HeitorO momento mais esperado por mim chegou, mas ele não está acontecendo como pensei que seria. O silêncio dentro do carro é quase sepulcral. Isadora está concentrada na nossa filha em seus braços, enquanto seguro o nosso garotinho ansioso para iniciar algum tipo de interação entre nós. Encho os pulmões algumas vezes, em busca de algum assunto em comum e decido quebrar o nosso silêncio.— Ainda não demos um nome para eles. — E finalmente ela me olha, só que rapidamente e volta a mexer na criança. — Se me permitir, eu quero dar um nome para ele. — Ela ergue outro olhar para mim e morde o lábio inferior.— Qual nome?— Ethan. — Em resposta Isadora apenas meneia a cabeça de forma positiva.— É um nome bonito! Eu pensei em chamá-la de Marrie. — Meu coração se aquece quando ela continua e me pego sorrindo.— Marrie? Por quê? — Dá de ombros.— Eu gosto desse nome e... eu sempre sonhei que teria uma filha e que a chamaria assim. — Meu sorriso cresce um pouco mais e incrivelmente ela retri
Heitor — Ok, estou disposto a tudo para tê-la de volta e se preciso contar-lhe toda a minha história, eu farei isso! — confirmo com um fio de voz.— Quando? — Volto a engolir em seco.— Agora. — Ele pressiona os lábios e na sequência abre um sorriso encorajador.— Quer que eu te acompanhe? — Faço não com a cabeça e esvazio a minha xícara.— Não. Eu quero... na verdade, eu preciso fazer isso sozinho. Obrigado pelo conselho, meu amigo!— Disponha! — Ele ralha quando me ponho de pé e sigo para a porta.Falar do meu passado com a Isadora ou com qualquer outra pessoa nunca esteve nos meus planos. Ele sempre esteve bem guardado, longe da minha mente e do meu coração. A vida promíscua que vivi até agora era a minha única maneira de me manter são, e Isadora surgiu como um furacão arrastando tudo, destruindo as minhas muralhas, desafiando as minhas forças e descobrindo o que mantive escondido de tudo e de todos por anos. Amar não era o meu propósito. Eu fui instruído a não sucumbir a esse sen
HeitorDesde que voltei para a mansão, os meus dias não têm sido nada fáceis. Tenho sonhado todas as noites com o dia que Heitor entrará no meu quarto e anunciará a minha partida desse lugar, e que serei forçada a deixar os meus filhos para trás. Sei que não será uma batalha fácil. Medir forças com esse CEO será praticamente um massacre contra mim, mas eu não posso desistir deles. Enquanto Marrie e Ethan estavam guardados dentro de mim me sentia segura, mas agora não. Agora eles estão bem aqui e tudo se tornou ainda mais difícil, e mais frágil também. Menos para ele. A cada dia Heitor se mostra mais forte, duro como ferro, frio e determinado, e isso me preocupa. O choro de Ethan me desperta e sorrio ao vê-lo em seu banho morno, porém, me dedico a vestir a minha garotinha que já parece um tanto sonolenta. A porta do quarto se abre repentinamente e um Heitor irreconhecível passa por ela, e o que vejo em seus olhos me causa um arrepio descomunal. Imediatamente seguro a Marrie e protetora
IsadoraÉ doloroso demais ouvir isso e saber que desde cedo Heitor conheceu a pior das dores. Ele foi quebrado mil vezes e reconstruído da maneira mais errada e dolorosa possível. Agora entendo tamanha arrogância, tanta frieza e o descaso de um homem poderoso, e imponente.— Eu sou oco por dentro, Isadora. Completamente vazio. Ou... era, eu já não sei mais. O fato é que o meu mundo virou de cabeça para baixo e eu que quebrei essa maldita promessa. E desde então Roland D’angelo tem me atormentado. — Franzo o cenho completamente confusa.— Como assim? O que você quer dizer com isso, Heitor? — Ele se levanta do sofá e se ajoelha bem na minha frente. Os seus olhos se conectam aos meus, mas eu não sinto a sua habitual intensidade neles. Heitor parece receoso dessa vez e isso é novidade para mim.— Lembra do dia que você estava servindo naquela sala de reuniões da contábil? — Faço um sim para ele. — Quando eu entrei naquela sala e esbarrei forte na linda copeira? — Ele força um sorriso, po
