MaviEstou no horizonte distante, avisto uma figura conhecida se aproximando. Meu coração se enche de emoção, reconheço a silhueta amorosa de minha mãe. Seus olhos brilham com uma ternura que transcende o tempo e o espaço, e seu sorriso transmite uma paz que tanto ansiava. Corro em direção a ela, uma mistura de alegria e tristeza me inundando. Abraço-a com todas as forças que posso reunir, sentindo seu calor e seu perfume reconfortante. Lágrimas escorrem em nossos rostos, testemunhas silenciosas do amor inquebrantável que compartilhamos.Mavi: mãe… — falo com a voz trêmula — eu senti tanto sua falta!Ela acaricia gentilmente meu rosto, seus olhos expressando uma sabedoria tranquila.Fernanda: Meu amor, você não está sozinha. Sempre estive com você, em seu coração e em sua memória.Olho para ela, os olhos marejados, em busca de respostas e conforto.Mavi: por que estou aqui? O que aconteceu comigo?Fernanda: Você passou por uma provação dolorosa. Seu corpo está lutando, mas sua alma
Ele autorizou que desligassem os aparelhos, tenho pensado nisso durante 5 dias desde que fui encaminhada para o quarto, saindo da UTI. Por um lado, eu entendo. Estou aqui tem mais de um ano, sem respostas de tratamentos, simplesmente, vegetando…Mas por outro, sinto medo. Será que minha filha vai me reconhecer? Vai sentir medo de mim? E minha irmã? Quer dizer, minhas irmãs. Recordo das coisas pouco a pouco, mas eu jamais esqueceria das pessoas que tenho pra chamar de família. O latejo da minha cabeça passa pouco a pouco, mas ninguém apareceu aqui… Não sei se os médicos deram notícias a alguém que acordei, mas eu não vou esperar pra ver. Me olho no pequeno espelho do quarto, meu rosto abatido e pálido. Passo os dedos pelo colo do meu corpo e sinto a cavidade funda, pela magreza que me encontro, irreconhecível…Meu cabelo sem vida, crespo e levemente embolados. Solto o ar fundo, sentindo minhas costas doerem, levanto a blusa fitando a enorme cicatriz em minha barriga, dedilhando de po
Meu coração se apertou em meu peito, e uma tristeza profunda e esmagadora me dominou. As lágrimas começaram a brotar em meus olhos, mas eu me recusei em deixar elas caírem. Meus olhos se fixaram na pequena menina dormindo no colo da mãe do Badá, suspirando fundo, ela tem meu rosto. Mavi: Vocês acharam que eu estava morta, eu entendo… — finalmente encontro as palavras, dou pequenos passos em direção a Rose, quando todas as pessoas presentes parecem não tem uma palavra sequer para me dizer, pois o silêncio continua — Rose, será que posso pegar minha filha?A mulher não fala nada, ninguém fala porra nenhuma e isso me irrita por dentro. Mas por fora, tento transparecer a mais pura tranquilidade, mesmo quando parece que arrancaram meu coração do peito e esmagaram usando as mãos das pessoas que mais confiei na vida. O homem que eu amava, e minha melhor amiga. Hellen se levanta sem graça da perna de Badá, para ao seu lado sem dizer nada, mas todo mundo me encara. Badá passa a mão no rosto
Maria Vitória | 3 anos depoisA julgar pela forma que ela se mexe na cama, Lavínia mal dormiu de ansiedade, por que o pai dela prometeu buscar ela assim que o dia clareasse. Lavínia: mamãe… — o dia mal clareou, e ela abre os olhinhos, esfregando a mão no rosto — ele já chegou?Mavi: Ainda é cedo. Dorme, quando teu pai chegar aqui, eu te acordo. Ela só afirma com a cabeça, pegando no sono pesado novamente. Me levanto cruzando a sala, na pequena que meu pai comprou para mim depois de toda confusão. E eu, bom, aprendi a olhar as coisas com outros olhos, além de mim mesma. Nem deu duro para se aproximar de mim depois disso, e o motivo de ninguém ter ido me visitar desde então, dentro daquele hospital, foi o mais cruel dito pela boca de um médico. Eles disseram que você não tinha salvação, Maria. Teve falência múltipla dos órgãos e somente seu coração continuava batendo, lutando pela vida. Seu cérebro mal funcionava, e quase teve uma morte cerebral. Badá pagou para que eles deixassem
