O sol nasceu e trouxe consigo a visão de dez mil quatrocentos e trinta e três homens que compunham o exército romano. Em pré-formação de batalha, chegaram marchando aos descampados que antecediam as montanhas da Ponta Romana parando mais de um quilômetro antes, levando em conta a informação que eu mesmo repassara sobre a distância que os canhões atingiam. Eles não viam os canhões, pois estes foram camuflados. Nós, de onde estávamos, percebíamos, víamos toda a movimentação dos bastidores dos dois lados e de imediato concluímos que a batalha seria sangrenta.
Rápidos, os outros cavaleiros voltaram-se para procurar de onde viera o tiro e depararam-se com uma fileira inteira de atiradores que se levantava, estendendo-se por toda a colina e apontando as armas sem emitir um só ruído. O cavalo do soldado abatido rinchou alto e saiu em disparada, assustando os outros que agora eram açoitados pelos cavaleiros para que os tirassem de lá o mais rápido possível.Ao mesmo tempo, um comandante besteiro deu o sinal fatal. Ao seu comando, uma saraivada de quadrelos com ponta de aço riscou o ar em uma chuva mortal. Relinchos de dor agonizante ecoaram pelo vale, homens cravejados po
Passaram em minha cabeça, como relâmpagos, vários flashbacks: as discussões nos conselhos por causa dos roubos de ovos, até mesmo o ovo deTrwyf; o cativeiro subterrâneo que eu encontrei; as pegadas de dragão e humanos juntas; as armas secretas referidas no baile e os senhores com uniformes e emblemas desconhecidos que cobriam agora, as vestes dos que comandavam os jovensDracosno ar.Olhei para meus três companheiros e os vi tão perplexos quanto eu.FyreGyltembasbacados com os olhos esbugalhados sem saber o que dizer.Drywt, o Sábio de Cobre, demonstrou maior controle, mas mesmo assim eu pe
—Viste aquilo? — frisei com a voz alterada àWlyn.Assumira, no meio do caminho, a forma de uma pequena pomba para entrar voando para dentro da carruagem real. Uma vezlá, assumi a forma humana e comecei a falar.—O quê? As explosões? — demonstrou não ter posto a cabeça para fora da carruagem. —Dryfr.Eu ouvia ao longe a voz deWyrynme chamar. Suave e cristalina como na última vez em que ela me visitou em viagem astral. Porém, o que vi a seguir não foi a imagem dela doce pairando a minha frente, emanando luz e, sim,uma imagem rebuscada de minha casa, meu lar.Wyryndormia tranquila como na última vez em que eu aviraà beira de nossa fogueira que aquecia todo o salão principal da minha casa. Seu sono era profundo, suave, tranquilizador. Acordei em um sobressalto, os olhos cheios de lágrimas. Atordoado, não sabia se fora só um pesadelo, como aviso do que poderia acontecer ou se de fato ocorrera. Precisava confirmar o mais depressa possível e só tinha umjeito: voar mais rápido do que nunca! Ainda na forma humana olhei a minha volta e só vi escuridão, pois já anoitecera. Estava dentro de algum recinto que não identifiquei, mas com minha pressa assumi minha forma original sem pensar.Quando concluí a metamorfose, que se dá em poucos instantes, senti estourara o compartimento que ag66 - REVELAÇÃO
67 - DESESPERO
De muito longe avistei a cidade, do alto, à noite, com pálidos pontos de luz. Os exércitosûnoa invadia pelo norte, e os soldados romanos marchavam para contrapô-lo. E eu não tinha o mínimo interesse nisso. O que eu queria eraTaramare meu ovo, e o lugar mais provável para encontrá-los era o castelo. Em minha loucura não passava mais nada pela cabeça senão procurar no cativeiro subterrâneo.Como um meteoro eu ajustei a trajetória para o meio da arena do Novo Coliseu e pousei lá, mas sem sequer esboçar diminuir a velocidade. Apenas colidi
De cima avaliei melhor o estrago que eu fizera: os muros que envolviam o Novo Coliseu, a catedral e o palácio agora eram ocos. Dentro deles só ruínas. No ar, rumei para o norte até os campos militares. Voei baixo passando por sobre a cidade acuada, de onde muitos tentavam fugir carregando o que podiam. Eu mataria a todos depois que alcançasse meu objetivo principal.Ouvi cada vez mais forte o clangor da batalha que se desenrolava a minha frente. Uma batalha incomum, à noite, acontecendo forçada pela implacável vontade dosûnosque já tinham transposto a Neblina Eterna com seus exérc
Acostumada a lidar com filhotes e dragões moribundos, ela não esperava queisso não funcionasse com um Draco experiente e superior, como eu.Não parei. Em vez disso dei o bote com minha garra direita para envolvê-la. Precisava interrogá-la para saber onde estava meu ovo e recuperá-lo. Depois a mataria lenta e dolorosamente com omaior prazer. Entretanto, mais uma vez ela me surpreendeu: no exato momento em que minhas garras se fechavam em torno de seu corpo, ela se esquivou para o lado, rápida como um trovão.Último capítulo