Uma semana depois, Lívia se recuperava bem. Estava um pouco mais animada e ansiosa para receber a autorização para se cuidar em casa. Ela tomava o café da manhã e admirava a paisagem através da janela quando o homem atraente, vestido elegantemente, entrou no quarto. Lívia colocou a mesinha de lado e pulou nos braços de Enrico.— Senti sua falta, amore mio!A ocitocina corria livremente por suas veias, O coração batia mais rápido com o jeito como ele a chamava de amor. Lívia se sentia mais segura pela sensação de conforto dentro dos braços fortes. Era bom ter alguém para protegê-la e dar algum sentido a sua vida.— Vamos para casa! — Ele mostrou o documento de liberação.— Davvero? — indagou.— Sim, bella mia! — Pressionou os lábios contra os dela. — Arrume as suas coisas, eu também estou ansioso para te levar para casa.Lívia finalmente recebeu sua alta do hospital. Podia se recuperar em casa.Com a ajuda de Enrico, ela calçou os sapatos. Logo que prendeu os cabelos no alto da cabeça
Na manhã seguinte, quando Lívia virou-se na cama, ela notou o bilhete na mesinha de cabeceira ao lado.Tomando cuidado para não se machucar com os espinhos, ela retirou uma das rosas-brancas que estavam no vaso de cristal enquanto lia a curta frase:“Uma flor para a mais bela flor. Coma todo o seu café!”.Lívia deixou escapar um sorrisinho apaixonado, os olhos de jabuticaba se concentraram na bandeja com suco, torradas, biscoitos, uvas verdes e fatias de mamão. Ainda na cama, ela se alimentou.Pouco depois de afastar as cobertas, arrastou-se para fora da cama. Dentro do lavabo, ela realizou o ritual de beleza matinal, escovou os dentes e penteou os cabelos antes de prendê-los no alto da cabeça. Lívia retornou ao quarto e afastou as enormes cortinas de voil branca. Abrindo a enorme porta de vidro de correr, ela foi até a varanda do quarto, onde aproveitou para andar enquanto apreciava a bela vista.A casa ficava no alto de uma colina em San Miniato. Como o céu estava claro, Lívia tinha
Nos dias que se sucederam, Lívia já subia a escada e realizava os seus afazeres. Em alguns momentos, sentia falta do trabalho e dos colegas da clínica. Certa tarde, ela divergiu com o marido porque ele insistia para que Lívia ficasse mais alguns dias em casa. Enrico saiu do quarto batendo a porta, em seu íntimo, ele acreditava que a esposa sentia falta do amigo.Ao cair da noite, Lívia estava com o cãozinho Bob, na sala de estar, quando foi surpreendida pelo rapaz que fazia parte da gangue. O cãozinho correu direto para o seu cuidador.— O chefe mandou te entregar. — deu o ramalhete com arranjo de margaridas amarelas, vermelhas e brancas para Lívia. — Vamos, passear Bob! — Colocou a coleira no cão e saiu.Havia um pedido de desculpas e um convite para o jantar no bilhete que ela retirou de dentro do buquê.— Buonasera, doutora Ricci! — A governanta de cabelos grisalhos cumprimentou a médica. — Buonasera!Lívia ainda tinha um sorriso no rosto quando olhou para o embrulho e para a saco
Já em casa, Lívia tropeçou num degrau. Realmente não estava acostumada a beber.— Ui! — Ela deu um gritinho quando Enrico a pegou no colo e a levou até o segundo andar. — Estou ficando mal acostumada.Lívia tocou o furinho no queixo de Enrico e passou o indicador nos lábios.— Pare de olhar para os meus seios. — ela falou, sorrindo. — Olhe para mim! — Forçou-o a levantar o rosto para encará-la. — Seus olhos são tão lindos.Ele tentou manter a seriedade, mas Lívia era engraçada quando estava bêbada. Enrico deixou escapar um sorriso quando atravessou a porta do quarto.— Não consigo mais! — A voz máscula confessou. — Eu preciso sentir você! — Colocou-a sobre a cama.Olhos azuis e olhos negros se encaravam. Enrico acarinhou o rosto anguloso e traçou a curva dos lábios vermelhos com os dedos.— Você está linda demais essa noites… — tocou o seu lábio com o dedo indicador.Deitada sobre os lençóis de seda, ela suspirou com o carinho da mão de Enrico tocando-lhe o contorno dos seios. Sem tir
