Hesitei por um momento. — Que grande chefe? — Srta. Ana, acha que eu te colocaria em uma cilada? Sua chance chegou! — O diretor estava visivelmente animado. — Desde a primeira vez que conversamos, eu sabia que você era uma pessoa ambiciosa. Embora a educação da população esteja melhorando, o conhecimento sobre a lei ainda não foi amplamente difundido. Agora tem um atalho, uma verdadeira chance de ouro, precisa agarrá-la! Para ser sincera, nunca acreditei em atalhos. Tanto no esforço para passar nas provas escolares desde criança, quanto na seriedade com que amei um homem, nada na minha vida foi conquistado com facilidades. E se existisse um atalho, seria algo imoral, que mais cedo ou mais tarde traria suas consequências, fazendo você perder tudo o que ganhou.No entanto, considerei que o diretor provavelmente não era uma má pessoa. Afinal, quando o escândalo estourou na emissora, foi ele quem me ajudou a sair de lá e ainda me deu dinheiro de forma digna. Assim, decidi segui-lo.
— Ah! Vocês se conhecem? — O diretor bateu palmas, tentando a todo custo aliviar a tensão no ar, sem perceber o clima constrangedor. — Que ótimo, assim não preciso fazer grandes apresentações. Então, Presidente Severino, Srta. Ana, conversem à vontade, não vou incomodar!Ele acenava com a cabeça enquanto recuava, o grande diretor que normalmente se impunha nos bastidores da emissora agora parecia mais um servo ao lado de Severino. Desde que entrara na sala, ele não havia se endireitado uma única vez.De repente, um arrependimento me tomou. Eu queria tanto uma oportunidade de sucesso, mas a expressão de Severino deixava claro que ele não estava disposto a me dar essa chance.— Não precisa. — Eu o interrompi. — Quem deve ir embora sou eu. Não tenho nada para conversar com ele, e, além disso, não precisa mais me procurar. Não haverá outro dia de colaboração entre nós!Lancei um olhar para Severino e, em seguida, virei-me para sair, mas não esperava que ele segurasse meu pulso.No mesmo in
Severino se aproximou de mim bruscamente, com uma expressão feroz. Ele me empurrou contra dois homens e ordenou:— Não exagerem. Tirem algumas fotos íntimas e me mandem!Quase no mesmo instante, fui dominada pelos dois homens. O homem que havia sido espancado antes olhava para mim com ódio, como se quisesse arrancar um pedaço da minha carne, esperando apenas as ordens de Severino.A voz de Severino era fria, mas carregava um tom de arrogância, como uma divindade altiva, com uma falsa expressão de compaixão no rosto.— Ana, espero que você me entenda. Não posso deixar você destruir meu irmão. Se você realmente se importa com ele, não resista. Não quero te machucar, afinal, ainda temos um laço desde a infância.Cuspi em sua direção.— Que nojo, quem tem laço com você!O homem agredido levantou a mão para me bater, mas o outro o impediu.— O que você está fazendo? Essa vadia não sabe falar, vou dar uma lição nela!— Pra que essa pressa? Como é que você quer tirar fotos íntimas se bater ne
A dor aguda no meu pescoço fez com que cada nervo do meu corpo latejasse de dor. Com uma voz fria, falei: — Deixe-me sair! O rosto de Severino estava carregado de emoções conflitantes. O sangue que escorria do meu pescoço aumentava cada vez mais, e ele estava preocupado. Seu couro cabeludo formigava de leve; não apenas estava aflito pelo irmão, mas também temia não conseguir dar uma explicação convincente para Bruno. Se Bruno descobrisse que a pessoa por quem ele se importava havia sido levada a esse extremo por causa dele, ninguém saberia como as coisas entre as duas famílias iriam se desenvolver. Severino só queria me assustar, mas não esperava que eu não estivesse disposta a ceder nem um pouco, o que o colocou numa situação complicada. No entanto, se ele me deixasse sair assim, onde ficaria sua dignidade? — Para de usar esse truque barato. Já vi muitas mulheres ameaçarem os outros com suicídio. Você não precisa me ameaçar desse jeito. No fim das contas, você e Bruno já
