"O vosso rei Willian Trento Roius III convoca todas as donzelas de boa saúde, livres e graduadas entre o décimo oitavo e vigésimo quinto aniversário para uma reunião de grandíssima importância no salão principal de sua cidade, a qual não poderá faltar ao menos uma.
*Todas as donzelas deverão vestir trajes de festa.
*Todas as donzelas deverão estar com as mãos limpas e bem cuidadas.
*Todas as donzelas deverão apresentar algo de suas virtudes.
Sendo assim no quarto dia do nono mês, logo que o sol nascer.
LEMBRETE: A família que possuir uma donzela dentro dos requisitos e não a m****r, será julgada como traidora do trono.
P.M. George Julius. "
LUARA:
Estamos eu e meus pais em nosso café da tarde no nosso jardim, Hadassa está em pé um pouco afastada da mesa em que estamos. Estamos conversando sobre um comunicado que foi espalhado por Marlenout inteiro, sobre o rei convocando as moças para algo importante.
— Estou lhes dizendo, eu sei do que se trata — meu pai fitou-me intensamente enquanto mamãe e eu ouvíamos com muito interesse.
— Então diga, querido! Diga! — Mamãe insisti empolgada.
Confesso que eu também estou me corroendo de curiosidade.
— Há rumores, de que o rei, pretende escolher, a futura rainha, de Marlenout, a esposa do príncipe — explicou
pausadamente, como se fosse algo que eu devessr entender muito bem.
— Isso é... Isso é impossível! — Mamãe praticamente grita, assustada. — O rei não pode simplesmente escolher entre todas as donzelas, apenas entre as mais adaptadas para algo assim, somente entre as donzelas como a Luara! -mamãe me olha com olhos enormes.
— NÃO! Não e não! eu nunca me casaria com o príncipe! — afirmo levantando-me da mesa.
Eu não me vejo gostando dele, não aconteceria, ele é bonito e tudo, mas não sinto atração alguma!
— Não é como se você tivesse escolha, não é minha filha? Se o rei escolher você, será você e pronto! E eu tenho certeza de que ele escolherá você! — mamãe olha de soslaio para Hadassa que está feito uma estátua próxima à mesa, — Hadassa, este assunto é confidencial! Se eu souber que você espalhou para alguém, vai pagar caro por isso, entendeu? — Hadassa abaixa a cabeça consentindo — e não é como se isso fosse assunto para você! Seria impossível se quer ser selecionada para ser candidata, já que sua virtude é lavar os pratos! — mamãe acha graça e começa a rir de seu infeliz comentário, sendo seguida por meu pai.
Já falei que os dois parecem sádicos? É, às vezes tenho medo de me tornar igual à eles. Vê-los agir assim me causa arrepios e náuseas.
— Caso eu seja a rainha, a primeira coisa que farei será tirar Hadassa daqui! — desabafo e começo a me afastar da mesa.
Seria a única vantagem, caso eu fosse a escolhida.
— Luara! — meu pai brada antes que eu pudesse me afastar muito, cancelo os meus passos — você ainda não é a rainha, então trate de voltar aqui e pedir licença para se retirar! — concluiu.
Totalmente contrariada, faço meia volta.
— Com licença, preciso descansar, tenho permissão para me retirar? — pergunto graciosamente como se não tivesse acontecido nada perturbador, fui ensinada assim.
— Ótimo, não lhe dou permissão para se retirar, você vai agora mesmo começar suas lições de como conquistar o rei e a rainha — se vira para Hadassa com um olhar mortal, — retire-se daqui, não é algo que precise aprender.
Observo atônita Hadassa fazer um gesto submisso e se afastar, obedecendo prontamente o meu pai.
Não sou tão diferente de Hadassa, afinal, ela não tem direito à escolhas e eu também não tenho esse direito.
(...)
Finalmente meus pais saíram do meu pé, eles foram a um banquete na casa de uns amigos da família.
Aproveito o momento de liberdade para ir conversar com a Hadassa, ela é maravilhosa, e deve estar magoada pela forma que foi tratada hoje, sei que ela deve estar acostumada, mas não deixa de ser uma coisa ruim.
