Aguardou com o coração saltando no peito em batidas frenéticas. Não sentia sua pele desde que ela tentara lhe atentar contra a vida logo após lhe beijar — e não achava que essa era uma experiência relevante. Antes disso, foram cinco anos de afastamento.
Será que sua pele ainda tinha a mesma maciez? Será que seu cabelo tinha o mesmo cheiro?
Lívia abaixou o olhar para a mão de Henrique e refletiu por um breve momento, antes de estender a mão em sua direção, parecendo insegura, mas disposta a tentar confiar. Apertaram a mão um do outro, o anseio claro de conseguirem se resolver se exteriorizando através daquele toque, daquele gesto.
Henrique começou a passar o polegar nas costas da mão da mulher, um carinho doce e saudoso, satisfeito que pudesse fazer ao menos isso.
— Eu lhe contei sobre meu pai — disse. — Quand
— Isso é…Ela não completou a fala, mas seus pensamentos eram claros pela expressão de confusão que exibia em seu rosto e sobrou a Henrique apenas sorrir e concordar, compreendendo o dilema.— Informação demais? — Perguntou. Em resposta, Lívia suspirou. — Eu concordo. — Oferece a mão a ela, se levantando da mesa. Ela aceita e ele a guia para ficar de frente para o painel. Liga, deixando que vejam a imagem da Terra por cima. Estavam por sobre a costa. Lívia segura a respiração. — Foi difícil pra mim, também. Não conseguia entender. Eu tinha as provas nas minhas mãos e mesmo assim foi complicado.Lívia estava apertando a mão de Henrique com força, fosse por reflexo ou pelo deslumbre da imagem da Terra que admirava, Henrique não se importava e só queria curtir aquele momento.&m
Cinco anos fora de casa e Henrique ainda não tinha se acostumado com as espécies não-humanóides.Sua nave principal e a principal equipe era composta por humanóides, a maioria era de descendentes distantes de Hastraleonis e outros planetas da liga interplanetária. Eram de todos os tipos, de aparências como os terráqueos, em bege e tons de marrom, até laranjas, verdes, roxos, avermelhados, azuis…Nas outras naves da frota, não-humanóides eram mais comuns. Haviam vários com exoesqueleto, altos e esguios, peludos tipo ursos e várias outras espécies que ele não conseguia listar. Os mais comuns depois dos humanóides eram os gelatinosos e Henrique tivera vários ciclos de pesadelo depois que conheceu o primeiro deles.Até hoje, ele não sabia muito bem como se comportar na frente de um.Era a primeira vez que ele pisava na sal
A confraternização na sala de controle estava começando a ficar entediante e a maioria dos convidados já tinha se retirado quando Henrique achou educado se retirar para descansar.— Quer sair daqui? — Perguntou para Lívia, em seu ouvido.Ela tinha um sorriso simpático no rosto enquanto conversava com a filha mais nova de Durquato. Seu sorriso tremeu e Henrique observou-a se arrepiar com sua pergunta inocente. Agora, ao vê-la reagir, não tinha sobrado muita inocência para contar a história, não.— Adoraria — respondeu, de volta.Começaram, então, a se despedir dos participantes restantes e conseguiram sair pela porta lateral em um período tão curto que Henrique achou que era um recorde imperial.Lívia suspirou com alívio quando a porta da sala de controle se fechou atrás dela. Ainda estavam rodeados de g
Henrique não queria ter tempo de pensar e, embora sua mente estivesse em um turbilhão com a confraternização, com tudo o que tinha ouvido aquela noite e com a própria Lívia se apresentando como imperatriz, seu coração estava quase escapando de seu peito quando ele empurrou tudo aquilo para longe e só conseguiu ver os lábios avermelhados de Lívia à sua frente.Curvou-se sua boca na dela de forma gentil, ainda em dúvidas se era isso que ela queria. Sentiu quando ela murmurou em concordância ao seu gesto e suas mãos tocaram-lhe cada uma em um ombro, deslizando até se unirem em um abraço atrás de seu pescoço. O arrepio de seu abraço com a aproximação inevitável do corpo da mulher fez com que ele despertasse do transe que havia se posto ao sentir sua boca na dela. Suas mãos saíram da inércia e procurara
