Um silêncio profundo se instalou na sala assim que nos encontremos sozinhos. A notícia ainda surtindo efeitos contraditórios por meus sentidos, fazendo com que o mundo ao meu redor parecesse vagamente distante. “Guhay está voltando.” _a frase dava voltas em minha cabeça, e também na cabeça de Helena e Steyce, provavelmente.
Eu quis tocar minha marca, ter certeza de que ela ainda estava li para comprovar essa afirmação, mas eu sabia que estava.
Talvez deixar que Steyce arrancasse meu pescoço fora não fosse uma ideia tão má. Não que ele já não tivesse pensado na possibilidade.
_Isso não está acontecendo... _lamentei em voz alta, antes que pudesse perceber.
_Eu sinto muito, Perséphone. A culpa é toda minha. _Helena disse
O céu estava mais escuro e esfumaçado que nunca. Desde que eu havia recebido a notícia de que estava definitivamente sozinha no mundo, não tivera muito tempo de parar por alguns instantes e se por a observar as cores opacas dele. Sobre tudo a noite.No entanto, eu estava ali agora.Parada na janela enorme de meu quarto, sentindo a brisa fina soprar meu rosto e se enroscar em meus cabelos, eu tentava separar em partes mais claras meus sentimentos atropelados, mas a recitativa eloquência de meus pensamentos era muito rápida para que pudesse apanhá-la ou mesmo compreender a mim mesma, me fazendo afundar num emaranhado de minhas próprias dúvidas e dilemas.Meu braço ainda doía pelo corte feito pela própria garra de uma Bestante, onde uma macha negra e dolorida havia se formado. Eu ficaria impressionada se fosse
Quando todos já havíamos tomado nossas respectivas posições, Lenúbia assentiu em concordância, abrindo os braços da mesma forma que Helena havia feito ao invocar a Fagulha Branca, e seus olhos brilharam num tom dourado ao tempo que suas mãos também. Empalideci, meu corpo perdendo alguns graus de calor e ficando subitamente frio ao mirar o céu. A lua estava vermelha. Talvez fosse isso que Jade havia querido dizer com Lua de Sangue._Lua Vermelha, a Lua de Sangue criada do tormento daqueles que vigiavam os portões do antigo Hades e foram infiéis a seu dono _ a voz de Lenúbia havia se elevado de uma forma estranha, quase hipnótica enquanto ela pronunciava as palavras. _Aqui estamos nós, necessitando do brilho da tua vingança para que abra a Passagem até a Catedral dos Bruxos Embaixa
Meus pés se solidificaram no chão, negando-se a moverem-se em qualquer direção que fosse, como se estivessem colados no piso cinza. Um zumbido atordoante encheu meus ouvidos ao tempo em que minha boca se abria em formato de O.Talvez eu devesse ter esperado isso. Talvez eu devesse ter desconfiado disso em algum lugar sombrio de minha mente, mas eu estivera tão confusa com meus próprios sentimentos a despeito de mim mesma, que falhara em enxergar o óbvio.O Líder Supremo da Ordem das Sombras, Líder do Pacto de Segredo, ex- marido de Guhay, não era ninguém menos que meu pai.Falhei em enxergar os cabelos vermelhos de Celina em algum ponto da cena, porque estava perdida demais em meus próprios argumentos para poder armar uma sentença clara o suficiente que me tirasse de meu estado de estupor. As
Halle me olhou surpreso, e algo em seus olhos se endureceu levemente._Não, Perséphone. O Fosso de Marga é um dos lugares mais perigosos que existem na face da Terra, é um lugar de morte. Não posso deixar que você vá até lá. Principalmente se minhas desconfianças estiveram corretas. É o lugar com mais incidências de Pactantes Negros também, os Renegados._Pai, _minha voz foi fraca e cansada, apesar de decisiva. _Tem que ser eu. Eu preciso. Deve haver algum motivo nisso tudo para eu ter o poder da magia antes mesmo de me Elevar, assim como deve haver um motivo de eu ter resistido a essa marca até agora._pensei, recorrendo ao meu último argumento _ “O que você quiser”, lembra?Halle suspirou, olhando ao redor._Por que você precisa semp
Eu havia sentido falta de Halle muito mais que imaginara. Não havia como saber o quanto quando descobri que ele estava vivo. Foi necessário que eu sentisse novamente aquela ponta de carinho que me perseguira por toda minha infância para provar novamente que nem tudo estava perdido, afinal de contas.Um dia antes, pensei que talvez realmente quisesse morrer. Mas agora meu pai estava ali, e não havia nada mais que me desse a certeza plena de que eu queria desesperadamente viver. Sendo eu, claro.Era exatamente por isso que eu tinha me ajudar. Tinha que procurar por qualquer coisa que me ajudasse a ter uma ideia de como acabar com aquela maldição.Mas era difícil pensar num covil de aranhas escondido em qualquer vão, por mínimo que fosse, dentro das paredes da Catedral. Cada fresta, veirada, roda pé era tão
Cinco horas da manhã.Os minutos se arrastavam cada vez mais enquanto o tic tac ritmado dos ponteiros do relógio da cabeceira de minha nova cama erodiam por minha cabeça, rodando em círculos, e me virando ao avesso numa tortura incessante.As articulações de meus dedos já estavam doloridas pelo maneirismo constante em que eu os estalava, uma mania perversa que eu tinha quando meu nervosismo excedia meus limites de hesitação. Até o que sobrara de minhas unhas já havia sido roído, e o chão claro forrado com o tapete cor de madeira já estava gasto de tanto ser pisoteado.Aquela altura, eu já devia ter quebrado todos os recordes mundiais de caminhada. A mais de meia hora daquela mesma forma, eu já devia ter percorrido muito mais de um quilômetro apenas no interior de meu quarto, vagando para lá e para
E tudo parecia extremamente louco quando ele me empurrou, logo em seguida me jogando sobre o que achei ser uma cama na penumbra da noite, e subindo para cima de mim com gula. Sua boca, um paraiso glorioso, quente, fervente, deliciosa, se movendo devagar sobre a minha, me torturando com sua lentidão. Eu soube que ele estava querendo saborear, e que não estava conseguindo se conter, me levando pelo mesmo caminho de descontrole.Meu medo se transformou em cordas vibrantes de calor subindo e descendo por minhas veias num colapso nervoso de tempo. Antes que pudesse perceber, meus dedos débeis lutavam com os botões laterais de seu colete. Suas mãos encontraram as minhas e sem mais, ele já estava sem camisa. As curvas de seus bíceps me desconcentraram mesmo na luz fraca e bruxuleante que vazava do corredor pelos vácuos da porta
Steyce puxou um lençol sobre mim, nada preocupado com sua nudez. Parecia ter pelna consicência de que só haviam coisas para se adimirar._Oh, Pelos Céus, eu sinto muito, eu não fazia ideia que... _elaainda estava pendida sobre a porta aberta, tão confusa quanto receosa pela cena que havia presenciado.Steyce ainda estava arfando, suor ainda escorrendo por seu pescoço bronzeado, e me surpreendi ao constar que ele apenas cruzou os braços atrás da nuca. O susto inicial havia passado, e ele não tinha nenhuma mácula de intimidação no rosto inacreditável._Pode terminar seu recado, Helena, _ele ordenou depois de pentear seu cabelo para trás, e tive a impressão que até Helena piscou sorumbática ao verificar o conteúdo a sua frente: cabelos desgrenhados pelo