Olhando – aqui e agora – do alto da minha insignificância e pequenez de ser perante a magnitude deste Universo fascinante e a Onipotência de Deus, fico me perguntando se aprendemos o necessário nesta pandemia por que atravessamos há longos, amedrontadores e dolorosos 10 meses? Será que aprendemos?
Essa é a pergunta que quero refletir com vocês, caros leitores, nesta altura do ano, em que, ao nos aproximarmos do natalício do Menino Jesus – um Natal totalmente diferente de todos os natais por nós vividos nos últimos 75 anos – após o término da 2ª Guerra, penso dia e noite, noite e dia nesta questão como fosse uma inacabada sinfonia...
Por essa razão, olho à minha volta, observo, leio muito e assisto ao que está acontecendo em todos os cantos deste imenso Brasil; converso com as pessoas, ouço, falo, escuto um conselho dali, dou um toque daqui e me questiono infinitas vezes, mas a impressão que se consolida cada vez mais forte em mim é a de que muitos de nós nos perdemos. Estamos à deriva dentro de um mar revolto no meio de uma tempestade sem fim. Barco sem timoneiro... navio sem âncora... nau sem rumo...
Senão reflitam comigo:
– Será que aprendemos a reconhecer aquele desconhecido por quem passamos tantas e tantas vezes sem tê-lo percebido uma vez sequer?
– Será que aprendemos a valorizar tudo aquilo que perdemos e tudo o que temos, hoje – aqui e agora?
– Será que aprendemos a abraçar, verdadeiramente, o amigo a quem não temos o hábito de olhar nos olhos? A quem não apertamos fortemente as mãos com um: Eu Vejo Você?
– Será que aprendemos a não ter mais inveja do sucesso do outro diante de tanta dor pelo insucesso de tanta gente, inclusive pelo nosso?
– Será que aprendemos a ver o Passado como algo resolvido, acabado, restando apenas as lições que possamos dele retirar? E que, do mesmo modo, tenhamos a sabedoria de entender que o Futuro não existe? E como decorrência disso, valorizemos cada vez mais o Aqui e o Agora?
– Será que aprendemos a deixar de comprar algo pelo simples e fútil desejo de ter e de poder fazer isso? Quantos não têm o dinheiro, muito menos o bolso ou a carteira para guardar uma moeda, não de um Real, mas de um reles centavo!
– Será que aprendemos a sorrir quando o outro brinca conosco ainda que estejamos em meio à dor, pelo simples fato de que a nossa dor possa ser aliviada pelo gentil convite para sorrir de alguém que nos quer ver felizes?
– Será que aprendemos a agradecer quando – ao abrir os olhos pela manhã – ainda na cama – nos percebemos respirando, inteiros, vivos? Por isso devemos dar graças, porque reconhecemos nossa fragilidade e transitoriedade neste tempo e neste espaço!
– Será que aprendemos a ser mais compassivos, a ter um coração menos endurecido, a ter empatia porque passamos a sentir o outro, verdadeiramente?
– Será que aprendemos a perdoar porque sabemos que o ato de perdoar é a cura da Alma? Da nossa Alma!
– Será que aprendemos a dar valor para não perder? Ao invés de perder para dar valor?
– Será que aprendemos a ver com o coração, pois “o essencial é invisível para os olhos”?
– Será que aprendemos a resgatar a criança que fomos e que existe em nós, pois essa criança é que nos faz ver e viver a vida com pureza e verdade?
– Será que aprendemos a ter e a gostar do bom humor, da leveza, da descontração, ainda que, diante de momentos difíceis, tais quais estes da pandemia? Momentos que nos desafiam a sermos descontraídos, leves e bem-humorados por entendermos que só o fato de estarmos vivos já é motivo para sorrir, brincar e agradecer?
– Será que aprendemos a valorizar o trabalho e emprego que temos, considerando que há tantos...milhares...milhões que estão desempregados e não podem valorizar o trabalho – que não têm – por mais humilde e simples que seja?
– Será que aprendemos a ouvir? Sim! Ouvir o outro, ao invés de sentir o frenesi daquela egoica vontade de só falar e falar e falar!
