— Fala, garoto —atendeu Kaya animada do outro lado da linha.
— Vamos matar aula hoje — disse de forma direta.
— O que?!
— Vamos matar aula, só você e eu. Vamos até a praia, conhece um lugar perfeito, isolado e bonito, vamos — propus sério. — Prometo que você não vai se arrepender. Fez se um pequeno silencio do outro lado da linha.
— Ok — cedeu por fim.
— Ótimo! Busco você atrás do colégio, do outro lado da rua, daqui meia hora.
— Tudo bem. Estou ansiosa — respondeu e eu conseguia imagina-la sorrindo do outro lado do telefone.
— Eu também — declarei antes de desligar. Skyla estava parada me encarando e quando desliguei a chamada, uivou para mim como se fosse atacar. Aquilo me surpreendeu.
— Ei, garota. O que foi? — me agachei e fiz carinho em sua cabe&cced
— Acho que posso viver assim para sempre — murmurou em meus braços. Estávamos deitados na coberta estendida na areia, apertei meus braços ao seu redor e beijei sua testa.— Tem certeza? Sem internet e qualquer outra tecnologia? — brinquei. — Sei que sou um grande pedaço de mal caminho, mas não sei não, hein.— É, tem razão. Você não é tão bom assim — retrucou e levantou os olhos.— Eu sou ótimo, na verdade. Mil garotas já gritaram pelo meu nome — me gabei.— Mil, é? — falou desconfiada.— Mil e uma — respondi lhe olhando. — Você foi bem escandalosa.— O que?! Eu não fui não! — retrucou indignada, me batendo no peito.— Ai, calma. Estou brincando — acalmei, segurando seu braço. — Você foi
Pela primeira vez depois de muito tempo não tive sonho algum a noite quando me deitei. Havíamos voltado para casa por volta das nove horas da noite, Kaya não quis carona para casa, argumentou dizendo que não se importava de ir caminhando. Insistir para leva-la, porém ela não concordou e por conta disso a deixei no colégio novamente e voltei para casa.Conversei com meus pais, ele estava na última conexão de avião e chegariam em casa bem cedo. Fiquei feliz em saber daquilo, não percebi como sentia falta de ter gente em casa além de mim mesmo, ela possuía um silêncio que me dava uma sensação de desconforto as vezes. Seria bom ter mais vozes circulando pelos cômodos, mesmo que fosse apenas por algumas semanas.Me sentia em paz, reconfortável. O que era estranho para mim, fiquei tão acostumado em ficar tenso o tempo todo, confuso e com certeza
Cheguei no Fatia Doce e fiquei surpreso ao ver o Matteo na cozinha novamente. Ele estava a todo vapor, andando de um lado para o outro com ingredientes de um prato na mão, gritando para um outro cozinheiro colocar mais sal em um molho enquanto entregava um prato para um garçom e tudo isso com uma trilha sonora dos anos cinquenta tocando.Fiquei feliz em ver que ele havia voltado de verdade a trabalhar e que com certeza fazia aquilo tudo com paixão, como sempre era quando estava na cozinha. Parece que todo mundo começou a voltar as suas rotinas, não havia possibilidade real de ficar triste a vida toda, a dor não vai embora, porém, depois de um tempo você começa a lidar com ela como se fosse algo que você não consegue mudar. Apenas se acostuma e refaz sua vida.Guardei minha mochila, vesti o avental e lavei minhas mãos para ajudar na cozinha. Conseguia sentir a atmosfera melhorar com o Matt
Acordei no dia seguinte antes mesmo do despertador tocar, dormi pouco, ansioso demais para o dia de hoje. Felizmente não iria precisar usar o uniforme, já que teríamos novos figurinos para a peça que ocorreria as dez horas da manhã e acabaria meio-dia. Porém era necessário chegar no horário normal, para os preparativos.Após me arrumar, me encontrei com os rapazes na frente de casa.— E aí, estão prontos para a fama, rapazes? — falei animado.— Fama? Eu quero é a minha nota, isso sim — reclamou Erik. — Não ensaiei e fiquei pintando aquele cenário estupido pela fama.— Tem certeza? — perguntei arqueando a sobrancelha.— Tá, talvez um pouco — cedeu, desencadeando risadas no grupo.—E você, Lucca?— Só tenho que apertar botões, mamão com a&cce
Seu figurino também era da época, usava um macacão jeans com uma alça solta, por baixo vestia uma camisa cheia de flores de margaridas. Seu cabelo estava preso no alto e cai para o lado. Mesmo com a roupa que estava realmente fora de moda, Kaya continuava bonita.Abri um sorriso ao vê-la, mas logo parei, lembrando que estavam ainda na peça.— O que está acontecendo, Mike?— Nada, Lucy. Apenas estou chateado com algo.— Não me diz que você ainda não falou com ela? Você precisa abrir o jogo, cara. Contar a real para ela.— Eu sei, estou tentando. Mas sei que ela não sente o mesmo, ela é muita areia para o meu caminhão. Eu até gravei uma fita com todas as músicas que me lembram ela, mas não consigo entregar.— Você tem que parar de correr atrás dela desse jeito, não lhe faz bem.
