6. MABEL

A tarde não foi mais a mesma, após ver fotos do Caio naquele jornal, nervosa fui até o quarto tomar os meus tranquilizantes. Abro a janela e olho para o meu jardim respirando fundo e busco água para beber, e aos poucos fui me acalmando, jamais queria ver Caio novamente na minha vida e sem saber comprei o maldito jornal.

A imagem dele me faz lembrar o quanto Caio continua lindo, a sua beleza é indiscutível. Fui até o banheiro, lavei um pouco o meu rosto e prendo os meus longos cabelos, tenho que ocupar a mente para as lembranças do passado não virem me artomentar.

Mais calma tento retomar a minha vida, afinal tenho o meu sítio para cuidar e dividas para pagar, estou bem escondida aqui e jamais Caio e eu iremos cruzar novamente o caminho um do outro.

Ao chegar na cozinha, sei que Denise está preparando um chá pelo cheiro que está em toda a casa.

— Por favor, senhora Mabel, sente-se fiz um chá calmante.

— Quero uma xícara! — Falo desanimada.

— Senhora Mabel aqui está o chá, perdão por não reparar nas revistas, pouco sei da sua história, não sabia que esse homem a faria tão mal.

— Não precisa se desculpar Denise! Não temos culpa do que aconteceu com ele, homens e suas vaidades. Só lamento por mim, um dia ter largado tudo em nome de um amor que nunca existiu, eu não percebi que ele era ambicioso demais para terminar o nosso casamento por uma cadeira de CEO em outro país.

— Lamento senhora Mabel.

Denise fala e eu controlo os meus sentimentos, muita água já passou debaixo dessa ponte. Andei pelo meu sítio lugar esse rico e verde que transmite uma paz nem que seja momentânea.

Acompanho Assis na colheita das verduras e hortaliças e em seguida fui na estufa onde planto rosas, a carroça já estava pronta, ponho tudo na charrete, sementes e adubos e sigo até lá.

Por mais pequena que seja a minha plantação, cuido dela com todo carinho, mas percebo também que tem uns insetos devorando as minhas flores, inclusive as orquídeas, fico desanimada! Só queria saber que castigo é esse, queria chorar mais não chorei, eu sou uma mulher forte, não posso desanimar assim. Vai haver uma luz no fim do túnel e toda essa situação vai mudar.

Trabalhei até me cansar e não ter mais forças e ao voltar para casa fim de tarde, encontro Kaique me esperando.

— Tia Mabel estou achando triste — Ykaro fala me abraçando.

— Estou apenas cansada, como foi o seu dia, meu anjo. — Falo na tentativa dele não sentir o quão triste estou.

— Denise já me ajudou com o meu banho, tem as atividades a fazer. — Kaique fala carinhoso.

— Vou só tomar um banho e vou te ajudar.

Falo indo para dentro da casa, crianças tem uma energia tão boa que revigora, o que é peso se torna mais leve. Ao tomar banho lembro-me que o meu sonho era ser mãe, mas infelizmente esse sonho foi cortado da minha vida.

Ajudei Kaique nas suas tarefas e após isso fui dormir e pela madrugada acabei sonhando com Caio, ele sorria para mim e eu não sabia decifrar o motivo daquele sorriso que um dia foi a minha vida, acordei sentando-me na minha cama. Procuro imediatamente água para beber e me acalmo por perceber que foi só um sonho e voltei a dormir.

No dia seguinte acordei bastante tarde e fui me arrumar para descer quando recebo uma mensagem do banco avisando que o meu empréstimo foi negado, só terei direito ao empréstimo se eu tiver um avalista, o coração chora por que não tenho amigos ricos aqui e nem ninguém para fazer isso por mim. Acordar recebendo uma notícia dessa é terrível, e só me resta agora vender o sítio e o pior disso tudo é dar a notícia a Denise e a Assis. Infelizmente eles terão que se acostumar com essa realidade.

Me vesti de coragem e sai do quarto, Denise na cozinha, Kaique fazendo os seus brinquedos de madeira, e com certeza Assis tinha ido para a cidade, ando lentamente até a cozinha e Denise ao me ver.

— Venha tomar seu café, pelo horário dormiu bem! — Denise fala animada.

— Não consegue o empréstimo! — Falo de uma vez.

— Senhora Mabel — Denise fala surpresa.

— Vou precisar vender o sítio, não tem saída, preciso pagar pelo tempo de trabalho de vocês e o restante voltar para o meu país de origem. — Falo triste sentando-me ao redor da mesa.

— E eu, tia Mabel, onde e com quem vou ficar? — Kaique pergunta com a voz embargada.

— O meu amor maior, não queria que você ouvisse conversar de adulto, você vem comigo aonde quer que eu vá. — Falo tentando não transparecer a minha tristeza.

Falo e Kaique me abraça chorando, não queria que ele tivesse ouvido essa conversa, mas não posso omitir essa realidade da minha vida.

— Tia Mabel, eu amo esse lugar lindo, não queria ir embora daqui. — Kaique se agarra mais a mim.

— Kaique aqui também é a minha vida, mas a tia está falida e não me resta outra saída, só confia na titia.

Que dia difícil foi esse meu, conversei com Assis e Denise que choraram com a decisão que tomei e juntos colocamos a placa de venda na grande porteira que dá acesso ao sítio, só espero que o novo dono cuide de tudo tão bem quanto eu cuidei e zelei por esse lugar mágico que trouxe luz a minha vida.

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