Os dias estavam conturbados, passavam como ventos e tempestades, cada dia era uma luta, Sr. Rodolfo me odiava, tanto porque dona Nicole confiava seus segredos a mim, como por Tony ficar atrás de mim, bancando o apaixonado.
No meio do expediente, recebi uma ligação. Número desconhecido. DDD do Nordeste, eu não queria atender, pois estava no horário de trabalho.
Dona Nicole passou perto de mim, no momento em que eu tentava desligar a ligação.
—Suzan, pode atender, pode ser importante. —Ela fala e segue seu caminho até a sala.
—Obrigada senhora... —Alô?
—Suzan...? —Uma voz aflita e e
No dia seguinte, a primeira coisa que dona Nicole fez, foi me chamar na sua sala, como eu já era acostumada, sabia que ela poderia só precisar desabafar, ou era a pior coisa da minha vida, ela queria saber o que tinha acontecido com o seu marido.—Entre e feche a porta. —Dessa vez ela estava muito séria, e isso tirou meu breve conforto. —Sente-se Suzana. Agora eu tremi, ela não costumava me chamar pelo nome completo, a não ser quando iria me apresentar.—Ok, precisa de algo Sra.?—Preciso sim, primeiro que não me chame de senhora, me sinto velha. Segundo, quero que me esclareça, o que estava acontecendo na sala do Rodolfo, eu sinto que alguma coisa estava errada, preciso saber em detalhes.
A conversa com minha amiga foi satisfatória, agora tudo o que eu passava eu contava a ela, eu desabafava completamente, não tinha segredos nenhum entre nós.Tudo parecia estar mais tranquilo, mas minha cabeça não parava de pensar no que fazer para tirar meu pai da cadeia, o que era verdade, o que era falso, já não tinha para onde correr, eu precisava encará-lo de vez.A próxima ligação do Nordeste que recebi não desliguei, tentei ouvir o meu pai e tudo o que ele tinha para falar.—Minha filha, com que tipo de pessoas você se meteu aí, estou sendo ameaçado diariamente e a pessoa diz que é culpa sua.—Como assim pai, porque? —Falei espantada, mas sabia realmente o que ele estava falando.—Sua amiga veio aqui me perguntar onde você estava e pedir seu contato, de repente encheu de policiais no portão, dizen
Bárbara agora é minha família, ela é a única pessoa que está ao meu lado e que posso contar e confidenciar tudo. Com Cristian e Tony no mesmo território agora, meus problemas só aumentaram, preciso manter esses dois distantes o máximo que puder.—Infernoooo!!! —Praguejei alto enquanto fazia minha higiene matinal.—Amiga, está tudo bem aí? —Minha amiga fala batendo na porta.Abri imediatamente e grudei no pescoço dela, dessa vez eu não quis e nem tentei me segurar, eu chorei muito no ombro da minha amiga. Ela me abraçou acariciando meu cabelo.—Chora minha amiga, é bom desabafar, pode chorar, eu estou aqui.—Eu não vou aguentar amiga, sinto falta da minha mãe, preciso dela aqui. —Minhas palavras saiam entre soluços.—Vem, senta, vou te dar um pouco de água. —
Dona Nicole ainda não tinha chegado, mas como era costume ela chegar mais tarde, fui arrumando a agenda dela e a papelada de hoje. Com a cabeça abaixada e concentrada no trabalho não notei alguém entrar no prédio.—Bom dia, Suzan! —Sua voz novamente na minha mente perturbando meu sossego. Tentei fingir não ter me assustado com sua presença.—Bom dia! —Respondi sem dar muita atenção.—Como você está? —Ele insiste.—Tony, estou muito ocupada, preciso arrumar tudo antes de sua mãe chegar.—Nossa meu amor, porque me tratar dessa forma? —Ele entra atrás do balcão e encostar em mim.—Tony, já disse que estou ocupada. —Falo um pouco mais ríspida que o normal. —Além disso, você sabe que seu pai te ver aqui não vai gostar e obviamente vai sobrar para
O dia sem Dona Nicole no escritório foi muito estranho, mas me virei com alguns relatórios e planilhas, de certa forma foi bom ficar um pouco sozinha, assim pude pensar em tudo que estava acontecendo em minha vida.Minha hora de ir para a faculdade tinha chegado, arrumei minhas coisas e sai com minha mochila nas costas. Para meu desgosto, ao sair do prédio, Tony estava parado, encostado em seu carro, pelo jeito me aguardava.—Venha Suzan, te levo até a faculdade. —Mesmo que não fosse, mas aquilo me pareceu uma ordem direta.—Não, obrigada, já chamei um Uber. —Me desviei dele seguindo para meu ponto de espera. Ele parou na minha frente bloqueando a minha passagem. —Me dê licença, por favor Tony.—Suzan, eu preciso conversar com você, me deixa te levar, prometo que só hoje. —A "cara" de cachorro sem dono que ele fez, me convenceu. Talvez por
Acordei para mais um dia de trabalho, preocupada com minha amiga, confusa com meus sentimentos sobre Cristian e Tony."Se esses dois se encontrarem, será uma barra, preciso evitar isso" Pensei enquanto me encarava no espelho do banheiro.Com um emaranhado na minha cabeça, nem notei que Bárbara não estava mais na cama, estranhei, pois ela sempre dorme até mais tarde. Decidi que ligaria para ela durante o café.Me arrumei com calma, peguei todos os meus apetrechos de trabalho e escola e desci para o restaurante do hotel, antes de me sentar ouço meu nome aos berros, olho para o lado e vejo minha colega me acenando para sentar com ela.—Amiga, acordou cedo, que milagre. —Tentei
Foquei essa semana em ajudar tirar meu pai da cadeia, consegui um advogado indicado por Dona Nicole e toda vez ele perguntava dela, mas eu não sabia o que dizer, pois realmente eu não tinha noção do que estava acontecendo nessa família.Bárbara insistiu para eu procurar uma forma de saber da minha ex patroa, mas eu não tinha como fazer isso, essa briga era de gigantes e Sr. Araújo já tinha conseguido prender meu pai, não sabia do que esse homem era capaz.Entre um contato e outro, envio de currículos, telefonemas, andamento de processos e faculdade, recebi uma ligação, eu não estava com cabeça para namorado, amante ou seja lá o que for.—Cristian? —Atendi sem muit
Caminhei perdida em pensamentos e observando os prédios altos daquelas ruas que eu nunca tinha percebido antes pois só passava as pressas, acabei passando em frente ao prédio que eu trabalhava, espelhado e gigante se destacava na avenida. Minha raiva aumentou e acelerei os passos.Entrei em um beco qualquer e vi que tinha um bar na esquina com poucas pessoas, ou melhor, dois caras com semblantes caídos e olhar de pinguço. Eu não tive medo, sentei na banqueta alta e pedi uma bebida que Bárbara tinha me apresentado.— Por favor, me serve uma margarita mexicana? — Falei séria observando o balconista acima do peso e com idade avançada.Percebi que todos me encararam, mas não sabia por que. O senhor me deu um leve sorriso e se virou para pegar a bebida. Ainda de costas com um pano jogado no ombro eu senti um arrepio, comecei a pensar na bobagem que eu poderia estar fazendo em um boteco