A tarde está muito agradável, saio na varanda, olho para o céu, parece mais que vai chover e com ela me visto de coragem e vou visitar a horta do meu sítio. Horta que é colhida todas as manhãs para ser vendida todas as manhãs na cidade e é dessas vendas que sobrevivo e mantenho tudo aqui após ter abandonado a minha carreira de jornalista e mantenho também a família que vive aqui e trabalha comigo. Assis, Denise que são um casal que me acolheu desde que comprei o sítio e Kaique uma criança albina muito especial e carinhoso que o adotei depois da partida da sua mãe que também aqui vivia o que seria de mim sem Kaique que desde pequeno me alegra e me faz sorrir e ressurgir todas as manhãs, nos tratamos sempre como tia e sobrinho, ele sempre soube quem verdadeiramente foi a sua mãe e hoje com 8 anos ele já compreende muito coisa e ao chegar na plantação já encontro Assis.
— Patroa Mabel ainda bem que veio até aqui, notei pequenos insetos nas verduras, não sei que tipo de praga é essa, venha ver. — Me mostre por favor! — Assis me mostra o pequeno inseto. — O que faremos patroa? A senhora não costuma usar agrotóxicos nas verduras e nem em legumes. — Não sei o que fazer Assis, não é de hoje que o nosso sítio está precisando de uma reforma, precisamos urgentemente de estufas novas, melhorei muito isso aqui, mas precisa de mais e você sabe da minha história e da minha real situação. — Falo tentando conter as lágrimas. — Entendo, patroa Mabel, trabalhamos duro para ter o pouco que temos. A senhora é uma guerreira. — Não sou rica Assis, e cada dia que passa me vejo cada vez sem o controle de tudo, se o banco me ajudar com um empréstimo tocaremos tudo para a frente e se não terei que pôr o sítio a venda. — B**e na madeira patroa, eu não tenho para onde ir depois daqui, nem em sonho me vejo indo embora do sítio. — Assis fala triste. Enquanto isso sigo andando olhando o meu plantio sendo ameaçado por uma praga, quanto mais ando mais a tarde fica triste, levando-me de volta ao passado dia hoje está parecido com o dia que Caio terminou o nosso casamento. O dia em que me quebrei em cacos e até hoje tento juntar o que restou, o coração acelera ao lembrar do que vivi de bom, do que eu achava que era verdadeiro e tudo se acabou por ambição e dinheiro. Voltei para a minha realidade, Caio não merecia sequer um pensamento meu, olho ao meu redor e eu não queria me desfazer do meu sítio, tudo aqui foi comprado com um pouco do dinheiro deixado pela minha mãe para mim. Não aceitei nenhum centavo do meu divórcio com Caio, voltar ao passado só me traz angústia e por mais tempo que tenha passado não consigo esquecer o que se passou anos atrás. Voltei imediatamente para o sítio quando os pingos de chuva caem fortemente sobre a minha cabeça, andei a passos largos até chegar em casa toda molhada, o dia hoje não está sendo fácil e Kaique em plena chuva chega acompanhado da Denise que foi buscá-lo na escola. — Graças a Deus chegaram, obrigada por trazer Kaique Denise. — Falo aflita. — Tia a senhora está molhada, estava na chuva? — Kaique pergunta. — Estava olhando toda a plantação, por isso acabei me molhando, agora entra que a tia já vai. — Falo tentando disfarçar a minha preocupação. Relatei com Denise a minha atual preocupação que é a falta de investimentos aqui na plantação do sítio e a mesma diz que me acompanhará ao banco caso eu queira tentar buscar um empréstimo. Fui conversar com Kaique para saber como foi o dia dele, e quando conversamos sinto-me bem por que vejo pureza e lealdade nas crianças e como é lindo ver que tudo para eles tem uma solução. — Tia Mabel, estou te achando triste. — Kaique fala olhando nos meus olhos. — Não é nada Kaique, são uns probleminhas que tenho para resolver, mas já estou cuidando disso. — Vai dar tudo certo, tia saiba que eu te amo muito e vou te obedecer sempre. O coração fica quentinho e em paz quando ele fala assim, ele é razão do meu viver após anos de dor. Preparo um chocolate quente e fico vendo a chuva cair e Kaique do meu lado em silêncio, sinto um aperto no peito e como é ruim sentir ansiedade. Não parou de chover até o anoitecer, pus Kaique para dormir e ao procurar uma roupa mais