Neste ponto, valho-me de um excerto do livro Atitudes vencedoras – “O lençol da vizinha”, de Carlos Hilsdorf – a quem peço licença para transcrever nesta crônica, ilustrando e enriquecendo meus argumentos, considerando que seu tema é extremamente pertinente ao meu:
O lençol da Vizinha
[...] “Um casal acabava de mudar para a nova casa. Tomavam juntos o primeiro café da manhã quando a esposa viu pela vidraça sua vizinha estendendo roupa:
- Veja, querido, o lençol está todo sujo. Ela está colocando para secar e nem lavou direito. Que desleixo!
- Deixe a moça, querida, cada um vive como quer...
No dia seguinte, a cena se repete:
- Querido, olha, de novo: os lençóis estão imundos! Devem ter caído no chão e ela os está pondo para secar. Não posso acreditar. Vou lá conversar com ela e dizer que isso está errado.
- Deixe a moça, querida, o lençol é dela e não devemos arrumar encrenca com vizinhos.
No café da manhã seguinte, o casal conversava quando, ao olhar pela vidraça, a esposa disse:
- Querido, veja! Os lençóis estão perfeitos hoje, brancos como o dia. Você conversou com ela? Chamou-lhe atenção?
O marido, com o olhar um pouco constrangido, explica:
- Não foi bem isso que aconteceu... Sabe, querida, a sujeira que você via não estava no lençol dela. Hoje eu acordei mais cedo e limpei a nossa vidraça.”[...]
Então, eu pergunto:
- Será que aprendemos a retirar “a vidraça” das lentes de nossa percepção das coisas e do mundo? Será que aprendemos a não distorcer mais os fatos? Será que aprendemos a enxergá-los como eles realmente são e não como gostaríamos que fossem? Será???
E prosseguindo:
– Será que aprendemos a valorizar nossa saúde, mesmo que haja algumas dores, alguns problemas que sentimos em nosso corpo, considerando que há milhões que nem sentem mais seu corpo? Que nem um corpo têm mais, ou parte dele?
– Será que aprendemos a ter paciência, carinho e respeito com os idosos e com as crianças? Sim! Porque outrora – lá atrás – fomos crianças! E depois do aqui e do agora – lá na frente – seremos idosos!
– Será que aprendemos tudo o que aqui e até este momento não havíamos aprendido, muito menos tínhamos querido aprender?
– Será que aprendemos que o Amor é o único caminho para a Paz? E que a Paz só se conquista com o Amor?
– Será que aprendemos a nos sentir bem-aventurados só pelo fato de estarmos vivos???
– Será que eu aprendi???
– Será que o Universo e a Divindade ainda me darão a graça da inspiração para eu me assentar frente a este notebook e escrever mais uma Crônica para vocês?
– Será???
Em Jundiaí, São Paulo, às 17:04 horas desta terça-feira, dia 22 de dezembro de 2.020.
Um jantar árabeNada como a palavra como uma fonte de mal-entendidos. Quantas e quantas vezes perguntamos ao nosso interlocutor:- Por acaso eu estou falando em grego? Ou...- Eu falo alhos você entende bugalhos! Ou ainda:- Você não entendeu nada do que eu falei! Frase recorrente nas discussões marido & mulher; pais & filhos; irmão & irmão; amigo & amigo.E assim vamos convivendo nossos relacionamentos, as mais das vezes, recheados muito mais de desencontros que de encontros.
