Não consegui queimar as fotos minhas e do Caio as joguei novamente na caixa e fechei os olhos, as levei novamente para o quarto, tem horas que não entendo o porquê não consigo me desfazer do passado. Guardei a caixa e imediatamente fui ao banheiro e debaixo do chuveiro peço para esquecer todo o passado e aos poucos vou me acalmando.
Organizei uma pasta com todos os documentos que preciso levar amanhã para o banco na cidade. Me vesti e ao descer para a cozinha Denise está preparando uma sopa de legumes e o cheiro está maravilhosa. — Senhora Mabel estou preparando uma sopa para aquecer o frio da noite. — Só pelo cheiro eu sei que está deliciosa! Onde está o Kaique? — Pergunto caçando ele. — Kaique está fazendo um boneco de madeira e Assis está o auxiliando. — Denise, ele é muito inteligente, nunca vi uma criança assim tão criativa. — Quando termino de falar, Kaique aparece. — Chegamos — Kaique fala entrando na sala. — Já estava com saudades — Falo abrindo os braços para lhe abraçar. Kaique me mostra detalhe por detalhe da sua obra de arte e todos nós nos reunimos ao redor da mesa para jantar e como é bom está na companhia deles, e comuniquei a Denise que amanhã iremos ao banco. No dia seguinte acordei muito cedo do que costumo acordar, fiz a minha higiene e ao procurar uma roupa para vestir avisto novamente a caixa do passado e tomei a decisão de enterrar ela num lugar afastado do sítio. Procurei uma enxada na casa de ferramentas e cavei um buraco fundo e enterro toda a caixa, só assim não ficarei vendo e lembrando do que passou. Ao voltar para casa tomei um banho porque fiquei suada de tanto colocar força para cavar o buraco. Preparei café da manhã e fui acordar Kaique para tomar o café dele também e avisar que eu vou sair com Denise e ele ficará com Assis. Entramos na minha velha camionete e fomos para o banco e durante o caminho Denise me olha, acho ela estranha. — Algum problema Denise? — Pergunto preocupada. — Nenhum problema, senhora, posso te fazer uma pergunta? — Pode, sim, estou sentindo você nervosa. — A senhora falou uma vez que você foi casada com um homem chamado Caio Ross. — Sim, fui casada, mas evito falar dele, esse homem marcou a minha vida negativamente. Por favor, vamos mudar de assunto, não sei em que mundo esse homem vive e nem como vive. — Falo nervosa. — Não vou mais tocar nesse assunto! — Denise fala olhando para a estrada à frente. Dirigi mais um pouco e chegamos na cidade, pedi para conversar com o gerente e fui recebida por ele, e pedi um empréstimo para investir no meu sítio e o gerente me olha e diz que preciso de um fiador, pelo tamanho do meu sítio não vale o tanto de dinheiro que quero, somente o sítio não vale como garantia e aí já me bateu um desânimo. Mas ele me garantiu que vai me ligar falando se o empréstimo for aprovado. Saio do banco agarrada a essa única esperança e Denise me olha e diz. — Patroa não fica assim desanimada, tem muita fé que encontraremos um anjo para nos ajudar. — Você fala um fiador! É difícil Denise quem vai nos ajudar dando o seu nome por mim. Os bancos só ajudam os mais ricos, enfim toda a papelada ficou aí e quem sabe eles liberam pelo menos metade do valor que pedi. — Estou com fé, patroa. — Denise fala me abraçando. Voltamos para o sítio e vejo o quanto a cidade está linda, faz muito tempo que não vinha aqui, cidade essa que pensei que viveria os melhores momentos da minha vida, ainda bem que me escondi no meu sítio. Não consigo me ver longe daquele lugar, passei em frente a algumas bancas de revista e pedi que Denise descesse da caminhonete e comprasse uma revista e um jornal para mim e a mesma compra e os coloca no banco de trás. Seguimos para o sítio e mais uma vez sinto Denise estranha, mas segui dirigindo e quando chegamos estaciono o carro e não lembrei de tirar o jornal do carro, e Assis vem me avisar que alguém encomendou flores e tratei logo de ir à estufa das rosas, e durante o caminho conto para Assis o que o gerente me falou e ele confiante assim como Denise me dão forças e me fazem acreditar que tudo vai dar certo, e sozinha fui colher as rosas. Amava ser jornalista, mas confesso que amo viver na natureza, plantar e colher rosas é a minha terapia diária. — Senhora Mabel quer ajuda? — Assis pergunta. — Já terminei Assis, só me ajude a levar e por favor faça a entrega imediatamente. — Sim, senhora Mabel. — Mas antes de ir fazer a entrega Assis, retire da caminhonete um jornal e uma revista que comprei e deixe sobre a mesa na área externa que depois vou ler. As rosas foram levadas, entrei em casa e fui direto para o banho e já encontro Denise arrumando Kaique para ir para a escola. Almoçamos juntos antes dele ir para a sua aula, o acompanhei até a área externa da casa me despedir dele e quando olho para o lado vejo o jornal e a