Anton encostou a cabeça no banco de couro do carro, sentindo a tensão do dia pesar sobre seus ombros. O jantar com os De Luca havia sido um sucesso, e isso significava um passo importante nos negócios. No entanto, lidar com a insistência de Isabela era mais do que ele estava disposto a aguentar naquela noite. Ele precisava de um tempo para si, um momento de silêncio. Girou a chave na ignição, sentindo o motor potente do carro rugir sob seu comando.
Antes que pudesse arrancar, ouviu um leve bater na janela do passageiro. Anton virou o rosto lentamente, seu olhar frio pousando na figura elegante de Isabela. Ela estava linda, como sempre, seus cabelos loiros caindo em ondas perfeitas sobre os ombros. O vestido justo destacava suas curvas, e os olhos claros brilhavam sob a luz suave dos postes de rua. Mesmo assim, tudo o que Anton sentia por ela naquele momento era irritação.
“Não vai me levar pra casa?”, a voz dela era doce, mas havia uma nota de irritação ali.
Anton suspirou, um som pesado e carregado de exasperação. “Qual problema, Anton? Achei que estava tudo bem depois do jantar.”
“Isabela”, ele começou, mantendo a voz firme e controlada: “Esse jantar foi sobre meus negócios com seu pai. Não tem nada a ver com você ou com nós dois.”
Isabela cruzou os braços, seu rosto bonito se contorcendo em uma expressão de descontentamento. “É claro que tem!”, ela insistiu, o tom de voz subindo um pouco “Não pode fazer negócios com meu pai sem fazer negócios comigo, você sabe.”
A paciência de Anton estava no limite. Ele apertou o volante com mais força, sentindo os dedos formigarem: “Não estou com paciência para isso hoje. Estou indo. Acho bom encontrar um jeito de voltar para casa sozinha.”
Sem esperar uma resposta, Anton acelerou, deixando Isabela plantada no meio-fio. Ele podia vê-la no espelho retrovisor, as mãos caindo em frustração ao lado do corpo. A expressão de surpresa e raiva no rosto dela era quase satisfatória, mas Anton não tinha tempo para se preocupar com isso. Tinha assuntos mais importantes para lidar.
Enquanto dirigia, a cidade passava rapidamente ao seu redor. As luzes brilhantes dos edifícios de luxo, os restaurantes caros e os clubes noturnos eram uma lembrança constante do mundo em que Anton navegava. Um mundo de poder, dinheiro e perigo. Mas esta noite ele queria se afastar de tudo isso, pelo menos por um breve momento.
Quarenta minutos depois, Anton finalmente se aproximou de sua casa, um imponente casarão em uma área mais isolada da cidade. Os portões altos eram vigiados por dois seguranças fortemente armados. Assim que o carro se aproximou, um dos homens verificou as placas enquanto o outro informava a chegada de Anton pelo walkie-talkie.
Os portões se abriram, e Anton dirigiu lentamente para dentro, observando os homens de segurança espalhados pela propriedade. Alguns patrulhavam os gramados, movendo-se discretamente entre as sombras. Outros estavam armados com rifles de precisão, as silhuetas escuras se destacando contra a luz suave das lâmpadas externas. Era um espetáculo que poderia parecer exagerado para muitos, mas para Anton, era uma necessidade. Ele não se importava com a aparência de fortaleza que sua casa tinha. Sabia que o mundo em que vivia exigia precauções.
Estacionando o carro na entrada, Anton saiu, seu corpo cansado ainda irradiando a autoridade natural que possuía. Ele passou pelas portas de entrada, acenando brevemente para os seguranças internos. A casa estava silenciosa, apenas o leve som de passos ecoando nos corredores. Anton subiu as escadas para seu escritório, desejando o conforto de uma bebida forte e o silêncio para colocar os pensamentos em ordem.
Ao entrar em seu escritório, acendeu a luz suave da mesa, jogando a sala em um brilho acolhedor. Desafivelou os botões do paletó e o pendurou no encosto da cadeira. A gravata logo se seguiu. Ele passou a mão pelos cabelos, sentindo a tensão começar a se dissipar. Pegou um copo de uísque e se serviu, o líquido âmbar refletindo a luz enquanto ele girava o copo distraidamente.
