— Não quero nem estar presente! partirei para Óvlis hoje ainda! — Filipe comenta visivelmente amedrontado quando já estamos quase chagando nas areias de Marlenout.
Alguns dias depois que o navio de Marlenout zarpou levando a notícia de nossa morte, nós zarpamos no navio do nosso grupo secreto, o navio Negro, que nos deixou com uma bússola em um barco há algumas horas das margens de Marlenout.
Eu me arrependi! não vou negar que me pareceu muito atraente a ideia de ver meu pai se culpando pela minha morte, contudo... e a minha mãe? E todo o povo de Marlenout? o que pensariam de mim quando soubessem que tudo não passou de mais uma brincadeira do príncipe Trento? e o mais preocupante de todos... e se meu pai atacar Kahabe em busca de vingança? Todos estes pensamentos não me ocorreram no momento em que deveriam ocorrer. Eu e Filipe pretendíamos esperar um mês para retornarmos, entretanto, depois de nos arrependermos amargamente do que fizemos, viemos no mesmo instante.
— Terás de enfrentar as consequências junto comigo, Filipe! — irritei-o, mas na eu sei que apenas eu merecerei qualquer castigo que meu pai queira nos dar, apesar de eu ter certeza de que ele não nos castigará.
— Eu sou um homem de palavra! se você ainda for ser o rei de Marlenout depois disso, lembre-se de me soltar da prisão quando ocupar o trono! — comentou.
— Meu pai não vai prender você, Filipe, não seja exagerado! você é o único filho do melhor amigo dele, — expliquei descendo do barco — finalmente ressuscitamos! — exclamei, molhando meus pés na água, encaminhando-me para a areia.
Não optamos por chegar pelo porto de Hasgueit, pois, dessa forma chamaríamos muito a atenção e, não queremos isso, não nessas circunstâncias.
— Você precisa de um banho, alteza, se me permite lhe dizer — Filipe zomba fazendo careta, dando a entender que eu cheiro mal.
Gargalhei, realmente os banhos com ervas raras e perfumes luxuosos estão me fazendo falta.
— E você precisa cortar este seu cabelo! está mais duro do que espada de são Jorge! e sem falar que está carregado de piolhos! — zombo e ele me empurra partindo para cima de mim, e já estamos lutando caídos na areia como de costume.
Eu estou por cima, no comando enquanto ele se defende de mim, de repente Filipe me surpreende usando seus pés e me rendendo pelo pescoço.
— Alteza, lamento informar, mas, eu sempre facilitei para o senhor, porém, agora sou obrigado a pegar pesado! — diz entre risos e eu tento de muitas formas me livrar.
— Seu incompetente! Não me ensinou este golpe! Quando eu for o rei irei te prender por me ocultar esta sua façanha! — brinco, realmente muito surpreso.
— Um mestre sábio nunca revela todos os seus segredos! — lanca-me outro golpe, imobilizando os meus braços.
— Alteza? Solte-o! — somos interrompidos por uma voz doce e tão calma que eu me pergunto se é real.
Filipe imediatamente me solta, então sinto meus pulmões respirarem melhor, estranho, eu nem notei que estava aflito.
Em uma distância de aproximadamente uns vinte passos uma jovem com longos cabelos ruivos que estão voando por causa do vento parece muito aflita e apavorada, está nos apontando uma espada visivelmente muito pesada pra ela. Ela está usando um vestido simples e sem cor, provavelmente é uma plebeia qualquer.
Eu me aproximo lentamente com as mãos erguidas para cima em rendição, pretendo me divertir.
— Está tudo bem! Este aqui é o meu companheiro! — explico quase em sílabas para que ela se acalme.
— E que fique claro, eu não estava tentando matar ele! estávamos apenas nos divertindo! — Filipe se defende e eu me lembro de que provavelmente ele se divertiu mesmo me fazendo de bobo toda vez que eu me vangloriava pensando ter vencido ele.
— Na verdade, eu estava o deixando ganhar de mim, por isso ele estava se divertindo! — Explico sério e a moça me olha com uma expressão esquisita.
Filipe debocha.