Heitor— Como pode fazer isso comigo, pai? Como pode destruir o seu próprio filho desse jeito? — pergunto, me curvando sem forças enquanto os soluços de um choro descontrolado balança o meu corpo violentamente. — AAAAAAAAAAH! — grito sozinho no cômodo várias e várias vezes, tentando me livrar dessa dor, dessa angústia que parece me rasgar por dentro. Eu a perdi! Penso completamente desolado — AAAAAAAAAAH! Eu te odeio, pai! Odeio no que me transformou! Eu sou um maldito monstro e a culpa é toda sua! — Ofegante, eu paro e olho ao meu redor, e o silêncio quase toma conta do lugar se não fosse a minha respiração alterada se espalhar por todo ele! Paro o choro e as lamentações, respiro e tento pensar com clareza. — Tadeu! — digo com desespero e me sento no chão. Pego o meu celular e ligo imediatamente para ele.— E aí, você fez? — Ele pergunta com a sua habitual alegria assim que atende à ligação.— Eu a perdi, Tadeu! — sussurro com sofreguidão e entre novas lágrimas que começam a se derra
HeitorDe todas as coisas que já fiz na vida apenas duas foram as mais difíceis para mim. Uma delas foi trazer Isadora Dixon para dentro da minha casa e depois levá-la para a minha cama. Fazer amor com essa mulher sufocando os sentimentos dentro de mim que não podiam ser sufocados, pois por mais que eu quisesse matá-los, destruí-los, eles simplesmente ficavam mais fortes e sobreviviam a qualquer batalha minha. A segunda, bom, essa eu farei agora. Penso, entrando no carro e Charles imediatamente liga o motor seguindo direto para a minha casa, ou para a pior parte do meu destino, porque exatamente hoje deixarei a única pessoa que conseguiu penetrar o meu coração ir embora. Eu sei que serei atormentado pela solidão, mas Tadeu tem toda razão, ele sempre tem. Qual a graça de tê-la tão perto e tão inacessível para mim? Assim que o carro para em frente a mansão, eu solto uma respiração pesada e logo me forço a entrar na casa. Os meus pés parecem se rebelar contra mim pelo esforço sobrenatura
Heitor — Com os meus filhos? — indaga ainda incrédula, porém, posso sentir a esperança fluir nessa simples pergunta. Forço-me a balançar a minha cabeça, fazendo sim para ela porque não consigo usar as palavras agora. Ela leva as mãos ao rosto. Contudo, os mantém fixos nos meus.— Obrigada, Heitor! — Sua voz soa tão baixa que eu mal posso ouvi-la. E o restinho do meu mundo perfeito e inabalável simplesmente desabou. Não me resta mais nada além da maldita esperança. — Essa foi... a melhor coisa que fez por mim nesses últimos meses! — confessa com doçura. Deus, me ajude, eu estou sufocando! Eu só quero que ela saia logo da minha frente para eu poder respirar outra vez.— Tem mais uma coisa — Me forço a dizer.— Mais? — Meneio a cabeça e me afasto dela.— A Guadalupe vai acompanhá-la. Eu sei o quanto gosta dela e que ela ama cuidar das crianças, então...— Heitor, não! Eu não posso...— Por favor, Isadora! Eu sei que vai precisar de ajuda com os gêmeos — insisto, mas ela protela o meu p
HeitorMais tarde, no mesmo dia…— Boa tarde, Sara!— Boa tarde, querido! As crianças estão no quarto. — Ela avisa. Entretanto, eu respiro fundo e olho para as escadas, e depois para a senhora que tem o sorriso de sempre nos lábios.— E ela? — Procuro saber.— Você sabe. Trancada no escritório e com a cara enfiada no trabalho. — Trinco o maxilar.— Eu… vou ver os meus filhos — aviso.— Claro, querido! Pedirei para alguém ir acompanhá-lo.— Não precisa, Sara, eu sei o caminho.— Está bem, querido, mas antes… — Ela se aproxima e surpreendente me abraça demoradamente, deixando um beijo cálido em cada lado do meu rosto. Uma mão sua desliza pela lateral do meu rosto tão suavemente que faz o meu coração acelerar. — Eu amo você, Heitor! Você é como se fosse um filho para mim e a Isadora entenderá isso em breve.— Por que acha isso? — Porque ela te ama! — Faço uma linha fina com os meus lábios.— Eu não tenho tanta certeza assim, Sara. Eu a magoei muito e…— Entenda uma coisa sobre a minh