Abri meus olhos ainda embaçados, não tinha ideia de onde estava e nem sei como parei nesse lugar, só ouvia sons com ruídos, tentei ver algo em volta, mas não conseguia mexer meu pescoço, só via o teto branco, e muitos fios, algo que me fez perceber que estava em um hospital, me assustei e tentei reagir, não sabia porque estava ali.
Tentei respirar, mas algo tapava minha boca, tentei chamar alguém, mas só saíam gemidos e sentia muita dor.
— Suzan, meu amor, você acordou, não se esforce, vou chamar alguém.
Não entendo nada que está acontecendo, só fecho os meus olhos na esperança de estar em um sonho e acordar logo.
O rapaz bonito que está no meu quarto fica visivelmente preocupado e chama um enfermeiro, encontra uma enfermeira no corredor e a chama.
— Oi Suzan, finalmente acordou, meu nome é Flávia, estou responsável por você aqui, vou tirar seu aparelho, tente não se esforçar para falar, você pode sentir dores na garganta em decorrência do tubo, pode sentir náuseas, tonturas, enjoo e dor de cabeça.
A enfermeira puxa delicadamente um tubo que sai da minha garganta e dá um enorme desconforto me fazendo sentir ânsia, uma sensação muito ruim.
Não sei o que é mais estranho, a sensação do tubo ou aquele monte de gente que nunca vi em minha vida, aglomerados a minha volta, e eu sem saber nada do que estava acontecendo.
Ela faz alguns testes comigo, mas não me lembro de absolutamente nada nem ninguém, isso é aterrorizante, me deixa profundamente perturbada, esperando respostas para cada pergunta, tinha o sentimento de estar em um pesadelo.
Forçando em minha memória o que havia acontecido e quem são essas pessoas, sinto um enorme desconforto abdominal, de repente a vontade de vomitar é enorme, faço ânsia e o rapaz me traz uma sacola para que eu vomite nela.
Depois de jogar tudo o que eu nem sabia ter comido para fora, encaro o moço nos olhos e sinto uma paz enorme, uma sensação de conforto me acomoda, eu só queria lembrar quem é esse moço que me dá essa sensação.
— O que ela tem? Porque não me reconhece? —Ele pergunta com voz suave.
— Calma senhor, vou chamar o médico, ele te esclarecerá todas as dúvidas.
— Por favor, não pode me adiantar o que pode ser?
— Só o médico pode te explicar melhor, mas pelos sintomas ela está com perda de memória recente por causa do forte impacto que teve na cabeça, pode ser temporária, vamos confirmar.
A enfermeira desaparece fechando a porta logo em seguida à procura do médico para diagnosticar meu caso.
Minha cabeça doía, cada movimento de pessoas me trazia mais perguntas. Porque estou aqui? De que impacto na cabeça a enfermeira se referia? Quando mais eu forçava para lembrar, mais confusa eu ficava.
O moço segura a minha mão, mas, eu sem saber quem ele era, ou o que tinha acontecido, encolhi minha mão evitando que ele a tocasse.
Tentei, com muita dificuldade formular algumas perguntas aquele moço que eu não reconhecia, minha voz saía abafada e rouca. Ele me tratava com carinho, me chamando de amor o tempo todo.
—Porque está aqui? Não te conheço. Como eu cheguei até aqui? Porque não me lembro de nada? —As perguntas eram muitas.
Ele parecia preocupado, mas teve muita paciência.
—Calma meu amor, muitas perguntas serão respondidas assim que o doutor te ver.
—Eu sou Tony, somos noivos e você sofreu um acidente que te deixou em coma por duas semanas, eu não via a hora de te ver acordada, te ouvir novamente, mas nosso...
Antes de Tony concluir o raciocínio, a enfermeira empurrou a porta do quarto juntamente com o Doutor.
