— Você tem certeza disso Nina? — Laura me perguntou pela décima vez. Depois da última de Enrico, precisei ser sincera com ela e contar que quero me separar. A tristeza ficou visível no olhar dela. Eu amava Laura como se fosse uma mãe, mas nem isso me faria ficar com Enrico.
— Tenho Laura, eu não consigo mais… Enrico tem uma amante, ele vive com ela, trata ela como uma esposa, eu só apenas a esposa para ele sair nas revistas, para se apresentar aos amigos. O amor entre a gente acabou — Ela envolve minha mão com a sua.— Eu te amo como uma filha, e isso não vai mudar. Independente de qualquer coisa.Me senti aliviada por conseguir me abrir com Laura, eu queria falar mais, contar as vezes que Enrico me bateu, me humilhou, dizer a ela o ser humano horrível que o filho se tornou, mas poupei ela disso, aquela doce senhora sempre me tratou bem, não precisava dar esse desgosto a ela. Estava com Laura na área externa quando Carmem anunciou que tinha visitas na sala. Para meu desgosto as visitas eram Úrsula e sua mãe Simona, elas chegaram de surpresa sem nenhuma ligação antes para saber se poderíamos recebê-las.— Laura querida! — Disse Simona com um enorme sorriso no rosto vindo em direção a minha sogra. À medida que ela caminhava ouvia-se o barulho de suas pulseiras batendo uma na outra e seu cheiro de perfume barato misturado com cigarro. Ela abraçou Laura fortemente por um tempo que julguei longo demais. — Senti sua falta Laura, estava tão ocupada que não tive tempo de visitá-la.— Imagina, sente-se por favor — Laura apontou para o sofá e sentou-se em uma poltrona solo. A mulher ignorou completamente a minha presença como se eu não estivesse ali. Ursula me encarava o tempo inteiro com um sorriso debochado. Minha sogra apenas concordava com o que elas falavam, elas tagarelavam o tempo inteiro sobre viagens, cirurgias estéticas e compras uma conversa enjoada e cansativa sem nada de útil.— Nina querida, Enrico comentou com Úrsula sobre sua situação, sinto muito — Simona dirigiu-se a mim. Olhei para ela sem entender do que ela estava falando. — Sobre o bebê, ele disse que você tem problemas de fertilidade, lamento imensamente.Engoli a raiva que me tomou naquele momento. Dei a ela um meio sorriso, tentando disfarçar meu ódio. A visita que achei que seria curta se tornou maior do que eu esperava, as duas ficaram para almoçar conosco, como se não bastasse Enrico chegou e elas ainda estavam aqui, agindo como se fossem donas da casa, e ele lhes dava toda abertura para isso. Após o almoço ajudei Laura a ir para seu quarto descansar, ela tinha uma enfermeira que fazia isso, mas preferi eu mesma fazer para escapar dos assuntos chatos das visitas. Me deitei na cama com Laura e acabei pegando no sono também. Despertei e sai do quarto em silêncio para não acordá-la, caminhei pelo corredor até meu quarto, a porta estava fechada o que achei estranho, durante o dia gosto de manter a porta sempre aberta, só a fechá-la se estiver alguém ali dentro, pela hora Enrico já voltou para empresa. Levei a mão até a maçaneta e abri bem devagar sem fazer barulho, assim que coloquei meus pés dentro do quarto ouvi o barulho do chuveiro e risadas, de homem e mulher.Por um instante paralisei no lugar sem conseguir me mexer, não era possível que Enrico seria tão baixo ao ponto de levar a amante para dentro do nosso quarto. Olhei para cama, a mesma estava bagunçada, havia um pacote de camisinha na mesa de cabeceira. Meu coração estava despedaçado não por ele estar me traindo na minha própria cama, não por isso, eu já o havia visto com ela antes, vi os dois trocando beijos algumas vezes. O que doía era a humilhação, era saber que dediquei uma parte da minha vida àquele homem que em determinado momento da minha vida acreditei me amar.Enrico não retornou a empresa, passou o restante da tarde em casa, jogando conversa fora com Simona e Ursula. Usei a desculpa de estar com uma enxaqueca e fui para o quarto, aproveitei o momento sozinha e tirei minhas coisas do closet, pedi ajuda a Carmen e coloquei tudo no quarto de hóspedes. Enrico não precisa de uma palavra minha para saber o porquê daquela decisão. Contei a Laura sobre a minha decisão, ela disse estar triste com tudo isso, mas me deu seu apoio, e prometeu conversar com o filho sobre o assunto. No fundo sei que ela tinha esperanças de que nosso casamento seria restaurado depois de uma boa conversa, uma viagem romântica e quem sabe o filho que Enrico tanto deseja, não a culpava por isso ela foi casada por anos, seu relacionamento com o pai dos filhos foi cheio de altos e baixos e sempre se acertavam, talvez ela pense que o nosso siga o mesmo caminho.Enrico estava sentado sozinho à mesa quando acordei.