— Pare de me testar. Eu realmente não te amo mais. — Tirei suavemente a mão de Bruno que estava sobre minha cintura e me levantei, virando-me para encará-lo. — E você também não me ama. Isso é justo. Não tem por que você se sentir injustiçado.Nos olhos de Bruno, era impossível esconder a decepção.— E não me vigie mais. Não importa o que aconteça comigo, consigo lidar. Não vou ser derrubada por algumas palavras de qualquer pessoa. — Um sorriso sarcástico curvou meus lábios. — Além do mais, isso não é nada comparado com o fato de você ter destruído minha carreira.— Você só tinha onze minutos naquele programa. Se quiser, posso te dar um programa só seu...— Dê um programa para a sua Maia. — Virei-me e comecei a sair. — Não quero nada seu.Bruno se levantou de repente.— Então o que você quer?!O que eu queria, ele nunca poderia me dar. Não passava de um coração que amasse apenas a mim.Nunca tive isso, e agora também não queria mais. Não desejava nada que viesse de Bruno.— Não quero n
Eu havia me preparado para nunca mais vê-los nesta vida, mas agora, tudo o que sentia era um lamento profundo. Eles costumavam ser as pessoas que eu mais amava na vida. O que aconteceu para que, de repente, em uma única noite, parentes se transformassem em inimigos? Eu também acabei ficando sozinha no mundo. Pietro bateu o copo com força na mesa, e Gisele, como um rato assustado ao ver um gato, se encolheu toda no colo de Karina. Onde estava aquela postura arrogante de antes, quando me viu? — Ajoelhe-se! — A voz de Pietro soou cheia de autoridade. Gisele, abraçada à cintura de Karina, começou a implorar como uma criança mimada. — Mamãe... Karina quis interceder por ela, mas ao ver a expressão severa de Pietro, não teve outra escolha senão empurrar levemente a filha com o cotovelo. — Vai, ajoelhe-se ali. Gisele me lançou um olhar cheio de ódio, como se passar vergonha na minha frente fosse a pior coisa do mundo para ela. Ela se encolheu ainda mais, quase se esconde
Gisele se levantou bruscamente, o peito subindo e descendo de forma acelerada, como se estivesse profundamente magoada. Seus olhos, agora avermelhados, estavam cheios de lágrimas, mostrando aquela expressão lamentável que eu já conhecia tão bem. Assim que Gisele fazia aquela cara, Karina sempre cedia, e seu olhar para mim logo se encheu de rancor. — Ana, o que aconteceu entre você e Gisele? Que rancor tão profundo é esse que te faz tratá-la assim? Ela ainda é jovem, você não vê que ela está chorando tanto que mal consegue respirar? Por dentro, revirei os olhos. "Se não consegue respirar, por que não para de uma vez?", pensei. Levantei-me e olhei para Pietro. Dentre todos naquela família, ele era o único com quem eu ainda mantinha uma relação de falsa cordialidade. — Não me reconciliei com Bruno, e parece que hoje vim ao lugar errado. Vocês podem continuar, não quero atrapalhar mais. Assim que terminei de falar, as portas do salão de festas foram abertas de repente, e uma b
Maia estendeu os dedos na frente de Bruno, aguardando timidamente que ele colocasse o anel em seu dedo.Mas aquele anel...Que escolha meticulosa. Além do anel que deixei na Mansão à beira-mar, o que mais poderia ser? Ele realmente pegou o nosso anel de casamento para usar no noivado com Maia. Não sabia se Maia soube que aquele anel já foi meu, ou, se soubesse, talvez ela nem se importasse.Fiquei parada, como se meus pés estivessem enraizados no chão, enquanto observava Bruno de repente se ajoelhar sobre um dos joelhos. Meu coração quase parou de bater. Meus dedos ficaram dormentes. A postura de Bruno era impecável, tão perfeita que até a maneira como se ajoelhava parecia saída de um sonho.Maia, com as mãos cobrindo a boca, quase soltou um grito, enquanto lágrimas brilhantes escorriam dos seus olhos. — Eu aceito! Ela não podia mais esperar.Bruno, no entanto, não teve pressa em colocar o anel nela. Com calma, pegou o anel masculino da caixinha e colocou em seu próprio d
