Eu o encarei, misturando raiva e tristeza. Meu coração doía intensamente desde aquele fatídico dia. Badá estava ali, parado à minha frente. Meu corpo tremia enquanto segurava a arma apontada para seu peito. Era um reflexo de todo o ódio que fervia em mim.Mavi: não vou te matar, Badá. Não por você — Lágrimas ameaçaram escorrer, mas eu as segurei com toda a força — mas sim pelo o que fez por mim quando minha mãe morreu. Não sou ingrata quanto a isso. A imagem de Badá, enxugando minhas lágrimas e segurando minha mão enquanto eu enfrentava a perda da minha mãe, ecoava em minha mente. Ele tinha estado ao meu lado, oferecendo o apoio que eu tanto precisava.Mavi: Você quebrou meu coração, Badá. Você destruiu a confiança que tínhamos. Mas não posso esquecer o que você fez por mim naquele momento de dor insuportável. Eu te devo isso.Badá: está se ouvindo? Ouviu pelo menos o que acabei de falar contigo minutos atrás? — minha arma ainda continua apontada em seu peito — acha que estou aqui br
Deitada. Atordoada por um misto de sentimentos que eu jamais havia sentido antes. Raiva, rancor e saudades. Saudades do que eu fui, do que fomos. Quando foi que nos perdemos assim? Quando foi que minha vida se bagunçou tanto? Se quando o homem que eu implorei pra ficar comigo foi atrás de mim, viajou um dia inteiro pra ir me buscar na Bahia, e agora por mais que eu veja verdade em suas palavras, não consigo acreditar, ou eu não quero acreditar. Realmente não estou pronta para me magoar novamente. Com a casa toda apagada, esperando Lavínia chegar pra dormir, ou ao menos tentar. Penso e lembro de tudo que vivi ao lado dele em tão pouco tempo, mas foram os momentos mais intensos da minha vida, não posso negar. A euforia do primeiro amor, primeira vez, ele é pai da minha filha, teremos uma conexão pelo resto da vida e me nego a sentir tais coisas tão ruim por ele. Badá esteve do meu lado quando meu mundo desabou. Cuidou de mim quando eu mais precisava, e, as vezes eu sinto que estou se
Badá Nunca mais estive tão perto de Maria quanto agora, mas mesmo deitado na mesma cama, ainda estamos longe de mais. Só toquei seu braço quando senti sua pele se arrepiar, mas eu sei que nunca passará disso, não agora. Bufo e me levanto, e ela nem sequer mexe na cama. Badá: vou ligar pro teu coroa depois, pra ele ir buscar Lavínia lá em casa — aviso. Mavi: O que? — pergunta, vejo sua sombra se sentar na cama — porque você não pode trazer?Badá: Não vou estar aqui. E também só vim me despedir, Maria. Não sei quando. Não vou pedir pra tu cuidar da Lavínia, por que sei que tu faz isso bem pra caralho, mas fique bem — explico, com o coração acelerado pra caralho — tô indo nessa, até qualquer dia. Saio disparado do quarto, não quero que ela me questione ou pergunte algo. Não vou saber o que responder. Mavi: Badá! — ouço os passos dela correndo atrás de mim, quando chego no portão pra sair — de merda tu tá falando?Badá: Eu vou resolver as coisas, Maria. Fica tranquila! — aviso e abr
Mavi Mavi: você sabia disso? — pergunto ao meu pai, sentado na minha mesa me encarando desde a hora que chegou — sabia dessa merda toda e não me contou? Quem Uirá?Nem: Eu quis matar o Badá por tu, Maria. Acha que se eu soubesse, tinha feito toda aquela encenação? O caralho. — ele toma um gole de café e suspira — Uirá é tenente da BOPE, eu não fazia ideia que ele fosse irmão da sua mãe. Nem ela sabia!Minha mente está uma bagunça só, desde a hora que sai do presídio ontem e voltei para o rio. Inevitável pensar no que aconteceu antes, desde a bala que tomei até eu voltar para o morro. Mas ainda sim, tem coisas que não entra na minha cabeça. Quem quer que seja esse tenente, não me mataria se quisesse tanto que eu não seguisse o mesmo destino que minha mãe, até por que, que serventia eu teria morta?Analisando toda situação, me pego mais fodida do que antes. Hellen era minha melhor amiga e acabou se apaixonando pelo meu homem. Pela carência de está sozinha sem Rangel. Mas 2 meses, porra