Ela tomou distância do homem enfurecido, as pernas bateram contra a cadeira onde ela caiu sentada.— Eu nunca vi essas coisas antes! Sentindo que o esposo se comportava de forma estranha, Lívia desviou o olhar e tentou fugir para o banheiro. Movimentando-se com destreza, ele impediu-a de se esconder. Queria saber a verdade.— Onde você conseguiu essa moeda?— Eu nunca vi isso antes, Enrico! — ela sacudiu o braço para se desvencilhar, mas ele não soltou.— Você disse que não pegou o pen drive da minha mochila! — Esbravejou. — Não peguei— Para de mentir! — Falou aos berros. — Aonde você conseguiu essa moeda, — segurou-a pelo braço. — Eu não sei!— Isso estava na sua bolsa, mas você não sabe nada sobre isso.— Enrico, por favor, você está me assustando! — Ela puxou o braço com um pouco mais de força — Por que está tão estranho? O que está acontecendo?— Pobre Lívia, sempre tão ingênua! — Havia um certo desdém em seu tom de voz — Até quando você vai continuar fingindo? — questionou, i
No instante em que saiu da casa, Enrico entrou no carro. Dirigiu como um louco pela estrada. O trânsito estava livre, mas do jeito que estava, atropelaria a primeira pessoa que atravessasse o seu caminho.— Como pude ser tão estúpido? — Girou a moeda de ouro na mão esquerda.Enrico aumentou a velocidade até chegar a casa do tio em Florença. Freou bruscamente em frente ao portão, homens armados saíram de trás das árvores.— É o chefe! — Ele meneou a cabeça para os homens que lhe saudaram.Conduziu o Rolls-Royce e pulou do carro depois que parou próximo a varanda da entrada principal.— Onde está o meu tio? — Enrico perguntou ao mordomo que pegou o blazer e saiu andando pelo hall.— Don Bianchi acabou de chegar de um evento. — informou o leve sotaque britânico.— Preciso conversar com ele, é urgente — pisou no primeiro degrau.— O Don Bianchi ainda não se recolheu, está no escritório.Voltando, ele passou por ele às pressas. Abriu a porta sem anunciar.— Que modos são esses, Enrico?—
Enrico passou pelos seguranças em silêncio, tinha medo de que o nó se formando em sua garganta ficasse aparente em sua voz, afinal, seria o futuro Capo, precisava manter a postura. Já dentro do carro, ele tirou o blazer e afrouxou o colarinho, sentia a raiva sufoca-lo. Sentia-se estúpido por ter sido enganado por um rabo de saia. Enrico baixou os vidros, permitindo que o ar gelado condesasse sua respiração irregular, o vento frio açoitou o seu rosto. A voz do tio ainda reverberava em sua mente, as informações colhidas, junto com a moeda e o pendrive, confirmavam o que Enrico tinha tanto medo de admitir para si mesmo: ele estava errado sobre a própria esposa. A mulher que ele amava era uma farsa, mas Enrico estava cansado de brincar de casinha, estava na hora de dar uma lição na mulher que o enfeitiçou com os seus encantos. Enrico entrou na sala, olhou para o sofá onde Lívia estava encolhida, envolta em um cobertor. Por breves segundos, ele se compadeceu da mulher com marcas de lágrim
Lívia recuou rapidamente e escondeu o desenho atrás das costas. Entre as respirações irregulares, ela virou-se. — Buongiorno. — disse a governanta ao entrar com a mesinha de café. — Se eu fosse a senhora, não mexeria nisso. — elevou o queixo, indicando o quadro. — O seu marido nunca deixou que outras pessoas entrassem nesse quarto. Apenas eu tenho permissão para limpar uma vez na semana. — Certo! — Lívia concordou. Permaneceu com as mãos atrás das costas. — Trouxe o seu desjejum. — A mulher de cabelos brancos exibiu a mesinha de café. — Obrigada! — É melhor a senhora colocar esse desenho no lugar. A funcionária arrumava aquele quarto desde que Enrico era um menino. Na época, ela ficou chocada com os primeiros desenhos, mas depois de um tempo, ela se habituou ao modo como o pequeno Enrico extravasava toda a sua dor e raiva, já que o tio nunca o levou para um acompanhamento adequado com um psicólogo. Lívia rapidamente, pôs o desenho no lugar. Pegou a mesinha e sentou-se em uma