GaelOlho para o céu, que começa agora a ficar cheio de nuvens, e sinto aquela estranha sensação apertar o meu peito. Olho em volta contraindo o maxilar.Estou esperando a minha mulher sair pela porta a minha frente a qualquer momento, mas quem vem na minha direção com uma carranca é Devian. O conheço bem demais para saber que alguma merda aconteceu.Antecipo a aproximação dele, e em silêncio caminhamos para o escritório. Lá dentro ele solta de uma vez a última coisa que esperava ouvir.— Gael, envenenaram a Anastácia. — Ouço a sua voz falando algo mais, porém, só vejo ele batendo a boca. Ele parecia falar de muito longe. Eu sentia-me fora do meu corpo agora. — Ela está morta? — Pergunto com um caroço na garganta, temendo uma resposta que irá destruír o meu mundo. — Quase, temos esperanças que ela sobreviva. — Ele fala temendo a minha reação e continua. — A Melina estava com ela na hora que ela começou a passar mal, percebeu os sintomas o que facilitou. Ela administrou logo o an
AnastáciaClaridade.. Consciência.. compreensão.Eu estava apenas sonhando que estava em mais uma das muitas brigas com o pai do meu primeiro filho.Ainda com as minhas pálpebras fechadas eu podia sentir o brilho que os meus olhos e sentidos percebiam pela janela do meu olhar, pela janela da vida.Respiro fundo algumas vezes e ainda sem abrir os olhos me pego a conhecer as sensações que me cercam. A brisa leve que agita sutilmente alguns fios do meu cabelo, o som de pássaros no lado de fora da janela, o cheiro de café recém feito mais o cheiro amadeirado familiar.Em seguida Flash do que passei me vem a tona. Eu estava linda em meu vestido branco para dizer diante de Deus, amigos e parentes "SIM" , para o homem de minha vida. Porém, não foi possível. Mais algumas respirações e sinto lágrimas brotarem incontrolável de meus olhos.Abro os meus olhos calmamente e pisco algumas vezes testando a claridade do ambiente. Estava com a cabeça levemente levantada, o que permite-me ver todo o amb
Gael“O que você faria se tivesse uma oportunidade de se vingar?”, essa foi a primeira pergunta que fiz para mulher na minha frente.Marta, que é a minha mãe. Nunca se preocupou com ninguém além dela mesma. Quando eu tive idade suficiente para compreender isso, parei de tentar uma aproximação. Sabia que era um laço inútil, que ela usaria para manipular eu contra o meu pai. Alguém que ela não escondia ressentimento e raiva.Sempre a via como uma vítima da sua própria ambição e vício, mas no nosso meio quem não era ambicioso? O problema dela sempre foi luxo e poder. Quem pagasse mais a tinha facilmente, sua condição de vida foi por escolha e não necessidade. Essa mulher queria tanto o dinheiro que começou vendendo seu corpo como um pedaço de carne.Após mais uma investigação bem cuidadosa, descubrimos que por anos ela e a irmã vem tramando contra mim e meu pai.Hoje faz sentido todas as pontas soltas. Verdade que o nosso maior inimigo vem de onde menos esperamos. Nunca imaginaria que
AnastáciaO som de porta se abrindo desperto-me do meu sono leve, já era bem tarde dava para sentir, enquanto o vento soprava no meu ouvido sutilmente, fez-me arrepiar inteira.Como num aviso antes mesmo que entre no quarto o sinto, deveria estar perto, mas eu já sabia que ele tinha chegado. Era sempre assim, esse frio que percorria minha espinha.Esse apertar no meu coração, como se eu nunca fosse ser capaz de acostumar-me com a ideia de que esse era o seu mundo.Normalmente as esposas esperavam o seu marido voltar do escritório, porém eu, esperava o meu marido voltar de trocas de tiros. E ele não era o mocinho.Tinha uma guerra lá fora e ele era o monstro que as criava e dominava. Gael era com certeza o mais implacáve de todos elesl. Sua posição no cartel como líder garantia isso. Em minha defesa, eu tinha um Gael que ostentava testosterona e não crueldade.Tínhamos toda uma vida pela frente, mas ela teria dias infernais. Um dia ele poderia nem voltar mais para casa. Isso é banal, ma
