Capítulo 03 - Meu extraordinário mestre

Tal como esperado, alguns dias depois os jornais eram espalhados pela capital anunciando o fim da guerra na fronteira. Todos os cidadãos estavam em êxtase pela notícia, principalmente aqueles que eram familiares de soldados que participaram da guerra.

O criado saía da loja movimentada estando surpreso com o tanto de pessoas que andavam pelas ruas. Todos pareciam contentes e aliviados, e se o Imperador não anunciasse feriado de três dias para eles comemorarem, então o povo o faria por conta própria.

Por conta disso, as lojas já anunciavam promoções e os clientes se aglomeravam em suas portas. Tal como o oitavo príncipe havia dito.

— Ele estava certo. A boa notícia realmente veio… — Sussurrava Argus com orgulho — Ah, eu preciso ir contar a ele!

Argus estava incrédulo e abobalhados com a coincidência. O seu mestre tem estado muito estranho faz um mês, ou seja, desde que o oitavo príncipe teve um mal súbito que o deixou acamado por dias, mal conseguindo respirar direito. O seu adoecimento foi tão repentino e estranho que Argus realmente pensou que o seu mestre morreria. Ele até mesmo se ajoelhou e rezou para a Deusa Kronasis para curar Lucian.

Quando Lucian acordou novamente, era como se tivesse renascido.

O oitavo príncipe que era melancólico, sombrio, solitário, vivendo no menor palácio por ninguém da família imperial realmente se importar com a sua existência, de repente parecia ter renascido. Renascido como um homem confiante e perspicaz. Toda a sua sombriedade foi substituída por uma elegância misteriosa e charmosa.

Agora, Lucian andava de ombros erguidos, com uma etiqueta impecável e um sorriso fofo no rosto. Havia confiança em sua voz quando ele falava sobre as suas visões, causando arrepios em Argus quando tais visões se concretizam.

O criado realmente estava incrédulo e abobalhado com a coincidência. O seu mestre tem estado estranho no último mês, apesar de ser uma estranheza muito boa.

Chegava a ser misterioso.

Era fascinante!

Assim que Argus voltou para o palácio do oitavo príncipe e o encontrou bebendo chá e lendo jornal silenciosamente, precisou de alguns segundos para poder se recuperar da surpresa em se deparar com tamanha elegância em um homem alfa.

Alfas geralmente eram grosseiros, com corpos fortes para serem guerreiros que lutavam no campo de batalha. Uma figura de guerreiro bárbaro, por assim dizer. No entanto, os dois alfas da família imperial eram o oposto. Lucian era delicado como uma rosa, os seus belos cabelos loiros compridos eram como cortinas de seda, os seus olhos eram claros iguais ao do Imperador, assemelhando-se à jóia mais cara do mundo.

Aliás, Lucian Saint Richmond alguma vez deixou de ser elegante e bonito? Claro, Argus o servia há anos e sabia muito bem que não, mas as pessoas não enxergavam isso. Só que agora seria impossível não notar tamanha beleza.

— Parece com pressa, Argus. Aconteceu algo na cidade?

— H-Ham? Não, senhor. Quero dizer, sim.

— Sim, não… se decida.

— Me perdoa — Argus respirou fundo — A cidade está em euforia, Vossa Alteza. A sua visão se concretizou de novo! Ganhamos a guerra na fronteira!

Lucian inclinou a cabeça levemente e abriu um sorriso enigmático. Levando a mão ao queixo, ele pensou um pouco e então olhou para o seu criado.

A elegância em pessoa! Cada movimento dele era bonito e delicado, digno de um príncipe.

— Parece que fiz certo em te enviar para encomendar a minha roupa.

— Vossa Alteza, mas eu não ouvi nada sobre um banquete celebrando a nossa vitória.

— Ainda, Argus. Ainda.

Lucian apoiava o cotovelo sobre a mesa e ficava imerso em pensamentos novamente.

