A batida eletrificante de Raise the Devil vibrava nas paredes do Strange House
Eu estava quase cochilando durante o filme Nosferatu de 1922. Não me culpe, é um filme de música densa focada no tom obscuro de um órgão de fole, pouca luminosidade nas imagens, piscando, com um ar de comédia no exagero dos atores e… mudo. Sim, é um filme em que você tem mais que ler do que realmente assistir.Acordei não sei bem onde, com um movimento no ombro de Bruno. Tomei uma espécie de susto, ele estava quase se levantando e por um momento, pensei que o filme estava terminando, exceto que ainda estava tocando aquela música esquisita e um homem estava levantando um machad
— E ela mandou uma foto, Hilay! Você consegue imaginar? — Empurrei o meu celular para a frente dos olhos azuis da minha melhor amiga sentindo um gosto amargo na minha saliva.— Acho melhor você esquecer isso, Jujuba. — A reação dela foi completamente fora do normal, me empurrando de volta aquele celular, sem gastar mais de dois segundos vendo a foto. Senti sua voz um pouco seca, um traço de descontentamento com o fato de que eu me importava.— Esquecer? —
Tive vontade de voltar para o elevador, cheguei a virar, mas a porta se fechou. Foi quando percebi que a campainha tinha cessado e que Bruno estava respirando bem atrás de mim, esquentando meu ombro.— Indo a algum lugar? — Perguntou estreitando os olhos azuis. Ele estava tão perto de mim que eu podia sentir o seu perfume, mas havia traços do adocicado perfume de Priscilla em suas roupas.— Er… Esqueci a chave na faculdade? — Torci a boca com a mentira, que nem mesmo eu ac
— Psiu. — Escutei um som me chamando.Parei de andar. Meus cabelos estavam tocados pela garoa do inverno que parecia não pretender ir embora. Eram quase sete horas da noite, mas estava escuro como se fosse a madrugada, frio, de fazer a boca soltar vapor branco e de congelar as pontas dos meus dedos. Eu estava usando jeans, botas sem salto para não ficar absurdamente mais alta que as garotas do campus e um suéter cinza escuro bem quente e felpudo por dentro de um colete com aplicação de couro envernizado na parte da frente, reluzindo como um farol a luz da pequena praça que eu sempre atravessava em dire&cc
Encarei aquelas órbitas azuis como um universo único, apenas para me lembrar do quanto eu sentia falta de outro tom nos olhos de Túlio. Ele ansiava pela minha resposta, mas será que eu estaria disposta em dar uma milésima chance? Será que eu achava que ainda podíamos consertar um relacionamento que começou quebrado e apenas tropeçou do seu início ao fim? A resposta vinha de dentro de mim, como um sussurro da minha alma. A vibração de saber aquela resposta arrepiou os pelos do meu braço e me deu um choque de realidade. Foi algo que me surpreendeu, até o presente momento eu nem sabia que me sentia desse jeito.
O ar tinha cheiro de essência de morango e flores do campo e o local era bem diferente daquele que eu costumava ver quando usava o banheiro. — Voi lá! — Vick brincou, esticando as mãos quando desfez o encanto diante de nossos olhos, como uma lente que embaça e você limpa. — Uau! — Fiquei surpresa, segurando meus cadernos no centro do banheiro, incrédula no que meus olhos podiam ver. O
— Justina Montenegro, não é? — A garota responsável pela lista de entrada procurou meu nome em uma prancheta cheia de folhas. Estava por ordem alfabética e ela procurava no J e no M, atrás de algum sinal de que meu nome havia mesmo sido incluído. Mordi o piercing que estava ainda nos meus lábios, tombando um pouco o pé, como se caísse um degrau, mas era apenas o salto agulha virado. Ela não me olhou, mas certamente notou o meu desespero, a mão enganchada
Aquela informação bateu e voltou na minha mente como um bumerangue. Era incapaz de assimilar o fato.Hilay? Como ela poderia fazer algo como um selo anti-visão? Ela nem era bruxa! Mas quem estava me passando a informação não era uma pessoa qualquer, era um mago poderoso.— Minha amiga é uma bruxa… — Respirei fundo e tentei absorver o que Ivan tinha dito. — Por que ela faria isso?—