revista que comprei e quando segurei o jornal nas mãos, começo a folhear lendo algumas notícias e os meus olhos param na página policial com a imagem de um homem que me chamou atenção, homem esse sendo Caio Ross, a grande foto dele embriagado algemado preso aqui na cidade. — Caio voltou! — Falo deixando o jornal cair no chão e ponho a mão na boca sem acreditar. Olho de um lado e outro trêmula. Jamais imaginei vê-lo numa página de notícias horrendas, ainda mais como assediador. Olho para o jornal sem coragem de ler o restante da notícia e Denise se aproxima. — Patroa Mabel, a senhora está bem? — Denise pergunta preocupada. Balanço a cabeça que não e Denise corre para ir buscar água para mim na cozinha, uma angústia e uma inquietação toma conta de mim. — Beba essa água, se acalma senhora Mabel, está tendo uma crise de ansiedade? — Denise pergunta. — Ele voltou, Denise, após tanto tempo. — Falo enquanto bebo uma água. — Ele quem senhora Mabel, estou aqui e garanto que ninguém entrou no sítio. — Caio Ross. A última pessoa que eu queria saber notícias dele. — Falo e Denise olha para mim. — O seu ex-marido, senhora Mabel era sobre isso que queria falar com você, ouvi por um rádio o nome desse homem hoje, por isso perguntei. — Não quero saber do nome dele aqui. Vamos esquecer que lemos essa notícia e por favor, jogue fora esse jornal. Denise leva o jornal consigo e eu tento me recompor do susto que levei, uma inquietação toma conta de mim, nunca imaginei que Caio virou esse tipo de homem fui casada quase cinco anos com ele e nunca percebi nada, mas o que esperar de um homem que dizia me amar e me trocou por dinheiro.O desespero começou a me tomar na cela, não consegui manter a calma. As horas pareciam não passar e eu nem sequer sei se Phil veio me defender, não tenho noção do tempo, não sei que horas são e de repente ouço passos vindo na minha direção, levantei rápido e é Phil. — Phil me tira daqui. Não quero ficar mais nessa cela. — Falo desesperado. — Caio, você está encrencado, trouxe o melhor advogado comigo, estamos esperando uma decisão se você vai responder às acusações de assédio preso ou livre. — Eu sou inocente, juro por tudo que não trisquei um dedo naquela mulher. — Caio se você fosse um homem casado, que já tivesse família ou um motivo a mais para vir a San Francisco, seria ótimo, usaríamos isso a seu favor, isso limparia mais a sua reputação. Suas fotos estão estampadas em todos os jornais e uma hora dessas a sua mãe já deve estar vindo para cá — Phil fala desanimado. — Drogaaaa! Só queria me divertir um pouco e acabei preso. — Grito. Ando de um lado para o outro buscando
A tarde não foi mais a mesma, após ver fotos do Caio naquele jornal, nervosa fui até o quarto tomar os meus tranquilizantes. Abro a janela e olho para o meu jardim respirando fundo e busco água para beber, e aos poucos fui me acalmando, jamais queria ver Caio novamente na minha vida e sem saber comprei o maldito jornal. A imagem dele me faz lembrar o quanto Caio continua lindo, a sua beleza é indiscutível. Fui até o banheiro, lavei um pouco o meu rosto e prendo os meus longos cabelos, tenho que ocupar a mente para as lembranças do passado não virem me artomentar. Mais calma tento retomar a minha vida, afinal tenho o meu sítio para cuidar e dividas para pagar, estou bem escondida aqui e jamais Caio e eu iremos cruzar novamente o caminho um do outro. Ao chegar na cozinha, sei que Denise está preparando um chá pelo cheiro que está em toda a casa. — Por favor, senhora Mabel, sente-se fiz um chá calmante. — Quero uma xícara! — Falo desanimada. — Senhora Mabel aqui está o chá, perdão p
Cheguei no hotel exausto, fui logo para debaixo do chuveiro tomar um banho eu me sentia sujo e após um delicioso banho de banheira pude então ligar o meu celular busco ler as notícias ao meu respeito e fico perplexo com cada injúria sobre mim tirei print de tudo, pois irei processar todos por cada mentira, e a tal Pâmela, a essa não irá ter mais paz na vida dela. Espero muito que eu encontre Mabel e essa tática de voltar para ela ajude a limpar meu nome enquanto consigo provas o suficiente para provar a minha inocência, continuo sem acreditar que estou nessa cama de gato. Alguém b**e na porta do quarto e ao perguntar quem é Phil fala do outro lado da porta, então fui abrir a porta para ele. — Phil estou encrencado até a cabeça nesse escândalo, como vou limpar o meu nome? — Pergunto esperando ele me dar uma ótima notícia. — Contratei alguém para me ajudar a limpar a sua imagem. Em reunião discutimos sobre o nome da Mabel e tudo neste momento é válido e a nossa aposta maior é ela. —