— Eu quero que vão embora com as mãos para cima, os dois! — a jovem proclama tremendo as mãos.
Ela não está me reconhecendo? Estranho! pensei que todo marlenouteano conhecesse meu rosto...
O que essa jovem faz sozinha em um lugar deserto destes? Não posso negar que é lindíssima, não deveria estar sozinha.
Aproximo-me mais alguns passos.
— E quem pensa que eu sou? Mais respeito com o seu príncipe! — estou a uns quatro passos dela agora.
— O meu príncipe morreu! — respondeu afastando-se para trás, mas fica presa por uma rocha.
Ela está completamente corada, o que me leva a crer que está muito nervosa. Pode ser medo, ou pode ser o meu charme natural que a está deixando assim... de qualquer forma ela não vai avançar em mim com essa espada, e por mais que o fizesse, não iria tão longe.
— Então por que me chamou de alteza? — avanço em sua direção, fazendo-a arregalar os olhos.
— Ele lhe chamou de alteza! — Apontou para Filipe que ainda estava no mesmo lugar olhando a cena — e você disse que quando for rei irá prendê-lo... por que você seria o rei? planeja uma conspiração contra o rei Willian? por acaso são de Kahabe? — a moça levantou a espada na altura de minha cabeça, porque estou bem próximo dela agora.
Não sei se acho ela patética ou corajosa.
Eu sorrio com deboche, ela arregala mais ainda os olhos em surpresa do meu sorriso e agora percebo que são verdes, tanto faz.
TRENTO:Ela está me encarando com olhos apreensivos, é perturbador o quanto está nervosa.— Por que não me entrega isso? — com um golpe habilidoso eu retiro a espada de suas mãos e ela rapidamente tenta correr, eu a seguro pelos cabelos fazendo-a parar de imediato.Oh, belos cabelos.— Solte-me! — tenta escapar,debatendo-se — seu fedido! Solte-me!Ela está claramente me insultando e dentro de seus olhos eu posso ver faíscas de raiva, quem essa insolente pensa que é para sentir raiva de mim? Seguro seus braços e prenso-a novamente contra a pedra, a moça me olha com um olhar de desafio, porém é notável o leve desespero.— Eu tenho que te agradecer por ter cabelos tão compridos! — Sorrio pegando em seu cabelo macio, são massagens para as minhas mãos — ou eu teria de correr atrás de você, — aponto o dedo indicador — é claro que eu teria te alcançado no terc
TRENTO:Estamos caminhando há uns vinte minutos, o castelo já esta à vista, estamos pelo caminho menos frequentado, não queremos ser reconhecidos, seria o maior falatório e pessoas atrás de mim.— Estão indo para o castelo real? o que vocês planejam fazer? por que vão me levar junto com vocês? seus malditos! Brando vai matar aos dois! — a jovem Hadassa tagareleia incansavelmente, se eu não tivesse arrancado a espada das mãos dela, eu seria atacado pelas costas.Eu tenho uma lista de coisas que planejo fazer com a minha volta, porém livrar-me dessa moça é prioridade.— Já lhe falei que serei seu rei, é normal que eu vá até o castelo, não concorda? — respondo sem olhar para trás, ela já tentou escalar algu
HADASSA:Eu estava morrendo de medo! Desde que o sujeito me segurou pelos cabelos eu me senti amedrontada, eu realmente achei que morreria e quando eu percebi que ele tinha a intenção de assassinar o rei Willian eu me desesperei, eu deveria ter dado ouvidos para o Brando. Entretanto, afinal quem era aquele desconhecido todo sujo e metido à charmoso? O ego dele era quase palpável e era isso que me deixava instigada em confrontá-lo.Eu quase tive um ataque cardíaco no momento em que os guardas se prostraram perante à ele, e a minha alma deve ter saído fora do meu corpo quando ele abriu a porta em que o rei estaria, não sei como eu não desfalecido... contudo, agora, não posso negar que fui surpreendida. Ele é o príncipe Trento! Agora entendo a arrogância e o ar de superioridade... Ele realmente é o príncipe.Como assim ele está vivo? Será que cumprirá sua promessa de me prender nas
