Enquanto conversavam, o toque de um celular ecoou dentro do carro.Vanessa voltou à realidade, pegou o celular e viu na tela o nome "Sra. Cláudia".— Alô, mãe.— Vani, onde você está? — A voz apressada de Cláudia soou do outro lado da linha. — Venha para casa jantar hoje à noite, preciso falar com você.— Hoje à noite? — Vanessa olhou para a pessoa que dirigia ao seu lado. — Eu não tenho tempo.— Como assim? De novo você não pode? Tenho uma coisa importante pra te contar.— E não dá pra falar pelo celular?— Claro que não, é coisa importante! Eu vou me casar.Vanessa ficou em silêncio, por alguns segundos, antes de dizer:— Repete isso.Cláudia, exultante, mal conseguia conter a alegria. Seu sorriso parecia transbordar pela linha telefônica. — Você ficou surda, menina? Eu, sua mãe, vou me casar!Vanessa desligou o celular na mesma hora.— O que aconteceu? — Bryan perguntou casualmente.— Nada. — Vanessa parecia tranquila, mas seus dedos não paravam de apertar a alça da bolsa.Mais tar
— Vani, o que você quis dizer com isso?— Quero dizer que você, já com uma certa idade, não deveria ser enganada e ainda ajudar a contar o dinheiro para o golpista.— Você nem conhece a pessoa, como pode falar assim?— Falo isso porque sou sua filha e você é minha mãe. Conheço muito bem o seu jeito. Quantos namorados você já teve nesses anos todos? Quantos realmente valeram a pena? O mais absurdo foi quando aquele quase vendeu o Caio!A Sra. Cláudia ainda não tinha nem cinquenta anos, apesar de estar um pouco acima do peso, ela ainda era uma mulher charmosa, que gostava de se arrumar, dançar e socializar. Ao longo dos anos, não faltaram pretendentes, mas a maioria eram homens de conversa fiada e golpistas. Por causa disso, Vanessa e o seu irmão sofreram bastante.Ao ser lembrada dos erros do passado, Cláudia se sentiu envergonhada.— Aquele... Aquele desgraçado foi um erro de julgamento meu!— E eu estou te dizendo que você está errando de novo. Esse homem também é um golpista. — Vanes
Na manhã seguinte, bem cedo.Vanessa foi acordada pelo toque insistente do celular.O som estridente do aparelho explodiu ao lado dela, fazendo ela abrir os olhos lentamente. Quando viu que a porta do quarto de Cláudia estava aberta, despertou de imediato.Ela correu até a porta em passos apressados e, como suspeitava, o quarto estava vazio. A porta da sala de jogos, que à noite estava trancada, agora estava aberta. Cláudia tinha escapado enquanto Vanessa ainda dormia.Olhando para o salão vazio, Vanessa, furiosa, deu um chute na cadeira, a derrubando."Se tem coragem, então nunca mais me procure! Já está com essa idade e ainda quer se atrever a ter um romance secreto?", Vanessa rugiu furiosa em seus pensamentos.O celular ainda tocava. Ao ver quem estava ligando, Vanessa voltou a si e rapidamente atendeu:— Alô?— Por que demorou tanto para atender? Ontem combinamos que eu ia te buscar para o trabalho, né? Onde você está? — A voz de Bryan soava do outro lado da linha.— Tive que resol
Vanessa recusou de forma decisiva.Severino era o consultor jurídico da Imobiliária Segura, por causa da indicação de Michele. Quanto à competência, Severino era mais que suficiente, mas Vanessa não queria contratar ele por razões totalmente pessoais. No entanto, como Michele já tinha acertado tudo, Vanessa teve que ceder e fazer um favor a ela.Quando chegou à empresa, Vanessa mal se sentou no escritório e Michele bateu à porta e entrou.— Esse é o orçamento do projeto. Segui suas instruções e já delimitei a faixa máxima de custos. — Obrigada pelo esforço. — Vanessa folheou algumas páginas. — Qual a sua opinião sobre esse projeto?— Eu não tenho muito a dizer, afinal, são seus clientes, você os conhece melhor do que ninguém. — Às vezes quem está de fora vê as coisas com mais clareza.As duas conversaram um pouco sobre o orçamento do projeto, quando se deram conta, já era quase meio-dia.Michele olhou o relógio.— Já são doze horas. Vanessa, tem certeza de que não vai almoçar com a g