— Bom dia — Cumprimentei.— Bom dia — Respondeu sem me olhar levando o garfo com um pedaço de mamão a boca. — Quando vai parar de dar chilique e voltar para o nosso quarto? — continuou com a voz carregada de desprezo.— Não vou voltar, Enrico, estou provisoriamente no quarto de hóspedes, e em breve irei sair dessa casa.Ele sorriu levemente.— Você está louca, querida…— Para de dizer isso, eu estou ótima, nunca estive tão bem, eu vi você com Úrsula no nosso quarto, ainda acha que vou continuar dormindo lá com você?.— Sua saúde mental vem piorando esses dias, agora está vendo coisas onde não tem, para com esse ciúme doentio. Eu só amo você.Perdi até a apetite, toda vez que eu o questionava ele vinha com essa história de saúde mental.— Nunca estive tão lúcida Enrico…Fomos interrompidos por Laura, que chegou com um sorriso radiante no rosto.— Bom dia, o dia não está lindo hoje? — Ela estava feliz, o dia realmente estava lindo. Pena que Enrico já o estragou para mim.— Sim mamãe, a que se deve essa felicidade? — Questionou Enrico.— Seu irmão, meu filho. Meu Matteo está voltando para essa casa — Enrico deixou os talheres caírem. Seu rosto se fechou no mesmo instante. — Ele chega na próxima semana, Nina preciso de sua ajuda, quero fazer um baile de máscaras, para comemorar sua volta.A semana foi uma loucura, ajudei Laura em todos os preparativos para o baile, ela queria algo luxuoso e de extremo bom gosto, estava radiante com o retorno do filho. Ela pensou em todos os detalhes para a festa, desde as comidas até a decoração, tudo pensado com muito amor para o filho. Fiquei um pouco preocupada no início pois Laura estava muito agitada, não parava quieta um minuto sequer, meu medo era ela passar mal. Mas, ela estava tão feliz, fazia tempo que eu não via ela assim. Enrico estava de extremo mau humor, nunca gostei de fazer perguntas sobre o que aconteceu entre ele e o irmão, mas era claro que a relação deles não era boa ou simplesmente não existia, Enrico nunca tocou no nome de Matteo, nem no nosso casamento ele esteve presente. Laura experimentava um vestido longo azul marinho, o caimento dele era perfeito. A vendedora levou os melhores vestidos da marca até nossa casa, o que ficava mais prático. — Laura, por que Enrico não parece feliz com o retorno do irmão? — In
Perla não parou de me ligar, o tempo todo querendo conversar sobre minha separação foi obrigada a ser grossa com ela, para que ela me deixasse em paz. Para conseguir o meu sossego enviei para ela uma generosa quantia em dinheiro, deixando bem claro que seria a última vez, que aquele dinheiro era para pagar as dívidas e se acertar até conseguir um emprego. O dia começou agitado, hoje era o grande dia de Laura, Matteo estaria de volta. Seu voo chegaria uma hora antes da festa, ele passaria em um hotel para se arrumar e iria direto para o clube onde seria o baile. Laura estava radiante, seu sorriso era contagiante, assim como sua felicidade. Enrico entrou no meu quarto sem permissão sequer bateu na porta, estava no closet terminando de me vestir. — Você vai chegar comigo, tenho um anúncio importante a fazer, você vai estar ao meu lado — Informou. — Vai anunciar nosso divórcio? — Questione. Ele me olhou de soslaio com um sorriso falso no rosto. — Não querida, você é minha esposa e vai c
Fui embora antes do fim da festa, aquele lugar estava me sufocando, precisava me afastar de Matteo e pôr a cabeça no lugar. Como isso pôde acontecer comigo? Todos esses anos de casamento nunca saí com outro homem e quando faço ele é justamente irmão de Enrico. Tudo aquilo estava me enlouquecendo. Entrei no banheiro deixando as roupas espalhadas pelo chão, caminhei até a banheira vazia e abri a água fria, a sensação de gelo por todo meu corpo me fazia distrair a mente. De uma coisa eu tinha certeza, me mudaria daquela casa no dia seguinte. Despertar naquela manhã não foi fácil, cada fragmento da noite passada estava na minha mente passando como um filme. Precisava desabafar, contar para alguém o que aconteceu, mas o medo dos julgamentos me paralisava. Uma das funcionárias da casa foi até meu quarto, Laura havia pedido a ela que me levasse café da manhã e avisasse que ela não passaria o dia em casa, fiquei aliviada, por mais que apreciasse sua companhia , hoje não era um bom dia para i