quentinha acabo encontrando uma caixa com fotos e ao abrir lá estão todas as lembranças da época em que eu e Caio namorávamos na faculdade no Canadá, fotos também do nosso casamento lá no civil. Fecho a caixa com a decisão de queimar tudo, com as mãos trêmulas fui até a cozinha levando a caixa e acendo o isqueiro e o coração começa acelerar quando segurei uma das fotos para queimar e não tive coragem.Uma semana foi o suficiente para deixar o meu advogado a par de tudo e o que ele fará nesses dias em que ficarei fora e de malas prontas sigo para o aeroporto e ao chegar Phil já me espera. — Dormiu no aeroporto Phil? — Pergunto em tom sarcástico. — Nunca faria isso, estou viajando com você porque estou de férias também ou não quer que eu viaje Caio? — Lógico que quero, você é o meu amigo desde que cheguei aqui, lógico que quero você viajando comigo. Não demorou, chegou a hora do nosso embarque e a viagem foi super tranquila, dormir algumas horas, fizemos uma escala e Phil olha para mim. — Não sabia que você era tranquilo assim numa viagem de avião, dormiu que nem uma criança. — Nem eu sabia Phil, não sou homem de dormir demais, te juro, mas foi bom assim que não chegarei tão cansado e poderei ir para uma boate quando eu chegar, estou louco para sair e dançar, transar e aproveitar a vida livremente longe do terno e gravata. — Você e as suas loucuras, eu estou fora dessas aventur
Não consegui queimar as fotos minhas e do Caio as joguei novamente na caixa e fechei os olhos, as levei novamente para o quarto, tem horas que não entendo o porquê não consigo me desfazer do passado. Guardei a caixa e imediatamente fui ao banheiro e debaixo do chuveiro peço para esquecer todo o passado e aos poucos vou me acalmando. Organizei uma pasta com todos os documentos que preciso levar amanhã para o banco na cidade. Me vesti e ao descer para a cozinha Denise está preparando uma sopa de legumes e o cheiro está maravilhosa. — Senhora Mabel estou preparando uma sopa para aquecer o frio da noite. — Só pelo cheiro eu sei que está deliciosa! Onde está o Kaique? — Pergunto caçando ele. — Kaique está fazendo um boneco de madeira e Assis está o auxiliando. — Denise, ele é muito inteligente, nunca vi uma criança assim tão criativa. — Quando termino de falar, Kaique aparece. — Chegamos — Kaique fala entrando na sala. — Já estava com saudades — Falo abrindo os braços para lhe abraç
O desespero começou a me tomar na cela, não consegui manter a calma. As horas pareciam não passar e eu nem sequer sei se Phil veio me defender, não tenho noção do tempo, não sei que horas são e de repente ouço passos vindo na minha direção, levantei rápido e é Phil. — Phil me tira daqui. Não quero ficar mais nessa cela. — Falo desesperado. — Caio, você está encrencado, trouxe o melhor advogado comigo, estamos esperando uma decisão se você vai responder às acusações de assédio preso ou livre. — Eu sou inocente, juro por tudo que não trisquei um dedo naquela mulher. — Caio se você fosse um homem casado, que já tivesse família ou um motivo a mais para vir a San Francisco, seria ótimo, usaríamos isso a seu favor, isso limparia mais a sua reputação. Suas fotos estão estampadas em todos os jornais e uma hora dessas a sua mãe já deve estar vindo para cá — Phil fala desanimado. — Drogaaaa! Só queria me divertir um pouco e acabei preso. — Grito. Ando de um lado para o outro buscando
A tarde não foi mais a mesma, após ver fotos do Caio naquele jornal, nervosa fui até o quarto tomar os meus tranquilizantes. Abro a janela e olho para o meu jardim respirando fundo e busco água para beber, e aos poucos fui me acalmando, jamais queria ver Caio novamente na minha vida e sem saber comprei o maldito jornal. A imagem dele me faz lembrar o quanto Caio continua lindo, a sua beleza é indiscutível. Fui até o banheiro, lavei um pouco o meu rosto e prendo os meus longos cabelos, tenho que ocupar a mente para as lembranças do passado não virem me artomentar. Mais calma tento retomar a minha vida, afinal tenho o meu sítio para cuidar e dividas para pagar, estou bem escondida aqui e jamais Caio e eu iremos cruzar novamente o caminho um do outro. Ao chegar na cozinha, sei que Denise está preparando um chá pelo cheiro que está em toda a casa. — Por favor, senhora Mabel, sente-se fiz um chá calmante. — Quero uma xícara! — Falo desanimada. — Senhora Mabel aqui está o chá, perdão p