Tão diferente do seu eu habitual…

Se a notícia do fim da guerra já surpreendeu Argus, o seu queixo quase caiu quando, no dia seguinte, o Imperador declarou três dias de festividades e um banquete celebrando a vitória dali a dois dias.

Tal como o oitavo príncipe havia dito.

Se fossem apenas essas duas coisas, Argus pensaria ser uma coincidência, mas Lucian havia acertado coisas pequenas como as pautas de reuniões políticas, fenômenos meteorológicos e até mesmo o fato de que os soldados se atrasariam por causa de bandidos tentando saquear um pequeno vilarejo.

Ler o jornal e saber as notícias que vinham nem era uma novidade, pois Argus já tinha ouvido sair da boca do seu mestre.

— Argus, como estão os preparativos para o banquete de vitória?

— O banquete será feito depois da cerimônia em que entregará as medalhas de honra aos cavaleiros.

Lucian olhou para o seu criado, que segurava o jornal em completa surpresa.

— O que foi? Alguma notícia ruim?

— Não! Quer dizer, sim… — Percebendo a sobrancelha do príncipe erguer, Argus soube imediatamente o que ele diria — São notícias ruins, mas creio que Vossa Alteza não considere tão surpreendente assim.

— Haha, isso te entristece? Se você pensar um pouco, saberá que são situações fáceis de se prever.

Argus torceu os lábios contrariado. Não era bem assim, como ele poderia apenas raciocinar o momento em que bandidos atacariam todo um vilarejo justo no momento em que o exército imperial passaria por lá?

Não tinha como ele saber.

A menos que…

— Vossa Alteza, seja sincero… você despertou algum tipo de poder sobrenatural?

Lucian soltou um riso baixo e bebeu um gole do seu chá.

— Será? Isso seria bastante assustador, não acha?

— N-Não, senhor. Mudando de assunto, Vossa Alteza, assim como me pediu, verifiquei com os outros criados sobre a lista de convidados. Como você imaginava, o Grão-duque estará presente junto dos seus irmãos.

Um sorriso despontou dos lábios de Lucian.

— Que maravilha! Ah, e por favor, não se esqueça de verificar as duas garrafas de suco de maçã que encomendei.

— Já verifiquei na cozinha e dei instruções para manter o armazenamento de acordo com o seu pedido, Vossa Alteza.

— E também saiba que você é quem deve servir o suco de maçã aos Grimwood, especificamente para o mais novo.

Lucian se levantou da cadeira e se aproximou da cômoda dele, abrindo uma gaveta. Algumas pequenas jóias estavam guardadas ali. O príncipe pegou um broche pequeno prateado e azulado e o ergueu no alto para ver contraluz.

— Muito bem, vamos ver… Ah, perfeito.

— Vossa Alteza?

Virando-se em direção do criado, o príncipe aproximou-se de Argus e entregou o broche.

— Use isso no banquete, e lembre-se que você deve apenas servir a mim e aos Grimwood, certo?

Olhando o broche em mãos, Argus reparava na imagem de um pássaro cujos olhos tinham uma pedra azulada e carregava um galho decorado com cristais. Era caro só de olhar.

— Tudo bem mesmo eu usar o seu broche, Vossa Alteza?

— Confie em mim. Então… vamos nos preparar para o banquete?

Lucian parecia animado demais, estava sorrindo o tempo todo e fazia tantos pedidos. Ele mesmo verificou o seu novo traje que havia encomendado, assim como garantiu vários outros detalhes antes mesmo do banquete ser anunciado.

Claro que isso não era ruim de maneira alguma, afinal sempre esperou pelo dia em que o seu mestre finalmente seria feliz. Só era estranho que a mudança ocorresse tão bruscamente.

— Vossa Alteza, se me permite perguntar… por que está tão animado por esse banquete?

Lucian virou-se sobre o ombro, e um sorriso sombrio surgiu em seu rosto.

— Há alguém que eu quero conhecer pessoalmente.

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