Ninguém sabia que Troy tinha me esfaqueado, que ele quase tentou me matar. Não contei para ninguém, era o meu segundo maior segredo. Eu ia contar para Mikaella, mas quando acordei do hospital, ela já havia ido embora. Já havia ido encontrar ele.Passei então os últimos meses treinando, aprendendo a lutar. Porque sabia que aquela vez não seria a última que nos encontraríamos, sabia disso melhor do que ninguém. Apenas não sabia porque ele fez aquilo, porque tentara me assassinar. Suspeitava que era por causa da Mia, só que ela já tinha feito a sua escolha, ela havia escolhido ele.Troy retirou o capuz e pude ver melhor o seu rosto. A cicatriz acima da sobrancelha ainda estava lá, seu cabelo agora estava maior, penteado para trás. O que consegui notar de diferente foi seus olhos, não eram mais azuis, estavam vermelhos com a pupila maior e mais escura, tod
Coloquei a cabeça para fora com cautela. Olhei para os dois lados atenta, notando que não havia nenhum guarda ou algo parecido, sai do quarto. Senti o chão gelado, foi quando me dei conta que estava descalçaVoltei para o quarto e procurei pelo meu tênis. Eles deveriam ter pelo menos deixado o meu tênis da Adidas aqui pelo amor dos deuses! Era o meu tênis favorito. Só que não deixaram, apenas encontrei um salto rosa que combinava com o vestido. Com certeza não iria usar aquilo, decidi sair descalça mesmo, o máximo de ruim que poderia acontecer seria uma gripe.Voltei a vigiar rapidamente o quarto antes de sair e continuava sem ninguém. Encolhi meus dedos dos pés ao sentir o gelo do chão. Foquei em me concentrar em achar uma saída.Estava parada em corredor largo, suas paredes também eram de pedras com formatos variados, me fazendo lembrar mais uma
Voltei a minha atenção para a cozinha, procurando por facas. Precisava de uma faca para me defender, agradeci mentalmente por Pierre ter me ensinado a lutar com facas, iria servir hoje. Olhei em cima da mesa principal à procura de alguma faca grande, mas não achei nenhum. Procurei dentro das gavetas e só achava pratos, copos e outras bugigangas que eu fazia questão de não imaginar o pior com elas.Por fim encontrei uma faca que provavelmente daria conta, ela tinha um cabo verde e a lâmina era cumprida, devia servir para cortar carne. Assim que a encontrei, barulhos de passos surgiu da outra porta que estava cheia de caixotes do lado, o corredor dela era um pouco mais claro do que as que eu estava andando. Entrei em pânico novamente sem saber aonde me esconder, dessa vez fui para debaixo da mesa, ela estava coberta por uma toalha cumprida que se arrastava pelo chão. Me encolhi por debaixo dela e puxei meu vest