— Bruno, deixa a Srta. Ana ir, ela não queria me empurrar de propósito, estou bem. Maia manteve sua fachada até o fim. Eu desprezava isso. Eu também já havia me disfarçado por causa de Bruno, fazendo de tudo para agradá-lo na frente de Gisele. Por isso, entendia perfeitamente o que Maia estava fazendo agora. Eu não queria ser a referência para eles exibirem o amor deles. Com a cabeça baixa, passei por ele. No entanto, ao passar por Bruno, meu pulso foi agarrado firmemente. A atmosfera ficou estranhamente suspensa por um momento. No segundo seguinte, um calor escaldante subiu pelo meu pulso, queimando de tal forma que, por mais que eu tentasse soltar, nossos corpos pareciam grudados. Estava tão quente que nossas respirações ficaram ofegantes. O som da respiração dele ficou cada vez mais próximo e intenso, e parecia que a temperatura ao redor aumentava também. Levantei a cabeça e o encarei, apenas para ver suas emoções fervilhando em seus olhos, nada sutis, completamente es
Eu observava a expressão de Bruno se tornando cada vez mais firme. Ele estava mesmo decidido a proteger Maia na minha frente? Então, por que ele se sentiria mal por minha causa? Ajeitei minha expressão e adotei um tom mais sério, levantando o pulso e mostrando o dorso da minha mão para eles. — Tudo bem, mas primeiro peça desculpas para mim! As sobrancelhas de Bruno se franziram, e seu olhar caiu levemente sobre a minha mão machucada. No segundo seguinte, sua expressão ficou sombria. — O que aconteceu com sua mão? Minha atenção se voltou para Maia, que suspirou e, ainda tentando apaziguar a situação, continuou a aconselhar: — A Srta. Ana já machucou a mão. Parece que estava realmente chateada. Bruno, não complique ainda mais para ela. Ele, no entanto, fingiu não ouvir e continuou a me fitar profundamente, repetindo a pergunta: — Perguntei como isso aconteceu. Seria que ele realmente não sabia o que tinha acontecido? Se, nesse momento, fôssemos só nós dois, talvez e
Minha vida tinha melhorado um pouco. Fábio comentou que, recentemente, alguns advogados bem conhecidos haviam desaparecido da cena jurídica. Ele contou nos dedos, um por um, todos aqueles que, na festa, haviam dito coisas que não deviam. Seu olhar, carregado de curiosidade, pousou sobre mim. — O que você fez com eles? Balancei a cabeça. Embora eu tivesse memorizado o rosto de cada um deles, não era eu quem tinha o poder para fazer algo. Fábio ergueu o queixo, apontando para o céu. — E você e aquele senhor? Vocês realmente se divorciaram? Assenti. Como isso poderia ser uma farsa? — Então, por que ele está te ajudando? Um calafrio percorreu meu corpo. — Suas informações estão erradas! Bruno não estava me ajudando. Ele estava descontando sua raiva em mim! Eu acreditava que, mantendo-me longe dos assuntos do escritório e focando apenas na internet, Bruno deixaria o escritório de advocacia em paz. Mas Luz me informou que o Escritório de Advocacia J não tinha intenção
Eu olhava, sem qualquer expressão no rosto, para as capturas de tela que os internautas me enviavam. Nas imagens, Bruno entregava alguns presentes para Maia, com um semblante suave e um sorriso delicado.Ele estava sentado bem em frente ao computador de Maia. A luz do meio-dia se derramava sobre seus olhos negros, adicionando uma atmosfera levemente íntima e calorosa entre os dois.— Bruno, por que você está me dando coisas de novo? Eu já nem sei como te agradecer. — Você teve uma vida difícil desde pequena, sem pai nem mãe, e também não tem amigos. Eu sou, talvez, o seu único apoio neste mundo. Isso não é nada, é o mínimo que você merece. — Às vezes sinto inveja da Gisele. Não sei quanta sorte ela teve por ter você como irmão desde criança. Deve ser maravilhoso. Bruno ficou em silêncio por um momento, e só depois de uma pausa respondeu lentamente: — Se precisar de mais alguma coisa, é só me dizer.Maia cobriu a boca e baixou o olhar, soltando uma risadinha discreta. — Estou
