O restante do dia foi mais leve. O fato de Lúcio conversar comigo normalmente, o fato de não existir aquele clima estranho sobre a gente. Claro que eu não esqueci aquele beijo, mas ele teria que ficar guardado no lugar mais distante da minha mente, como uma lembrança preciosa de algo que eu nunca poderia ter, pois Lúcio fora bem sincero quanto a não poder fazer nada em questão. Também reconhecia que aquilo jamais seria possível. Lúcio era o homem que com certeza eu nunca poderia ter. Não podia negar que ficava um pouco desconfortável, ou triste talvez, quando o via passar por mim.Seria um pouco complicado entender os fatos, mas não demonstraria a ele. Ele não precisava saber sobre isso.Uma semana depois, Caleb parecia completamente elétrico por saber que teríamos um passeio descente. Aproveitando um feriado completamente inesperado e que nem mesmo sabia do que se tratava. Tinha que cumprir com minha palavra já que ofereci um passeio entre nós dois. Meu filho era uma criança incrív
— Você desculpa a mamãe filho?— Pedi tentando me redimir.— A mamãe é péssima com isso.—Vi que ele não parecia tão animado.— Você pode ir de novo, eu posso gravar agora, ou também pode escolher outro.Caleb animou-se com a ideia e alguns segundos depois lá estava ele soltando gritos de felicidade a cada curva que ele conseguia fazer com o carrinho. Vi que outro carro batia nele o que dificultava nas manobras e voltas. Caleb olhou para mim enquanto gravava e sem que eu esperasse ele jogou o carrinho sobre o outro o deixando preso entre um canto da área. Fiquei perplexa. Quando tudo acabou Caleb correu a minha direção e antes que eu conseguisse entender o que era aquilo um Lúcio completamente despojado e coberto de colar colorido no pescoço se juntou a nós.— O que está fazendo aqui?— Foi tudo que perguntei. Senti o celular ser puxado de minha mão, mas também acabei não dando atenção pois sabia que era Caleb animado pelo seu famoso filme de velozes e furiosos.— Também tenho filho, olha
— Está tudo bem, porque é tão preocupado assim? — Perguntei ao sair do transe em que estava, vendo ele negar com a cabeça e dizer um "Faz parte de mim". Seus olhos se mantiveram sobre os meus por alguns segundos.As crianças gritaram de alegria ao sair do brinquedo, ambos passaram a contar a adrenalina de estarem lá dentro. Anne dizia que Caleb teve medo no começo, já Caleb contara que ela era a única que estava com medo.— Eu não estava com medo, Caleb foi você que disse que estava. — Caleb assumiu soltando um sorriso envergonhado.— Pai! —Anne segurou as mãos do pai puxando sua atenção para ela. — Eu quero ir naquele. — Anne gesticulou a um brinquedo que era para adultos.— Não é perigoso Lúcio? —Perguntei ao segurar a mão de Caleb e acompanhar os dois que caminhavam entre a multidão de pessoas.— Filha, a Samira tem razão, é para adultos. — Marie pareceu se ofender com a frase.— Pai todos os brinquedos são seguros, olha só pra ele, tem proteção na frente como cinto, não tem como c
Caleb não soltava o seu urso minion para nada. Sorri ao encara-lo deitado sobre o sofá completamente apagado e agarrado ao seu urso. Suspirei ao me aproximar e acariciar seus cabelos caramelo que escorriam sobre seu rosto. Ah, eu o amava!Era a coisa mais absurda que eu já senti na vida. O amor de um filho é algo mágico. Acariciei sua bochecha ao depositar um beijo por sua testa. Tentei de forma inútil retirar o urso amarelado com fingidos óculos fundo de garrafa. Caleb não o soltou em nenhum segundo mesmo que estivesse dormindo.Ele esteve animado!Quando o Lúcio acertou o alvo no parque possibilitando que Caleb escolhesse o urso, Caleb esteve tão empolgado que por algum segundo achei que teria um ataque.— Filho, respira.— Comentei observando ele correr sem parar com o urso enorme nos braços. Lúcio gargalhava da situação.— Pelo visto ele ama mesmo esse urso.— Lúcio comentou ao segurar Anne no colo.Tinha algo que brilhava no Lúcio, o fato de ele amar a filha daquela forma, a ponto
