Foi assim:
A Tchilombo teve muitas complicações ao longo do parto, e ficou no hospital por umas três longas semanas, pois os médicos tinham tomado a precaução de não liberá-la imediatamente porque, como acontecia amiúde, se fosse após a sutura para a casa, iria se envolver em sexo antes de sarar a ferida suturada e criar complicações. Mas, como é facto sabido, a Tchilombo já não aceitava envolver-se em sexo com o esposo havia um bom tempo, desde que tinha ela completado oito meses de gravidez. Portanto, ele ficara por mais de um mês a aguentar a seca e a reprimir os seus impulsos sexuais. A esposa tinha-se tornado tão susceptível no último mês, que não admitia sequer ser tocada pelo esposo e, mesmo usando a mesma cama, dormia apartada deste. E o Betinho, tímido que já era, não obtinha coragem de persuadir a mulher de que estava a queimar de desejos, para que ela fizesse um pequeno esforço a fim de aliviar-lhe os impulsos. Além do mais, os amigos e colegas de serviço dele já an
Foi-lhe assaz difícil distinguir a barreira entre o sonho e a realidade quando começou a despertar. Pois teve um despertar gradual.Como que tomada por uma paralisia de sono, ela sabia que estava desperta, mas tudo o mais em seu redor era-lhe estranho e onírico. Era como se, tendo já despertado, ela estivesse a continuar a sonambular. Percebia o peso e o sôfrego menear de um corpo que sobre ela se debatia, transmitindo-lhe um calor e um prazer indiscritíveis, mas não entendia patavina nenhuma do que estaria realmente a acontecer com o seu corpo. Uma ligeira dor se fazia anunciar em alguma parte do corpo, mas havia também um pequeno prazer que a isso se sobrepunha. O que seria? A razão estava enturvecida pelas emoções, ou pela realidade onírica? Além do corpo sobre si, ela percebia também alguma substância estranha que penetrava e fazia ziguezagues entre as suas pernas, enqua
Mas quando o sol raiou ela ficou em pânico ao imaginar como olharia agora e doravante para o rosto do Betinho. O seu pavor nesse sentido justificava-se pelo facto quase comum e esperado nessas circunstâncias; pois os homens e as mulheres sentem-se embaraçados diante da pessoa com quem se envolveram pela primeira vez sem consentimentos. Só que para ela não havia só vergonha, estava também imiscuído algum medo do futuro. O medo que sentia de ser expulsa de casa pela prima e ser discriminada pela sociedade em que fazia parte; para ela, viver na rua, levando uma vida desregrada, seria pior que a vergonha de ver o Betinho depois do ato que a tinha baixado muito fundo na arena humana e social. Sentia-se mal, quando imaginava o futuro, um mal-estar geral percorria o seu corpo; pior porque não sabia que comportamento adoptaria, nesse dia, diante do Betinho e do resto das pessoas desse mundo. Mas nesse dia ela não viu o Betinho a sair da casa. Surpreendeu-se quando descobriu mais tarde que,
Nos dois dias seguintes alguma coisa na expressão da Lwkwakwa deu a entender ao Betinho que ela não havia apreciado a aventura noturna. Tudo nos seus modos recentes indiciava que escondia vingança.Mas, por causa do medo de ser descoberta, a Lwkwakwa ficou por esses dois dias consecutivos solitária, evitando toda tentativa de aproximação com pessoas conhecidas, o que constituiu preocupação para a Helena que tinha vindo ela própria ao encontro da outra.A Helena tinha vindo muito cedo, pelas sete horas da manhã, mas numa altura em que o Betinho já havia saído para o serviço. Entrou pelo portão do pequeno quintal da amiga, apressada, e sem saudar falou:- Já não me procuras mais, amiga!? Por acaso eu te fiz algum mal?Porém, a Lwkwakwa estava surpreendida pela vinda inesperada da Helena. A presença da amiga transmitiu-lhe uma ambival
A Helena começava a trabalhar às 7 horas e saía pelas 17, às 18 horas ia para a escola de onde voltava pelas 22 horas. Era curioso que com tantas tarefas assim ela ainda fosse capaz de ter tempo para fazer as suas proezas sexuais. Não se tinha limitado de nada por causa do seu recém adquirido estatuto social, tal como já se referiu, ela continuava a divertir-se como antes. E mesmo assim, o seu desempenho no trabalho e na escola era excelente. Era uma mulher livre que sabia usufruir a sua liberdade. Não queria se casar, nunca tinha pensado em tal. Mas preferia entregar-se em orgias constantes e ou colectivas com quem lhe apetecesse. Fazia-o com jeito e cada vez mais com alguma experiência. Todos os homens que com ela se metiam colavam-se a ela por muito tempo, querendo sempre mais. Até quando ela os dispensava, enxotando-os e ou substituindo-os por outros.Nessa altura a Helena se tinha tornado muito famosa,