Aeroporto de Cumbica, 08h35min de uma agradável manhã paulistana, do dia 27 de dezembro de 2015, sala de espera para o voo que nos levaria a Maceió, eu e minha, então, namorada, pois fazíamos uma viagem com conexão Curitiba – São Paulo – São Paulo – Maceió. Enquanto aguardávamos a chamada para o voo, sentamo-nos num banco e dali, ora apreciávamos os viajantes que passavam à nossa frente num vai e vem interminável e estonteante, ora conversávamos trocando algumas ideias sobre nossas férias na agradável e calorosa capital das Alagoas, ora mexíamos no celular. E o tempo e a vida iam vivendo... Eis que num determinado momento, passa a poucos metros do lugar em qu
Sua garganta estava seca, o coração disparara e havia em seu peito uma ansiedade enorme, por isso olhava a esposa a La Capitu... Sim, Pedro acabara de mentir para sua mulher sobre onde estivera nas últimas horas em que se encontrara no Rio de Janeiro a trabalho. E esta, ao mesmo tempo em que passava lenta e carinhosamente as mãos sobre a formosa barriga de 8 meses de gravidez, olhava-o hipnoticamente entristecida, em cujo olhar também se via meio que uma névoa de raiva incontida, mas tolhida pelo seu adiantado estado de gestação do primeiro filho. Ela aparentava uns 26 anos, loura, baixinha, corpo miúdo, mas atraente a despeito da gravidez. Muito charmosa, cabelos cacheados jogados com naturalidade por sua testa. Seus olhos eram inteligentes e celestemente azuis!&n
Ouvi essa expressão – tão usada – numa missa de domingo, em janeiro de 2018.Foi usada pelo padre Dirceu, na Igreja do Carmo, em sua homilia dominical, ao interpretar o Evangelho e as leituras daquele dia.Na verdade, o Evangelho (Jo 1, 35-42) fala sobre os discípulos que seguem Jesus em busca de algo que acabam encontrando no próprio Messias.Mas, queridos leitores, não estou aqui para lhes falar de religião muito menos para evangelizar, nem catequizar ninguém. Não! O que me interessa e despertou a minha atenção foi a mensagem que o padre nos deixou ao fazer sua interpretação dando ênfase ao fato de que, durante nossa caminhada terrena, nós temos que fazer escolhas pessoais o tempo todo, sempre sustentadas em nossa individualidade e personalidade, para nunca sermos “Maria vai com as outras”, pois isso enfraquece nossa Essência, por mais
Vivemos tempos jamais imaginados. Vivemos tempos inconstantes, incertos e, pior, incoerentes. Muitos não conseguem aprender nem apreender o que significa tudo isso. Vivem um caos interior jamais imaginado! Muitos de nós vivemos o caos da negação! Negação de tudo, até mesmo dos fatos. Então o que fazer diante disso tudo? Como agir? A quem e a que recorrer? São tantas as perguntas... são tantos porquês... são tantas interrogações que muitos de nós nos perdemos nesse emaranhado de questionamentos qual nau sem rumo em mar revolto pela terrível tempestade! Eu mesmo: sempre que estou perto de fechar os olhos para dormir, minha mente começa a bailar num imenso salão de pares de dúvidas: viver o aqui e o agora – o que já faço há anos por convicção pessoal
As duas garrafas – as últimas daquele estoque – uma, vinho bordô; a outra, vinho branco, me encararam, sensuais, visivelmente felizes, tão realizadas que quase saltaram da prateleira e se jogaram em cima de mim, pois afinal lá estava eu, seu próximo dono, pronto para retirá-las de onde se encontravam. Era como se sempre tivessem sido minhas e de mais ninguém. Assim, peguei de uma à direita – um Lambrusco Rosso – e carinhosa e orgasticamente a coloquei embaixo do braço esquerdo; peguei da outra, à esquerda – Bianco, também Lambrusco – com o braço direito, este livre, e me afastei vagarosamente feliz daquele corredor onde se localizam vinhos e assemelhados, ou seja, bebidas em geral. Estava feita a compra para a qual eu me propusera logo após o almoço desta qua
Que tal falarmos de amor? Do amor? Gostam da ideia?Então viajemos um pouco no tempo, mais precisamente para as 23h40min do dia 14 de abril de 1912... Há exatamente cem anos e alguns dias.Naquela noite, o Totem da ousadia humana, orgulho da engenharia náutica, o colosso de 269 metros de comprimento e 46 mil toneladas, obra-prima de 7,5 milhões de dólares, O RMS TITANIC, tido e havido como inexpugnável pelos mais insuspeitos e respeitados especialistas, soçobrou em sua viagem inaugural. Ao colidir com um iceberg, nas últimas horas daquele 14 de abril, o navio afundou e levou consigo a vida de mais de 1.500 pessoas para as profundezas das águas gélidas do Atlântico Norte.Muito bem, diletos leitores! Daquela tragédia nascia o épico e belíssimo amor entre Jack e Rose, na extraordinária criaçã
Há momentos na vida de um poeta e prosador em que ele é tocado pela mais singela das emoções: uma frase lida aqui, uma palavra ouvida ali, uma cena colhida lá ou um pequeno incidente ocorrido acolá! Pode ser num quadro, num livro, em algo que alguma pessoa tenha dito “en passant”, ou no gesto de uma criança que, em sua beleza pueril, faça algo engraçado, por exemplo, umas molecagens, coisas típicas do universo infantil. Enfim, são tantas e tão riquíssimas fontes que não escapam à percepção do poeta e prosador e que abastecem sua veia poética, sua imaginação e estimulam sua criatividade. Conheci São João Del Rei – a terra onde os Sinos falam –