Chegando em casa, abri o portão e estacionei, logo após fui até o Henry, que havia descido do carro. Ele sempre teve essa presença marcante que me desarmava, mesmo quando eu tentava me manter firme.— O modelo é lindo. — Elogiei, observando o carro novo.— E o dono? — Ele respondeu, brincalhão, com aquele sorriso que sempre me desestabilizava.— Não deixou de ser convencido. — Tentei parecer indiferente, mas meu tom entregava a leveza da troca.— Tô batidinho, pode falar. — Ele sorriu de canto, como se lesse meus pensamentos.— Não vou tomar mais seu tempo, mas saiba que fez minha noite especial. Com certeza dormirei bem. — Ele disse, e aquilo mexeu comigo mais do que eu gostaria de admitir.— Só por isso? — Provoquei, tentando esconder o quanto suas palavras me afetavam.— Não sabe o quanto foi importante para mim. Observei sua expressão mais de perto e percebi que ele parecia exausto. Sua voz rouca e abatimento visível só aumentaram minha preocupação.— Reparei que não comeu nada e
MelissaApós a saída do Henry, meus pensamentos não paravam, como uma montanha-russa emocional. A euforia tomava conta de mim, mas eu também sentia um turbilhão de dúvidas e inseguranças. Meu coração estava acelerado, quase como nos primeiros dias que passei ao lado dele. E juro, tentei me acalmar para não bancar a idiota apaixonada na frente da Bárbara. Era tão bom sentir aquela sensação de novo, mas, ao mesmo tempo aterrorizante. Entrei em casa e encontrei Bárbara jogada no sofá com seus fones de ouvido. Assim que me viu, ela tirou os fones e se levantou com um sorriso.— Oi, chuchu… — disse surpresa, enquanto me olhava atentamente. — Que linda! Esse corte ficou maravilhoso, renovou total, adoreiiii! — Falou empolgada, vindo até mim e mexendo nos meus cabelos.— Oi, gata! Obrigada, que bom que gostou. Eu também adorei. Demorei muito? — Perguntei, ainda com um sorriso no rosto.— Nada! Mas que carinha é essa, hein? Tô gostando de ver. Parece estar mais feliz, e pelo jeito a reunião
Continuação;Sim, eu estava aflita. Bárbara, que me conhece como ninguém, já tinha percebido. Suspirei fundo, precisando desabafar, porque minha mente estava um verdadeiro turbilhão.— Eu me segurei, Bárbara, juro. Não esperava nada disso, muito menos encontrá-lo daquele jeito, tão abatido. Foi um susto. Mas o que não sai da minha cabeça é... e se a Renata continuar em cima e ele ceder? Vai ser doloroso demais vê-los juntos. Ele é homem, Bárbara, e ela já conseguiu isso uma vez. Agora que ele está desimpedido, pode acontecer de novo.Bárbara franziu o cenho, mas logo deu um sorriso tranquilo, como quem já sabe o que responder.— Ele já deixou claro para você que não vai assumir nada com ela, lembra? E eu vi ele falando isso lá em casa, até me surpreendeu. Mel, para com isso. Você não é insegura, não vai ser agora. Além do mais, você acha mesmo que ele seria bobo o suficiente para assumir uma mulher que já passou pelas mãos de todo mundo? — Ela fez um gesto exagerado, tentando me arran
Acordei irritada com as ligações da minha mãe, que, como sempre, tenta controlar os filhos. Ela não se cansa de me procurar, e não entendo por que ainda se surpreende ao saber que estou na casa da Melissa. Ela sempre soube do meu amor fraternal por ela; Melissa é como uma irmã para mim, e tenho o maior carinho por essa garota desde sempre. Minha mãe acha que tudo o que faço com Melissa é para atingi-la, já que não gosta dela. Deve pensar que eu e Melissa falamos o dia todo sobre ela, quando raramente tocamos em seu nome. Diria que minha mãe tem uma mania de perseguição.Desliguei a ligação depois que ela perguntou se Henry havia passado a noite aqui. Com certeza, já está sondando a vida do meu irmão. Odeio isso. Ela é minha mãe, mas não permitirei que espie a vida de Henry e Melissa por meio de mim. Não mesmo; isso eu não admito.Olhei as mensagens no meu celular e entrei no grupo que criei para os convidados da festa em Angra. Se tudo der certo, teremos vários gatinhos na festa. Queri
