Capítulo 7

REI WILLIAN: 

Estou com os dentes cerrados e as mãos grudadas no punho, irado. Não consigo entender como foi que meu plano deu tão errado.

— Explique bem para mim, general... como isso aconteceu? 

O general respira fundo, é visível o pânico e arrependimento em suas expressões. 

— Vossa majestade conhecia o príncipe Trento... ele era difícil... — ouvi-lo dizer sobre o meu filho no passado, me destrói por dentro, mas não deixo transparecer, infelizmente entramos em guerra contra Kahabe. — Ele desceu do navio com Filipe e foram resgatar os soldados sozinhos...

Levanto-me da cadeira chocado com tamanha incompetência de Haian.

— ESTÁ EXPLICADO, GENERAL! A CULPA É SUA! VOCÊ SABIA O QUE TINHA DE FAZER E SIMPLESMENTE O DEIXOU IR SOZINHO? — Questiono alterado, com lágrimas tristes escorrendo pelo meu rosto. 

— Ma-majestade, ele não me ouvia! — exclamou apavorado. 

— Ou talvez você quisesse que ele morresse, não é isso? você eatá preso, general! Desobedeceu uma ordem direta de seu rei! GUARDAS! — dois guardas que estavam de guarda do lado de fora do meu gabinete entram — Levem-no para as masmorras! —  encari-o, ele me devolve um olhar de compreensão. 

Depois do episódio perturbador no gabinete eu vim até os soldados que estavam reunidos do lado de fora do castelo aguardando minha conversa com o general:

— KAHABE DECLAROU GUERRA! ELES TIRARAM O HERDEIRO DE MARLENOUT DE NÓS, E TIRAREMOS TUDO DELES! — Grito com ódio e decisão. 

— Éh! Éh! Éh! — esbravejam de volta com a mesma fúria que eu. 

Meu teimoso amado filho... como isso foi acontecer? Garth me traiu... Garth não sabe o que arrumou para a cabeça! Antes que eu morra irei fazer minha última tarefa nesta terra... vingar o príncipe herdeiro de Marlenout!

QUARENTA DIAS ANTES... 

TRENTO: 

— Não deveríamos fazer isso, Trento! — Filipe choraminga atrás de mim. 

Estamos sondando nosso navio, Haian está no local combinado... nas costas das ruínas abandonadas. 

— Vá, soldado! — Digo para um dos cinco soldados que Filipe e eu resgatamos com a ajuda de kahabeanos companheiros meus... não foi difícil como eu pensei. 

Filipe e eu sempre navegamos até Kahabe para nos divertir, o povo kahabeanos sabe muito mais da vida do que os marlenoutenos. Eu e Filipe participamos de um grupo de lutas aqui em Lusem, um grupo secreto e que vez ou outra faz serviços em benefício de cada integrante, como eu ainda nunca havia precisado de nada eu os contatei para ajudar-me a resgatar meus soldados e o mensageiro. Estavam todos em prisões de luxos e sendo bem tratados... estranho, muito estranho, entretanto eu não estou familiarizado com essas situações. 

— M-mas, alteza... não virá conosco? — O soldado questionou, confuso. 

— Soldado, como é o seu nome? — pergunto segurando em seus dois ombros. 

— Matias, senhor — Respondeu olhando-me nos olhos.

— Bom, soldado Matias, infelizmente, o príncipe Trento e seu amigo Filipe morreram em combate heroicamente ao resgatar seus fiéis soldados... entenderam? — questiono, fitando um por um dos soldados presentes. 

— Sim — todos assentiram nervosos e confusos. 

— E não pense em me desmentir! se eu souber que alguém desconfia de que estou vivo eu irei procurar vocês seis! — ameacei empurrando o barco deles para a água.

Eu e Filipe ficamos rindo abanando as mãos em despedidas para os soldados que nos devolviam a despedida nervosos e aflitos. 

— Eu acho que não deveríamos fazer isso! — Filipe repete atrás de mim. 

— Eu lhe dei a escolha de decidir se ficaria comigo ou se iria com eles! — lembrei-o. 

— Eu estarei com você para o que der e vier, você sabe... — respondeu e se afastou em direção ao cavalo. 

Isso é necessário, infelizmente. Meu pai precisa entender que tudo tem consequências e eu não sou uma peça de xadrez que ele pode mover conforme a sua próxima jogada. 

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