— Ei... — encontro-a fazendo um dos apetitosos bolos que só ela sabe fazer.
Ela se vira para mim toda sorridente e linda, como sempre. Acho que em outra vida era para eu ser cavalheiro, não é normal eu achar a Hadassa tão linda assim.
— Não se preocupe comigo, Luara, eles estão certos, eu não tenho chances e, ainda bem, né... ainda bem! só sinto muito por você, é quase certeza de que será a escolhida, com este seu carisma é óbvio que a rainha vai te querer como nora — sorriu-me docemente, me lembrando do que meus pais fizeram para ela.
Puxei-a para um abraço, ela é uma das melhores coisas que aconteceu em minha vida.
— Se você fosse a rainha, talvez endireitaria o príncipe... — sorrio.
— Vira essa boca pra lá! eu não estou afim de endireitar ninguém, deixo para você — sorri.
REI WILLIAN:
— Como está correndo o processo, George? Já temos quantas qualificadas?
— Bom, o comunicado foi posto e no dia quatro do nono mês iremos selecionar as candidatas dentro dos seus requisitos, majestade, teremos homens em cada cidade para selecioná-las — respondeu-me orgulhoso.
Estou ansioso por continuar com meus planos em relação ao meu filho e ao meu reino.
QUARENTA DIAS DEPOIS...
(OITAVO MÊS).
NO PORTO DE HASGUEIT, UMA MULTIDÃO AGUARDAVA ANCIOSAMENTE PELO NAVIO QUE SE APROXIMAVA, E, SOBRE UMA ÁREA PROTEGIDA, ESTAVAM O CASAL REAL E SEUS ACOMPANHANTES, TODOS ANCIOSOS PARA O RESTORNO HERÓICO DOS TRIPULANTES.
REI WILLIAN:
— Estou ansioso por Trento, e orgulhoso também, acredito que aprendeu grandes lições — abraço minha rainha.
— Estou morrendo de saudades do meu menino! — Hadassa abraça à si mesma, deixando claro a sua solidão e aflição por conta do filho.
Beijo-lhe a testa.
Ouvem-se o som dos instrumentos que os músicos tocam quando os soldados começam a descer do navio, estranho o fato de Trento não ter sido o primeiro, vaidoso como é, seria o esperado, pelo visto as lições tiveram efeito.
Desce um por um, e o povo grita em êxtase, mas, algo não está certo... os soldados não parecem felizes.
Os soldados sempre voltam felizes...
A menos que algo tenha dado errado...
— ABRAM CAMINHO PARA O REI! — meu guardião pessoal grita no meio da multidão para eu, Hadassa e George podermos passar.
Apresso-me em direção do general Haian que acabou de apontar na borda do navio carregado de um semblante mortalmente infeliz.
Noto a estranheza de Hadassa e me preocupo com o ar pesado que estou respirando.
— Ocorreu como planejado? Deu tudo certo? — perguntei sem rodeios, Haian se desconcerta — onde está o Trento? — apresso-me em perguntar.
— E Filipe? — George questiona atrás de mim.
— Eles... Eles morreram, majestade — Haian cai de joelhos em minha frente, tudo em minha cabeça começa a girar.
Hadassa leva as mãos até o rosto e chora gritando alto, a multidão começa um alvoroço entre gritos, lamentos e discussões.
— NÃO É HORA PARA BRINCADEIRAS, HAIAN! ONDE ESTÁ O MEU FILHO? — meu tom de voz sai extremamente alto em seu ouvido para que ele pare de brincadeiras de uma vez por todas.
— OS SOLDADOS! ONDE ESTÃO OS SOLDADOS TESTEMUNHAS? - Haian se levantou perguntando para seus homens que estavam todos amontoados e desanimados em um canto.
Imediatamente cinco soldados se apresentam.
— Vejo que os soldados foram resgatados... — reconheço um dos soldados que mandei para escoltar o mensageiro, — e o mensageiro?
— O MENSAGEIRO! — Haian grita e no mesmo momento o mensageiro se aproxima.
Hadassa está olhando com olhos arregalados para mim e para Haian... Como se estivesse esperando Haian chamar por Trento.
