Hugo voltou para o quarto, encontrando Cecília adormecida em sua cama. Ele caminhou até ela e se sentou na beira para a observar. Ela parecia ter conseguido pegar no sono e estava bastante a vontade; Hugo segurou a ponta do edredom para o levantar, encontrando a garota com o corpo exposto. Ele olhou em cada detalhe dela, nas curvas e marcas, reparando nas sardas castanhas que haviam espalhadas nas costas dela, como se fosse as estrelas no céu. Em seguida, Hugo levou o dedo até os cabelos de Cecília, os movendo para ver a marca. Lá estava ela, a pequena lua nova, tão delicada quanto a dona daquele corpo. Ele a tocou e instantes depois, o corpo de Cecília se arrepiou. Era como uma obra de arte aos olhos dele, vê-lo se manifestar ao toque a olho nu. — Você é linda! - Falou ele, em um tom baixo, a vendo se virar para ele. Os olhos azuis acinzentados de Cecília, encarou os dele e eles permaneceram assim, por mais um tempo. Até Hugo a puxar para ele e a beijar. Ele não se lembrava d
Era de madrugada, quando Hugo se levantou da cama em passos leves, saindo do quarto em seguida. Ele sabia que Katherine estava aguardando por ele e por isso, ele seguiu o enorme corredor, em direção ao quarto onde ela estava. A casa de Hugo era grande; uma das construções mais antigas da cidade. Ele não quis reformar, pois sempre se lembrava daquele lugar, como bons momentos que teve na sua infância.Fiorella e Cássia, gostavam mais das casas da cidade, por serem mais sofisticadas; já Mirella era do tipo "Maria vai com as outras". Outra diferença gritante entre as gêmeas, era que, Cecília, além de ter uma boa personalidade, era também humilde e não parecia gostar de luxos. Hugo pensou que, se a moldasse ainda mas, deixaria a garota da forma perfeita para ele.Em tudo, Hugo pensava em Cecília, até mesmo naquele instante; ele estava se sentindo mal por deixa-la na cama sozinha e ir procurar outra.Mesmo que não fosse como os outros pensariam, ainda assim, ele estava indo a procurar.H
Cecília esfregou os olhos para tentar se acostumar com a claridade do quarto e hesitou em se levantar. Já havia amanhecido e para ela, a noite havia passado tão rápido, que ela nem se quer percebeu.Ela puxou o edredom da cama e se ajeitou, virando para o lado e de repente, aquela sensação de solidão a invadiu.Ela havia sonhado com a sua avó; mais uma vez. A mais velha estava em uma cadeira de balanço, segurando uma linda bebê de cabelos alaranjados.A criança era linda e não tinha como ser Cecília, pois no sonho, ela ia até a avó, brincar com a criança no colo dela.O sorriso da senhora, o semblante de tranquilidade e a paz que ela transmitia, era como se ainda estivesse ao lado de Cecília.De repente, a ruiva se sentiu triste; mais que o comum.Ela estava pronta para se levantar, quando alguém de algumas batidas na porta e abriu.— Bom dia senhora! - Disse Mercês, outra das empregadas da casa. — O senhor Scopelli pediu para que a senhora o encontre no celeiro.— Certo, obrigada! -
— Não era para isso acontecer! - Disse Hugo na defensiva, olhando fixamente nos olhos de Cecilia. — O quê? Como...? - Cecília o respondeu, sorrindo desacreditada. Ela se sentiu triste por confessar seus sentimentos ao homem, o vendo praticamente recusá-los. Hugo respirou fundo e encarou a paisagem em sua frente, olhando na verdade para dentro de si mesmo. Ele queria ceder aos encantos da ruiva, porém, Hugo sabia bem que, não era uma pessoa apropriada para estar ao lado dela. Mas ainda assim, ele a queria. — Eu quero dizer que, não sou uma pessoa boa para estar com você. - Disse ele, se virando para a olhar. — Eu não sou um homem bom, tenho o legado da minha família em mãos e não saberei te amar como merece. Cecília ouviu aquilo, com um tom de arrependimento na voz. Ela se levantou e respiro fundo, passando as mãos pelos cabelos. O peito dela parecia que ia explodir a qualquer momento, pela tamanha raiva em que ela estava sentindo. Cecília, então, o olhou com os olhos afiados e
