Seu figurino também era da época, usava um macacão jeans com uma alça solta, por baixo vestia uma camisa cheia de flores de margaridas. Seu cabelo estava preso no alto e cai para o lado. Mesmo com a roupa que estava realmente fora de moda, Kaya continuava bonita.
Abri um sorriso ao vê-la, mas logo parei, lembrando que estavam ainda na peça.
— O que está acontecendo, Mike?
— Nada, Lucy. Apenas estou chateado com algo.
— Não me diz que você ainda não falou com ela? Você precisa abrir o jogo, cara. Contar a real para ela.
— Eu sei, estou tentando. Mas sei que ela não sente o mesmo, ela é muita areia para o meu caminhão. Eu até gravei uma fita com todas as músicas que me lembram ela, mas não consigo entregar.
— Você tem que parar de correr atrás dela desse jeito, não lhe faz bem.
Ninguém sabia que Troy tinha me esfaqueado, que ele quase tentou me matar. Não contei para ninguém, era o meu segundo maior segredo. Eu ia contar para Mikaella, mas quando acordei do hospital, ela já havia ido embora. Já havia ido encontrar ele.Passei então os últimos meses treinando, aprendendo a lutar. Porque sabia que aquela vez não seria a última que nos encontraríamos, sabia disso melhor do que ninguém. Apenas não sabia porque ele fez aquilo, porque tentara me assassinar. Suspeitava que era por causa da Mia, só que ela já tinha feito a sua escolha, ela havia escolhido ele.Troy retirou o capuz e pude ver melhor o seu rosto. A cicatriz acima da sobrancelha ainda estava lá, seu cabelo agora estava maior, penteado para trás. O que consegui notar de diferente foi seus olhos, não eram mais azuis, estavam vermelhos com a pupila maior e mais escura, tod
Coloquei a cabeça para fora com cautela. Olhei para os dois lados atenta, notando que não havia nenhum guarda ou algo parecido, sai do quarto. Senti o chão gelado, foi quando me dei conta que estava descalçaVoltei para o quarto e procurei pelo meu tênis. Eles deveriam ter pelo menos deixado o meu tênis da Adidas aqui pelo amor dos deuses! Era o meu tênis favorito. Só que não deixaram, apenas encontrei um salto rosa que combinava com o vestido. Com certeza não iria usar aquilo, decidi sair descalça mesmo, o máximo de ruim que poderia acontecer seria uma gripe.Voltei a vigiar rapidamente o quarto antes de sair e continuava sem ninguém. Encolhi meus dedos dos pés ao sentir o gelo do chão. Foquei em me concentrar em achar uma saída.Estava parada em corredor largo, suas paredes também eram de pedras com formatos variados, me fazendo lembrar mais uma
Voltei a minha atenção para a cozinha, procurando por facas. Precisava de uma faca para me defender, agradeci mentalmente por Pierre ter me ensinado a lutar com facas, iria servir hoje. Olhei em cima da mesa principal à procura de alguma faca grande, mas não achei nenhum. Procurei dentro das gavetas e só achava pratos, copos e outras bugigangas que eu fazia questão de não imaginar o pior com elas.Por fim encontrei uma faca que provavelmente daria conta, ela tinha um cabo verde e a lâmina era cumprida, devia servir para cortar carne. Assim que a encontrei, barulhos de passos surgiu da outra porta que estava cheia de caixotes do lado, o corredor dela era um pouco mais claro do que as que eu estava andando. Entrei em pânico novamente sem saber aonde me esconder, dessa vez fui para debaixo da mesa, ela estava coberta por uma toalha cumprida que se arrastava pelo chão. Me encolhi por debaixo dela e puxei meu vest
