Capítulo 3

Desde então, Alexander se trancou para o amor. Nunca mais quis amar, nunca mais quis arriscar. Para ele, se casar de novo era o mesmo que trair o sacrifício de Julia. Era colocar outra mulher em seu lugar, algo que ele jurou jamais fazer.

Mas nem todos pensavam assim.

Seus pais e os pais de Julia insistiam para que ele seguisse em frente, refizesse a vida, desse à filha uma figura materna. Para seus sogros, a escolha ideal era óbvia: Tamara, a irmã mais nova de Julia.

Bonita, educada, doce. Tamara sempre esteve por perto. A família via nela a sucessora natural da irmã — mas Alexander não a via com olhos de homem. Ela era apenas... Tamara. Uma amiga leal. Nada mais.

Mesmo assim, os sogros foram além. Entraram com um pedido judicial de guarda de Adélia. A alegação? Que ele, um bilionário extremamente ocupado, não era capaz de oferecer à filha o lar e a atenção de que ela precisava.

Aquilo o abalou profundamente.

A ideia de perder Adélia o fez considerar o impensável. Talvez fosse hora de se casar novamente. Não por amor. Não por desejo. Mas por estratégia. Por proteção.

Ele precisava de alguém. Uma mulher disposta a assinar um contrato. Um acordo claro: um casamento apenas no papel, com regras estabelecidas. Nada de sentimentos. Nada de cobranças. Apenas respeito mútuo, conforto, segurança — e, quem sabe, se houvesse desejo de ambas as partes, sexo sem envolvimento emocional.

O amor? Esse ele havia enterrado com Julia.

Ele estava absorto em seus pensamentos quando a porta da emergência se abriu lentamente, revelando um médico de meia-idade com expressão cansada, mas cordial. Alexander ergueu-se de imediato da poltrona em que havia sentado , o coração disparando no peito — sem entender bem o porquê. Afinal, aquela mulher era uma estranha..

— Ela está fora de perigo — anunciou o médico, oferecendo um sorriso breve.

— Perdeu muito sangue, mas reagiu bem ao tratamento. É jovem, forte. Vai se recuperar.

Alexander soltou um suspiro de alívio. Mas o alívio durou pouco.

— E o bebê? — perguntou com a voz baixa, quase temendo a resposta.

O médico abaixou os olhos por um instante antes de responder:

— Infelizmente... não conseguimos salvá-lo. A hemorragia foi intensa. Fizemos o possível, mas era tarde demais.

Alexander sentiu um peso no peito. Aquela jovem já havia perdido tanto, e agora mais uma dor seria somada à sua existência. Não sabia quem ela era, de onde viera, nem o que a tinha levado até aquele ponto. Mas, de algum modo, sentia-se responsável.

— Ela disse seu nome? — perguntou.

— Sim. Elizabete. Mas prefere ser chamada de Liz.

"Liz." O nome soou familiar em seus pensamentos, como uma melodia esquecida de uma lembrança distante. Mas ele não comentou.

— Posso vê-la?

— Pode, sim. Ela está acordada, embora abalada. A enfermeira lhe deu banho, trocou as roupas e a deixou mais confortável. Fizemos o possível para dar a ela um pouco de dignidade. E com sua autorização, oferecemos os melhores cuidados.

Alexander assentiu, agradecido.

Antes de segui-lo, o médico não resistiu à curiosidade:

— Com todo o respeito... é raro ver um homem como o senhor socorrer uma moradora de rua. Um bilionário, ainda por cima. O que o levou a fazer isso?

Alexander não hesitou:

— O que nos torna dignos não é o saldo bancário, doutor. É a forma como tratamos os que nada têm a nos oferecer. O mundo está tão frio... Se não temos compaixão, temos o quê?

O médico sorriu, surpreso pela simplicidade daquela resposta, e o guiou até o quarto onde Liz estava.

Quando a porta se abriu, Alexander a viu pela primeira vez... limpa. O rosto antes coberto pela sujeira da rua agora estava revelado, e o que viu lhe tirou o ar.

Ela era linda.

Delicada como uma pintura renascentista. Os cabelos escuros ainda úmidos caíam soltos sobre os ombros. Os olhos azuis — incrivelmente azuis — estavam levemente inchados pelas lágrimas, mas mesmo assim brilhavam com uma intensidade dolorosa. Sua pele era alva, os traços suaves, quase etéreos. E ela era tão jovem… Tão frágil.

Liz ergueu o olhar quando percebeu a presença dele na porta. Por um segundo, hesitou. Mas então tentou se sentar na cama, com esforço. Ele se aproximou depressa.

— Não se levante — disse ele, com a voz baixa, firme e gentil. — Está tudo bem.

— Foi você quem me socorreu? — sua voz saiu fraca, rouca, mas cheia de emoção.

— Fui. — Ele se sentou ao lado da cama, os olhos fixos nos dela.

_Digamos que eu estava no lugar certo e na hora certa.

As lágrimas voltaram aos olhos de Liz, e ela as limpou apressadamente com o dorso da mão.

— Obrigada. Ninguém... nunca... — ela respirou fundo, engolindo o choro

— ninguém nunca parou por mim. Ninguém se importou com o meu pedido de ajuda ....acho que se não fosse por você teria morrido...na verdade acho que seria até melhor eu...

Aquilo o atingiu mais fundo do que gostaria de admitir.

— Não diga isso Você é muito jovem ,tem uma vida inteira pela frente e a propósito eu nem me apresentei sou Alexander Ferraz e você é Elizabete ou simplesmente Liz como o médico me disse que prefere ser chamada. É um prazer conhece -la Liz .

_Prazer Alexander e novamnte ,obrigada.

Um silêncio se estendeu entre eles. Mas não era desconfortável. Era denso. Intenso. Cheio de perguntas não ditas e sensações não compreendidas.

Alexander não conseguia parar de olhar para ela. Havia algo... algo naquela jovem que lhe parecia familiar. Um traço no rosto. Um jeito no olhar. Como se já a tivesse visto antes. E, mesmo sem saber de onde vinha, um desejo estranho nasceu em seu peito — o de protegê-la. De dar a ela o que julgava que nunca teve.

Ela era tudo o que não fazia parte do seu mundo. E, ainda assim, ele estava ali. Incapaz de se afastar.

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