Katherine havia pedido o carro para levar Cecília ao médico e como Luigi não dava o braço a torcer, decidiu acompanha-las.O clima estava estranho, Cecília pôde sentir que havia algo de errado, só pela forma em que Luigi encarava Katherine.“O que está acontecendo”? – Ela se perguntou, vendo os olhos escurecidos do homem sobre a mulher ao seu lado.— Eu já estou bem, podemos voltar para a casa! – Disse Cecília, tentando calmar a atmosfera pesada que havia ali.— Por mim, tudo bem! – Disse Luigi, tocando na mão de Cristovam, que estava fixa no volante.Antes mesmo que o homem fizesse um movimento brusco para fazer o retorno, Katherine o advertiu.— Não ouse! Ela irá ao médico primeiro! – Disse Katherine, com um tom autoritário, se virando para encarar Cecília. — A não ser que queira dormir com os “Dobermanns” de Hugo.Quando Cecília ouviu aquilo, se lembrou dos cães ferozes que Hugo mantinha preso. Ela então, sorriu desacreditada, encarando Katherine fixamente.— O senhor Scopelli ou D
De repente a porta foi aberta bruscamente, dando entrada para Katherine e duas enfermeiras.— O que aconteceu? – Perguntou Katherine, olhando para Luigi, com o semblante assustado. Enquanto isso, as enfermeiras foram até Cecília, a analisando.A ruiva estava abaixada, se contorcendo de dor e aquilo preocupou Luigi de uma forma, que a única reação dele, foi de levar os olhos escurecidos para Katherine e a ameaçar.— Eu avisei que não era uma boa ideia. Se algo acontecer, eu arranco sua cabeça, antes do Scopelli arrancar a minha! – Rosnou ele, indo até Cecília.As enfermeiras estranharam aquele soro, já que elas haviam entrado naquele instante para dar medicação a ela.— O que está acontecendo comigo? – Perguntou Cecília, com a voz fraca.— Provavelmente um princípio de aborto. Precisamos cor
Sicília, Portopalo di Capo Passero, Siracusa, 02:00 AM. Era de madrugada, quando três Mayback Brabus encostou em um pequeno bar, bem a beira do mar. Tocava jazz no fundo, as mesas estavam ocupadas por alguns homens bem vestidos, com a faixa de idade de aproximadamente trinta a quarenta anos. As portas foram abertas e logo, o olhar de alguns, foram o de surpresa ao verem Hugo entrar pela porta. Ele estava com um olhar frio, mas a expressão no rosto era o de tranquilidade; ele sabia bem o que havia ido fazer. — Senhor Scopelli! – Disse Matheo, o gerente do lugar. Hugo percorreu os olhos por todo lugar, fingindo não ouvir a voz do homem. Ele parecia procurar por alguém e todos sabiam disso, já que pareciam assustados. Um dos homens que estavam na mesa e sentado bem de costas para a entrada, se levantou e olhou para Hugo, com um sorriso. — Meu querido, o que o trouxe até aqui? – Disse ele, com um sorriso nos lábios. — Moratto, "dove si trova"? – Perguntou Hugo, com um rosnado. Ele
O coração de Hugo estava acelerado, enquanto ele caminhava pelo chão de pedra, que dava caminho às velhas paredes de pedra do mosteiro abandonado.Era um lugar típico, onde todos eles se reuniam depois de uma noite como aquela.Hugo caminhou até uma parede destruída do lugar, que dava vista a uma parte montanhosa da cidade, que agora estava negra pela escuridão da noite.Ele acendeu um de seus charutos e ficou relembrando os traços que vinha em sua mente de quando o lugar estava dia.Em seguida, alguns passos se arrastaram até ele e logo, a respiração pesada, soou em suas costas.
Último capítulo