Eu imaginei que Maia estivesse ali por causa de ferimentos antigos. Com uma doença tão grave como a que ela teve, era natural que restassem sequelas. Mas agora não era o momento para eu me preocupar com isso.Ela estava tão concentrada em sua ligação que nem notou quando passei por ela. Fui até o guichê para marcar a consulta no pronto-socorro de cirurgia. Como éramos de áreas médicas diferentes, não devíamos nos cruzar.As noites no hospital estavam sempre cheias de gente. Desta vez, no entanto, ninguém esbarrou em mim. As pessoas, ao verem o sangue escorrendo do meu pescoço, pensaram que minha situação fosse mais grave e abriram caminho para eu passar.O médico confirmou que meu caso era preocupante. Eu havia perdido bastante sangue e ele recomendou que eu chamasse alguém para me buscar. Caso desmaiasse no caminho, não haveria ninguém para me socorrer.Apesar do alvoroço que a situação havia causado, aquilo precisava acabar por ali. Não poderia chamar a polícia, nem falar sobr
— Solte-me! O rosto irritante de Bruno era realmente marcante, e eu não queria continuar brigando com ele na frente do hospital. — Diga-me onde está se sentindo mal e eu solto! Fiquei um pouco irritada. Ele tinha vindo visitar Maia, então por que estava tão preocupado comigo? — Não é da sua conta. — Não precisa me contar, posso ver seu prontuário de qualquer jeito! Enquanto falava, ele soltou minha mão e pegou o celular, claramente disposto a cumprir o que dizia. Fiquei sem palavras por um instante. Olhar para Bruno me dava uma sensação de vertigem. Se fosse uma doença comum, eu não teria medo de ele investigar, mas se descobrisse que eu estava machucada, isso certamente envolveria Rui. — Não é nada, vim visitar uma amiga. Instintivamente, toquei meu pescoço, rezando para que nenhum curativo estivesse visível. Bruno parou o que estava fazendo, levantando o olhar da tela do celular e me encarando com desconfiança. Seus olhos escuros me analisaram dos pés à cabeça
Eu, naturalmente, não iria com Bruno, mas não esperava que ele simplesmente agarrasse meu pulso, não me dando nenhuma chance de escapar. Ele me apressou: — Não faça Maia esperar. Ela precisa descansar. Minha mente estava atordoada, e eu praticamente fui arrastada por ele ao longo do caminho. Nunca imaginei que ele teria a audácia de fazer isso na frente de Maia. Olhei para trás, vendo Maia ainda parada, atônita. De alguma forma, senti pena dela. Um homem como Bruno, ele realmente seria capaz de tratar alguma mulher bem, independentemente de quem fosse sua esposa? Quando chegamos ao carro, eu já estava exausta, minhas pernas estavam tão fracas que quase não conseguiam me sustentar. Ele me empurrou para o banco do passageiro, sem a menor cerimônia. Enquanto colocava o cinto de segurança, ele se aproximou intencionalmente. Muito perto. Tão perto que eu podia ver os pequenos pelos na ponta de seu nariz com clareza. — Tem certeza que não está doente? Está suando tanto... E
Maia estava visivelmente desconfortável. — Srta. Ana, você está brincando, né? Eu e Bruno só vamos morar juntos quando estivermos prestes a nos casar. — Ah, hoje em dia todo mundo fala sobre fazer viagens e morar junto antes do casamento, né? Se não, como vai saber se são realmente compatíveis? Respondi de forma casual, sem tirar os olhos da paisagem pela janela. Essa era uma frase que Luz costumava dizer para mim, mas claro que ela nunca falaria de forma tão séria quanto eu agora. Antes de nos casarmos, Luz sugeriu que eu e Bruno fizéssemos uma viagem, para testar nossa convivência. Disse que, se ele não fosse "bom" em certos aspectos, eu ainda teria tempo de desistir. Na época, eu só pensava em casar com ele, não passava por minha cabeça esse tipo de coisa. Sentia que, mesmo que Bruno não fosse perfeito, eu ainda estaria satisfeita só de olhar para o rosto dele... A voz de Bruno soou suave e repentinamente: — É mesmo? Então você já viajou e morou com o Rui? Surpresa,