Anton deu um longo gole no uísque, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu, algo em sua mesa chamou sua atenção: o cartão que havia dado a Elena. Ele sorriu levemente ao se lembrar dela. Havia algo naquela garota que o intrigava. Sua resistência e os olhos cheios de inocência e determinação eram uma combinação rara. Ele sabia que ela voltaria para ele. Todos sempre voltavam.
Uma hora e meia depois, o som de um leve bater na porta interrompeu seus pensamentos. Anton franziu o cenho, pouco acostumado a visitas inesperadas em sua casa àquela hora. Ele colocou o copo de uísque sobre a mesa e caminhou até a porta, abrindo-a com um movimento rápido.
“Senhor Salvatore, desculpe a interrupção”, começou um dos seguranças, parecendo um pouco desconfortável. “Há uma mulher aqui para vê-lo. Ela disse que tem um cartão seu.”
Anton ergueu uma sobrancelha, curioso. “Uma mulher? Como ela se chama?”
“Ela disse que o nome é Elena.”
O sorriso predador voltou ao rosto de Anton. Então, ela tinha decidido procurá-lo. Ele assentiu para o segurança, fazendo um gesto para que a deixassem entrar. Anton voltou para seu escritório, sentando-se confortavelmente atrás de sua mesa. Ele esperou apenas alguns momentos antes de ouvir os passos leves de Elena se aproximando. Quando ela entrou, ele a estudou silenciosamente, seus olhos escuros percorrendo a figura dela.
Elena estava visivelmente nervosa. Usava uma calça jeans simples e uma blusa de manga comprida, suas mãos apertando a alça da bolsa como se fosse um salva-vidas. Os olhos dela, grandes e expressivos, passavam pela sala antes de se fixarem em Anton. Ele viu o medo e a hesitação, mas também a determinação que ele tanto admirava.
“Senhor Salvatore”, começou ela, sua voz um pouco trêmula. “Eu... eu estou com seu cartão. Preciso de ajuda.”
Anton não disse nada de imediato. Em vez disso, indicou uma cadeira diante de sua mesa com um gesto casual da mão. “Sente-se, Elena”, disse ele suavemente. “Vamos conversar.”
Ela hesitou por um momento antes de se sentar, mantendo a bolsa no colo como uma barreira. Anton observou-a em silêncio por um momento antes de falar novamente.
“Então, você decidiu procurar minha ajuda”, ele começou, sua voz calma, mas carregada de interesse. “Estou curioso para saber por quê.”
Elena respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas. “Minha mãe... Ela está piorando. Os médicos disseram que ela precisa de um tratamento caro, e eu... eu não tenho como pagar.”
Anton assentiu lentamente, como se ponderasse a situação dela. “E o que você espera de mim, Elena?”
Ela engoliu em seco, os dedos apertando a bolsa com mais força. “Eu... eu pensei que talvez pudesse me ajudar. Eu não sei o que fazer, e estou desesperada.”
Anton inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos nunca deixando os dela. “E você está disposta a fazer o que for necessário para salvar sua mãe?”, ele perguntou, sua voz baixa e envolvente.
Elena sentiu um calafrio percorrer sua espinha com a pergunta. Havia algo na maneira como ele a observava que a deixava inquieta, como se estivesse sendo caçada. “Seja o que for...”, ela murmurou, sua voz pouco mais que um sussurro.
O sorriso de Anton se alargou, satisfeito com a resposta dela. Ele se recostou na cadeira, observando-a com uma calma calculada. “Há uma posição disponível em um dos meus clubes noturnos. Nada complicado, apenas entreter os clientes, servir bebidas, talvez dançar um pouco. Em troca, eu forneço o dinheiro necessário para o tratamento da sua mãe.”
Elena arregalou os olhos, surpresa com a oferta. “Um clube noturno?”, ela repetiu, hesitando. “Eu... eu não sei se...”
Anton levantou uma mão, interrompendo-a. “Não precisa decidir agora”, disse ele suavemente. “Mas saiba que a oferta está em pé. E o tempo, minha querida, é algo que você não tem.”
Ele se levantou, caminhando lentamente até ela. Elena sentiu seu coração acelerar à medida que ele se aproximava, seu corpo dominando o espaço ao redor dela. Quando ele parou diante dela, sua mão ergueu-se, seus dedos roçando levemente a pele macia de seu rosto. O toque foi suave, mas carregado de possessão.