Na plateia, de repente, uma pessoa vestida com roupas casuais pretas, usando óculos escuros e um boné da mesma cor, se levantou de forma abrupta e jogou seu copo no chão, gritando alto:— Se a apresentadora não é profissional, então que vá embora! Se não sabe falar, doe a boca!Ele rangia os dentes, e os óculos enormes faziam sua mandíbula parecer ainda mais afiada, como uma lâmina pronta para cortar. Sua raiva parecia prestes a explodir e preencher todo o estúdio. Com suas longas pernas, ele avançou em direção ao palco com passos determinados.Era Rui.Fiquei preocupada com ele, pois não havia dado nem meia dúzia de passos quando os seguranças ao lado de Bruno, como se já estivessem preparados, se levantaram e o agarraram. Ele, sozinho, não conseguiu resistir aos vários homens, e foi imobilizado, com os braços presos, sendo arrastado para fora do estúdio...Bruno mantinha os olhos baixos, sem fazer nenhum movimento desnecessário durante todo o incidente. A confusão não foi suficiente
Assim que saí do estúdio, antes mesmo de ver alguém, ouvi passos apressados se aproximando.Rui, que estava agachado nos degraus do lado de fora, correu na minha direção assim que me viu, envolvendo-me em um abraço apertado.Seu abraço era quente, quase febril, e ele tremia. Sua voz saiu engasgada:— Eu voltei!— Sim. — Respondi, batendo levemente em suas costas.— Meu irmão recuperou o controle das operações da minha empresa, me mandou para o exterior e confiscou meu celular e meu passaporte. Voltei escondido de barco.Ele claramente nunca tinha passado por esse tipo de dificuldade. Mesmo com os óculos escuros, eu podia sentir que, por trás deles, seus olhos estavam marejados.Querer ficar comigo era algo impossível desde o início. Se ele insistisse em seguir esse caminho, mesmo sabendo que não havia futuro, o que estava vivendo agora seria apenas o começo de seu sofrimento.— Meu pai quer que eu me case com alguém que ele escolheu, e quando recusei, ele até me bateu. — Ele parecia um
— Ana Oliveira!O grito de Bruno era contido e calmo, como se ele estivesse chamando alguém sem importância. No entanto, havia uma desesperança sutil, como um eco sombrio de um pesadelo. A mão que estava sobre meu ombro apertou levemente, e o corpo de Rui tremeu um pouco. Ele murmurou baixinho, pedindo minha opinião: — Ana, não olha para trás, tá bom? Vamos comer algo gostoso.Olhar para trás?Para onde eu poderia voltar?Depois de todos esses anos de enredo com Bruno, o que restou além de lembranças ilusórias? Não havia mais nada para onde retornar. Levantei o olhar para o vazio à minha frente e soltei um sorriso de desdém.— Você tem dinheiro no bolso? — Perguntei, resignada.Atrás de mim, Bruno chamou meu nome mais uma vez, mas dessa vez fui eu quem se afastou primeiro, deixando-o observar minha partida decidida. Havia muitas pessoas na entrada da emissora, e o chamado de Bruno já havia atraído alguns olhares curiosos. Alguns, inclusive, sacaram seus celulares para gravar o momen
Sob o olhar cheio de expectativa de Rui, assenti levemente com a cabeça. — Se esse dia realmente chegar, estou disposta a tentar com você.Ao vê-lo partir com um sorriso satisfeito, afundei-me exausta na cadeira. Toda aquela comida na mesa já não me despertava o menor apetite. Rui estava simplificando as coisas demais.Embora eu não me considerasse uma pessoa ruim, a verdade era que fui casada, perdi um bebê, e era a ex-mulher de Bruno. Isso era uma barreira que jamais poderia ser ignorada. Não sabia o quanto Rui precisaria sacrificar para que sua família deixasse de nutrir esse preconceito contra mim. Naquele momento, senti-me egoísta. Se eu realmente gostasse dele, deveria estar ao seu lado, enfrentando tudo junto, vencendo esses preconceitos. Mas, agora, percebia que já não tinha mais forças para me entregar a outra relação. Balançando a cabeça, peguei o celular e liguei para Rui. Queria dizer a ele que talvez fosse melhor desistir, que aquilo não era justo com ele. Uma voz fri