GaelEu assistir a tudo durante uma semana, as vi enlouquecer até tirarem suas vidas. Marta e Lays tiveram o fim que mereciam.Marta drogou-se tanto que a overdose foi inevitável. A crises de abstinência apareceu mais rápido que eu imaginava, em um dia os sinais de sua dependência química devido a privação do uso da substância, lhe causou manifestações psíquicas e físicas bastante incômodas. Os tremores, a ansiedade, os gritos de dores musculares, fadiga, letargia, a fraqueza, perda de apetite, a pele úmida e fria, náusea e vômitos. Já era o bastante para obter minha vingança. Eu não precisava fazer nada, só assistir o seu fim.A deixei na pendência da droga por alguns dias logo a sua necessidade ficou incontrolável e então dei-lhe mais pó que conseguiria suportar.Agora Lays, passou os últimos dias provando o seu próprio veneno, eu a deixava sem comida por hora e quando uma boa refeição era servida ela tinha tanta fome que era impossível recusar. A alimentava gradualmente com o seu ve
Messes depoisFazem três meses que voltamos da lua de mel, tenho tido enjoo matinal de uma semana para cá. Estaria mentindo se não suspeitasse de um novo bebê a caminho.Pensando nisso, desço da cama e sigo para o banho. Após o dejejum forçado, vou para uma clínica e realizo o teste necessário. Depois sigo para construtora vou convidar Gael para um almoço.Aassim que a porta se abre o primeiro rosto que vejo é o dele, está com um sorriso lindo para mim."Sou mesmo muito sortuda". Penso.Seguimos para o escritório e depois de um momento para um restaurante maravilhoso nas proximidades. Ainda estou me acostumando com a comida local. Sempre tão apimentada.O almoço foi agradável. Gael voltou para empresa e eu voltei para casa. Ansiosa pelo resultado do exame.Fficaram de me enviar as dezoito horas, por e-mail. E assim o fez."POSITIVO"Gritava no topo da folha.O jantar foi especial. Somente eu e ele.Lhe dei a notícia sem muita emoção, temerosa, ansiosa e tive em resposta um homem agr
ANASTÁCIA – O que foi Anastácia? – pergunta Fernando. Limpo com o dorso da mão uma lágrima que não consigo reter.– Vou te deixar, Fernando.– Não! Você não vai... você é uma coitada Anastácia, eu sustento você e duvido que seu pai queira você de volta em casa. Então, pare de encher o saco.– Está brava só por que não venho cedo pra casa?Um soluço escapa de minha boca.– Eu nem sabia que você se importava tanto com essas coisas, e eu estava com meus amigos. – Você só se importa com você mesmo, nem atenção ao seu filho você dá. Grito.– Já pago a comida e o teto que vocês vivem... Não tenho que dar mais nada.– Você só consegue dar isso mesmo. Nem as datas importantes você lembra.Merda! Não me lembrei das data.– Há dois meses atrás você esqueceu o meu aniversário...Não sei o que dizer. Tenta se justificar só para evitar a briga.– Assim que conseguir um trabalho vou embora. Aviso.– Você quem sabe, mas duvido que consiga fazer agora sem mim. – diz sem emoção já seguindo para o q
GAELUma semana depois... E finalmente chegou o momento de destruir o inimigo. Eu não posso mais esperar por essa vingança.Talvez devesse somente pagar com a mesma moeda, mas isso não aplacaria minha dor.Preciso ir além. Vou tirar tudo de Luís vierano: o prestígio entre a elite russa e, a seguir, sua vida. E o que é melhor, tenho um trunfo.Meu maior inimigo se encontra à beira da morte e é capaz de fazer qualquer coisa para manter vivo seu único bem de valor, sua filha. O que eu não contava é que, no meio dos meus planos, haveria uma inocente. Ignorar emoções. Desassociar sentimentos com outras pessoas. Isso é o que eu faço de melhor. Por essa razão, mesmo tão novo, sou bom no meu trabalho.Então, por que não está funcionando hoje? — Você é um monstro. Eu não deveria tê-lo deixado nascer, Gael. Ouço o som de carro na rua e volto para o momento presente. O som é como um mau agouro. Uma confirmação sinistra das suas palavras. Dias difíceis sempre me lembra da imprestável que me