O calor daquele beijo me envolveu por completo, revelando a intensidade do seu desejo. Suas mãos seguravam meu rosto com firmeza e suavidade ao mesmo tempo, como se ele temesse me perder caso afrouxasse o aperto. Eu sabia que ele estava tentando me dizer algo, mas suas palavras ainda ressoavam em minha mente.— Victor, você não precisa explicar. Basta sentir. — Sussurrei contra seus lábios enquanto ele me puxava para mais perto.O quarto estava silencioso, e a intensidade do momento fazia o mundo ao nosso redor desaparecer. Era apenas eu e ele, ali, compartilhando algo mais profundo do que palavras poderiam descrever. Algo que ele mesmo parecia relutante em admitir.Ele se afastou um pouco, mantendo os olhos fixos nos meus. Seu olhar era, ao mesmo tempo, suave e intenso, um contraste que refletia sua luta interna. Havia algo em Victor que o fazia se proteger do próprio coração, mas eu queria ser a pessoa a ajudá-lo a se libertar dessa armadura.— Você não acredita no amor? — Perguntei
Eu estava chocada com tudo aquilo. Como as pessoas podem ser tão cruéis a esse ponto? Que tipos de leis são essas que não consideram a vida humana?— Sei que pode ser chocante para você o que estou dizendo. Na verdade, nem deveria estar conversando sobre isso com você. Entende por que digo que ele simplesmente não se deu conta dos sentimentos dele por você?— Tudo que você me falou é um pouco chocante…— Nenhum outro homem seria capaz disso por uma mulher se não a amasse de verdade. Não no mundo do Victor e no meu. Ele abriu mão desse mundo quando perdeu Natali, arriscou muito por isso, mas decidiu voltar por vocês. Não duvide que ele te ama, Helena. Ele apenas não se deu conta disso.— Acho que preciso voltar.— Eu te acompanho até lá.Voltamos todo o caminho em silêncio. Eu não sabia o que falar e tinha muito a refletir depois de tudo que ele me contou. Acreditava que deveria ficar feliz por tudo isso, mas sabendo de tudo que Victor arriscou por mim, por nós, não sabia o que pensar.
Passei algum tempo chorando, cada soluço parecendo ecoar em meu próprio peito. As lágrimas eram como véu, obscurecendo a clareza de que tanto precisava naquele momento.As palavras de Victor, a frieza em seu olhar, as ameaças veladas, tudo me fazia questionar não apenas o amor que acreditava existir entre nós, mas também minha própria segurança.E se um dia eu fizesse algo mais grave do que apenas circular em minha própria casa sem avisar onde eu estava? Era uma questão que eu não parava de me perguntar.Após um tempo, me levantei, o rosto úmido com as lágrimas recentes e fui até aquela parede de vidro e admirei o mar. Precisava agir como as ondas, recuar para ganhar força, e nesse momento, alguém bateu à porta.Respirei fundo e abri, tentando conter as lágrimas que teimavam em continuar rolando pelo meu rosto. Era Chiara, com Clara nos braços.— Helena, eu… eu ouvi o que aconteceu. Está tudo bem? — Chiara perguntou, a preocupação estampada em seu rosto.— Não, Chiara, não está. — Res
VICTOR SALVATOREO silêncio da noite era quase opressivo. As sombras das cortinas pesadas dançavam com o vento que entrava pela janela que eu mesmo havia aberto. Sentei-me no sofá, na escuridão da sala, segurando um copo de uísque na mão, observando o líquido âmbar girar enquanto eu o balançava lentamente.O som do gelo tilintando contra o vidro era a única coisa que preenchia a sala. Meu peito estava apertado, minha cabeça uma bagunça.Eu sabia que tinha sido duro com Helena, mas não conseguia me conter. A raiva, a possessividade, o medo de perdê-la. Tudo isso era como uma corrente elétrica, pulsando e me consumindo.Eu sabia que ela não merecia isso, mas a ideia de perdê-la para alguém, ou até mesmo de Diego ter a atenção que ela não estava me dando, me deixava cego de raiva.O problema era que eu não entendia o que estava sentindo. O amor era um luxo que eu nunca havia permitido a mim mesmo. No nosso mundo, sentimentos eram uma fraqueza.Lealdade, respeito, poder, isso, sim, eram c
