Marilyn Manson está berrando através das caixas de som amplificadoras. A garrafa de Royal Salute está em cima da mesa, ao lado há um copo com gelo quase derretido do qual eu já tinha tomado todo o uísque.
Bruno coloca os dedos para dentro do copo e alcança uma pedra de gelo, os anéis reluzem e os esmaltes pretos em suas unhas também, ele lambe os dedos, contendo uma gotinha que escorre, de forma totalmente sexy, e se aproxima
Não sei se estou mais embriagada pelo álcool do uísque ou pelos lábios perfeitos de Bruno. É um pouco dolorido beijá-lo, minha boca está com um piercing recém-feito e certamente, uma das recomendações é exatamente não beijar na boca!Há um pouco de gosto de sangue permeando nossas línguas, mas a boca fresca de Bruno é extremamente viciante e eu me afogo
— Você devia ter me avisado! — Hilay balança o pirulito cor-de-rosa na altura do meu nariz. — Pode ir me dando todos os detalhes desse novo lance com o pinhead! Não era pelo Túlio que você estava apaixonada? Quer dizer, tudo isso… — Ela aponta para o meu corpo com uma mão, colocando o pirulito na boca com a outra. — Foi por causa dele, não foi?Hilay não está fazendo por mal e ela está
— Jujuba? — A reconhecível voz de minha melhor amiga rompe pelo silêncio do banheiro em que fiquei escondida por horas.— Oi… — Estou sentada em um dos vasos, não fazendo xixi, apenas sentada, com o celular na mão vasculhando a rede social de Túlio e lendo todos os depoimentos de apoio que foram deixados em sua página. Eu me sinto péssima.Pensei muito no que houve, nas consequências de minhas ações e cheguei à conclus&
Eu tinha realmente me produzido, mas eu ainda era muito insegura com a minha aparência. Passei parte da minha vida odiando meu corpo e enxergando apenas motivos para mudá-lo. Era como viver presa, mas dentro de mim mesma. Depois, quando finalmente passei a me amar, tive que lidar com a rejeição dos outros. É difícil fazer essa escolha: ou você ou os outros. A maioria escolhe “você” sem pensar, mas as consequências nem sempre são bonitas e cheirosas como as flores. Ser rejeitado o tempo todo por ser quem você é (ou quem você quer ser) ensandece qualquer um. Por mais que você seja uma boa pessoa, ótima linda e perfeita, a rejeição te derruba. Imagine quando
A batida eletrificante de Raise the Devil vibrava nas paredes do Strange House Eu estava quase cochilando durante o filme Nosferatu de 1922. Não me culpe, é um filme de música densa focada no tom obscuro de um órgão de fole, pouca luminosidade nas imagens, piscando, com um ar de comédia no exagero dos atores e… mudo. Sim, é um filme em que você tem mais que ler do que realmente assistir.Acordei não sei bem onde, com um movimento no ombro de Bruno. Tomei uma espécie de susto, ele estava quase se levantando e por um momento, pensei que o filme estava terminando, exceto que ainda estava tocando aquela música esquisita e um homem estava levantando um machadCapítulo 14: Outros tipos de magia
— E ela mandou uma foto, Hilay! Você consegue imaginar? — Empurrei o meu celular para a frente dos olhos azuis da minha melhor amiga sentindo um gosto amargo na minha saliva.— Acho melhor você esquecer isso, Jujuba. — A reação dela foi completamente fora do normal, me empurrando de volta aquele celular, sem gastar mais de dois segundos vendo a foto. Senti sua voz um pouco seca, um traço de descontentamento com o fato de que eu me importava.— Esquecer? —
Tive vontade de voltar para o elevador, cheguei a virar, mas a porta se fechou. Foi quando percebi que a campainha tinha cessado e que Bruno estava respirando bem atrás de mim, esquentando meu ombro.— Indo a algum lugar? — Perguntou estreitando os olhos azuis. Ele estava tão perto de mim que eu podia sentir o seu perfume, mas havia traços do adocicado perfume de Priscilla em suas roupas.— Er… Esqueci a chave na faculdade? — Torci a boca com a mentira, que nem mesmo eu ac