De longe, avistei uma silhueta correndo em minha direção. Rui abriu a porta do carro e disparou na minha direção. Agitei o bolo que carregava na mão e gritei: — Feliz aniversário! Ele sorriu, com aquele jeito meio bobo, parecendo que ainda estava meio adormecido, mas ao me ver, ficou tão animado quanto um macaco excitado. Correu até mim e me deu um abraço apertado. — Fiquei em uma reunião até tarde ontem à noite, quase não consegui acordar hoje. Achei que estava sonhando! — Que imaginação! Ainda consegue sonhar comigo? Ao ouvir isso, senti uma pontada de compaixão. Talvez nunca tivesse se esforçado tanto por algo na vida, antes ele só bebia quando tinha vontade, nunca por obrigação. Agora, por causa das reuniões, quase não conseguiu se recuperar da ressaca.— Ainda bem que não era um sonho, senão eu ia ficar muito triste ao acordar. — Ele riu, mostrando seus dentes brancos. — Eu tinha até esquecido que era meu aniversário. Após dizer isso, uma leve umidade brilhou em
Rui estava praticamente derretido sobre mim, como se seu corpo não tivesse ossos, e desta vez não o empurrei. — A cabeça de um homem não é para qualquer um tocar. — Rui comentou com uma arrogância adorável. Seu cabelo era extremamente macio, e sem nenhum cuidado após acordar, uma parte atrás de sua cabeça estava completamente despenteada. Eu gentilmente tentei ajeitar com a mão, e ele imediatamente se endireitou. — Nossa! Não arrumei o cabelo. Ele piscou para mim e, de repente, se aproximou mais. O cheiro fresco de seu sabonete inundou minhas narinas, fazendo meu coração disparar sem controle. Ele inclinou levemente a cabeça, fixando o olhar nos meus olhos enquanto segurava meu queixo. A distância entre nós diminuía cada vez mais... Eu mal conseguia respirar, instintivamente me aproximando da porta do carro... — Chegamos! — O motorista anunciou alto lá da frente. Em um impulso, o empurrei e, tentando manter a compostura, comecei a descer do carro. Rui, entretanto, sol
Eu não sabia por que estava hesitando. Em relação aos meus sentimentos, eu sempre tive coragem de admiti-los. Tive coragem de admitir que amei Bruno por tantos anos, mas agora, não tinha certeza se ainda era capaz de amar alguém. Suspirei. — Dê-me mais um tempo. Rui me abraçou com força. — Fui muito apressado. Após essas palavras, ele me soltou, e seus olhos baixos não conseguiam esconder a tristeza. Seus dedos tocaram de leve a porta do hotel, enquanto ele perguntava baixinho: — Hoje eu posso não ir embora? Olhei para ele, surpresa. — O quê? — Quero dizer, posso dormir no sofá. Se não, amanhã vou ter que vir de novo para te levar ao aeroporto, e isso vai ser uma correria. — Ah, posso ir sozinha. Você deveria voltar para descansar. — Sim. — Ele respondeu vagamente, enfiando as mãos nos bolsos da calça. Rui ficou parado ao lado da porta. Bastava eu dizer suavemente que ele poderia ir embora, ou dar um empurrãozinho, ele certamente seguiria minhas palavras e d
Virei-me e joguei o travesseiro para baixo, acertando-o em cheio. Naquele momento, eu realmente quis sufocá-lo com o travesseiro e acabar com tudo!— Está me batendo! Isso é violência doméstica! Rui fingiu estar cobrindo a cabeça, gemendo de dor no chão.Meus movimentos pararam abruptamente.— Quem disse que somos da mesma família?Rui sorriu, feliz.— Você, claro. Sei que você está esperando por mim, e eu também estou esperando por você. Nós dois estamos correndo na mesma direção, e virar uma família é só questão de tempo.— Não fala besteira.Meu coração disparou por um instante, e eu me deitei na cama, sem ousar olhá-lo novamente.Eu sabia que ele estava esperando por mim. Mas eu também estava esperando por ele? Eu não sabia. Só sabia que tinha minhas preocupações.Quando um homem chegaria aos trinta, ele deveria estar construindo sua carreira. Rui, no entanto, não tinha nem uma família, nem uma carreira estável. Mas a família Sampaio não era uma família comum. Ele estava na f