— O que foi? — Henrique acordou no susto, se sentando na cama com um puloLívia tinha suas mãos em seus ombros e a preocupação se desmanchou em um sorriso ao recordar-se de como haviam chegado ali. Ambos ainda estavam vestindo a roupa da noite anterior, tinham conversado por metade da madrugada até que Lívia adormeceu, cansada. Henrique ainda a admirou pelo que considerou ser horas antes do cansaço o derrubar e finalmente adormecer. Foi despertado aos saculejos por uma Lívia assustada que não estava sorrindo de volta para ele.Toc. Toc. Toc.O barulho chamou a atenção de Henrique para a porta e sentiu-se prendendo a respiração enquanto Lívia arregalava ainda mais os seus olhos, como se dissesse “E agora?”.— Senhorita, desculpe incomodar — Henrique reconheceu a voz de Marco através da porta e entreolhou-se com L&iacu
A vila estava vazia, mas Lívia olhava tudo com atenção. A maioria dos destroços tinha sido removida e quase não haviam mais casas — porém, não era um cenário de morte e dava para perceber que estavam aproveitando os recursos das moradias porque havia um rastro de rodas seguindo em direção ao centro de treinamento.— À princípio, todos com mais de 35 anos vão permanecer nos centros de treinamento. Os mais jovens estão construindo casas para morarem nos arredores dos CTs. — Henrique explicou, enquanto caminhavam como na noite anterior, os braços entrelaçados. — Ainda estamos estruturando como será, mas todas as famílias jovens estão construindo casas. Olhe — Henrique apontou a frente, onde já poderiam ver as construções.Quando adentraram no espaço descampado ao redor do CT — e
— Esse é diferente, Imperador — O oficial Jonaquia avisou.Quando foi avisado de que o próximo líder era diferente, embora tivesse estranhado o aviso, achou que se daria de uma espécie que ele não conhecia ainda. Pensou em disfarçar seu temor e sua curiosidade encarando alguns papéis na mesa e, ao levantar o olhar e perceber que seu novo acompanhante era um humanóide, não pode deixar de fazer uma careta confusa.— Imperador — o homem se curvou.Tinha a pele em tons de bege alaranjado e os olhos eram de um verde claro límpido. Os cabelos e os pelos do rosto eram loucos com leve encaracolado e era uma boa cabeça mais alta que ele. Henrique não fazia ideia de qual planeta vinha porque Jonaquia o tinha ajudado muito dizendo que era “diferente”.— Bem vindo — Henrique arriscou dizer. — Posso saber qual seu anseio ao Imp&eacu
Henrique não sabia dizer se havia dormido, então não era adequado dizer que tinha acordado. Ele despertou com o cheiro doce de floresta do cabelo de Lívia e com o carinho manhoso que ela decidiu fazer em seu peito ao se ajeitar mais apertado em seu abraço. Henrique sorriu e grudou-se ainda mais no corpo dela com um grunhido de felicidade incontida.Lívia riu, ainda sonolenta. Tinha se desacostumado a sorrir e rir e relaxar, mas tinha algo em Ric que fazia tudo ser mais fácil e ela não estava arrependida de ter se deixado entregar a ele mais uma vez. Sempre soube que seria ele. As circunstâncias não estavam sendo amenas, mas iriam dar um jeito no caminho, ela sabia.— Boa manhã — ele disse.Lívia abriu seus lindos olhos verdes para encará-lo com um sorriso doce em seus lábios. Com um suspiro, ela levou a mão ao rosto de Henrique, acariciando sua boc