Gabe, como sinto falta dele, quase o perdi uma vez e me senti sem chão. Fiz o certo em deixa-lo, ele estava mais seguro sem mim. Talvez ele sentisse minha falta tanto o quanto eu sinto dele, é errado querer isso, por isso me controlei. Ele com certeza estava melhor sem mim, sei disso.Me concentrei na minha situação atual, retomei a caminhada a procura de uma saída, cada vez mais eu estava curiosa em saber aonde eu estava. Caminhei perto da beirada, até que depois de quase meia hora caminhando, vi ao longe uma ponte, ela atravessava a água em direção aonde poderia ter terra firme.Teria dado pulos de alegria se meus pés não estivessem doendo. Usei essa energia para andar um pouco mais depressa, queria chegar na ponte, precisava chegar. Estava com as minhas esperanças se restaurando quando ouvi gritos, não entendi novamente o que falavam. Porém não importava se eu es
Antes que eu pudesse revidar, uma outra porta se abriu atrás de mim. Me virei para ver o que era e fiquei sem ar com a surpresa. Era Troy, bem, saudável e com um arco na mão e uma aljava cheia de flechas cruzada no peito nu atrás nas costas. Seu cabelo estava mais longos, seus olhos estavam mais azuis que antes, ele parecia ter envelhecido, não possuía mais a aparência de dezesseis anos igual quando eu o via na Terra.O encarei surpresa, admirada de como tinha mudado, ele estava diferente, não apenas na aparência de adulto, mas na postura, ele estava mudado. Não parecia estar machucado ou assustado, não entrou carregado por guardas ou algo parecido. Ele apareceu sozinho, procurando por mim e notei seus olhos pousarem em mim com um brilho de saudade e felicidade.— Troy — murmurei surpresa.— Ella — respondeu e soltou tudo no chão. Corremos de encontro ao out
Vai levar um tempo para sair daqui, pensei. Irá levar tempo. Algumas semanas, no máximo alguns meses. Preciso bolar um plano para fugir daqui, irei ficar quieta, obediente, apenas observando a rotina desse lugar, descobrir seus segredos e seus hábitos. Poderei descobrir o que houve com os meus poderes, terei que ser meticulosa com Thryee, jogar seu jogo, fazer o que ele mandar. Não levantar suspeitas.Me encontrava sentada em uma poltrona que puxei até a janela, minhas pernas estavam levantadas e pousavam no parapeito da janela, sentia o vento bater em meus dedos e o calor dos raios de sol esquentarem minha perna. Troy teve que sair de novo, me deixando sozinha. Não conversamos muito igual eu gostaria. Ele foi torturado pelo Thryee e estava desempenhando o seu papel, fingindo ser leal a ele, era a única coisa que eu sabia. Troy contou que se ele não fizesse o que Thryee mandasse, sua família sofreria na Terra ou e
Não sabia ainda falar em élfico ou em fae ou qualquer outra língua que não fosse a da Terra, foram poucas aulas que tive de linguagem com o Pietro. Já notei que não irei saber me virar muito bem por aqui.O cozinheiro andou em minha direção com uma tigela funda na mão e uma faca na outra. Quanto mais ele se aproximava, mais eu ia para trás, até que acabei esbarrando em uma das bancadas. Ótimo, agora serei morta pelo bruxo cozinheiro.Isso não aconteceu. Ele levantou uma sobrancelha, achando graça com o meu medo. Então ofereceu a tigela e eu olhei dentro, havia verduras e legumes dentro, eram parecidos com os da Terra, pelo menos pareciam ser legumes e verduras. Balançou a tigela na minha frente e fiquei um segundo confusa, até entender o que ele queria com aquilo.— Ah, entendi — falei aliviada. Peguei a tigela e ele a solto
No dia seguinte acordei antes mesmo do dia amanhecer, o ventou balançava as cortinhas fechadas e o brilho da lua entrava.— Aonde você está indo? — sussurrei sonolenta para o Troy que havia se levantado da cama.— Desculpa, não queria te acordar — respondeu, sentando na cama de novo. — Mas eu preciso sair.— Pra onde? — perguntei confusa.— Geralmente a essa hora eu saio para caçar — respondeu, tentando esconder a animação.— Caçar?! — falei confusa. Troy acenou com a cabeça. — A essa hora?— Bem, aqui os dias duram mais do que na Terra — explicou enquanto vestia uma camisa.— Como assim?— Aqui o total de horas em um dia, contando a noite, é por volta de quarenta horas — respondeu.Me sentei na cama surpresa. Era quase quarente e oito horas de um dia i