Assis improvisou uma placa de venda para o sítio e o acompanhei para pregar a placa na grande porteira.— Senhora tem certeza que essa é a saída? — Assis pergunta triste a me olhar.— Juro para você que não queria vendê-lo, pensei, pensei e não sei a quem recorrer, fiz algumas amizades, mas são pessoas simples colegas de profissão, a única pessoa extremamente rica que conheci foi a minha ex sogra e essa mesma nunca gostou de mim, é tanto que ela encheu o filho de propostas financeiras para que o mesmo me abandonasse.— Quem nesse mundo não gosta da patroa? — Assis pergunta.— Saiba que nesse tempo encontrei ela que nunca disfarçou não gostar de mim. — Falo tentando conter o choro.De nada adiantava o choro uma hora dessas e andando lentamente pelo jardim fui até o ateliê onde crio peças feita de barro e comecei a umedecê-lo e moldando o aos poucos e começo a criar um jarro, permito-me aqui derramar lágrimas sozinha e sorrir também por tudo o que aprendi aqui, o bom de tudo é olhar par
Conversar com Mabel não foi nada fácil, recebi um não como resposta a proposta que fiz a Mabel, ver ela fez novamente o meu coração acelerar que nem o de um adolescente, os seus olhos não brilham mais como antes, o pior de tudo foi ver medo e repulsa nos olhos e no seu comportamento em relação a mim, como se eu fosse fazer algum tipo de mal a ela, e hoje de perto pude ver o rastro da destruição que causei na vida da Mabel. Ao ser expulso do sítio, o caseiro Assis nos acompanhou. — Senhores, se eu soubesse que vocês eram pessoas que a senhora Mabel não gosta, jamais teria o deixado entrar. — Assis fala nervoso. — Eu sou ex-marido da Mabel, vim comprar o sítio. — Falo chateado. — A patroa Mabel não merece sofrer mais, por favor, vá embora e não apareça mais se não faz bem a ela. — Assis eu vim somente pedir um favor a Mabel, não vim lhe causar nenhum tipo de dano. — Pouco se fala de você aqui, mas pelo pouco que sei, a senhora Mabel já passou por muitos problemas psicológicos
Ver Caio novamente não estava nos meus planos, e muito menos ser envolvida nesse escândalo de abuso que ele está envolvido, só queria ficar sozinha. Não consegui me levantar do chão e Kaique chegou onde eu estava, enxuguei as lágrimas rapidamente. — Tia Mabel, venha o almoço já está servido, está chateada? O que faz sentada no chão?Desculpa por eu receber aqueles dois homens, eu pensava que eles iriam comprar o nosso sítio. — Kaique fala triste. — Você não tem culpa de nada, meu amor! Já está tudo bem, vamos almoçar juntos, me ajuda a levantar. — Kaique me ajuda a levantar. — Kaique, quando pessoas estranhas aparecer, venha até a mim ou Assis nos informar por favor, vamos esquecer o que aconteceu hoje. De mãos dadas fomos almoçar juntos e ao terminar Kaique foi para a escola, chamei Assis e Denise para conversar. — Bem, precisamos conversar, sobre o que aconteceu hoje, Caio veio aqui! Assis não sabe muito do meu passado, não se sinta culpado até porque você não o conhecia ne
Passei o restante da tarde e noite trancafiado no quarto de hotel, castigo maior do que esse não há, pelo menos recebi uma boa notícia que foi provado que não foi arranhei a tal Pâmela, mas fizemos sexo e agora sou acusado de ter forçado a mesma a ter relação não consensual comigo.Só posso estar pagando por tudo o que fiz com Mabel no passado, não é possível, difícil agora será ter Mabel como minha testemunha, ela está irredutível e Phil chegou trazendo consigo uma garrafa de vinho! — O que significa isso Phil? — Pergunto.— Vinho, trouxe um para tomarmos juntos e jogarmos xadrez, afinal somos amigos, não posso te deixar sozinho e precisamos comemorar que foi comprovado que as marcas no corpo da maluca não foi você que causou.— Ainda bem! Amanhã vou cedo conversar com a minha mãe, preciso trabalhar nem que seja em home office se não vou enlouquecer.— Conversei com o advogado que entrou com uma ação contra Pâmela, precisamos também provar que ela tem problemas mentais, se arranhou
Os meus olhos não acreditavam no que eu estava vendo, Valéria de joelhos diante de mim, mil coisas passam na minha cabeça primeiro que tudo aquilo poderia ser um teatro, segundo a situação do Caio está extremamente difícil perante esse processo que ele enfrenta e a mesma para não ver ele indo para a cadeia está se humilhando desse jeito.— Levante-se Valéria, não acredito nesse pedido de perdão, sempre fez de tudo para me ver longe de Caio, nunca imaginei que os fantasmas do passado voltaria um atrás do outro.— Mabel ajude Caio, eu faço o que você quiser, posso te ajudar a expandir esse lugar, pagar alguma dívida que tenha, contratar pessoas, faço o que você quiser contanto que apareça novamente do lado do meu filho.— Vocês querem me enlouquecer, por favor vai embora e me deixem em paz, anos atrás eu sumi da vida de vocês, sumam da minha também.Falo e Valéria se levanta enxugando as suas lágrimas de crocodilo, começo a sentir pena dela e a mesma sai da minha frente de cabeça baixa