No dia seguinte acordei antes mesmo do dia amanhecer, o ventou balançava as cortinhas fechadas e o brilho da lua entrava.
— Aonde você está indo? — sussurrei sonolenta para o Troy que havia se levantado da cama.
— Desculpa, não queria te acordar — respondeu, sentando na cama de novo. — Mas eu preciso sair.
— Pra onde? — perguntei confusa.
— Geralmente a essa hora eu saio para caçar — respondeu, tentando esconder a animação.
— Caçar?! — falei confusa. Troy acenou com a cabeça. — A essa hora?
— Bem, aqui os dias duram mais do que na Terra — explicou enquanto vestia uma camisa.
— Como assim?
— Aqui o total de horas em um dia, contando a noite, é por volta de quarenta horas — respondeu.
Me sentei na cama surpresa. Era quase quarente e oito horas de um dia i
Fiquei do lado de fora por um tempo depois que Troy foi embora. Por mais que fosse bonita aquela paisagem e as luas fossem magnificas, não mudava o fato de que estava vivendo tudo aquilo como prisioneira e aquele lugar ainda era um obstáculo para a minha fuga.Voltei para dentro e continuava tudo escuro, não tinha completado um dia aqui e por conta disso não sabia como andar pelos corredores ou aonde estava o meu quarto. Conseguia ver apenas formas na escuridão e ficava com as mãos estendidas na frente, querendo tatear alguma coisa que ficasse no meu caminho.— A gatinha se perdeu? — sussurrou Thryee perto do meu ouvido, me fazendo sobressaltar de susto.— Jesus Cristo! Você não pode chegar assim nas pessoas, vai acabar sendo morto — reclamei para a escuridão. Não conseguia ver aonde ele estava. — A onde você está afinal?— Atrás de
Fiquei de pé na sua frente e lhe observei. Seu cabelo continua bagunçado como sempre e um pouco maior, caindo mais nos seus lindos olhos, que agora ele nem parecia mais em se importar de tirar. Parecia tão cansado, conseguia ver as olheiras formadas, não eram profunda e mesmo assim visíveis de qualquer forma. Vestia apenas uma regata e bermuda, me deixando reparar como ganhou mais massa corporal, ficando mais malhado nos braços e nos seus ombros largos, a barba estava por fazer lhe dando um aspecto de mais velho, ao olhar assim, parecia ter no mínimo vinte anos e não dezesseis.Notar isso me fez ficar sem ar por um momento. Quanto tempo já havia se passado na Terra? Quatro anos? Duas semanas em Nagalärie era quatro anos na Terra? Eu perdi tanto tempo longe assim?Me sentei ao seu lado no banco e fiquei olhando o seu rosto. Estava tão mudado e familiar ao mesmo tempo.— Quanto
— Não, não — discordou ele, se levantou da cadeira e deu a volta na mesa. — Você veio para cá porque eu quase matei o seu outro namorado e com certeza eu matei a sua mãe também.Meu maxilar trincou de ódio, o que fez ele sorrir ao ver meu estado mudar.— Ah é, sua pobre mãe. Gritava de agonia dentro do carro — contou com uma voz baixa, se aproximando mais de mim. — Ela gritava por ajuda, mas ninguém poderia ajuda-la. Apenas a sua filhinha que escolheu salvar o namorado. Será que seu pai lhe perdoaria, se soubesse que foi você a causa da morte da amada esposa?— CALA A BOCA! — gritei com odeio, levante minha mão para bater em seu rosto, ele por sua vez segurou meu pulso.Thryee me puxou para mais perto, fazendo seu rosto ficar a centímetros do meu. Seus olhos não mudaram de cor, mas ficaram mais duros e frio
A noite não demorou a chegar. Dentro do quarto, caminhei de um lado para o outro, pensando em como irei descobrir o que havia atras daquelas portas. Tentarei ir de novo lá nessa madrugada, torcendo para que Thryee não surgisse das sombras novamente.Encarei à noite pela janela, mexia no meu colar que Gabe me deu de presente, desejava saber o que ele estava fazendo, se talvez estaria olhando também para o céu, mesmo sabendo que não estaríamos olhando para as mesmas estrelas, seria no mínimo reconfortante saber que o desejo era mutuo. De que não importa a onde a gente estivesse, sempre iriamos amar um ao outro.Uma voz em minha mente por sua vez diz para deixa-lo, muito tempo poderia ter já se passado e ele ter seguido em frente. Além do mais, eu estava com o Troy agora e isso devia me deixar feliz. Que até era egoísmo meu não ter nem pensado se ele estava bem,
