4. MABEL

Não consegui queimar as fotos minhas e do Caio as joguei novamente na caixa e fechei os olhos, as levei novamente para o quarto, tem horas que não entendo o porquê não consigo me desfazer do passado. Guardei a caixa e imediatamente fui ao banheiro e debaixo do chuveiro peço para esquecer todo o passado e aos poucos vou me acalmando.

Organizei uma pasta com todos os documentos que preciso levar amanhã para o banco na cidade.

Me vesti e ao descer para a cozinha Denise está preparando uma sopa de legumes e o cheiro está maravilhosa.

— Senhora Mabel estou preparando uma sopa para aquecer o frio da noite.

— Só pelo cheiro eu sei que está deliciosa! Onde está o Kaique? — Pergunto caçando ele.

— Kaique está fazendo um boneco de madeira e Assis está o auxiliando.

— Denise, ele é muito inteligente, nunca vi uma criança assim tão criativa. — Quando termino de falar, Kaique aparece.

— Chegamos — Kaique fala entrando na sala.

— Já estava com saudades — Falo abrindo os braços para lhe abraçar.

Kaique me mostra detalhe por detalhe da sua obra de arte e todos nós nos reunimos ao redor da mesa para jantar e como é bom está na companhia deles, e comuniquei a Denise que amanhã iremos ao banco.

No dia seguinte acordei muito cedo do que costumo acordar, fiz a minha higiene e ao procurar uma roupa para vestir avisto novamente a caixa do passado e tomei a decisão de enterrar ela num lugar afastado do sítio.

Procurei uma enxada na casa de ferramentas e cavei um buraco fundo e enterro toda a caixa, só assim não ficarei vendo e lembrando do que passou. Ao voltar para casa tomei um banho porque fiquei suada de tanto colocar força para cavar o buraco.

Preparei café da manhã e fui acordar Kaique para tomar o café dele também e avisar que eu vou sair com Denise e ele ficará com Assis.

Entramos na minha velha camionete e fomos para o banco e durante o caminho Denise me olha, acho ela estranha.

— Algum problema Denise? — Pergunto preocupada.

— Nenhum problema, senhora, posso te fazer uma pergunta?

— Pode, sim, estou sentindo você nervosa.

— A senhora falou uma vez que você foi casada com um homem chamado Caio Ross.

— Sim, fui casada, mas evito falar dele, esse homem marcou a minha vida negativamente. Por favor, vamos mudar de assunto, não sei em que mundo esse homem vive e nem como vive. — Falo nervosa.

— Não vou mais tocar nesse assunto! — Denise fala olhando para a estrada à frente.

Dirigi mais um pouco e chegamos na cidade, pedi para conversar com o gerente e fui recebida por ele, e pedi um empréstimo para investir no meu sítio e o gerente me olha e diz que preciso de um fiador, pelo tamanho do meu sítio não vale o tanto de dinheiro que quero, somente o sítio não vale como garantia e aí já me bateu um desânimo. Mas ele me garantiu que vai me ligar falando se o empréstimo for aprovado.

Saio do banco agarrada a essa única esperança e Denise me olha e diz.

— Patroa não fica assim desanimada, tem muita fé que encontraremos um anjo para nos ajudar.

— Você fala um fiador! É difícil Denise quem vai nos ajudar dando o seu nome por mim. Os bancos só ajudam os mais ricos, enfim toda a papelada ficou aí e quem sabe eles liberam pelo menos metade do valor que pedi.

— Estou com fé, patroa. — Denise fala me abraçando.

Voltamos para o sítio e vejo o quanto a cidade está linda, faz muito tempo que não vinha aqui, cidade essa que pensei que viveria os melhores momentos da minha vida, ainda bem que me escondi no meu sítio. Não consigo me ver longe daquele lugar, passei em frente a algumas bancas de revista e pedi que Denise descesse da caminhonete e comprasse uma revista e um jornal para mim e a mesma compra e os coloca no banco de trás.

Seguimos para o sítio e mais uma vez sinto Denise estranha, mas segui dirigindo e quando chegamos estaciono o carro e não lembrei de tirar o jornal do carro, e Assis vem me avisar que alguém encomendou flores e tratei logo de ir à estufa das rosas, e durante o caminho conto para Assis o que o gerente me falou e ele confiante assim como Denise me dão forças e me fazem acreditar que tudo vai dar certo, e sozinha fui colher as rosas.

Amava ser jornalista, mas confesso que amo viver na natureza, plantar e colher rosas é a minha terapia diária.

— Senhora Mabel quer ajuda? — Assis pergunta.

— Já terminei Assis, só me ajude a levar e por favor faça a entrega imediatamente.

— Sim, senhora Mabel.

— Mas antes de ir fazer a entrega Assis, retire da caminhonete um jornal e uma revista que comprei e deixe sobre a mesa na área externa que depois vou ler.

As rosas foram levadas, entrei em casa e fui direto para o banho e já encontro Denise arrumando Kaique para ir para a escola. Almoçamos juntos antes dele ir para a sua aula, o acompanhei até a área externa da casa me despedir dele e quando olho para o lado vejo o jornal e a revista que comprei e quando segurei o jornal nas mãos, começo a folhear lendo algumas notícias e os meus olhos param na página policial com a imagem de um homem que me chamou atenção, homem esse sendo Caio Ross, a grande foto dele embriagado algemado preso aqui na cidade.

— Caio voltou! — Falo deixando o jornal cair no chão e ponho a mão na boca sem acreditar.

Olho de um lado e outro trêmula. Jamais imaginei vê-lo numa página de notícias horrendas, ainda mais como assediador. Olho para o jornal sem coragem de ler o restante da notícia e Denise se aproxima.

— Patroa Mabel, a senhora está bem? — Denise pergunta preocupada.

Balanço a cabeça que não e Denise corre para ir buscar água para mim na cozinha, uma angústia e uma inquietação toma conta de mim.

— Beba essa água, se acalma senhora Mabel, está tendo uma crise de ansiedade? — Denise pergunta.

— Ele voltou, Denise, após tanto tempo. — Falo enquanto bebo uma água.

— Ele quem senhora Mabel, estou aqui e garanto que ninguém entrou no sítio.

— Caio Ross. A última pessoa que eu queria saber notícias dele. — Falo e Denise olha para mim.

— O seu ex-marido, senhora Mabel era sobre isso que queria falar com você, ouvi por um rádio o nome desse homem hoje, por isso perguntei.

— Não quero saber do nome dele aqui. Vamos esquecer que lemos essa notícia e por favor, jogue fora esse jornal.

Denise leva o jornal consigo e eu tento me recompor do susto que levei, uma inquietação toma conta de mim, nunca imaginei que Caio virou esse tipo de homem fui casada quase cinco anos com ele e nunca percebi nada, mas o que esperar de um homem que dizia me amar e me trocou por dinheiro.

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