HenryAcordei cedo determinado a ir ver minha pequena antes de seguir para a loja. A noite passada foi um pouco melhor do que as anteriores; consegui dormir mais, mas meus olhos continuam vermelhos, a tosse persiste, e o corpo está dolorido. O mal-estar não mudará meus planos, no entanto. Mia é meu combustível diário, e, claro, a possibilidade de ver Melissa também me anima. Ela é o que ainda me conecta a algo real. Decidi ir devagar, respeitando o terreno frágil em que nos encontramos após nossa conversa recente, sem abusar da sua paciência.A conversa com Melissa trouxe um alívio enorme. Foi como se um peso tivesse sido retirado das minhas costas. Saber que serei, ao menos, tolerado para ver a Mia me deixa mais tranquilo. Relembrar o brilho nos olhos dela, mesmo que por poucos momentos, reacende algo em mim. É o tipo de luz que me dá ânimo para encarar o dia.Enquanto me preparava, uma mensagem do Ricardo apareceu no celular, avisando que passaria na loja mais tarde para conversarmo
Continuação...Melissa não parecia apenas desconfortável; ela realmente ficou. Seu olhar me atravessou como se eu tivesse desvendado algum segredo profundo. — Sim, mas não é para viajar agora, é só para ir a Angra no fim de semana, com o feriado prolongado. — Não estava sabendo disso. — Respondi enquanto observava Mia, que mordia as mãozinhas. — A Mia vai? — perguntei, fitando Melissa. — Então, Henry, ainda não tinha comentado com você. Estava esperando ficar mais perto para te avisar. — Respirei fundo, desconfiado. — Entendi. — Esbocei preocupação. Se fosse um passeio comum, tudo bem, mas com minha irmã e Angra, nunca é algo simples. Então decidi tirar a dúvida. — Vocês vão só passear ou a Bárbara está planejando mais um de seus eventos?— Sim, maninho, vou fazer mais um dos meus eventos, mas relaxa, não será grandioso como os outros. — Bárbara sorriu, mas minha atenção estava fixada em Melissa. Algo mudou; dessa vez, ela sustentou meu olhar por um longo tempo, retribuindo de uma
MelissaFiquei muito feliz ao ver o Henry aqui logo cedo. Acho difícil encontrar um pai mais dedicado do que ele. Adoro o jeito como ele assume o papel de paizão, talvez porque eu mesma nunca tive um pai presente. Desde que descobrimos a gravidez, Henry prometeu que seria o melhor pai do mundo. Como homem, ele já me decepcionou, mas como pai, não tenho nada a reclamar. Ele é presente, paciente e amoroso, exatamente como toda criança merece.Eu me sentia bem com ele por perto e não queria que ele fosse embora daquele jeito. Percebi que ficou chateado por não conseguir me convencer de que era melhor eu não ir nessa viagem. Ele é superprotetor, e eu entendo isso. Até acho válido, já que em Angra tem praia, e sei que bebidas e praia não combinam. Mas considerei a viagem como uma distração, não para beber. Afinal, quando Mia está comigo, sei que sou a responsável por ela, e nunca bebo nessas condições. Mesmo assim, a preocupação de Henry fazia sentido, e eu entendia.Descemos as escadas de
SEMANAS ATRÁSMelissa VenezaEu estava determinada a finalmente ter uma conversa amigável com Henry, algo que não acontecia há muito tempo. Saí da minha loja e segui para a ST TECHNOLOGIC, a empresa dele. O prédio imponente e espelhado sempre chamou minha atenção, e, como sempre, admirei sua beleza ao me aproximar. Mesmo sendo esposa do presidente da empresa, minha presença ali era incomum, o que justificava os olhares curiosos que recebi ao atravessar a recepção.Meu nome é Melissa Veneza, tenho 26 anos, e o homem com quem estou prestes a discutir o divórcio é Henry Stuart, herdeiro de tudo isso. Ele mal aparecia em casa ultimamente, e não havia mais motivos para mantermos um vínculo sem futuro. Enquanto esperava o elevador, meu coração estava calmo, ou pelo menos eu tentava manter a tranquilidade. Quando a porta se abriu, entrei, e o reflexo do espelho me mostrou uma mulher decidida, mas com um turbilhão interno. Era horário de almoço, o prédio estava quase vazio. Passei pela mesa d