Aleksandra
Dar um pouco disso a ele é tudo que podemos, uma vez que o seu coração já escolheu e, depois de uma decisão tomada por ele, não há muito que possamos fazer. O coração pode nos pertencer, mas o controle que possuímos dele é mínimo.
É um bastardo que pensa por conta própria.
Às vezes te traz coisas boas.
Em outras, te coloca em uma enrascada da qual tentará correr com toda a sua energia. Em certas ocasiões, implorará para que ele apenas desista do que anseia, porque sabe que no final o que acontecerá é semelhante à cena de um filme. “Você embaixo de um chuveiro, deixando que a água derrame por todo o seu corpo, enquanto fingi que as lágrimas rolando por sua face não terão o mesmo peso após o banho”. Uma ilus&at
Tasya— Você me bate e depois me traz para um bar para beber? — “Que amiga de ouro”, julga minha mente enquanto o sujeito atrás do balcão olha para ela, quem sabe se questionando qual seria o motivo para que Aleksandra tenha me batido.Calado, ficou após ouvir os nossos pedidos e foi assim que se manteve até o momento em que nos entregou.— Não é o melhor para fazer com que a dor suma? — pergunta Aleksandra. Com nossos drinks em mãos, vamos em direção à mesa que está sendo vigiada cuidadosamente por Ivanna, a sua aura assassina não permitiria nenhuma aproximação, a não ser que haja um louco por perto querendo saber o quanto a sua vida pode durar nas mãos de uma mulher como ela.— Você é uma cadela — digo, me sento vendo como Valentina pega a sua bebida das mãos de
TasyaQualquer um estranharia a quantidade de mortes feitas pela mesma pessoa em períodos pequenos em lugares tão diferentes.Apenas um fantasma poderia se mexer tão rapidamente, contudo, com uso de sabedoria e ótimas habilidades, Aleksandra cumpriu com tudo o que precisava até que Natascha percebeu que teria que a obrigar a parar em algum momento, senão acabaria morta de exaustão antes de se tornar uma adulta.Devido ao seu trabalho árduo contínuo, não é estranho que a maioria das agentes mais antigas tenham sido salvas por ela, até mesmo eu, muito tempo depois, quando Aleksandra já tinha um pouco mais de controle sobre as suas emoções, fui resgatada por ela.Com o que ganhamos, temos o dever honroso de impedir que mais pessoas acabem sofrendo por tempo indeterminado nas mãos de crápulas. O sangue em nossas mãos s
Tasya— Não posso acreditar que a gente está mesmo aqui — falo olhando para os quatro cantos das paredes cinzas e as minhas parceiras de crime não podem deixar de sorrir também.Hoje tinha tudo para ser divertido, mas um bastardo fez com que se complicasse um bocado.— Veja como uma experiência única na vida — zomba Aleksandra olhando para a porta por onde passa a policial que acabou notando o que estava acontecendo e apesar de dizermos um milhão de vezes que não precisaríamos levar o caso a polícia, insistiu, porque disse que caras como eles não param somente porque houve uma briga mais intensa.— Como se sentem? — pergunta, verificando os rostos um por um, ainda veste a roupa que usava na balada, mas com o seu senso de justiça grandioso não pôde ignorar o que acontecia diante de seus olhos mesmo com a sua folga. — Sin
Tasya“É diferente quando é você sendo encurralado, certo? Deve ser fácil apenas fazer o seu trabalho ao coagir as mulheres a dizerem o que ele quer que elas digam”, pondero, vendo que se mantém em seu lugar.Observa Aleksandra como se houvesse um demônio na sua frente e não tem ideia de como é uma informação verossímil.— Você não me disse se ficaria tudo bem se fosse a sua filha no nosso lugar — repete, contudo, tomado demais pelo que sente, não pôde responder.O policial apenas nos encara sem parar, pondera sobre levar a mão até a sua arma, deve ter considerado que uma conclusão assim não pode ser feita somente com algumas olhadas, no entanto, na sua frente está a maior barreira de sua vida.— Não é melhor que ele não tenh
