Badá Sangue por todos os lados. No meu rosto, na minha camisa, e a última coisa que eu consigo me lembrar foi do grito abafado de Samuel. Mavi: Ba… Badá! — o som abafado da voz da Maria me faz olhar para o chão. Ela caída, pressionando a barriga onde sangra, sangra pra caralho e eu entro em pânico. Bada: Porra… o que? — olho para a parede procurando algum vestígio de como aquilo foi acontecer e vejo o buraco na parede. Me abaixando, como sua cabeça apoiada na palma da minha mão e ela pisca os olhos — ei, olha pra mim. Eu vou te levar para o hospital. Mavi: Samuel… — ela fala com a voz fraca — cadê ele?Badá: no banheiro, vem — com um impulso, levanto com ela no como que geme de dor de me olhando, com tiro atravessado em sua barriga — Maria, não dorme!Atravesso a sala já ligando pra minha coroa e colocando Maria no carro. Não tive tempo pra explicar o que aconteceu, só pedi pra ela ficar com Samuel. Ele gritou quando o barulho do tiro ecoou, só estava assustado. E eu nem vi quan
Voltar pra casa sem a Maria, foi a coisa mais cruel que eu já senti em toda minha vida. Ver ela ligada a aparelhos e tubos, lutando por um fiasco de vida enquanto eu, estou aqui, pensando em como caralho aquilo foi acontecer. Como eu deixei minha mulher tomar uma bala por mim, e como vou sobreviver esses dias sem ela. Ver minha filha tão pequena dentro daquela incubadora, também lutando pela vida que mal conheceu. Meu mundo desaba novamente. Tá geral preocupado com ela, por isso estamos aqui na casa da minha coroa. Não tive forçar pra voltar pra casa sozinho, por que sei exatamente o que vou encontrar lá, o sangue dela ainda no chão. Rose: O que aconteceu, meu filho? — é o que todo mundo tem me perguntando e eu não consigo formular frases coerente do que aconteceu na real. Badá: não sei, coroa. Foi tudo rápido demais, o dia ainda estava amanhecendo — engulo a saliva com dificuldade, e encaro minha família ao meu redor — ela acordou dizendo que iria fazer um bolo para Samuel, então
MaviEstou no horizonte distante, avisto uma figura conhecida se aproximando. Meu coração se enche de emoção, reconheço a silhueta amorosa de minha mãe. Seus olhos brilham com uma ternura que transcende o tempo e o espaço, e seu sorriso transmite uma paz que tanto ansiava. Corro em direção a ela, uma mistura de alegria e tristeza me inundando. Abraço-a com todas as forças que posso reunir, sentindo seu calor e seu perfume reconfortante. Lágrimas escorrem em nossos rostos, testemunhas silenciosas do amor inquebrantável que compartilhamos.Mavi: mãe… — falo com a voz trêmula — eu senti tanto sua falta!Ela acaricia gentilmente meu rosto, seus olhos expressando uma sabedoria tranquila.Fernanda: Meu amor, você não está sozinha. Sempre estive com você, em seu coração e em sua memória.Olho para ela, os olhos marejados, em busca de respostas e conforto.Mavi: por que estou aqui? O que aconteceu comigo?Fernanda: Você passou por uma provação dolorosa. Seu corpo está lutando, mas sua alma
Ele autorizou que desligassem os aparelhos, tenho pensado nisso durante 5 dias desde que fui encaminhada para o quarto, saindo da UTI. Por um lado, eu entendo. Estou aqui tem mais de um ano, sem respostas de tratamentos, simplesmente, vegetando…Mas por outro, sinto medo. Será que minha filha vai me reconhecer? Vai sentir medo de mim? E minha irmã? Quer dizer, minhas irmãs. Recordo das coisas pouco a pouco, mas eu jamais esqueceria das pessoas que tenho pra chamar de família. O latejo da minha cabeça passa pouco a pouco, mas ninguém apareceu aqui… Não sei se os médicos deram notícias a alguém que acordei, mas eu não vou esperar pra ver. Me olho no pequeno espelho do quarto, meu rosto abatido e pálido. Passo os dedos pelo colo do meu corpo e sinto a cavidade funda, pela magreza que me encontro, irreconhecível…Meu cabelo sem vida, crespo e levemente embolados. Solto o ar fundo, sentindo minhas costas doerem, levanto a blusa fitando a enorme cicatriz em minha barriga, dedilhando de po