Cheguei no hotel exausto, fui logo para debaixo do chuveiro tomar um banho eu me sentia sujo e após um delicioso banho de banheira pude então ligar o meu celular busco ler as notícias ao meu respeito e fico perplexo com cada injúria sobre mim tirei print de tudo, pois irei processar todos por cada mentira, e a tal Pâmela, a essa não irá ter mais paz na vida dela. Espero muito que eu encontre Mabel e essa tática de voltar para ela ajude a limpar meu nome enquanto consigo provas o suficiente para provar a minha inocência, continuo sem acreditar que estou nessa cama de gato. Alguém b**e na porta do quarto e ao perguntar quem é Phil fala do outro lado da porta, então fui abrir a porta para ele. — Phil estou encrencado até a cabeça nesse escândalo, como vou limpar o meu nome? — Pergunto esperando ele me dar uma ótima notícia. — Contratei alguém para me ajudar a limpar a sua imagem. Em reunião discutimos sobre o nome da Mabel e tudo neste momento é válido e a nossa aposta maior é ela. —
Assis improvisou uma placa de venda para o sítio e o acompanhei para pregar a placa na grande porteira.— Senhora tem certeza que essa é a saída? — Assis pergunta triste a me olhar.— Juro para você que não queria vendê-lo, pensei, pensei e não sei a quem recorrer, fiz algumas amizades, mas são pessoas simples colegas de profissão, a única pessoa extremamente rica que conheci foi a minha ex sogra e essa mesma nunca gostou de mim, é tanto que ela encheu o filho de propostas financeiras para que o mesmo me abandonasse.— Quem nesse mundo não gosta da patroa? — Assis pergunta.— Saiba que nesse tempo encontrei ela que nunca disfarçou não gostar de mim. — Falo tentando conter o choro.De nada adiantava o choro uma hora dessas e andando lentamente pelo jardim fui até o ateliê onde crio peças feita de barro e comecei a umedecê-lo e moldando o aos poucos e começo a criar um jarro, permito-me aqui derramar lágrimas sozinha e sorrir também por tudo o que aprendi aqui, o bom de tudo é olhar par
Conversar com Mabel não foi nada fácil, recebi um não como resposta a proposta que fiz a Mabel, ver ela fez novamente o meu coração acelerar que nem o de um adolescente, os seus olhos não brilham mais como antes, o pior de tudo foi ver medo e repulsa nos olhos e no seu comportamento em relação a mim, como se eu fosse fazer algum tipo de mal a ela, e hoje de perto pude ver o rastro da destruição que causei na vida da Mabel. Ao ser expulso do sítio, o caseiro Assis nos acompanhou. — Senhores, se eu soubesse que vocês eram pessoas que a senhora Mabel não gosta, jamais teria o deixado entrar. — Assis fala nervoso. — Eu sou ex-marido da Mabel, vim comprar o sítio. — Falo chateado. — A patroa Mabel não merece sofrer mais, por favor, vá embora e não apareça mais se não faz bem a ela. — Assis eu vim somente pedir um favor a Mabel, não vim lhe causar nenhum tipo de dano. — Pouco se fala de você aqui, mas pelo pouco que sei, a senhora Mabel já passou por muitos problemas psicológicos
Ver Caio novamente não estava nos meus planos, e muito menos ser envolvida nesse escândalo de abuso que ele está envolvido, só queria ficar sozinha. Não consegui me levantar do chão e Kaique chegou onde eu estava, enxuguei as lágrimas rapidamente. — Tia Mabel, venha o almoço já está servido, está chateada? O que faz sentada no chão?Desculpa por eu receber aqueles dois homens, eu pensava que eles iriam comprar o nosso sítio. — Kaique fala triste. — Você não tem culpa de nada, meu amor! Já está tudo bem, vamos almoçar juntos, me ajuda a levantar. — Kaique me ajuda a levantar. — Kaique, quando pessoas estranhas aparecer, venha até a mim ou Assis nos informar por favor, vamos esquecer o que aconteceu hoje. De mãos dadas fomos almoçar juntos e ao terminar Kaique foi para a escola, chamei Assis e Denise para conversar. — Bem, precisamos conversar, sobre o que aconteceu hoje, Caio veio aqui! Assis não sabe muito do meu passado, não se sinta culpado até porque você não o conhecia ne