Voltei a minha atenção para a cozinha, procurando por facas. Precisava de uma faca para me defender, agradeci mentalmente por Pierre ter me ensinado a lutar com facas, iria servir hoje. Olhei em cima da mesa principal à procura de alguma faca grande, mas não achei nenhum. Procurei dentro das gavetas e só achava pratos, copos e outras bugigangas que eu fazia questão de não imaginar o pior com elas.
Por fim encontrei uma faca que provavelmente daria conta, ela tinha um cabo verde e a lâmina era cumprida, devia servir para cortar carne. Assim que a encontrei, barulhos de passos surgiu da outra porta que estava cheia de caixotes do lado, o corredor dela era um pouco mais claro do que as que eu estava andando. Entrei em pânico novamente sem saber aonde me esconder, dessa vez fui para debaixo da mesa, ela estava coberta por uma toalha cumprida que se arrastava pelo chão. Me encolhi por debaixo dela e puxei meu vest
Gabe, como sinto falta dele, quase o perdi uma vez e me senti sem chão. Fiz o certo em deixa-lo, ele estava mais seguro sem mim. Talvez ele sentisse minha falta tanto o quanto eu sinto dele, é errado querer isso, por isso me controlei. Ele com certeza estava melhor sem mim, sei disso.Me concentrei na minha situação atual, retomei a caminhada a procura de uma saída, cada vez mais eu estava curiosa em saber aonde eu estava. Caminhei perto da beirada, até que depois de quase meia hora caminhando, vi ao longe uma ponte, ela atravessava a água em direção aonde poderia ter terra firme.Teria dado pulos de alegria se meus pés não estivessem doendo. Usei essa energia para andar um pouco mais depressa, queria chegar na ponte, precisava chegar. Estava com as minhas esperanças se restaurando quando ouvi gritos, não entendi novamente o que falavam. Porém não importava se eu es
Antes que eu pudesse revidar, uma outra porta se abriu atrás de mim. Me virei para ver o que era e fiquei sem ar com a surpresa. Era Troy, bem, saudável e com um arco na mão e uma aljava cheia de flechas cruzada no peito nu atrás nas costas. Seu cabelo estava mais longos, seus olhos estavam mais azuis que antes, ele parecia ter envelhecido, não possuía mais a aparência de dezesseis anos igual quando eu o via na Terra.O encarei surpresa, admirada de como tinha mudado, ele estava diferente, não apenas na aparência de adulto, mas na postura, ele estava mudado. Não parecia estar machucado ou assustado, não entrou carregado por guardas ou algo parecido. Ele apareceu sozinho, procurando por mim e notei seus olhos pousarem em mim com um brilho de saudade e felicidade.— Troy — murmurei surpresa.— Ella — respondeu e soltou tudo no chão. Corremos de encontro ao out
Vai levar um tempo para sair daqui, pensei. Irá levar tempo. Algumas semanas, no máximo alguns meses. Preciso bolar um plano para fugir daqui, irei ficar quieta, obediente, apenas observando a rotina desse lugar, descobrir seus segredos e seus hábitos. Poderei descobrir o que houve com os meus poderes, terei que ser meticulosa com Thryee, jogar seu jogo, fazer o que ele mandar. Não levantar suspeitas.Me encontrava sentada em uma poltrona que puxei até a janela, minhas pernas estavam levantadas e pousavam no parapeito da janela, sentia o vento bater em meus dedos e o calor dos raios de sol esquentarem minha perna. Troy teve que sair de novo, me deixando sozinha. Não conversamos muito igual eu gostaria. Ele foi torturado pelo Thryee e estava desempenhando o seu papel, fingindo ser leal a ele, era a única coisa que eu sabia. Troy contou que se ele não fizesse o que Thryee mandasse, sua família sofreria na Terra ou e