Vanessa levou Caio para fora da secretaria. Enquanto caminhava, disse:— Vamos, dá uma olhada no que você precisa arrumar no seu dormitório. É uma boa oportunidade para você voltar para casa e descansar por alguns dias. As aulas têm sido muito cansativas, não é?— Mana. — Caio a chamou. — Eu não plagiei.Vanessa parou, acariciou a cabeça de Caio e disse suavemente:— Eu sei.Os olhos de Caio ficaram levemente vermelhos. — Não chore, não há razão para isso. — Vanessa deu um tapa no ombro dele. — Quando você se formar e sair da escola, vai encontrar coisas muito mais desagradáveis e piores. Vai perceber que o que está passando agora não vale nada.— Entendi, mana. — Caio fungou e assentiu.— Vai arrumar suas coisas no dormitório. Eu espero você lá embaixo.— Ok.Após observar Caio entrar no prédio de dormitório dos meninos, Vanessa se sentou em um banco ao lado.Caio desde pequeno se destacou em todos os aspectos, sendo considerado o filho perfeito pelos professores e pais. Ele não tinh
Severino ficou surpreso.— O que você quer dizer com isso?— Não me olhe assim, não fui eu quem disse. O registro da propriedade está na imobiliária, foi a tal cunhada problemática da Vanessa que descobriu.Michele contou tudo sobre o jantar do Grupo Barbosa da última vez.Severino se lamentou e disse irritado:— Isso foi culpa minha, não pensei direito. Essa Esther é realmente maldosa, como ela pode difamar a Vanessa assim? Ela pode processar ela.— Vanessa não quer mais ter nada a ver com a família Ribeiro e não quer processar ninguém. Não a coloque em mais encrenca. — Michele, cada vez mais irritada, olhou para o churrasco à sua frente, se sentindo enjoada com o cheiro da fumaça. — Deixa para lá, não consigo mais comer. Vou embora.— Michele.Michele pareceu não ouvir e saiu apressada.Ao deixar o restaurante, Michele foi direto ao banheiro do shopping e vomitou no vaso sanitário. Ela não tinha comido muito, e agora, que havia colocado tudo para fora, sentia seu estômago queimar.Ao
Vanessa digitou as palavras "O que você está fazendo?" no celular. Depois de um tempo, ela recebeu uma resposta:[Ocupado.] Aquela palavra curta e direta fez com que Vanessa apagasse a frase "Quer jantar junto hoje à noite?" que tinha acabado de escrever, substituindo por um emoji de café.Bryan não respondeu mais. Vanessa colocou o celular de lado, respirou fundo e abriu o computador para trabalhar.Vanessa nunca foi uma pessoa grudenta, ela já tinha passado da idade de ser pegajosa em relacionamentos. Quase aos trinta, ela entendia muito bem que o foco da vida de cada um deveria ser si próprio. Dar espaço ao outro era uma questão de cumplicidade.Depois do trabalho, Vanessa pegou o elevador direto para o estacionamento subterrâneo, pronta para dirigir de volta para casa. Antes de dar partida no carro, ela mandou uma mensagem de voz para Bryan:[Acabei de sair do trabalho e estou indo para casa. Você ainda está ocupado?]Sem receber resposta, Vanessa presumiu que ele ainda estava o
Vanessa sentiu sua voz tremendo levemente, se forçando a dizer duas palavras entre os dentes:— Nada não.— Eu te dou três segundos para retirar essas palavras e me dizer o que você precisa agora.Vanessa apertou lentamente o celular, se acalmou, então disse:— Estou no estacionamento da empresa, meu carro quebrou. Pode vir me buscar?— Estou indo.Bryan chegou quinze minutos depois. Ao olhar para a situação do para-brisa do carro, Eduardo exclamou:— Srta. Vanessa, o que aconteceu? Você está com algum problema? Quem fez isso?Vanessa estava de braços cruzados ao lado do carro, com o rosto ainda pálido, sem ter conseguido se recuperar do susto.Bryan tirou seu paletó e deu a ela.— Vou te levar para casa.— Okay.— Eduardo, me passe a chave do carro. Você leva o carro da Vanessa para a oficina.— Sim, chefe.No caminho de volta, Bryan perguntou sobre o que aconteceu no estacionamento.Vanessa hesitou por um tempo, então, contou lentamente:— Foi um grupo de motociclistas, não sei de o