Percebi que Matteo estava seguro com o que falava. Provavelmente, recebeu as informações dos nossos hackers. Refleti por um momento sobre o que ele tinha me falado durante a madrugada sobre não machucar Helena.Olhei mais uma vez para minha esposa. Olhei ao redor, para a praia e para as pessoas que estavam sob minha responsabilidade. Mesmo meu irmão afirmando onde aquele desgraçado estava, eu não poderia arriscar a segurança deles em um local tão aberto.— Vou convidar todos para a piscina. Lá podemos garantir mais segurança e manter minha bambina e Helena longe de riscos. Além disso, quero usar essa oportunidade para tentar reparar o que fiz ontem. — Falei, tentando soar confiante.— Boa ideia. Além disso, podemos aproveitar hoje com nossa família e começar a planejar nossa estratégia para lidar com Dominik mais tarde. — Matteo respondeu, sorrindo. — Vamos pegar esse stronzo juntos, fratello, mas antes, faça as pazes com sua esposa.Assenti e voltamos para próximo de todos. Matteo ch
HELENA BORGESFiquei feliz que Victor tenha realmente percebido e admitido seu erro. Quando ele se aproximou para me oferecer a bebida, notei que ele estava se esforçando e procurando uma maneira para se desculpar.Não queria tornar as coisas mais difíceis para ele, então aceitei suas desculpas, mas isso não queria dizer que o medo de perder minha identidade e até minha liberdade tivesse desaparecido. Observei-o brincando com Clara e nem parecia o mesmo Victor de ontem.Depois de um tempo, observei Matteo caminhando em minha direção. Seu rosto sempre sorridente, com um toque de gentileza no olhar. Ele parou ao meu lado e olhou para a piscina, onde Victor brincava com a filha, uma imagem que não parecia muito normal, devido à tensão que ele sempre carregava consigo.— Ele está tentando, você sabe disso, certo? — Matteo disse, sem rodeios. — Pode até parecer um pouco estranho, mas acredite, ele está fazendo o melhor que pode.— Sei disso, mas não é fácil, Matteo. Depois do que aconteceu
Poderia questioná-lo se era de fato o que eu havia escutado, mas isso poderia causar algum outro tipo de mal-entendido, e eu não queria voltar a brigar com Victor. Dessa forma, apenas continuamos nosso banho.Se um dia ele estiver pronto para me falar novamente as palavras que imaginei escutar, ele o fará.Após o almoço, os rapazes se reuniram no escritório. Algo estava acontecendo. Victor não havia me dito nada, mas ele nunca falava quando o assunto era a máfia. Sentei na sala com Chiara, enquanto Clara estava com seu caderno de desenho deitada no chão, desenhando.— Você sabe informar se vamos partir ainda hoje? — Chiara perguntou.— Partir? Vamos para a Itália? — Ela me encarou como se uma segunda cabeça tivesse crescido em meu pescoço.— O Victo não comentou nada com você?— Não. O que está acontecendo?— Me perdoe, Helena, comentei imaginando que você estava sabendo. — Ela disse, parecendo constrangida.— Para onde vamos? Itália? — Perguntei e ela negou com a cabeça, o que eu não
VICTOR SALVATOREEssas horas que passei na enfermaria com Helena, enquanto escutava seu coração e o coração de nosso bambino baterem, me lembraram a chegada dela nessa ilha. Nem naquele dia me senti tão desesperado quanto hoje, quando escutei os gritos de Chiara e me deparei com Helena tendo aquela crise.Sabia que em algum momento meu mundo seria revelado para ela, mas estava com medo. Medo de que ela não aceitasse essa minha outra versão. Nesse mundo, eu era impiedoso, frio e calculista, totalmente diferente do Victor Salvatore que ela conhecia.Matteo me disse que nossos hackers conseguiram localizar Dominik Rossi. Também conseguiram a planta da casa onde ele morava com Yasmin Cassi, filha do capo que executei, e com sua mãe, Úrsula Rossi.Conseguiram invadir o celular dele e encontraram algumas mensagens da tal Yasmin ameaçando expor a traição dele, além de uma série de fotos estarrecedoras das garotas que ele estava traficando.Conseguimos infiltrar um dos nossos na casa deles, en