Não sei como consegui dormir, mas me acordo rapidamente quando meu celular começa a tocar sem parar. Olho para a cama de Lavínia ainda dormindo, ainda escuro lá fora então é madrugada e no visor, o nome de Isadora. Mavi: Oi? Aconteceu alguma coisa?Isadora: Desculpa te ligar essa hora, mas é importa. Eu e Leonardo estamos indo aí agora, precisa arrumar as coisas da Lavínia e ela vai vim comigo. Mavi: O que? — me levanto no impulso e me sento — do que tá falando?Isadora: Sem tempo agora, Maria Vitória. Só arruma as coisas dela, Badá está chegando e precisa de você. E ela desliga o telefone. Mavi: merda — levanto rápido da cama e olho a hora, quase cinco da manhã e Lavínia dorme em um sono profundo. Acendo a luz colocando algumas peças de roupa dela dentro da pequena mochila, e quase não consigo raciocinar o que porra tá acontecendo. Isadora já chegou lá fora, sei disso porque ouvi o carro pagar. Corro pra cozinha e espero ela entrar, mas é outra pessoa que entra. Mavi: O que? —
Sinto meu corpo em brasa e fico moldada a ele. Quando sua boca retorna para mim, meu corpo todo está pulsando em pura vida. Meu corpo se movimenta mais, colando ao seu, friccionando meu seio em seu peito. Apenas percebo aonde estamos indo quando o colchão se afunda embaixo das minhas costas, com o nosso peso. Badá se ergue sobre mim e deixa sua mão escorregar em meu corpo, subindo-a lentamente e levando a barra da camisa para cima, deixando meus seios à mostra quando ele a tira de mim. Existe luxúria em seus olhos. Mavi: Badá… — eu arfo seu nome — espera…Badá: Que foi? Quer parar?Sim, queria. Mas não por não querer ter isso com ele agora, mas só por saber que depois disso, não vai voltar a ser como antes. Eu não vou mais odiar ele, por que não existe motivo e por mais que eu minta para mim mesma, ter o corpo pesado dele em cima do meu, me faz lembrar somente dos bons momentos que tivemos juntos, e é por isso que estamos aqui agora. Mavi: esquece…Badá: Ele nunca vai ser como eu, M
Não tive tempo para racionar o que ele queria que eu fizesse, e quando me dei conta já estava em cima de uma laje com um fuzil silenciado apontado para um ponto que ele mesmo escolheu. A favela está silenciosa por ainda ser bem cedo, o sol mal nasceu e eu estou pique bandido treinado aqui em cima, com um fone nos ouvidos para me comunicar com ele. Mavi: isso não vai dar… — falo baixinho e suspiro fundo. Badá: Vai sim, pretinha… — a voz dele ressoa do outro lado em um cochicho — mas precisa confiar em mim agora. Mavi: Tem um fuzil na minha mão, quase maior que eu. E eu não sei o porque disso, então não tem como confiar. Vou precisar matar alguém?Badá: Não. Te expliquei onde tem que atirar se algo acontecer. — o estrondo o caveirao que sempre me fazia assustar quando ainda era criança, pode ser ouvido de longe. Sei que eles estão subindo — Maria, presta atenção. Não vai matar ninguém, atira na perna só pra imobilizar, estou desarmado, é só até eu ter tempo. Mavi: mas é se eu atira
MariaUma mente bagunça pode te levar a loucura, e nesse momento estou a ponto de surtar por não fazer absolutamente nada. É a primeira vez que venha no na Penha depois que tudo aconteceu, e eu ainda não sei o que vim fazer aqui, de fato. Minha ex sogra fez questão de me ver, ex porque ainda não defini o que eu e Badá voltamos a ter, mas a real é que eu não me sinto nem um pouco confortável aqui. Badá sumiu alguns minutos, e conversar com a família dele me faz sentir sufocada. Parece que são pessoas totalmente desconhecidas para mim, e apesar de está presente aqui, minha mente está longe.Rose: Lavínia está com quem, Maria? — minha ex sogra pergunta. Mavi: com a minha irmã, vou pegar ela hoje à tarde. — ela afirma com a cabeça, o primo de Badá, Bira, me encara desde a hora em que eu cheguei aqui, e ainda não sei o motivo pra ter vindo — eu vou dar uma volta até a casa que era da minha mãe, daqui a pouco eu volto. Rose: Fica aqui, menina. Espera Roger pra ir contigo!Mavi: Eu nem s