— Caleb? Você não tem culpa por isso, nem você nem eu, nós dois não temos culpa disso. Não quero que fique pensando nisso. Você não precisa de um pai, você tem a mim, eu posso ser tudo que você precisa.— Caleb aparentemente estava um pouco menos triste.— Eu amo muito você, eu te amo de mais. Eu sempre farei o possível por você, quer você tenha ou não uma figura paterna.Pausamos nosso dialogo com a imagem de um Lawrence despojado de cabelos mal amarrados surgir na nossa sala nos dando um alto e animado "Bom Dia" e logo em seguida correndo direção a cozinha, ou melhor a mesa. Lawrence passou a se alimentar como se eu e Caleb não estivéssemos ali.— Nossa as coisa estão muito boas, já corre para a cozinha.—Comentei vendo Caleb sorrir de Lawrence que respondia com a boca cheia.— Você não tem noção do quanto suas comidas são boas.— Eu o encarei fazendo careta ao vê-lo falar com comida na boca.— Engole, depois fala.Ele balançou a cabeça negando enquanto permanecia na grande guerra que t
Reconfortei meu corpo sobre a bancada de Lawrence passando a folhear alguns papéis que estavam por sua mesa que era coberta por vários outros dele. Uma lista detalhada de supostas confirmações e suposições sobre questões que eram investigadas por ele e sua equipe. Raylla gargalhou do outro lado da sala que era parcialmente dividida por uma parede de vidro.Kim retribuiu o sorriso animado enquanto pareciam estar submersos em jogos virtuais de investigações. Eles eram um casal completamente competitivo, saudável cem por cento pelo visto. Voltei a atenção aos papéis. Enquanto folheava brevemente encontrei o processo referente a morte de dona Cecília. De forma rápida me sentei sobre a poltrona macia e giratória de Lawrence passando a observar cada detalhe minucioso.Enquanto folheava devagar observei fotos do que pareciam imagens das câmeras de segurança da casa da falecida Cecília. Foquei completamente no caso, analisei detalhadamente tanto as anotações extras e muito bem elaboradas de
Jeremy parecia convencido do que achava e talvez fosse difícil aceitar que estava errado. Embora seu raciocínio abrisse portas para suposições e ideias, pra mim, também era vago.— Certo, então me conte, o que ele ganhou com isso? — Soltei o processo sobre a mesa passando analisar sua expressão um tanto duvidosa. Mas ele era aquele tipo de homem que não mudaria de ideia facilmente, alguém difícil de convencer. Ou pior, o famoso cego que não quer vê. — Ele perdeu a mãe, e qualquer que fosse herança que ele tinha o direito, me informe então, acha que o motivo que o levou a assassinar sua mãe foi raiva? Não! também me explique o porque do assassino querer ser descoberto? já que ele é o único que parece completamente desesperado por uma resposta.Era completamente vago imaginar que Lúcio era responsável por aquilo. Talvez fosse uma oportunidade sim de vingança por raiva, mas estamos acusando Lúcio, embora fosse pouco tempo, eu sabia que Lúcio não era capaz de algo horrendo como aquilo.—
Quando o elevador se abriu a jovem mulher granfina e extravagante nas roupas pisou propositalmente nos meus pés. Eu mantive a calma fingindo que nada aconteceu, enquanto via ela sumir pelo corredor grudada nos braços do velho que já estava quase batendo as botas. Que horror!Depois de inspirar profundamente mantendo o leão que guardava dentro de mim. Segui a recepção do setor que era o sexto andar, conforme indicada no balcão de entrada da empresa. A moça esnobe que me encarava de olho torto me indicou uma sala de espera que ficava no fim do corredor. Ela nem mesmo no meu rosto olhou, parecia mais preocupada com a roupa sem ser de marca que eu estava vestida.Achei muito estranho, mais ainda porque acho que ela me empurrou para aquela sala porque não queria me dar a atenção que queria. Mas como não tinha nem conhecidos nem entendia como funcionava ali, fui em direção a sala que estava com a porta aberta, mas quando adentrei achei o ambiente muito estranho, pois não parecia ser uma sala