Anna narrando.Depois da conversa com Nathan, achei que ficaria mais tranquila, mas não foi o que aconteceu. Eu estava cada vez mais pilhada com tudo.Não queria expor para Viktor o que eu estava sentindo, muito menos as coisas que estavam acontecendo, mas de um jeito ou de outro ele acabaria percebendo. Até o irmão dele poderia abrir o jogo e contar sobre a minha pergunta referente à tal ruiva do clube.Estávamos indo jantar a dois. Hoje as crianças estavam aos cuidados do papai e da Rosa, então resolvemos sair. Meus pensamentos, porém, estavam longe, e eu sequer ouvia o que Viktor estava falando, até que ele se aborreceu e chamou minha atenção batendo a mão no volante.– Merda, Anna… – Ele falou, um pouco irritado. – Estou ficando cansado disso.– Desculpa, Viktor… – Falei, tentando pensar em alguma desculpa rápida. – Eu só estava pensando no papai.– Tem dias que você está no mundo da lua, e eu não sei o que tanto está te incomodando. – Ele respondeu.– Papai tem novos exames essa
Viktor Narrando.Tem dias que a Anna está diferente, vive aérea, não está se alimentando direito, e nem sai de casa com a frequência de antes. Parece que algo muito sério a está incomodando ou até deixando com medo, o que é raro, já que ela sempre foi uma mulher forte e muito independente.Eu tenho passado bastante tempo no clube para me distrair. Alguns acontecimentos na Máfia têm me deixado de cabeça quente, principalmente as negociações para a exportação de drogas. O DEA não tem facilitado as coisas para nós e já perdi cerca de 500 mil euros em mercadorias apreendidas. Esse novo governador está empenhado em acabar com o narcotráfico, e eu preciso urgentemente encontrar uma brecha para que as mercadorias voltem a entrar na minha rota.O único jeito vai ser fazer negócios com a Camilla. Dallas tem crescido muito, e se for necessário, eu me mudo para lá por um tempo, só para conseguir a confiança dela e dos policiais que trabalham para ela. Mas essa decisão não depende só de mim; eu p
Martina NarrandoDesde o dia em que conheci o Viktor, me apaixonei à primeira vista. Apesar de seu jeito rude, são justamente esses detalhes que nos fazem perder a cabeça, ainda mais para uma mulher como eu, que não tem nada a perder na vida.Eu sempre levei a vida desse jeito, sem ninguém que me apoiasse ou em quem me espelhar, como as pessoas normais. Meus pais me abandonaram, e a única coisa que parece que herdei deles foi a beleza, algo que aprendi a usar para ganhar algum dinheiro.Foi aí que o Viktor entrou na minha vida. Ele me deu a oportunidade de trabalhar aqui e, de vez em quando, passava um tempo comigo. Não era sempre, mas depois que a noiva dele foi embora, tudo começou a mudar.A atual mulher dele, a Anna, provavelmente não se lembra, mas ela já me viu na casa deles. Acho que foi no dia do jantar de noivado. Na época, o Nathan me levou para provocar o irmão, mas obviamente não deu certo. Viktor não deu a mínima para minha presença, e a Anna também parecia não se importa
Anna narrando.Quarto branco, luzes fluorescentes, porta fechada, bip de aparelho de pressão, veia puncionada… merda… hospital de novo, não é possível, creio que a minha vida seja isso, me dar mal…A pergunta é… onde está o meu marido? A única coisa que me lembro era de estar completamente desestruturada em cima do seu corpo cheio de sangue, mas e depois? Como eu vim parar aqui e por que não tem ninguém da minha família comigo?Eu procurei algum celular perto de mim e não encontrei nada, a única coisa que consegui achar era um botão, parecido com aqueles de campainha. Eu apertei e esperei que alguém aparecesse para ao menos me explicar o que estava acontecendo comigo e onde estava o meu marido, o meu Viktor.— Olá, querida… já era tempo de você acordar. — Uma senhora simpática, vestida de branco, falou assim que entrou no quarto. — Aposto que deve estar com fome, não é mesmo? Três dias não é nada fácil.— Três dias? Como assim? — Perguntei, ignorando totalmente a pergunta da fome.— V