Finalmente, saí daquele hospital. O dia de retornar para casa poderia ter sido ótimo, se Enrico não tivesse armado um teatro com a imprensa — a cara dele fazer isso, o marido perfeito e exemplar que busca a esposa no hospital após ela ter sofrido um acidente doméstico ao tropeçar em um tapete. Ele me levou na cadeira de rodas até o carro, enquanto um fotógrafo registrava tudo. O que ele não era capaz de fazer por causa da imagem?Enrico não dirigiu sequer um olhar em minha direção, passou a maior parte do tempo no carro mexendo no celular. Não fiz nenhuma questão de que ele se dirigisse a mim, mas o mínimo que ele poderia fazer era perguntar se estava tudo bem.— Amanhã vamos a um jantar com uns investidores; use sua tarde e arrume uma roupa à altura, são pessoas importantes — disse ele, sem tirar o olho da tela do celular.— Sou mesmo obrigada a ir? — questionei.— Sim.— Eu acabei de sair do hospital, preciso descansar… eu não quero sair de casa.— Você vai e ponto — a minha voz cada
Vejo Enrico se afastando, saindo do saguão. Meus olhos o seguem, discretamente, enquanto ele se esgueira para fora no meio da festa. Não posso deixar de notar a elegância silenciosa de seus movimentos, uma presença que agora se ausenta. Poucos instantes depois, Ursula segue pelo mesmo caminho. Meu coração palpita com uma mistura de surpresa e desconfiança. Será que eles perderam mesmo o medo de serem vistos juntos? A festa ao meu redor continua, mas minha atenção está presa naquele enigma, naquela porta por onde os dois desapareceram.De trás da pilastra, observo Enrico e Ursula. Como ele pode ser tão cara de pau? Nega o divórcio, mas aqui está, beijando-a apaixonadamente, como se ela fosse a única mulher do mundo. Meu coração aperta, e a raiva se mistura com a tristeza. Ele nunca me amou, nunca nos amou de verdade. Por que me prender nesse casamento fracassado? A cena diante de mim é como um soco no estômago. Enrico a toca com adoração, e seu sorriso é sincero quando está com ela. É
— Qual o risco de sermos pego aqui? — Perguntei olhando para a porta do elevador. Matteo sorriu. — Nenhum! Esse elevador é privativo da minha suíte — tornei a beijá-lo. A sensação de estar em um lugar diferente estava me deixando cada vez mais excitada. Desci a mão até a calça de Matteo e abri seu cinto, desabotoei sua calça com rispidez e alcancei o interior de sua Boxer segurando em seu membro ereto e quente eu o queria ali mesmo. Ele levantou a cabeça e soltou um gemido excitado, me apertou contra si, tirei minha mão de seu membro e enrosquei-a em seu cabelo. Ele escorregou sua mão pelo meu vestido e alcançou a bainha e levantando meu vestido até a cintura. Colocou a mão por dentro de minha calcinha alcançando minha intimidade que já estava molhada, ele entendeu que eu estava pronta. Ele tirou minha calcinha preta de renda e a jogou, eu o encarava com desejo e sensualidade. Neste momento, Matteo segurou gentilmente o meu rosto e me encarou com o olhar revelando um ardente desejo.
Meus passos ecoam pelo corredor do hotel, cada um pesado com a ressaca emocional da noite passada. A luz do dia parece demasiado brilhante, e eu me encolho dentro do meu casaco, desejando invisibilidade. Mas a invisibilidade é uma benção que me é negada hoje, pois ali está Ursula, um borrão de estampa de onça e arrogância.— Olha, Nina querida, dormiu aqui?— ela pergunta, sua voz gotejando com falsidade.Forço um sorriso, um movimento dos lábios que não chega aos olhos.— Sim. — Minha resposta é curta, uma tentativa de encerrar a conversa antes que comece.Ela ri, um som que me faz franzir a testa em desgosto.— Com seu marido? — Ela debocha, e posso sentir o julgamento em cada sílaba.Escolho a dignidade sobre a discórdia, ignorando-a e continuando meu caminho. Não vou permitir que ela, ou qualquer outra pessoa, manche a doçura secreta daquelas horas roubadas com Matteo. Com cada passo que me afasto, sinto uma determinação crescente. Ursula não vai estragar meu dia. Hoje, eu escolho
Matteo irrompe no quarto, sua presença é como uma tempestade repentina. Ele me examina de cima a baixo, seus olhos percorrendo cada detalhe, cada contusão que não está apenas na pele, mas também na alma.— Você está bem? — ele pergunta, sua voz carregada de preocupação. — Eu estava passando e ouvi o tapa que ele te deu.Apenas balanço a cabeça, incapaz de formular palavras, cada uma delas parece ter sido roubada pelo impacto da mão de Enrico.— Nina, isso não tá certo, saia dessa casa, você não é obrigada a ficar aqui, vai na polícia, — Matteo insiste, sua fala é firme, um farol na escuridão que me envolve.— Já tentei, Matteo, nada deu certo. Ele não me dá o divórcio, ainda insiste que quer um filho, eu não sei o que fazer, — confesso, minha voz um sussurro trêmulo.Matteo se aproxima, sua mão encontra a minha, um gesto de apoio que me faz sentir menos fragmentada. Ele não tem todas as respostas, mas sua presença é um lembrete de que ainda há bondade no mundo, e talvez, apenas talvez