“Eu posso ser sua salvação, Elena”, murmurou ele, inclinando-se um pouco mais perto. “Tudo o que precisa fazer é confiar em mim.”
Elena fechou os olhos, sentindo o toque dele como um calor ardente contra sua pele. Sua mente estava uma confusão de medo e necessidade. Ela sabia que Anton Salvatore não era um homem comum. Sabia que aceitar a ajuda dele significava entrar em um mundo do qual talvez nunca pudesse sair.
Mas sua mãe... A imagem da mãe doente em um leito de hospital a assombrava. Se havia uma chance de salvá-la, mesmo que mínima, ela precisava tentar.
Ela abriu os olhos, encontrando o olhar intenso de Anton. “Eu vou pensar na sua oferta”, disse ela, sua voz firme, apesar da emoção que sentia.
Anton sorriu, satisfeito. Ele recuou, permitindo que Elena se levantasse. “Ótimo”, disse ele simplesmente. “Estarei esperando por sua resposta.”
Ela se levantou, seus passos vacilantes enquanto caminhava até a porta. Quando ela saiu, Anton voltou para sua mesa, pegando o copo de uísque. Ele levou o copo aos lábios, o sorriso ainda em seu rosto. Ele sabia que Elena voltaria.
Elena caminhou pelas ruas da cidade com passos apressados, a mente girando em um turbilhão de pensamentos. A noite fria parecia refletir o estado de sua mente, que estava dividida entre o medo e a desesperança. O cartão que Anton Salvatore lhe havia dado parecia pesar mais do que qualquer carga física que ela já carregara. O brilho dourado das letras e o número de telefone estavam gravados em sua memória, como uma promessa enigmática e potencialmente perigosa.Ela chegou ao apartamento onde morava com a mãe, um pequeno espaço em um edifício antigo e desgastado. O prédio estava quieto, a atmosfera carregada com a mesma sensação de desolação que Elena sentia. As luzes de seu apartamento estavam acesas, sinalizando que sua mãe ainda estava acordada. Elena respirou fundo antes de abrir a porta, sentindo o peso da responsabilidade esmagá-la.Quando entrou, encontrou sua mãe sentada na sala, lendo um livro. O olhar cansado e preocupado de Corina se iluminou ao ver a filha.“Como foi o traba
As luzes do clube noturno eram uma mistura de néon e sombras, criando um cenário quase surreal de decadência e luxo. O som grave da música fazia o chão vibrar sob os pés de Elena enquanto ela atravessava o salão principal do Inferno, o clube exclusivo de Anton Salvatore. Era ali que ela trabalhava agora, imersa em um mundo que era tanto sedutor quanto perigoso.Elena ainda não se acostumara com o ambiente. As risadas altas, o tilintar constante de copos, o cheiro de álcool misturado com perfumes caros. Tudo era intenso demais. Ela servia os clientes, entregava bebidas, e ocasionalmente dançava, como Anton sugerira. Mas sempre sentia o peso do olhar dele sobre si, uma constante lembrança de que ele estava ali, observando-a, controlando cada movimento que fazia.Naquela noite, Elena estava de serviço no bar principal, suas mãos ágeis misturando coquetéis e atendendo pedidos. Vestia um uniforme justo, uma saia preta curta e uma blusa de seda vermelha que abraçava suas curvas, escolhidos
A noite estava fria e o vento cortante de outono passava pelas frestas das janelas do restaurante, deixando o ambiente gelado e desconfortável. Elena sentia suas pernas arrepiadas, um arrepio que começava na ponta dos pés e subia pelo corpo todo. Seus pés estavam gelados dentro do scarpin gasto de salto baixo, que mal oferecia proteção contra o chão de azulejos frios do restaurante. Ela abraçou o cardápio contra o peito, buscando um pouco de calor, mas sabia que de nada adiantaria. O uniforme que era obrigada a usar era composto por uma saia preta justa, que ia um pouco acima dos joelhos, e uma camisa social de botões brancos, cujas mangas eram três-quartos, deixando os braços dela expostos ao frio de dez graus daquela noite.Elena mordeu o lábio inferior, frustrada. Há quanto tempo já estava ali, naquele emprego sem futuro? Trabalhando até tarde da noite, sujeita ao assédio dos clientes e à grosseria de Cassian, o dono do restaurante. Mas não havia escolha. O salário era medíocre, ma