— Solte-me! O rosto irritante de Bruno era realmente marcante, e eu não queria continuar brigando com ele na frente do hospital. — Diga-me onde está se sentindo mal e eu solto! Fiquei um pouco irritada. Ele tinha vindo visitar Maia, então por que estava tão preocupado comigo? — Não é da sua conta. — Não precisa me contar, posso ver seu prontuário de qualquer jeito! Enquanto falava, ele soltou minha mão e pegou o celular, claramente disposto a cumprir o que dizia. Fiquei sem palavras por um instante. Olhar para Bruno me dava uma sensação de vertigem. Se fosse uma doença comum, eu não teria medo de ele investigar, mas se descobrisse que eu estava machucada, isso certamente envolveria Rui. — Não é nada, vim visitar uma amiga. Instintivamente, toquei meu pescoço, rezando para que nenhum curativo estivesse visível. Bruno parou o que estava fazendo, levantando o olhar da tela do celular e me encarando com desconfiança. Seus olhos escuros me analisaram dos pés à cabeça
Eu, naturalmente, não iria com Bruno, mas não esperava que ele simplesmente agarrasse meu pulso, não me dando nenhuma chance de escapar. Ele me apressou: — Não faça Maia esperar. Ela precisa descansar. Minha mente estava atordoada, e eu praticamente fui arrastada por ele ao longo do caminho. Nunca imaginei que ele teria a audácia de fazer isso na frente de Maia. Olhei para trás, vendo Maia ainda parada, atônita. De alguma forma, senti pena dela. Um homem como Bruno, ele realmente seria capaz de tratar alguma mulher bem, independentemente de quem fosse sua esposa? Quando chegamos ao carro, eu já estava exausta, minhas pernas estavam tão fracas que quase não conseguiam me sustentar. Ele me empurrou para o banco do passageiro, sem a menor cerimônia. Enquanto colocava o cinto de segurança, ele se aproximou intencionalmente. Muito perto. Tão perto que eu podia ver os pequenos pelos na ponta de seu nariz com clareza. — Tem certeza que não está doente? Está suando tanto... E
Maia estava visivelmente desconfortável. — Srta. Ana, você está brincando, né? Eu e Bruno só vamos morar juntos quando estivermos prestes a nos casar. — Ah, hoje em dia todo mundo fala sobre fazer viagens e morar junto antes do casamento, né? Se não, como vai saber se são realmente compatíveis? Respondi de forma casual, sem tirar os olhos da paisagem pela janela. Essa era uma frase que Luz costumava dizer para mim, mas claro que ela nunca falaria de forma tão séria quanto eu agora. Antes de nos casarmos, Luz sugeriu que eu e Bruno fizéssemos uma viagem, para testar nossa convivência. Disse que, se ele não fosse "bom" em certos aspectos, eu ainda teria tempo de desistir. Na época, eu só pensava em casar com ele, não passava por minha cabeça esse tipo de coisa. Sentia que, mesmo que Bruno não fosse perfeito, eu ainda estaria satisfeita só de olhar para o rosto dele... A voz de Bruno soou suave e repentinamente: — É mesmo? Então você já viajou e morou com o Rui? Surpresa,
Levantei os olhos de repente e o encarei. Seus olhos, sempre tão profundos e seguros, pareciam ainda mais envolventes sob a suave luz da lua. Era quase ridículo. Sua noiva acabara de sair do carro, e seu vulto ainda nem havia desaparecido na mansão, mas ele ousava dizer que sentia minha falta. — Talvez você esteja sonhando... — Não é um sonho. — Bruno me interrompeu. — Estou falando sério. O cheiro da sua presença está cada vez mais fraco em casa. Parece que os quatro anos que você passou na Mansão à beira-mar estão desaparecendo. Não consigo entrar no seu apartamento, e à noite, não consigo dormir. Observei mais atentamente seu rosto e percebi leves olheiras ao redor dos olhos. Por um breve instante, fui transportada de volta ao tempo em que éramos próximos. Naquela época, eu e ele costumávamos dormir juntos — às vezes de verdade, às vezes só fazíamos amor. Ou, melhor dizendo, quando queríamos realmente dormir, ele acabava se aproximando de mim, e o que era para ser desc
