Início / LGBTQ + / Devoto ao meu marido / Capítulo 04 - Banquete imperial
Capítulo 04 - Banquete imperial

O banquete imperial ocorreu depois da cerimônia em que o Imperador concedeu as honras aos seus cavaleiros que lutaram bravamente no fronte. Vários nomes foram citados, muitos subiram suas posições e ganharam medalhas, e também houve homenagem aos soldados que perderam suas vidas no campo de batalha.

Mas Lucian pouco se importava com isso.

Na história original, o oitavo príncipe não participou da cerimônia, como sempre fazia. Lugares cheios de gente lhe causavam pânico, principalmente por ser descaradamente rejeitado pela alta nobreza. Então, Lucian optou por seguir o seu personagem e ficar ausente. Até porque seria irritante aguentar os olhares dos demais príncipes e princesas sobre ele.

Enquanto isso, Argus caminhava entre os convidados verificando se tudo estava dentro dos conformes. Ele seguiu a programação entregue pelo mordomo chefe do palácio imperial, garantindo que os convidados fossem bem tratados até que a chegada da família imperial fosse anunciada.

Durante sua vistoria, Argus foi pego por um tom de voz um tanto quanto malicioso.

— Ter uma bela companhia para beber uma taça de vinho é prazeroso. Você me daria a honra de me acompanhar, jovem senhor Grimwood?

— Hm? N-Na verdade…

Argus virou-se na direção daquela voz, reconhecendo o traço único que somente aquela família tinha.

Cabelos pretos como carvão.

O rapaz baixinho usando um terno escuro estava de costas para o criado, mas Argus percebeu que ele dava alguns passos para trás na falha tentativa de aumentar o espaço entre ele e o alfa que tentava seduzi-lo.

“É um Grimwood! Será que eu deveria servir o suco agora?”

— Vamos! Será apenas uma taça enquanto conversamos um pouco, certo?

O alfa em questão usava um belo traje formal e caro, além de esbanjar um broche pendurado em seu peito. De ombros erguidos e peito estufado, tal alfa parecia orgulhoso por ter recebido mais cedo uma medalha de honra do próprio imperador. Tudo o que importava a ele era se aproximar do belo Grimwood mais novo que estava na sua frente.

Contudo, nenhum dos dois estavam prontos para a chegada repentina e silenciosa de um criado. A bandeja de prata foi estendida entre eles, e Argus sorria educadamente para o rapaz mais baixo de cabelos pretos.

— Jovem senhor Grimwood, aceita uma taça de suco de maçã?

— Ei, o que você pensa que está fazendo, criado? Por acaso você não sabe o seu lugar?

Argus olhou em direção do alfa, e inclinou a cabeça levemente.

— Estou fazendo o meu trabalho e servindo os convidados.

— Cai fora! Ou melhor, troque esse bendito suco por uma taça de vinho. Acha mesmo que um Grimwood seria tratado como criança e beberia suco? Faça algo que preste e nos traga o melhor vinho, anda!

O criado ignorou o pedido e então voltou-se para o Grimwood, percebendo os olhos rosados brilhantes o encarando esperançosamente.

Estaria ele assustado com a situação?

Argus apenas inclinou a cabeça e sorriu gentilmente.

— Fique a vontade para beber suco de maçã, milorde.

— Mesmo?

— Ei, você não ouviu o que eu disse?

Quando o alfa estava prestes a criar uma confusão com Argus, um segundo homem de cabelos pretos se fez presente. Este parecia ligeiramente mais alto que o outro e seus olhos eram escuros.

— O que pensa que está fazendo com o meu irmão?

O cavaleiro alfa ficou empertigado com a presença repentina do segundo Grimwood mais velho.

— Só o convidei para beber e esse criado está atrapalhando.

— Jesse! — Chamava o Grimwood mais novo, parcialmente escondido atrás do criado.

Jesse Grimwood, o único alfa da família Grimwood e segundo filho do antigo Grão-duque, olhou para Argus de cima a baixo e então suspirou enquanto arrumava os óculos em seu rosto.

— Cavaleiro, você não está brigando com qualquer criado do palácio.

— O que?

Jesse apontou para o peito de Argus, onde estava o broche de um pássaro prateado.