Desde que a Tchilombo estava hospitalizada, era raro baterem à porta àquelas horas da noite e o Betinho imaginou que podia ser por motivo que tivesse a ver diretamente com ele, como dono da casa, e ficou agitado pensando que fosse alguém a pedir asilo ou a querer informar-se sobre o estado clínico da Tchilombo; fosse o que fosse, só serviria para embaraçar os seus planos para mais uma noite de prazer sexual.Assim ele levantou-se num ímpeto, muito antes que a Lwkwakwa pudesse se mexer. A criança que esteve a dormir mexeu-se um pouco quando a porta foi batida, mas não despertou. Mal abriu a porta o Betinho apanhou um susto quando descobriu de quem se tratava. Não acreditava que ela soubesse de alguma coisa, mas a presença dela ali, por si só, constituía motivo de ameaça e era digna de desconfiança. Portanto, antes mesmo que tomasse completamente conta da situação, duas impetuosas cabeçadas bem disferidas já lhe tinham atingido o rosto e agitado a razão; foi violentamente impeli
Algum tempo mais tarde as coisas tinham voltado ao seu estado normal na casa do Betinho. A esposa tinha voltado, trazendo consigo mais um novo ser a endossar o superpovoamento do Kalohombo; e ele tinha inventado de improviso uma pequena estória para justificar a causa das mazelas que ainda conservava no rosto. Sobre o sucedido ele tinha-se justificado precipitada e amavelmente mal vira a esposa chegada em casa, visando impedi-la de questionar à Lwkwakwa. Dissera que tinha enfrentado um acidente de moto quando um imprudente Kupapatao trazia do serviço, numa certa tarde. A Tchilombo, ingénua que continuava a ser, só ficou um pouco espantada pela repentina afabilidade que o esposo agora manifestava, mas tinha engolido sem macas e com algum agrado a estória que este contara e a tinha considerado verídica; não passou pela sua imaginação buscar mais fontes de informação. Aliás, para uma mulher como ela, esse procedimento era maçante e desnecessário, são coisas para homens.A c
E quando o dia marcado para o encontro com o namorado tinha chegado, a Helena entregara-lhe a chave do carro alegando que não sairia nesse dia e que a amiga estivesse, assim, à vontade durante todo o dia para usar o carro com o namorado.- Surpreenda o teu namorado, amiga. Não esperes que venha ele te buscar, assim vais tornar o encontro mais excitante! – Tinha dito à amiga, enquanto se despediam.Quando entrou na casa do Henriques, uma enorme casa que este tinha recentemente alugado, a Lwkwakwa ficou maravilhada com o cenário que este estava montando, especialmente no quarto de dormir, para a ocasião. Ficou inebriada de alegria. Ela tinha-se imiscuído despercebidamente na sua casa, e quando o Henriques deu inadvertidamente por ela, apanhou um repentino susto e perdera por alguns instantes a compostura. Não esperava realmente pela sua vinda voluntária; ele já tinha preparado o dinheiro para as
Após a conversa pós coito ela levantou-se, vestiu-se com vaidade para o namorado ver. Estava tarde e tinha de se ir embora para a casa.- Preciso de ir-me embora, os meus parentes podem estar à minha espera para preparar-lhes o jantar.- Está bem, meu amor. Por enquanto vai, mas vamos arranjar formas de acabar com essas tristes despedidas. Queria tanto que ficasses cá pela noite toda ou pela vida inteira! – Disse suavemente este, olhando com ternura para a namorada que se vestia.Para a ocasião a Helena lhe tinha aconselhado para se vestir bem. E agora ela estava ali realmente bem vestida, o que deixava o namorado cada vez mais desejoso dela. Sua roupa interior era atraente, eram pequenas fitas vermelhas que atravessavam o busto e a púbis em linhas sedutoras. A saia também era linda, apertava os quadris e realçava a protuberância das nádegas e anunciava o monte de vénus. Os calçados eram de um feitio simples mas caro, a Helena os tinha escolhido num certo dia numa