Passei o resto da noite em claro, tentando reacender meus poderes de volta. Martelando o que Thryee havia dito: transferido meus poderes. Pietro nunca contou que isso era possível ou como poderia ser feito. Thryee acredita que eu havia transferido e eu acreditava que ele apenas tinha me incapacitado de usar meus poderes, como prisioneira nesse maldito castelo.Quando pensei que não haveria ninguém vigiando minha porta, resolvi me arriscar a ir na ala oeste novamente, mesmo com o jeito que acabou o jantar, não conseguia deixar de sentir que precisava encontrar aquela porta e saber o que há atras dela. Lembrava um pouco do caminho e mesmo estando escuro, levei uma vela acesa do quarto, não demorei muito para achar o corredor de novo, o cheiro de enxofre entregava o lugar.Mesmo com a pouca iluminação que a vela trazia, conseguia enxergar a névoa dançando até o meu corpo, me atraindo para mais pe
— Meu Deus, Brar! — falei animada — Como você me encontrou?Me levantei da cama e corri até a janela. Brar, o luer do Pietro, uma coruja não muito amistosa, mas com certeza salvadora, subiu em meu braço. Ele estava diferente, maior do que eu me lembrava. Pietro me alertou sobre isso, que nessa galáxia a maioria dos animais são quase dez vezes maiores dos que habitam a Terra. Brar era uma prova disso, seu tamanho parecia ter aumentado no mínimo quinze vezes mais.— Skyla conseguiu falar com o Pietro, não conseguiu? — Brar girou a cabeça e aceitei isso como um sim.Na sua garra esquerda tinha algo preso, uma bolinha quase do tamanho de uma bola de gude. Desprendi e Brar voou novamente para a janela. Mexi no artefato, que era leve e bem pequeno, não sabia o que era.— Como esse treco funciona? — perguntei, remexendo na bolinha estranha. Antes
Às coisas estão começando a ganhar uma nova forma, uma nova esperança de conseguir sair daqui. Ainda me sentia mal pelo o que vi na madrugada, era algo tão doentio que eu teria que achar uma forma de acabar com aquilo. Sabia que não era possível sem os meus poderes, precisava realmente saber o que aconteceu com eles.Sempre que pensava em meus poderes, me pegava mexendo no colar do Gabe, o meu totem, meu talismã. Gabriel havia sido meu gatilho para aceitar os meus poderes, em abraçar o meu verdadeiro eu, por assim se dizer. Ele havia me aceitado do jeito que eu sou, antes mesmo de eu saber o que eu era exatamente. Tudo o que descobri sobre mim mesma tinha sido graças ao seu amor e a sua paciência comigo.Ainda não entendi como ele pode se apaixonar por mim, durante todos esses anos e ainda por cima, esperar que eu me apaixonasse por ele de volta. Sentia tantas saudades dele que doí
Com o passar dos dias, fui mapeando os corredores e as escadas do castelo. Depois do terceiro dia, havia conseguido entrar em quase metade dos cômodos que estavam em dois andares. Alguns eram quartos bem luxuosos, outros apenas salas de estar outros escritórios, tinha passado por no mínimo três bibliotecas lotadas de livros, do teto até o chão. Pelo o que eu havia conseguido folhear dos livros, a maioria eram sobre magias, feitiços e encantamentos, conseguia até sentir a magia emanando das páginas dos livros e pairando no ar.Infelizmente, meus poderes ainda não tinham voltado. Eu começava a achar que talvez eles nunca mais voltariam, o que poderia ser algo bom. Provaria que eu não era a profecia, a Zeakash, que o destino do universo não estaria mais em minhas mãos e eu finalmente poderia voltar para casa. Troy e eu poderíamos voltar para casa.Faltava apenas dois dia