Capítulo 2Badá | 4 anos atrás…A euforia de não poder matar quem fudeu minha vida, está acabando comigo. Nenhum homem deveria levantar uma arma sem intenção de atirar, mas acertar a mulher que eu mais amo nessa vida, é pedir pra morrer… mesmo que isso demore pra caralho!Bira: Faz o que o homem disse, Badá. Te avisei pra caralho e não quis ouvir. Agora sustenta. Minhas mãos suando no volante do carro enquanto volto pra casa, sabendo que de qualquer forma eu e Maria não poderemos ficar juntos, não agora. Não enquanto o mundo desmorona nas minhas costas. Bira: vai fazer o que agora?Badá: tem alguma coisa pra eu fazer, Bira? Porra nenhuma! Ele controla minha vida feito uma marionete, ou eu faço o que ela tá pedindo, ou ele mata a Maria, sabe disso!Bira: É o preço que se paga por se envolver com ela, Badá — meu primo fala pra caralho no meu ouvido — mas tu também tá ciente do que vai acontecer quando ela sair do hospital!Badá: tô ligado! — bufo, quando paro em frente a casa da Hellen
MaviCorpo e mente cansada, depois de ter feito o sexo mais avassalador da minha vida. Olho para o peitoral do homem que dorme ao meu lado, e pensar que anos atrás ele estava se bicando comigo. Me levanto indo pra cozinha, daqui a pouco tenho que acordar ele pra ir embora, Lavínia vai chegar e eu não gosto de manter homens dentro da minha casa quando ela está aqui. Meu celular vibra enquanto eu como um pedaço do bolo que fiz depois que minha pequena saiu, e eu olho a mensagem do pai dela. Pai da Lalá: Tô saindo daqui. Já já tô brotando ai!Não respondo, só bloqueio o celular e vou para o quarto tentar acordar quem dorme feito pedra. Mavi: Tu precisa ir embora — aviso ele ofega sonolento — Lavínia já está chegando. — Foge na madrugada pra sentar pra mim? — sorrio com a proposta, mas nego com a cabeça — po, pretinha… tô na base do teu pai só por tu. Mavi: Não deveria se acostumar com isso. É só sexo!— Tô ligado, tu nunca cansa de deixar isso bem claro — ele se levanta vestindo a
Eu o encarei, misturando raiva e tristeza. Meu coração doía intensamente desde aquele fatídico dia. Badá estava ali, parado à minha frente. Meu corpo tremia enquanto segurava a arma apontada para seu peito. Era um reflexo de todo o ódio que fervia em mim.Mavi: não vou te matar, Badá. Não por você — Lágrimas ameaçaram escorrer, mas eu as segurei com toda a força — mas sim pelo o que fez por mim quando minha mãe morreu. Não sou ingrata quanto a isso. A imagem de Badá, enxugando minhas lágrimas e segurando minha mão enquanto eu enfrentava a perda da minha mãe, ecoava em minha mente. Ele tinha estado ao meu lado, oferecendo o apoio que eu tanto precisava.Mavi: Você quebrou meu coração, Badá. Você destruiu a confiança que tínhamos. Mas não posso esquecer o que você fez por mim naquele momento de dor insuportável. Eu te devo isso.Badá: está se ouvindo? Ouviu pelo menos o que acabei de falar contigo minutos atrás? — minha arma ainda continua apontada em seu peito — acha que estou aqui br
Deitada. Atordoada por um misto de sentimentos que eu jamais havia sentido antes. Raiva, rancor e saudades. Saudades do que eu fui, do que fomos. Quando foi que nos perdemos assim? Quando foi que minha vida se bagunçou tanto? Se quando o homem que eu implorei pra ficar comigo foi atrás de mim, viajou um dia inteiro pra ir me buscar na Bahia, e agora por mais que eu veja verdade em suas palavras, não consigo acreditar, ou eu não quero acreditar. Realmente não estou pronta para me magoar novamente. Com a casa toda apagada, esperando Lavínia chegar pra dormir, ou ao menos tentar. Penso e lembro de tudo que vivi ao lado dele em tão pouco tempo, mas foram os momentos mais intensos da minha vida, não posso negar. A euforia do primeiro amor, primeira vez, ele é pai da minha filha, teremos uma conexão pelo resto da vida e me nego a sentir tais coisas tão ruim por ele. Badá esteve do meu lado quando meu mundo desabou. Cuidou de mim quando eu mais precisava, e, as vezes eu sinto que estou se