Meu coração se apertou em meu peito, e uma tristeza profunda e esmagadora me dominou. As lágrimas começaram a brotar em meus olhos, mas eu me recusei em deixar elas caírem. Meus olhos se fixaram na pequena menina dormindo no colo da mãe do Badá, suspirando fundo, ela tem meu rosto. Mavi: Vocês acharam que eu estava morta, eu entendo… — finalmente encontro as palavras, dou pequenos passos em direção a Rose, quando todas as pessoas presentes parecem não tem uma palavra sequer para me dizer, pois o silêncio continua — Rose, será que posso pegar minha filha?A mulher não fala nada, ninguém fala porra nenhuma e isso me irrita por dentro. Mas por fora, tento transparecer a mais pura tranquilidade, mesmo quando parece que arrancaram meu coração do peito e esmagaram usando as mãos das pessoas que mais confiei na vida. O homem que eu amava, e minha melhor amiga. Hellen se levanta sem graça da perna de Badá, para ao seu lado sem dizer nada, mas todo mundo me encara. Badá passa a mão no rosto
Maria Vitória | 3 anos depoisA julgar pela forma que ela se mexe na cama, Lavínia mal dormiu de ansiedade, por que o pai dela prometeu buscar ela assim que o dia clareasse. Lavínia: mamãe… — o dia mal clareou, e ela abre os olhinhos, esfregando a mão no rosto — ele já chegou?Mavi: Ainda é cedo. Dorme, quando teu pai chegar aqui, eu te acordo. Ela só afirma com a cabeça, pegando no sono pesado novamente. Me levanto cruzando a sala, na pequena que meu pai comprou para mim depois de toda confusão. E eu, bom, aprendi a olhar as coisas com outros olhos, além de mim mesma. Nem deu duro para se aproximar de mim depois disso, e o motivo de ninguém ter ido me visitar desde então, dentro daquele hospital, foi o mais cruel dito pela boca de um médico. Eles disseram que você não tinha salvação, Maria. Teve falência múltipla dos órgãos e somente seu coração continuava batendo, lutando pela vida. Seu cérebro mal funcionava, e quase teve uma morte cerebral. Badá pagou para que eles deixassem
Capítulo 2Badá | 4 anos atrás…A euforia de não poder matar quem fudeu minha vida, está acabando comigo. Nenhum homem deveria levantar uma arma sem intenção de atirar, mas acertar a mulher que eu mais amo nessa vida, é pedir pra morrer… mesmo que isso demore pra caralho!Bira: Faz o que o homem disse, Badá. Te avisei pra caralho e não quis ouvir. Agora sustenta. Minhas mãos suando no volante do carro enquanto volto pra casa, sabendo que de qualquer forma eu e Maria não poderemos ficar juntos, não agora. Não enquanto o mundo desmorona nas minhas costas. Bira: vai fazer o que agora?Badá: tem alguma coisa pra eu fazer, Bira? Porra nenhuma! Ele controla minha vida feito uma marionete, ou eu faço o que ela tá pedindo, ou ele mata a Maria, sabe disso!Bira: É o preço que se paga por se envolver com ela, Badá — meu primo fala pra caralho no meu ouvido — mas tu também tá ciente do que vai acontecer quando ela sair do hospital!Badá: tô ligado! — bufo, quando paro em frente a casa da Hellen
MaviCorpo e mente cansada, depois de ter feito o sexo mais avassalador da minha vida. Olho para o peitoral do homem que dorme ao meu lado, e pensar que anos atrás ele estava se bicando comigo. Me levanto indo pra cozinha, daqui a pouco tenho que acordar ele pra ir embora, Lavínia vai chegar e eu não gosto de manter homens dentro da minha casa quando ela está aqui. Meu celular vibra enquanto eu como um pedaço do bolo que fiz depois que minha pequena saiu, e eu olho a mensagem do pai dela. Pai da Lalá: Tô saindo daqui. Já já tô brotando ai!Não respondo, só bloqueio o celular e vou para o quarto tentar acordar quem dorme feito pedra. Mavi: Tu precisa ir embora — aviso ele ofega sonolento — Lavínia já está chegando. — Foge na madrugada pra sentar pra mim? — sorrio com a proposta, mas nego com a cabeça — po, pretinha… tô na base do teu pai só por tu. Mavi: Não deveria se acostumar com isso. É só sexo!— Tô ligado, tu nunca cansa de deixar isso bem claro — ele se levanta vestindo a