O fato de eu estar ferida não podia, de jeito nenhum, chegar ao conhecimento de Bruno. Eu não queria que ele soubesse da minha situação; caso contrário, ele certamente me olharia de forma arrogante e diria algo como "Eu já sabia que isso ia acontecer", com aquele tom prepotente.— Se não quiser falar, não fale. Acha que estou interessado em ouvir?Ele perdeu o interesse, e a mão que segurava meu tornozelo deixou de ser sensual, tornando-se apenas dolorosa. Mas a dor física era mais suportável do que a dor no coração. Ele sempre fazia isso, dizia coisas vagas, tentando me amolecer, e quando percebia que essa tática não funcionava, partia para a força bruta. Mas fosse de qualquer jeito, quanto de sinceridade havia em suas ações? Eu não tinha mais a capacidade de retribuir qualquer sentimento a ele, porque já havia dado tudo o que tinha. Dei tanto que, só de pensar, meu peito doía, então não havia a menor chance de que eu me deixasse manipular pelos truques dele novamente. Dei
O beijo de Bruno me deixou quase sem ar. Eu não duvidava nem por um segundo do poder de sedução dele, que parecia prestes a explodir dentro do pequeno espaço do carro. Seu braço estava posicionado atrás de mim, arqueando meu corpo de uma forma que me fazia sentir como se estivesse me oferecendo a ele, o que só aumentava a minha vergonha. Minhas unhas estavam cravadas no estofado de couro ao meu lado, arruinando o material fino com minha agonia.Bruno percebeu meu desconforto e deu um beijo suave na minha bochecha. — Consegue sentir tanto com um simples beijo. Quem mais poderia te fazer sentir assim?Eu me sentia como um peixe recém-chegado da água, incapaz de processar o que ele dizia, apenas tentando desesperadamente respirar. Minha vulnerabilidade o agradava, e ele segurou meu rosto entre as mãos, passando a língua pelos meus lábios e me advertindo: — Lembre-se, eu sou o seu homem. Mais ninguém. Em seguida, ele começou a desabotoar meu vestido. — Vamos tentar mais uma
No outono, o vento da noite em Cidade J já estava bem frio. Estremeci com o sopro do vento, e Bruno abriu o casaco, envolvendo-me em seus braços. Seu abraço era quente, e o cheiro era familiar para mim. Mas, naquele momento, meu coração não conseguia relaxar de jeito nenhum, e eu estava tomada por uma tensão insuportável. Quando certas emoções de um homem eram provocadas, era como uma chama que recebia combustível extra, e, por um tempo, a única solução era deixá-lo queimar até se esgotar. Mesmo que, naquele momento, estivéssemos bem em frente ao prédio onde morava sua noiva. Eu achava que ele estava completamente louco. Eu pensava que, quando Maia viesse abrir a porta, ainda teria tempo para prolongar essa situação, mas para ele, a porta era apenas um enfeite. Abraçado a mim, isso não o impediu de abrir a porta com a fechadura de reconhecimento facial. Quando viu minha surpresa, Bruno baixou os olhos e riu. — Essa casa já foi minha. — Eu não respondi, e ele acresce
O rosto de Bruno escureceu, e pela primeira vez, ele foi rude com Maia. Eu não conseguia acreditar. Ele só podia estar maluco afinal, essa era a noiva dele. E eu? O que eu significava nessa equação? — Quem deveria sair sou eu. Distraída por meus próprios pensamentos, acabei dizendo isso em voz alta. Os dois que estavam discutindo na porta pararam de repente, como se alguém tivesse apertado o botão de pausa. Foi Bruno quem, se recuperando primeiro, bateu a porta com força, encerrando aquele espetáculo ridículo. — Tem alguém aí? Tem uma mulher no meu quarto! Ana?! A voz de Maia, do lado de fora, aumentava de tom a cada palavra, e quando pronunciou meu nome, parecia finalmente aceitar o que estava acontecendo, e sua voz ficou subitamente mais grave. Bruno trancou a porta e ordenou, com autoridade: — Maia, esta noite vá dormir no hotel. Do lado de fora, Maia começou a bater na porta com os punhos, e a madeira tremeu sob o impacto. Ela, que sempre parecia tão doce, agora m