A borda do pingente cortou o rosto de Bruno, deixando uma marca de sangue. Ele inclinou levemente a cabeça, olhando na direção em que o colar havia caído, com uma expressão de alguém profundamente abalado. — Não enlouqueça mais comigo, e pare de desperdiçar seus sentimentos! Não interfira mais na minha vida, não importa com quem eu esteja, mas uma coisa é certa: essa pessoa nunca será você! Bruno virou a cabeça devagar, seus olhos se estreitaram ligeiramente, e seu olhar atravessou o ar cheio de poeira, pousando sobre o meu rosto. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, mas algo em seu peito doía de maneira insuportável. — Admito que desperdicei sentimentos com você, mas não vou admitir que enlouqueci por sua causa! Ele se segurou no peito, cambaleando ao se levantar. Seus olhos vermelhos estavam cobertos de veias escuras, e ele abaixou o olhar para mim. — Eu só estou dizendo para você ficar longe de outros homens! Mordi os dentes com raiva, sentindo a fúria crescen
Eu estava exausta e com sono, mas, mesmo com os olhos marejados de tanto sono, ainda assim não conseguia dormir. De madrugada, peguei minha pequena mala e me mudei para a casa da Luz. Ela foi muito compreensiva comigo, dizendo que eu só estava doente e que, com o tempo, tudo ficaria bem. Na verdade, o que eu queria mesmo era evitar o Rui. O que aconteceu hoje foi muito embaraçoso, e eu não fazia ideia de como encará-lo depois. Com medo de que, após ser levado para casa, ele voltasse para me procurar, decidi sair de uma vez. De qualquer forma, a Luz não tinha namorado, então eu não atrapalharia sua vida... Ela ficou bastante contente com minha chegada. Apesar de ter dito que eu não podia continuar me afundando nesse turbilhão de sentimentos, no fundo, ela estava aproveitando para ganhar uma ajudante de graça. Ela começou a me levar para o trabalho. Os casos do Escritório de Advocacia X, que ela precisava buscar pessoalmente, eram o que sustentava toda a equipe. Luz começou a
Do lado de fora da janela do carro, o fluxo incessante de veículos refletia o ritmo apressado da cidade. Luz soltava suspiros cada vez mais pesados.— Eu não vou permitir que você se rebaixe a ponto de procurar aquele desgraçado. Se for necessário, podemos tentar entrar em contato com o Juan. Vocês, ao menos, foram colegas de classe, ele não recusaria ajudar você, certo?Minha atenção se desviou da paisagem além da janela e se voltou para o rosto de Luz.— Não vá atrás dele.A expressão de Luz ficou complicada, e ela permaneceu em silêncio por um longo tempo antes de falar:— Eu sei que o Juan te ajuda por consideração ao Rui, mas esse Rui... Também não dá para confiar! Já se passou mais de um mês, e ele sequer deu as caras!Eu a lembrei suavemente:— Eu e ele nunca tivemos nada.Ao mencionar Rui, uma preocupação silenciosa crescia dentro de mim. Já fazia mais de um mês que ele não aparecia, e eu temia que sua liberdade estivesse sendo controlada pela própria família. E quem estaria po
As pessoas, disfarçadas de membros da alta sociedade, circulavam pelo salão com sorrisos falsos, trocando cumprimentos superficiais. Maia, no centro da atenção, vestia um elegante traje vermelho vivo, exalando profissionalismo e beleza. Quando alguém estava no auge, ninguém se importava com o passado dela. Mesmo que Maia mal conseguia manter uma conversa em discussões acadêmicas, sempre havia alguém disposto a guiar o assunto, garantindo que ela se sentia plenamente integrada. Ela logo percebeu minha presença. Seus olhos me seguiram, e ela passou a mão pelos cabelos, destacando deliberadamente sua maquiagem impecável. — Sra. Henriques, que surpresa encontrar você aqui. — Ela estendeu uma taça de vinho em minha direção, cobrindo a boca com fingida humildade. — Ah, perdão, Srta. Ana, quase me esqueci de que você já não é mais a esposa de Bruno.As pessoas ao redor, embora não demonstrassem abertamente sarcasmo, aguardavam ansiosas para ver o desenrolar da cena. Um deles aprovei