— Ótimo... AGORA ONDE ESTÁ O MEU Filho? — pergunto já sem muita paciência, Haian vai se arrepender de fazer esta brincadeira de mau gosto.
— Soldado, conte ao rei o que contou para mim! — Haian segura nos braços de um dos cinco soldados e ele dá um passo em minha direção.
— M-majestade... — cai de joelhos perante mim — o príncipe Trento morreu em combate heroicamente para salvar nossas vidas... — levantou os olhos até George, — Sir Filipe também morreu em combate, senhor primeiro ministro.
— NÃO! NÃO! — George entra em desespero e minha Hadassa caiu inconsciente, segurei-a em meus braços.
A multidão chora. E eu? Eu fico completamente desacreditado... tudo foi planejado de forma que não haveria como Trento correr qualquer perigo real.
— Meu filho... — sussurro com lágrimas banhando o meu rosto.
— Lamento, majestade... — Haian tenta me alcançar com os braços, mas o afasto.
Neste momento a única coisa que consigo fazer é me sentar no chão de madeira com a rainha em meu colo e me desmanchar em prantos.
— MEU FILHOOOOOOO! — Lamento tão alto que Marlenout inteiro deve ter ouvido, contudo não me importo, meu coração está sufocado demais para me importar, o meu chão foi arrancado de mim.
REI WILLIAN:Estou com os dentes cerrados e as mãos grudadas no punho, irado. Não consigo entender como foi que meu plano deu tão errado.— Explique bem para mim, general... como isso aconteceu?O general respira fundo, é visível o pânico e arrependimento em suas expressões.— Vossa majestade conhecia o príncipe Trento... ele era difícil... — ouvi-lo dizer sobre o meu filho no passado, me destrói por dentro, mas não deixo transparecer, infelizmente entramos em guerra contra Kahabe. — Ele desceu do navio com Filipe e foram resgatar os soldados sozinhos...Levanto-me da cadeira chocado com tamanha incompetência de Haian.— ESTÁ EXPLICADO, GENERAL! A CULPA É SUA! VOCÊ SABIA O QUE TINHA DE FAZER E SIMPLESMENTE O DEIXOU IR SOZINHO? — Questiono alterado, com lágrimas tristes escorrendo pelo meu rosto.— Ma-majestade, ele não me ouvia! — exclamou ap
DIAS ATUAIS... REI WILLIAN: — Por que tinha de ser tão teimoso, meu filho? — estou lamentando sob a pintura do meu filho, em minhas mãos.Na pintura ele está sorrindo... um sorriso natural de livre e espontânea vontade, não um sorriso debochado o qual ele sorria na maioria do tempo. Ele está correndo em Rajão pelos jardins do castelo. Esta pintura foi tirada pelo pintor Juan Carlos, o melhor pintor de Marlenout, o melhor por que ele tem memória fotográfica e suas pinturas podem ser facilmente confundidas com uma imagem real. E agora Trento limitou-se à lembranças nem tão boas, não nos comunicávamos com muita frequência, fui muito duro com ele.Deposito o quadro de Trento em seu lugar e me encaminho até os aposentos da minha rainha, ela está desolada e não quer falar comigo, já se passaram dois dias desde que recebemos a notícia de que nosso amado filho morreu e ela ainda não
TRENTO: — Não quero nem estar presente! partirei para Óvlis hoje ainda! — Filipe comenta visivelmente amedrontado quando já estamos quase chagando nas areias de Marlenout.Alguns dias depois que o navio de Marlenout zarpou levando a notícia de nossa morte, nós zarpamos no navio do nosso grupo secreto, o navio Negro, que nos deixou com uma bússola em um barco há algumas horas das margens de Marlenout.Eu me arrependi! não vou negar que me pareceu muito atraente a ideia de ver meu pai se culpando pela minha morte, contudo... e a minha mãe? E todo o povo de Marlenout? o que pensariam de mim quando soubessem que tudo não passou de mais uma brincadeira do príncipe Trento? e o mais preocupante de todos... e se meu pai atacar Kahab