— Esse beta é um criado que serve diretamente ao oitavo príncipe imperial.

O rosto do cavaleiro perdeu toda a cor ao perceber o broche no peito de Argus. O criado, por outro lado, se mantinha calmo o tempo todo apesar de estar ligeiramente surpreso por Jesse Grimwood reconhecer o símbolo do príncipe renegado com tanta facilidade.

Isso o fascinou.

— D-Do oitavo príncipe? Mas quem porra é o oitavo…

— Meça suas palavras, sir — Dizia Argus com um sorriso sombrio — Alguém pode confundi-lo e levá-lo preso por menosprezar um membro da família imperial.

O cavaleiro parecia irritado com a súbita sensação de humilhação, principalmente por estar diante de dois membros da família Grimwood. Sem dizer uma única palavra, ele se retirou a passos pesados e bufadas altas, enquanto xingava baixo.

Estando livre do incômodo, o mais novo dos Grimwood finalmente suspirava de alívio.

— Estou a salvo. Haa… essa foi por pouco.

— Por isso eu pedi que você ficasse por perto, Eugene.

— Me desculpe, irmão.

Jesse apenas suspirou e se virou para Argus.

— O oitavo príncipe parece ter bons criados.

— Muito obrigado, milorde. — Sorria Argus, ainda segurando a bandeja impecavelmente.

— Isso é realmente suco de maçã?

— Isso mesmo, milorde Eugene. Foi o próprio príncipe quem pediu para que deixássemos reservado duas garrafas de suco de maçã para os Grimwood.

Jesse ergueu uma sobrancelha enquanto Eugene parecia contente em ouvir aquilo. Eugene pegou a taça e bebeu um gole, suspirando aliviado pela segunda vez ao sentir o gosto do suco de maçã.

— É doce.

— É uma honra que tenha gostado, milorde.

— Posso saber o motivo do oitavo príncipe ter sido tão cuidadoso conosco?

Argus ergueu os olhos castanhos para Jesse e apenas sorriu orgulhoso.

— É apenas uma cortesia de Sua Alteza.

Sem dizer muito mais, Argus apenas se manteve orgulhoso por seu mestre ter acertado mais uma visão. Afinal, foi ele quem pediu para garantir o suco de maçã, certo? Provavelmente ele sabia que algo aconteceria.

Ah, era tão bom servir o oitavo príncipe depois dele ter despertado o seu dom!

Em meio à conversa, a música foi trocada para que a marcha imperial fosse tocada. Os convidados se viraram para o alto da escadaria, onde um cavaleiro com o uniforme da guarda real estava posicionado.

— Anuncio a entrada da família imperial, Saint Richmond!

O salão foi preenchido com os aplausos, e o alto da escada ficou completamente cheia com alguns membros da família imperial. Além de Lucian, mais três dos seus irmãos estavam ao lado do belo e elegante Imperador Rehael.

Os feromônios relaxantes do Imperador se espalharam pelo salão, causando um efeito significativo em todos os convidados. Não, ninguém ficou alterado, pelo contrário, a figura do Imperador parecia um pai acolhendo os seus filhos e os deixando calmos em seu colo.

Apesar daquilo ser um contraponto à sua expressão rígida e séria, e que ainda assim fazia todos suspirarem pela sua beleza. Ele era como um vinho. Ou melhor… champanhe.

Argus sorriu ao ver o oitavo príncipe ao lado do Imperador.

Que orgulho!

— Sou muito grato por vocês terem aceitado o convite para celebrarmos este banquete. Espero que nesta bela noite, possamos regozijar a nossa vitória e parabenizar a força dos nossos soldados que lutaram bravamente no campo de batalha. — Discursava o imperador, que em seguida pegou uma taça dourada e ergueu — Um brinde ao futuro próspero do nosso império!

Os convidados então responderam alegremente ao brinde, e a música voltou a tocar.

Quando Eugene virou-se para o lado, Argus já não estava mais lá. Virando para o seu irmão, os dois trocaram olhares e então encararam o oitavo príncipe.

— Príncipe Lucian… Acho que o nosso irmão deveria saber disso, não é, Eugene?

— Sim, irmão.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo