Cinco anos fora de casa e Henrique ainda não tinha se acostumado com as espécies não-humanóides.
Sua nave principal e a principal equipe era composta por humanóides, a maioria era de descendentes distantes de Hastraleonis e outros planetas da liga interplanetária. Eram de todos os tipos, de aparências como os terráqueos, em bege e tons de marrom, até laranjas, verdes, roxos, avermelhados, azuis…
Nas outras naves da frota, não-humanóides eram mais comuns. Haviam vários com exoesqueleto, altos e esguios, peludos tipo ursos e várias outras espécies que ele não conseguia listar. Os mais comuns depois dos humanóides eram os gelatinosos e Henrique tivera vários ciclos de pesadelo depois que conheceu o primeiro deles.
Até hoje, ele não sabia muito bem como se comportar na frente de um.
Era a primeira vez que ele pisava na sal
A confraternização na sala de controle estava começando a ficar entediante e a maioria dos convidados já tinha se retirado quando Henrique achou educado se retirar para descansar.— Quer sair daqui? — Perguntou para Lívia, em seu ouvido.Ela tinha um sorriso simpático no rosto enquanto conversava com a filha mais nova de Durquato. Seu sorriso tremeu e Henrique observou-a se arrepiar com sua pergunta inocente. Agora, ao vê-la reagir, não tinha sobrado muita inocência para contar a história, não.— Adoraria — respondeu, de volta.Começaram, então, a se despedir dos participantes restantes e conseguiram sair pela porta lateral em um período tão curto que Henrique achou que era um recorde imperial.Lívia suspirou com alívio quando a porta da sala de controle se fechou atrás dela. Ainda estavam rodeados de g
Henrique não queria ter tempo de pensar e, embora sua mente estivesse em um turbilhão com a confraternização, com tudo o que tinha ouvido aquela noite e com a própria Lívia se apresentando como imperatriz, seu coração estava quase escapando de seu peito quando ele empurrou tudo aquilo para longe e só conseguiu ver os lábios avermelhados de Lívia à sua frente.Curvou-se sua boca na dela de forma gentil, ainda em dúvidas se era isso que ela queria. Sentiu quando ela murmurou em concordância ao seu gesto e suas mãos tocaram-lhe cada uma em um ombro, deslizando até se unirem em um abraço atrás de seu pescoço. O arrepio de seu abraço com a aproximação inevitável do corpo da mulher fez com que ele despertasse do transe que havia se posto ao sentir sua boca na dela. Suas mãos saíram da inércia e procurara
— O que foi? — Henrique acordou no susto, se sentando na cama com um puloLívia tinha suas mãos em seus ombros e a preocupação se desmanchou em um sorriso ao recordar-se de como haviam chegado ali. Ambos ainda estavam vestindo a roupa da noite anterior, tinham conversado por metade da madrugada até que Lívia adormeceu, cansada. Henrique ainda a admirou pelo que considerou ser horas antes do cansaço o derrubar e finalmente adormecer. Foi despertado aos saculejos por uma Lívia assustada que não estava sorrindo de volta para ele.Toc. Toc. Toc.O barulho chamou a atenção de Henrique para a porta e sentiu-se prendendo a respiração enquanto Lívia arregalava ainda mais os seus olhos, como se dissesse “E agora?”.— Senhorita, desculpe incomodar — Henrique reconheceu a voz de Marco através da porta e entreolhou-se com L&iacu
A vila estava vazia, mas Lívia olhava tudo com atenção. A maioria dos destroços tinha sido removida e quase não haviam mais casas — porém, não era um cenário de morte e dava para perceber que estavam aproveitando os recursos das moradias porque havia um rastro de rodas seguindo em direção ao centro de treinamento.— À princípio, todos com mais de 35 anos vão permanecer nos centros de treinamento. Os mais jovens estão construindo casas para morarem nos arredores dos CTs. — Henrique explicou, enquanto caminhavam como na noite anterior, os braços entrelaçados. — Ainda estamos estruturando como será, mas todas as famílias jovens estão construindo casas. Olhe — Henrique apontou a frente, onde já poderiam ver as construções.Quando adentraram no espaço descampado ao redor do CT — e
— Esse é diferente, Imperador — O oficial Jonaquia avisou.Quando foi avisado de que o próximo líder era diferente, embora tivesse estranhado o aviso, achou que se daria de uma espécie que ele não conhecia ainda. Pensou em disfarçar seu temor e sua curiosidade encarando alguns papéis na mesa e, ao levantar o olhar e perceber que seu novo acompanhante era um humanóide, não pode deixar de fazer uma careta confusa.— Imperador — o homem se curvou.Tinha a pele em tons de bege alaranjado e os olhos eram de um verde claro límpido. Os cabelos e os pelos do rosto eram loucos com leve encaracolado e era uma boa cabeça mais alta que ele. Henrique não fazia ideia de qual planeta vinha porque Jonaquia o tinha ajudado muito dizendo que era “diferente”.— Bem vindo — Henrique arriscou dizer. — Posso saber qual seu anseio ao Imp&eacu
Henrique não sabia dizer se havia dormido, então não era adequado dizer que tinha acordado. Ele despertou com o cheiro doce de floresta do cabelo de Lívia e com o carinho manhoso que ela decidiu fazer em seu peito ao se ajeitar mais apertado em seu abraço. Henrique sorriu e grudou-se ainda mais no corpo dela com um grunhido de felicidade incontida.Lívia riu, ainda sonolenta. Tinha se desacostumado a sorrir e rir e relaxar, mas tinha algo em Ric que fazia tudo ser mais fácil e ela não estava arrependida de ter se deixado entregar a ele mais uma vez. Sempre soube que seria ele. As circunstâncias não estavam sendo amenas, mas iriam dar um jeito no caminho, ela sabia.— Boa manhã — ele disse.Lívia abriu seus lindos olhos verdes para encará-lo com um sorriso doce em seus lábios. Com um suspiro, ela levou a mão ao rosto de Henrique, acariciando sua boc
Lívia estava demorando, em sua opinião, mas Henrique continuava a aguardar pacientemente, tamborilando os dedos na mesa de seu escritório. Agora, havia uma caixinha velha de madeira enfeitando uma das estantes, uma das vizinhas de sua mãe havia pedido que lhe entregassem — era uma pequena coleção de pedras coloridas que sua mãe mantinha em sua cabeceira. Também tinham miniaturas do planeta Reflexivo e da Terra, planetas resgatados em seu império. Durquato disse, antes de partir, que era uma coisa boa para se colecionar e em menos de 10 anos teriam tantas miniaturas que suas estantes não comportariam — teria que arrumar um quarto só para suas miniaturas.A ideia parecia um sopro fresco em seu coração apertado.Parou de tamborilar os dedos quando ouviu uma batida fraca em sua porta e a maçaneta girar antes que ele pudesse autorizar a entrada. Marco não com
O silêncio durou um pouco mais enquanto Lívia chorava de costas para Henrique e ele respeitava o seu momento a uma distância agradável. Já tinham passado silêncios maiores — chegava um momento do relacionamento em que os silêncios diziam mais que as palavras e, apesar da frágil segurança que eles mantinham entre eles, Henrique soube que aquele era um dos momentos em que permanecer em silêncio era a melhor opção.Lívia deu alguns passos em círculo no escritório antes de encarar Henrique com seus olhos verdes límpidos pelas lágrimas que estava derramando.— Se fosse eu — disse, com a voz falhada. Limpou a garganta e continuou. — Se fosse eu, você teria me prendido?Henrique tinha se feito essa pergunta várias vezes. O que teria feito se Lívia tivesse chegado a saber do que acontecia na Terra e tomado uma deci