TRENTO:Ela está me encarando com olhos apreensivos, é perturbador o quanto está nervosa.— Por que não me entrega isso? — com um golpe habilidoso eu retiro a espada de suas mãos e ela rapidamente tenta correr, eu a seguro pelos cabelos fazendo-a parar de imediato.Oh, belos cabelos.— Solte-me! — tenta escapar,debatendo-se — seu fedido! Solte-me!Ela está claramente me insultando e dentro de seus olhos eu posso ver faíscas de raiva, quem essa insolente pensa que é para sentir raiva de mim? Seguro seus braços e prenso-a novamente contra a pedra, a moça me olha com um olhar de desafio, porém é notável o leve desespero.— Eu tenho que te agradecer por ter cabelos tão compridos! — Sorrio pegando em seu cabelo macio, são massagens para as minhas mãos — ou eu teria de correr atrás de você, — aponto o dedo indicador — é claro que eu teria te alcançado no terc
TRENTO:Estamos caminhando há uns vinte minutos, o castelo já esta à vista, estamos pelo caminho menos frequentado, não queremos ser reconhecidos, seria o maior falatório e pessoas atrás de mim.— Estão indo para o castelo real? o que vocês planejam fazer? por que vão me levar junto com vocês? seus malditos! Brando vai matar aos dois! — a jovem Hadassa tagareleia incansavelmente, se eu não tivesse arrancado a espada das mãos dela, eu seria atacado pelas costas.Eu tenho uma lista de coisas que planejo fazer com a minha volta, porém livrar-me dessa moça é prioridade.— Já lhe falei que serei seu rei, é normal que eu vá até o castelo, não concorda? — respondo sem olhar para trás, ela já tentou escalar algu
HADASSA:Eu estava morrendo de medo! Desde que o sujeito me segurou pelos cabelos eu me senti amedrontada, eu realmente achei que morreria e quando eu percebi que ele tinha a intenção de assassinar o rei Willian eu me desesperei, eu deveria ter dado ouvidos para o Brando. Entretanto, afinal quem era aquele desconhecido todo sujo e metido à charmoso? O ego dele era quase palpável e era isso que me deixava instigada em confrontá-lo.Eu quase tive um ataque cardíaco no momento em que os guardas se prostraram perante à ele, e a minha alma deve ter saído fora do meu corpo quando ele abriu a porta em que o rei estaria, não sei como eu não desfalecido... contudo, agora, não posso negar que fui surpreendida. Ele é o príncipe Trento! Agora entendo a arrogância e o ar de superioridade... Ele realmente é o príncipe.Como assim ele está vivo? Será que cumprirá sua promessa de me prender nas
LUARA:Estamos todas em expectativas, o rei Willian está prestes a nos passar a tarefa que teremos de cumprir para ser a vencedora.Até poucos dias eram bastante de nós, não sei de que forma restaram apenas nós quatro, acho que passamos em algum teste sem sabermos.Pelo que eu entendi, passaremos por exercícios e a vencedora será a escolhida. O rei pensa que não sabemos qual será o prêmio, entretanto, eu e Hadassa sabemos que será o casamento com o príncipe, já a Sara e a Daisi provavelmente não sabem.Minha mãe quase teve um ataque cardíaco quando soube que Hadassa é uma candidata, reclamou de como o primeiro ministro não tem noção alguma e falou que assim que a rainha por os olhos nela irá dispensá-lo pois tem m bom gosto. Já o meu pai, pediu para que eu me tornasse muito amiga da Hadassa, isso me traria vantagem caso ela fosse a rainha... e claro, também me instruiu a fazer de tudo par
HADASSA:Estamos eu, a Luara e a Sara nos preparando para irmos embora. Bom, a Sara está hospedada no castelo mesmo.- PAAAAAAAAAAAAI! - Um grito mais parecendo com um trovão chama a atenção de todas nós.- Ouviram isso? - Perguntei para as duas.- Quem não iria ouvir? - Sara.- É o príncipe. - Luara falou olhando para os lados, como se estivesse o procurando. - Na certa está com algum chilíque.Sara revirou os olhos. Pelo visto ela também não gosta dele.- PAAAAAI! - O príncipe repetiu e sua voz estava bem mais próxima de nós três agora.E ele passou pelo corredor, a porta do lugar onde estamos está aberta e ele olhou para nós.Segundos depois qu