Eu havia sentido falta de Halle muito mais que imaginara. Não havia como saber o quanto quando descobri que ele estava vivo. Foi necessário que eu sentisse novamente aquela ponta de carinho que me perseguira por toda minha infância para provar novamente que nem tudo estava perdido, afinal de contas.
Um dia antes, pensei que talvez realmente quisesse morrer. Mas agora meu pai estava ali, e não havia nada mais que me desse a certeza plena de que eu queria desesperadamente viver. Sendo eu, claro.
Era exatamente por isso que eu tinha me ajudar. Tinha que procurar por qualquer coisa que me ajudasse a ter uma ideia de como acabar com aquela maldição.
Mas era difícil pensar num covil de aranhas escondido em qualquer vão, por mínimo que fosse, dentro das paredes da Catedral. Cada fresta, veirada, roda pé era tão
Cinco horas da manhã.Os minutos se arrastavam cada vez mais enquanto o tic tac ritmado dos ponteiros do relógio da cabeceira de minha nova cama erodiam por minha cabeça, rodando em círculos, e me virando ao avesso numa tortura incessante.As articulações de meus dedos já estavam doloridas pelo maneirismo constante em que eu os estalava, uma mania perversa que eu tinha quando meu nervosismo excedia meus limites de hesitação. Até o que sobrara de minhas unhas já havia sido roído, e o chão claro forrado com o tapete cor de madeira já estava gasto de tanto ser pisoteado.Aquela altura, eu já devia ter quebrado todos os recordes mundiais de caminhada. A mais de meia hora daquela mesma forma, eu já devia ter percorrido muito mais de um quilômetro apenas no interior de meu quarto, vagando para lá e para
E tudo parecia extremamente louco quando ele me empurrou, logo em seguida me jogando sobre o que achei ser uma cama na penumbra da noite, e subindo para cima de mim com gula. Sua boca, um paraiso glorioso, quente, fervente, deliciosa, se movendo devagar sobre a minha, me torturando com sua lentidão. Eu soube que ele estava querendo saborear, e que não estava conseguindo se conter, me levando pelo mesmo caminho de descontrole.Meu medo se transformou em cordas vibrantes de calor subindo e descendo por minhas veias num colapso nervoso de tempo. Antes que pudesse perceber, meus dedos débeis lutavam com os botões laterais de seu colete. Suas mãos encontraram as minhas e sem mais, ele já estava sem camisa. As curvas de seus bíceps me desconcentraram mesmo na luz fraca e bruxuleante que vazava do corredor pelos vácuos da porta
Steyce puxou um lençol sobre mim, nada preocupado com sua nudez. Parecia ter pelna consicência de que só haviam coisas para se adimirar._Oh, Pelos Céus, eu sinto muito, eu não fazia ideia que... _elaainda estava pendida sobre a porta aberta, tão confusa quanto receosa pela cena que havia presenciado.Steyce ainda estava arfando, suor ainda escorrendo por seu pescoço bronzeado, e me surpreendi ao constar que ele apenas cruzou os braços atrás da nuca. O susto inicial havia passado, e ele não tinha nenhuma mácula de intimidação no rosto inacreditável._Pode terminar seu recado, Helena, _ele ordenou depois de pentear seu cabelo para trás, e tive a impressão que até Helena piscou sorumbática ao verificar o conteúdo a sua frente: cabelos desgrenhados pelo
Steyce estava encostado no batente da porta, a centímetros de mim, como se estivesse apenas me esperando sair. Os braços cruzados num aperto forte, mostrando os músculos brancos rígidos pelo esforço. Tanto seus olhos quanto sua expressão eram frias, irritadas. Alguns fios acinzentados estavam caídos sobre seus olhos de diamante, e tive que reprimir a vontade de afastá-los com os dedos._Que inferno de susto! _reclamei baixo tomando fôlego e levando as mãos ao peito num ato involuntário _Avise da próxima vez que estiver tão perto.Ele não disse nada. Os vincos de sua boca estavam tensos, e eu logo soube que aquele era um péssimo lugar para se estar agora. É claro. Ele não queria que eu estivesse ali. Não com Jade.As marcas arroxeadas novamente tomaram forma di
_Obrigada, realmente. Sabe, confesso que isto se torna esquisito, mas é bom saber que você confia em mim depois de tudo _Helena tagarelava enquanto apertava o espartilho traseiro do meu novo traje _ Eu estava me perguntando mesmo se você ia me escolher para ir junto com vocês.Infelizmente eu estava mais desperta que nunca para não conseguir deixar de prestar atenção a sua tagarelice. Eu já me perguntava se ela não havia tomado um tanto de Suco Tagarela achando que era limonada.A restrição de Halle para me deixar ir era que eu descansasse muito primeiro. Já estava amanhecendo quando eu me arrastara a contra gosto para meu quarto, me surpreendendo ao encontrar o presente de Celina em meu colchão. Era o traje que Helena estava apertando em meu corpo agora. Havia um bilhete em cima dele na ocasi&
A verdade é que minha cabeça girava numa eloquência assustadora de cinza e negro, me fazendo esquecer até mesmo de contemplar a paisagem aos arredores da Catedral. Steyce.Os últimos acontecimentos ainda estavam muito recentes em minha cabeça. Eu ainda não conseguia me acostumar a ideia de que tudo havia acontecido tão de pressa. Não conseguia acreditar que a apenas a cinco dias atrás, eu era a garota recém chegada ao Rio de Janeiro, que se achava uma odiada assassina mutante. E que queria encontrar sua mãe algum dia. Bem, talvez essa minha última ambição viesse a ser minha ruína, e eu já não a ambicionava mais.Eu era uma bruxa a apenas três dias. Era difícil assimilar tantas informações em um espaço tão curto de tem
Mitchel passou uma mão por seu Tridente, quem sabe para ter certeza de que ele ainda estava ali, e começou a descer o desfiladeiro, de mãos dadas com Helena._Agora muito cuidado, Crianças das Sombras. _ele explanou abertamente seus pensamentos _Não se pode confiar em terrenos ninfeus. Estejamos nós cobertos de magia proteção ou não.Alguns minutos depois, todos nós caminhávamos pela planície baixa que cercava o Bosque.Um cheiro peculiar de lavanda, flores silvestres e terra perfurava o ar até mim, enquanto meus saltos perfuravam os cogumelos coloridos a baixo de meus pés. Eu não tinha certeza se aquele tipo de calçado era a melhor opção em caminhadas pela floresta. Talvez eu devesse lembrar Celina de substituir os saltos por tênis da próxima ve
Emma deu um passo vacilante para trás, encarando a cada um de nós com um olhar equivocado._Acho melhor acompanhá-los até a saída mais próxima antes que resolvam assassinar todo o povo Ninfeu, Apanhadores de Encantados. _ela se virou num único impulso, seus cabelos escuros se movendo ao seu redor. _Venham comigo. E tomem cuidado com as Vinhas Traiçoeiras.Mesmo não fazendo a mínima ideia de que droga ela estava falando, acompanhei o grupo que se deslocou atrás dela, torcendo intimamente para que nenhum outro duende cruzasse nosso caminho._Eles não vão, _ela disse, como que respondendo meus pensamentos _Canã com certeza vai dar a notícia que temos visitantes incomuns e nervosos por aqui hoje, com os quais é melhor não topar.Franzi o cenho, levantando as sobr