—Olá Suzan, que bom que acordou, sou o Dr. Eliardo, o neurologista do hospital e vou te examinar. —Como está se sentindo? Pode me dizer tudo o que sente? Vou responder suas perguntas enquanto te examino.
Eu estranhamente me sentia mais confortável agora com o médico por perto, talvez ele me esclareceria todas essas perguntas que estava me deixando maluca.
Enquanto ele levantava a minha pálpebra com uma luz muito forte no meu olho, eu tentava com dificuldade formular as perguntas.—Doutor, o que... aconteceu comigo? —Minha voz saía embargada e as vezes tinha que parar e dar um tempo para retomar a questão.
O doutor Eliardo parecia muito preparado para responder minhas perguntas, ele falava tudo com muita propriedade e sabedoria.
—Srta. Suzana, você sofreu um acidente e bateu fortemente a cabeça e teve traumatismo craniano, por isso está com dificuldades para lembrar, mas vamos fazer alguns testes e exames para saber se sua perda de memória é temporária ou não.
—Posso ficar sem memória para sempre? E... Esse rapaz que fica sempre aqui, me chamando de "sua noiva ", ele diz a verdade? Porque não me lembro dele?
—Pode ser só confusão por causa do coma, mas com os exames vamos diagnosticar. Esse rapaz é o Tony, foi o contato de emergência que encontramos no seu celular, ele foi seu último contato, por isso ligamos para ele e concluímos que, sim, ele é seu noivo a dois anos, estavam planejando o casamento.
—Mas, Suzan, tente não se esforçar muito, você acabou de acordar de um coma, descanse um pouco, vou solicitar alguns exames e retornaremos com respostas.
Virando—se para Tony, o médico diz.
—Tony, quando quiser descansar, tomar um banho, pode ir para casa está bem, ela está fora de perigo, e você já está muito tempo aqui, vamos conversar no corredor para ela poder descansar, pode ter certeza, ela está em boas mãos, a enfermeira Flávia é muito bem preparada.
—Não tenho dúvidas doutor, vocês são anjos, cuidaram muito bem dela, só tenho a agradecer. —Tony e o Dr. Eliardo desapareceu deixando a porta fechar vagarosamente atrás deles.
Treze anos atrásJá quase aos seis anos de idade, eu sentei debaixo de uma goiabeira que tinha atrás da nossa casa, fiquei brincando ali a manhã inteira, até mamãe me chamar.—Suzan minha filha, vem almoçar querida.—Tá bom mãe, já vou.Coloquei minha boneca sentada na cadeirinha de papelão que fiz para ela, e a adverti."—Bibi, você se comporta, e não sai da cadeirinha até eu voltar tá?"Era assim que eu conversava com minha boneca, tratava como uma filha.
Os anos se passavam muito rápidos, talvez por eu estar muito ocupada estudando, eu me tornava cada vez mais estudiosa e focada. Na quinta série, teve um concurso de matemática na escola, e eu, queria muito participar, e ganhar, é claro.Perguntei para a minha atual professora, a Juliane, como eu faria para participar, ela me abraçou e disse.—Como tenho orgulho de você Suzan, você é muito especial e acredito que tem muito potencial para ganhar essa medalha. Bora lá na diretoria, vou fazer sua inscrição.Já era o final da aula, a professora pediu que todos guardassem o material, e seguimos para a diretoria.Depois da inscrição conclu&i
Chegamos ao assustador ensino médio, não foi fácil chegar até aqui, a luta com minha mãe sempre doente, os médicos dizendo que ela tinha um problema de imunidade baixa e falta de vitamina D, passavam vitaminas, mas ela estava sempre com algum problema, e cada vez mais fraca.Eu ainda era a nerd inteligente da escola, era elogiada sempre, por colegas e professores, tinha uma turminha do fundão que não curtia e queria de todo jeito me detonar, mas como não me importava eles ficavam quietos, mas sempre inventavam algo a mando da Jaqueline, a "Jack" para eles. Menina fútil e "burra",na forma mais literal da palavra, tudo para ela era se aparecer e ter seguidores "acéfalos",assim como ela.Infelizmente, no segundo ano tivemos uma not&ia
