualquer um se encolher. Seu rosto estava tão sombrio que parecia que poderia espremer água dele, e uma aura gelada emanava de sua presença.Augusto se sentiu completamente exposto sob aquele olhar. O desespero tomou conta dele. Ele conhecia Lucas, sempre soube quem ele era. Mas aquela era a primeira vez que o via cara a cara.A presença de Lucas era esmagadora, e sua raiva tornava tudo ainda mais aterrorizante.O pânico invadiu a mente de Augusto. Suas pernas começaram a tremer, e seu instinto foi fugir.Ele girou sobre os calcanhares e tentou correr, mas ao passar por Lucas, sentiu a mão dele agarrar seu braço com firmeza e, num só movimento, foi arremessado contra a parede.Com um baque seco, suas costas colidiram com a parede dura, e a dor o fez suar frio.Antes que pudesse se recompor, Lucas o segurou pelo colarinho e, num piscar de olhos, desferiu um soco direto em seu nariz.A dor foi a
Sentada no banco do passageiro, Maria disse com uma expressão de desgosto: — Ele não é o pai da Camila, não. Ele é um canalha! Camila, confusa, perguntou: — Mãe, por que ele te pediu dinheiro? Maria desviou o olhar por um instante e respondeu: — Ele faliu nos negócios, está endividado até o pescoço e agora não tem mais saída. Camila apertou os lábios levemente e ficou em silêncio. Estava com o nariz sangrando, pressionando um lenço contra ele. Um momento de silêncio se passou. De repente, Maria pareceu se lembrar de algo e alertou: — Camila, se ele for te pedir dinheiro, não dê de jeito nenhum. Não importa o que ele inventar, não acredite. Aquele desgraçado nunca diz a verdade. Tudo o que ele disser, ignore. Entendeu? Camila assentiu. Ela já tinha perguntado antes sobre o pai. Maria sempre evitava falar no assunto. Quando Camila insistia, a mãe ficava irritada. Hoje, pela primeira vez, Maria falou sobre isso, e Camila não conseguiu conter a curiosidade: —