AntesEgorO silêncio entre nós é um daqueles confortáveis, o tipo que só se encontra entre irmãos. Estou sentado em uma cadeira, uma cerveja na mão, enquanto ele mexe em algo na cozinha. A TV está ligada, mas nenhum de nós presta atenção no que está passando.— Você tá estranho, sabia? — Nikolai comenta de repente, sem me olhar.— Obrigado, sempre bom ouvir isso — resmungo, tomando um gole da cerveja.— Não, sério. — Ele aparece no batente da cozinha, com uma sobrancelha arqueada. —Desde quando você, o homem que praticamente faz fila de mulheres no telefone, está... quieto? — Essa não parece uma questão vinda de lugar nenhum.— Estou cansado — digo, levantando os ombros em um gesto despreocupado.— Cansado? Você? — Ele ri alto, como se a ideia fosse absurda. — Quem é você e o que fez com meu irmão?— Não começa, Nik.Ele cruza os braços, apoiando-se na parede. O sorriso brincalhão ainda está lá, mas há algo mais nos olhos dele: curiosidade. Como se ele estivesse tentando juntar as pe
AtualmenteEgorO quarto de brinquedos está em um estado controlado de caos. Bonecas espalhadas no chão, carrinhos estacionados de qualquer jeito em uma pista de corrida improvisada, e risadas infantis enchendo o ambiente.Todo mundo quer contribuir com algo, então há muito aqui.Estou encostado no batente da porta, observando-a no meio da confusão.Ela está sentada no tapete felpudo, a pequena irmã dela aninhada em seu colo enquanto um dos meus sobrinhos insiste para que ela veja seu "voador incrível" — um avião de brinquedo que ele lança no ar com toda a força de seus braços minúsculos.— Uau! Esse foi alto! — ela exclama, sua voz cheia de entusiasmo.O garoto sorri, orgulhoso, e corre para pegar o avião.O jeito como ela lida com as crianças me prende. É uma faceta dela que eu não vi antes, no meio de toda bagunça. Ela é tão diferente da mulher que sempre parece pronta para me afastar, me matar... Aqui, Tasya é suave, paciente, quase maternal. É impossível não se impressionar.Ela
Tasya— Você pode parar e me ouvir por um segundo? — Gostaria de o odiar tanto quanto eu quero, mas aqui estou eu, parando para escutar o que tem a dizer, mesmo que não devesse. Não percebe que o que criou entre nós não pode continuar existindo?— Egor, creio que já deixei claro que não, não posso, você também não quer o que tenho — digo e segura em meu braço, me mantém próximo a ele. Não aperta, apenas quer ter alguma segurança quanto a me ter no lugar onde poderei ouvir tudo que diz. — Porque está insistindo tanto nisso, nós transamos algumas vezes e você ficou todo emocionado.— Temos transado por vários meses, Tasya e eu acredito que você não saiu, por aí procurando outra pessoa com quem foder, assim como eu não pude. — Rio, de verdade, pois me parece inocente demais proferindo palavras como essa, mas são as máscaras mais grossas que escondem os piores monstros, sei bem disso.E pode ser que ele não seja um deles, na verdade, as chances são muito baixas, mas não quero me arriscar
AntesTasya— Seu pai continua sendo um babaca? — pergunta minha colega após ver o homem trôpego saindo de perto de mim. Não bastasse o inferno que é estar na mesma casa que ele, não tenho alívio nem mesmo no meu trabalho.— Trabalho como uma cachorra e ele continua criando mais dívidas que no final acabam no meu nome — respondo e ela bate em meu ombro, sentindo pena de mim por ter que viver com um sujeito como ele.Mas, considerando o quanto tenho que gastar durante o mês só para pagar a todos os agiotas a quem deve, não tenho como me mudar para um lugar onde não vá me encontrar nunca mais.— Você vai conseguir sair dessa — fala, mas é apenas uma esperança perdida por bons longos anos.Já estou quase nos vinte e quatro, mas desde os quinze venho vivendo para pagar tudo que criou de rombos com o seu vício alcoólico e em jogos de azar.— Pense que pelo menos a casa vai ser sua quando terminar de pagar e que, se o expulsar, não terá ninguém te criticando.— Duvido que esse seja um ponto