Capítulo 8 - Lia

Minha visão escure, minha cabeça grira, a bile arde na garganta.

- Meu Deus o que está acontecendo - sussuro para mim mesma, sentada com a cara enfiada na privada da faculdade.

Respiro fundo fechando os olhos com força.

- Lia está tudo? - Letícia b**e na porta e pergunta preocupada.

Letícia é a única amiga que fiz nesses primeiros três meses de faculdades, ela percebeu que não estava bem durante a segunda aula.

- Lia, amiga!

- Tô bem - pelo menos ainda tô viva.

Saio com certa dificuldade, Letícia me ajuda a chegar até a pia, lavo o rosto agora sem cor.

- Amiga você está pálida - constata Letícia.

- Acho que devo estar doente, devo ter comido algo estragado só pode - digo mais para mim mesma do que para Letícia, ela me dá um olhar estranho - o que foi? - indago.

- Amiga posso ser sincera com você?

- Claro que pode, ué!

- Ok, vamos lá... - ela faz uma pausa meio dramática.

- Fala Letícia, o que é.

- Calma vou falar.

- Então para de enrolação e diz logo o que se passa nessa cabeçinha.

- Amiga acho que você pode estar grávida - congelo.

- Você só pode estar louca, não é possivel - ou será que é, só transei uma única vez e isso foi a quase 4 meses atrás, e Carol disse que a pilula do dia seguinte funcionava.

- Amiga é sério, você está com todos os sintomas, eu sei por que minha mãe está grávida e já vi ela muitas vezes assim como você tá - diz preocupada.

- Não, não, não, não pode ser - tento não chorar, porém é impossivel - como isso é possivel?

- Transando ué - Letícia responde.

- Pergunta retórica Léticia - digo entre lágrimas.

- O que vai fazer agora amiga - tento conter as lágrimas.

- Primeiro passar em uma farmácia e comprar uns 10 testes, depois vejo o que faço.

Digo ao passar por ela, Leticia me segue.

- Vou com você, quero estar presente para a confirmação do meu primeiro afilhado - diz e rir e eu? choro.

No caminho para casa passamos em uma farmácia, como disse, compro 10 teste, do mais barato ao mais caro, Letícia apenas observa sem fazer nenhuma graçinha. Caminhamos até meu apartamente, que agora posso dizer que é meu, o proprietário decidiu vendar e eu gastei uma parte da minha herança para comprá-lo, o que me deixa menos preocupada, pois agora tenho um teto próprio sob minha cabeça.

- Bom dia menina Lia - o senhorzinho da portaria cumprimenta.

- Bom dia seu Joaquim - lhe dou um sorriso que tenho certeza que não chega aos olhos,

- Está tudo bem? - pergunta precocupado ao me entregar algumas correspondência.

- Sim estou, é apenas um resfriado - digo e Leticia me recrimina com o olhar.

- Resfriado é - dou de ombros.

Subimos até o décimo andar, ao entrar em casa, passo direto para meu quarto, me trancando no banheiro.

- Amiga qualquer coisa grita por socorro, viu, estarei aqui do outro lado da porta.

- Obrigada - agradeço de coração.

Abro as embalagens uma a uma, leio as instruções e começo a fazer xixi no copo, no palito e espero, a espera está me deixando quase louca, então saio do banheito e peço para a Letícia ver os resultados. De frente para a janela panorâmica do meu quarto, ouço Letícia pigarrear.

- Amiga, não sei se te dou parabéns ou pêsames -diz me entregando apenas um teste ''GRÁVIDA +- 7 SEM''

- PUTA QUE PARIU - praticamente grito - todos deram positivos? - pergunto com os olhos arregalados.

- Sim amiga, mais esse aqui diz mais ou menos de quantas semanas.

- Isso é quase 4 meses - que merda a pilula não funcionou.

- Nem sempre funciona - Letícia responde.

- HÃ?

- Você disse que a pilula não funcionou - explica.

- Ah, desculpa achei que só tivesse pensado - digo e olho para o teste em minhas mãos.

- O que você vai fazer agora?

- Sinceramente não sei - digo exauta.

- Amiga no que você decidi te apoio ok - Letícia diz segurando minhas mãos.

- Aborto não uma opção para mim - deixo bem claro para que ela não pense que isso possa acontecer - o que tiver que ser, será!

- Ok tô contigo e não abro - diz e me abraça.

- Obrigada, você e a Carol são as únicas pessoas que tenho nesse mundo - digo deixando uma lágrima cair.

- Agora vou deixar você descansar está bem...

- Mais uma vez obrigada pelo apoio.

Nos despedimos, e ao fechar a porta sinto pela primeira vez que não estou mais sozinha, se estou com medo? sim, muito medo. Se não sei o que vou fazer? com certeza não sei, mas vou dá um jeito viu, digo passando a mão na barriga que até o presente momento está lisa.

Se aquela noite achei que foi um erro, agora sei que foi O ERRO MAIS PERFEITO!

ALGUNS MESES DEPOIS...

Faltando menos de um mês para que meu príncipe chegue ao mundo, estou correndo contra o tempo para entregar meus trabalhos, e chegar o primeiro semetre com notas, os professores foram muito compreensivos ao me passar trabalhos extras, pois como vou ganhar bebê em quase no fim de Setembro, e não vou poder finalizar o semetre presencialmente, estou correndo para finalizar os trabalhos extras.

Muitos achavam que só por que engravidei iria largar a faculdade, só que não meus queridos, agora mais que nunca, preciso consolidar uma carreira, pois não estou mais sozinha, quero muito que Lucas meu bebê tenha tudo, tudo o que tive e muito mais.

Ele é minha motivação para conquistar o mundo.

- Lia onde deixo essas fraldas? - Letícia, minha melhor, irmã, cumadre e inquilina pergunta.

- O armário de fralta já está lotado vamos ter comprar outro para armázenar o restante das coisas - Letícia coça a cebeça concordando.

- Tá deixa que faço isso, vou deixar tudo amontuado ao lado berço e depois organizamos.

- Tudo bem... Aiiii - caraca que dor chata.

- O que foi, estorou a bolsa - rio de seu desespero.

- Não, ainda falta duas semanas Lelê.

- Nunca se sabe né - diz com a mão no peito.

Sorrio balançando a cabeça, esse menino não para quieto, parece que tá com lombriga, acaricio a enorme barriga, graças a Deus tive uma gestação tranquila, apesar de ter descoberto tardiamente, ainda assim deu tudo certo, no mesmo dia que descobrir, comecei o acompanhamendo, agradeci aos céus de ter continuado a pagar o plano de saúde, o que facilitou muito minha vida.

Tentei descobrir algo sobre o pai, até voltei ao hotel, mas não tive sucesso. Pesquisei o nome dele na internet e apareceram milhares de Lucca, porém nenhum era o meu Lucca, até sorrio... meu... até parece. Lembrei-me que ele disse estar de férias, lembro-me também que achei que ele não fosse do Brasil, como havia dito tentei obter alguma informação no hotel, mas eles foi enfático em dizer que não podiam dá qualquer informação sobre hóspedes.

Voltei pra casa triste, pois ele tem o direito de saber, mas só com o primeiro nome é meio que impossivel achar alguém, me dei por vencida e desistir de procurar. Irei criar meu filho sozinha, e farei isso com louvor.

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