A música no salão ainda estava tocando, mas todos os presentes ficaram paralisados.O rosto de Maia estava metade inchado e metade tão pálido que parecia doente. Seu corpo frágil balançava, prestes a desabar no chão, mas alguém rapidamente a amparou. Em seus olhos, restava apenas um vazio profundo.— Ouvi dizer que foi o Presidente Bruno quem a abandonou. Como ela ainda ousa enfrentar a nova paixão do Presidente Bruno?— Alguém consegue entrar em contato com o Presidente Bruno? A Srta. Maia raramente aparece, não podemos deixar que a humilhem assim!Entre as vozes de escárnio, os olhos de Maia, cheios de lágrimas, permaneceram fixos em mim. As gotículas que brilhavam sob a luz a faziam parecer ainda mais miserável.No passado, a família Oliveira tinha uma posição muito elevada na Cidade J, e, após o casamento com a família Henriques, eu era sempre alvo de elogios por onde passava. Mesmo que agora a família Oliveira estivesse em decadência, não era qualquer um que podia pisar em mim.Se
Maia me bloqueou no banheiro, impedindo minha saída.— Srta. Ana, tem certas coisas que eu não sei se devo dizer ou não.Meu semblante se fechou.— Saia da frente. Se não deve dizer, então feche essa boca.Ela pressionou as costas contra a porta com força, o rosto pálido, como se eu a estivesse maltratando.— Bruno e eu vamos nos casar cedo ou tarde. O que ele me dá agora não é nem um décimo do que ele deu à sua esposa. No passado, eu tinha muita inveja de você. — Sua voz era baixa e suave, especialmente ao falar de seu amado, e um brilho de expectativa surgiu em seus olhos.— Não preciso saber sobre a vida de vocês.Tentei destravar a porta atrás dela, mas Maia não deu nenhum passo para trás.— Tenho medo de que você pense que estou no seu caminho, que me odeie e me ataque por isso. Mas, de verdade, não tenho nenhuma má intenção contra você. Ele me vê como sua esposa e quer me dar o melhor. Hoje, só aconteceu de o Escritório de Advocacia X ser o seu. Se fosse qualquer outro escritório
— Bruno, deixa a Srta. Ana ir, ela não queria me empurrar de propósito, estou bem. Maia manteve sua fachada até o fim. Eu desprezava isso. Eu também já havia me disfarçado por causa de Bruno, fazendo de tudo para agradá-lo na frente de Gisele. Por isso, entendia perfeitamente o que Maia estava fazendo agora. Eu não queria ser a referência para eles exibirem o amor deles. Com a cabeça baixa, passei por ele. No entanto, ao passar por Bruno, meu pulso foi agarrado firmemente. A atmosfera ficou estranhamente suspensa por um momento. No segundo seguinte, um calor escaldante subiu pelo meu pulso, queimando de tal forma que, por mais que eu tentasse soltar, nossos corpos pareciam grudados. Estava tão quente que nossas respirações ficaram ofegantes. O som da respiração dele ficou cada vez mais próximo e intenso, e parecia que a temperatura ao redor aumentava também. Levantei a cabeça e o encarei, apenas para ver suas emoções fervilhando em seus olhos, nada sutis, completamente es
Eu observava a expressão de Bruno se tornando cada vez mais firme. Ele estava mesmo decidido a proteger Maia na minha frente? Então, por que ele se sentiria mal por minha causa? Ajeitei minha expressão e adotei um tom mais sério, levantando o pulso e mostrando o dorso da minha mão para eles. — Tudo bem, mas primeiro peça desculpas para mim! As sobrancelhas de Bruno se franziram, e seu olhar caiu levemente sobre a minha mão machucada. No segundo seguinte, sua expressão ficou sombria. — O que aconteceu com sua mão? Minha atenção se voltou para Maia, que suspirou e, ainda tentando apaziguar a situação, continuou a aconselhar: — A Srta. Ana já machucou a mão. Parece que estava realmente chateada. Bruno, não complique ainda mais para ela. Ele, no entanto, fingiu não ouvir e continuou a me fitar profundamente, repetindo a pergunta: — Perguntei como isso aconteceu. Seria que ele realmente não sabia o que tinha acontecido? Se, nesse momento, fôssemos só nós dois, talvez e