Continuamos nossa vida aqui em Forquilha, Cristian não perdia a chance de jogar seu charme com aqueles lindos e encantadores olhos verdes para mim, porém a Jack não o deixava se aproximar de mim, achava que ele era propriedade dela, e já que ele não gostava de confusão, dava tempo ao tempo. Ela sempre dizia que eu não era mulher para ele, uma pobre nerd que nem sabia se arrumar.De certa forma, ela tinha razão, o que um "gato", rico e sedutor, iria querer com uma nerd que, a única coisa que fazia bem era estudar? Mas por mais que eu só pensava em estudar, quando Cristian passava do meu lado, meus pentelhos se arrepiavam e, um milhão de borboletas alvoroçavam meu estômago, então eu sempre fugia dele.Dulce ligava todo final de semana
Finalmente o último ano do colégio chegou, muitas coisas aconteceram nessa escola, mas não vejo a hora de me livrar de Jack e sua "galera", é claro que vou sentir falta de todos os professores que sempre foram gentis comigo, da Carmen, que não sei qual será o nosso destino depois do colégio, e vivemos sempre coladinhas, nos vemos todos os dias, e alguém muito especial, o Cristian, que saudade eu terei de suas investidas e seu olhar encantador.Mas o que eu tenho que pensar agora é no Enem, já que não vou poder pagar uma faculdade, meus pais também não, preciso fazer essa prova novamente, ano passado foi difícil fazer a prova preocupada com Dulce, mas esse ano é a oportunidade que tenho para conseguir uma bolsa, e pretendo conseguir cem por cento, não quero que meus pais se preo
Chegou o grande dia e eu não me sentia pronta, mas quem se sente né; levantei muito cedo, preparei tudo que tinha que levar, água não poderia faltar, já tinha comprado um tablete de chocolate para acalmar os ânimos, caneta, lápis, borracha, documento, tudo certo.Para minha surpresa, mamãe estava na cozinha, cantarolando Gonzaguinha, seu ídolo, e preparando um café delicioso que o cheiro espalhava rapidamente pelos pequenos cômodos da casa."Acho que o afago também fez bem a ela". Penso abrindo um leve sorriso.Que alegria ver mamãe assim, alegre, cantarolando e disposta, isso me motiva e inspira.—Bom dia senhora "Gonzaga", sonhou
Naquela altura do campeonato, com mamãe super bem e tudo se encaixando perfeitamente, finalmente minha mente estava clareando, já estava até decidindo escolher uma faculdade.Fui para escola e deixei mamãe muito feliz, levou a garrafa de café para o salão de trabalho do papai e sentou à sua volta, conversando sobre o meu futuro, e dizendo que mais tarde faria uma visita a dona Ana.—Mamãe, estou muito feliz em vê—la tão disposta, vai sim ver dona Ana, vai ser bom conversar com alguém. —Dei um beijo na mamãe e no papai, e segui para escola.Carmen não estava no portão, me esperando como sempre, estranhei."Será
Depois de tanto choro, tanta tristeza, já não sabia mais o que fazer da minha vida, eu estava mesmo acreditando que tudo iria melhorar algum dia, mas mamãe só estava se despedindo de todos, como se tudo já estivesse planejado sem que soubéssemos. Minha mãe não aparentava alguém que iria se suicidar a qualquer momento, sua aparência estava melhorando, me dando uma falsa esperança.Agora preciso decidir minha vida, ficar aqui em Forquilha não é uma opção, só vou lembrar todos os dias da minha mãe com dor e tristeza, não quero acabar como ela, por outro lado, sair para longe e deixar meu pai sozinho, será muito difícil para mim.Fiquei alguns dias em casa, sem sair nem mesmo para escola, Carmen tentou c