Anna narrando.Um mês. Mais um dia e eu estou aqui, sentada sobre o túmulo do meu marido, pensando em quantas coisas nos foram tiradas, quantas oportunidades de um final feliz foram simplesmente jogadas fora em uma única noite. Um momento vivido que eu preferia ter esquecido para sempre, se não fosse o fato de ter levado o amor da minha vida.Todos os dias é uma luta acordar e não sentir o corpo dele ao meu lado. Aquele braço pesado que praticamente me sufocava quando ele queria um abraço. Aquelas mãos macias e, ao mesmo tempo, grandes, me envolvendo no calor dos seus braços e me fazendo simplesmente derreter por inteira.— Por que, meu amor… — Eu sussurrei alisando a sua foto.Todos os dias, a Julieta e o Dudu perguntam onde está o papai, quando o papai volta, e eu não estou mais sabendo lidar com tantas perguntas, com a ausência dele na minha vida e na das crianças.As coisas não são como nós planejamos, isso eu já aprendi desde o dia em que fui forçada a me casar com ele. Mas, dent
Eu já tinha perdido muita coisa nessa vida, e o que eu menos queria, neste momento, era perder a minha família ou ver algum deles mal. Mas, infelizmente, vivemos de escolhas. Às vezes escolhas ruins, outras vezes boas. O que eu tinha em mente era que eu precisava preservar e proteger aquilo que era mais importante para mim, e por eles, eu era capaz de tudo, até mesmo de fazer o que eu fiz. Por mais que esteja doendo em todos, era o que eu tinha que fazer.Nós estávamos na mira, ou eu, ou eles… que seja eu, e eles fiquem bem, fiquem seguros, e todos esqueçam que eu existi… pelo menos por enquanto.Não sei quando vou voltar, não sei se um dia eu vou voltar, porque primeiro preciso acabar com tudo. Só assim eu vou me sentir confortável para estar ao lado das pessoas que eu amo de verdade.Início da ligação.— Como estão as coisas aí? — Perguntei para o Nathan.— Bem complicadas… — Ele respondeu, me deixando bastante preocupado.— Tem que segurar as pontas aí, isso não vai durar para semp
Anna Narrando.Todos os dias têm sido iguais, chatos e cheios de saudades. As crianças estão começando a sentir muita falta do Viktor. Acho que agora estão percebendo que o papai não está mais aqui… O Dudu vive chamando pelo papai pelos cantos, e a Julieta, toda vez que vê uma foto, abraça e diz que está com muita saudade.Acho que a pior coisa é ter que lidar com as perguntas e ter que explicar sempre a mesma coisa em relação a ele, sempre dizendo que ele não vai voltar e que está descansando em um lugar muito melhor.Mas, para falar a verdade, ainda não estou convicta de que isso realmente aconteceu, ainda mais depois que vi a lápide trincada. Era como se alguém tivesse forçado para retirar algo de lá, ou alguém… E todas as vezes que penso nisso, meu coração dispara e me faz perceber que posso estar completamente errada quanto a isso, ou posso estar 100% certa.A questão é que ninguém nunca me dá ouvidos. Estou ficando de saco cheio disso. Eu insisto, insisto, e sempre quebro a cara
Anna Narrando:Assim que cheguei e pude usar o telefone, mandei uma mensagem para o Bernardo, pedindo que me encontrasse na saída do portão C. Seria mais fácil marcar um local do que ficar procurando por ele. Desci do avião com minha pequena mala — como seriam poucos dias, não vi necessidade de levar uma maior, e caso precisasse de algo, poderia comprar por aqui — e fui ao encontro de Bernardo, que me aguardava com uma rosa vermelha na mão.Assim que ele me viu, abriu um sorriso enorme e me abraçou forte, oferecendo seus pêsames pela morte de Viktor e me entregando a rosa.— Obrigada — sorri, um pouco sem graça. — Muito gentil da sua parte.— Eu traria a floricultura inteira para você, mas acho que seria exagero — ele disse rindo.— Engraçadinho como sempre — falei, dando um tapa leve no braço dele, enquanto ele me puxava em direção à saída.Ele colocou minha mala no carro e abriu a porta do passageiro para mim. Em seguida, entrou no carro e colocou o cinto de segurança.— Então, para