LUARA:Estamos todas em expectativas, o rei Willian está prestes a nos passar a tarefa que teremos de cumprir para ser a vencedora.Até poucos dias eram bastante de nós, não sei de que forma restaram apenas nós quatro, acho que passamos em algum teste sem sabermos.Pelo que eu entendi, passaremos por exercícios e a vencedora será a escolhida. O rei pensa que não sabemos qual será o prêmio, entretanto, eu e Hadassa sabemos que será o casamento com o príncipe, já a Sara e a Daisi provavelmente não sabem.Minha mãe quase teve um ataque cardíaco quando soube que Hadassa é uma candidata, reclamou de como o primeiro ministro não tem noção alguma e falou que assim que a rainha por os olhos nela irá dispensá-lo pois tem m bom gosto. Já o meu pai, pediu para que eu me tornasse muito amiga da Hadassa, isso me traria vantagem caso ela fosse a rainha... e claro, também me instruiu a fazer de tudo par
HADASSA:Estamos eu, a Luara e a Sara nos preparando para irmos embora. Bom, a Sara está hospedada no castelo mesmo.- PAAAAAAAAAAAAI! - Um grito mais parecendo com um trovão chama a atenção de todas nós.- Ouviram isso? - Perguntei para as duas.- Quem não iria ouvir? - Sara.- É o príncipe. - Luara falou olhando para os lados, como se estivesse o procurando. - Na certa está com algum chilíque.Sara revirou os olhos. Pelo visto ela também não gosta dele.- PAAAAAI! - O príncipe repetiu e sua voz estava bem mais próxima de nós três agora.E ele passou pelo corredor, a porta do lugar onde estamos está aberta e ele olhou para nós.Segundos depois qu
SARA:Estou no jardim real admirando as belas rosas vermelhas que nunca vi tão belas, quando sinto alguém atrás de mim. Viro-me às pressas, pode muito bem ser o príncipe.- Está tranquila, senhorita Duarte? - O professor me pergunta e essa é a minha oportunidade para o repreender.Ele está vestindo seu típico blazer preto até o meio das coxas, seu cabelo penteado para trás brilha, e em seus olhos posso ver um pequeno reflexo de preocupação.- Professor Otávio, eu não irei perdoar o senhor por me apresentar como uma candidata. - Digo ressentida. - O senhor sabe muito bem o que eu penso sobre o príncipe!- E o que tem o príncipe com o concurso? - Aproximou-se alguns passos e eu recuei alguns e senti espinhos sobre minhas costas e l
TRENTO:Vida que segue. Não, melhor, eu que sigo. Sigo meu pai, sigo a vida que meu pai quer que eu viva.Ainda não falei com Filipe sobre o meu futuro noivado. Planejo contar hoje para ele assim que eu o encontrar aqui nessa festa.Mas antes, desejo encontrar a Laura, e contar a ela a novidade, tenho absoluta certeza de que ela vai enlouquecer de felicidade.- Lenne, onde posso encontrar sua belíssima filha? - Pergunto assim que esbarro em meu futuro sogro.Ele obviamente me encara surpreso, porém, logo abre um sorriso muito satisfeito e presta reverência.- Alteza, minha filha está dançando com o filho de nosso anfitrião... Bem ali... - Olha disfarçadamente para o meio do salão me dando sinais com as sobrancelhas. - Veja como ela dança graciosamente. -Sorri
LUARA:Eu tive minha cota por hoje.O Filipe todo charmoso tentando me fazer gostar dele.O príncipe todo arrogante e exalando testosterona, todo convicto de que serei eu a vencedora e isso me deixa mais instigada a não vencer.Não sei qual das duas danças foi a mais tensa: a que eu supostamente estava "apaixonada" pelo Filipe, ou a que fui "avisada" de que serei a noiva do príncipe.Ambas as duas foram engraçadas, posso perceber agora.Graças a Deus já estou protegida em baixo de minhas cobertas.E aqui eu posso confessar que gostei tanto de dançar com o Filipe. Ah, como eu queria aquele toque firme e suave novamente.Pena que ele é um galanteador, como o príncipe.***