Não sabia ainda falar em élfico ou em fae ou qualquer outra língua que não fosse a da Terra, foram poucas aulas que tive de linguagem com o Pietro. Já notei que não irei saber me virar muito bem por aqui.O cozinheiro andou em minha direção com uma tigela funda na mão e uma faca na outra. Quanto mais ele se aproximava, mais eu ia para trás, até que acabei esbarrando em uma das bancadas. Ótimo, agora serei morta pelo bruxo cozinheiro.Isso não aconteceu. Ele levantou uma sobrancelha, achando graça com o meu medo. Então ofereceu a tigela e eu olhei dentro, havia verduras e legumes dentro, eram parecidos com os da Terra, pelo menos pareciam ser legumes e verduras. Balançou a tigela na minha frente e fiquei um segundo confusa, até entender o que ele queria com aquilo.— Ah, entendi — falei aliviada. Peguei a tigela e ele a solto
No dia seguinte acordei antes mesmo do dia amanhecer, o ventou balançava as cortinhas fechadas e o brilho da lua entrava.— Aonde você está indo? — sussurrei sonolenta para o Troy que havia se levantado da cama.— Desculpa, não queria te acordar — respondeu, sentando na cama de novo. — Mas eu preciso sair.— Pra onde? — perguntei confusa.— Geralmente a essa hora eu saio para caçar — respondeu, tentando esconder a animação.— Caçar?! — falei confusa. Troy acenou com a cabeça. — A essa hora?— Bem, aqui os dias duram mais do que na Terra — explicou enquanto vestia uma camisa.— Como assim?— Aqui o total de horas em um dia, contando a noite, é por volta de quarenta horas — respondeu.Me sentei na cama surpresa. Era quase quarente e oito horas de um dia i
Fiquei do lado de fora por um tempo depois que Troy foi embora. Por mais que fosse bonita aquela paisagem e as luas fossem magnificas, não mudava o fato de que estava vivendo tudo aquilo como prisioneira e aquele lugar ainda era um obstáculo para a minha fuga.Voltei para dentro e continuava tudo escuro, não tinha completado um dia aqui e por conta disso não sabia como andar pelos corredores ou aonde estava o meu quarto. Conseguia ver apenas formas na escuridão e ficava com as mãos estendidas na frente, querendo tatear alguma coisa que ficasse no meu caminho.— A gatinha se perdeu? — sussurrou Thryee perto do meu ouvido, me fazendo sobressaltar de susto.— Jesus Cristo! Você não pode chegar assim nas pessoas, vai acabar sendo morto — reclamei para a escuridão. Não conseguia ver aonde ele estava. — A onde você está afinal?— Atrás de
Fiquei de pé na sua frente e lhe observei. Seu cabelo continua bagunçado como sempre e um pouco maior, caindo mais nos seus lindos olhos, que agora ele nem parecia mais em se importar de tirar. Parecia tão cansado, conseguia ver as olheiras formadas, não eram profunda e mesmo assim visíveis de qualquer forma. Vestia apenas uma regata e bermuda, me deixando reparar como ganhou mais massa corporal, ficando mais malhado nos braços e nos seus ombros largos, a barba estava por fazer lhe dando um aspecto de mais velho, ao olhar assim, parecia ter no mínimo vinte anos e não dezesseis.Notar isso me fez ficar sem ar por um momento. Quanto tempo já havia se passado na Terra? Quatro anos? Duas semanas em Nagalärie era quatro anos na Terra? Eu perdi tanto tempo longe assim?Me sentei ao seu lado no banco e fiquei olhando o seu rosto. Estava tão mudado e familiar ao mesmo tempo.— Quanto
— Não, não — discordou ele, se levantou da cadeira e deu a volta na mesa. — Você veio para cá porque eu quase matei o seu outro namorado e com certeza eu matei a sua mãe também.Meu maxilar trincou de ódio, o que fez ele sorrir ao ver meu estado mudar.— Ah é, sua pobre mãe. Gritava de agonia dentro do carro — contou com uma voz baixa, se aproximando mais de mim. — Ela gritava por ajuda, mas ninguém poderia ajuda-la. Apenas a sua filhinha que escolheu salvar o namorado. Será que seu pai lhe perdoaria, se soubesse que foi você a causa da morte da amada esposa?— CALA A BOCA! — gritei com odeio, levante minha mão para bater em seu rosto, ele por sua vez segurou meu pulso.Thryee me puxou para mais perto, fazendo seu rosto ficar a centímetros do meu. Seus olhos não mudaram de cor, mas ficaram mais duros e frio